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Nelson e Iracema

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Oi gente!

Oi gente!

Apaixonados há 65 anos, Nelson, 89 anos e Iracema 83 anos, se conheceram em Três Coroas. Construíram uma bela família, tiveram 3 filhos, Márcia 62 anos (in memoriam), Magda 60, Mauro 59, e está “árvore” deu ainda mais frutos, 5 netos e 2 bisnetos.

Nelson e Iracema já se conheciam, eram vizinhos e ambos frequentavam a casa da Irmã de Nelson. Certa vez, em um baile de kerb, dançaram uma música e daquela simples dança mal sabiam que iriam começar a escrever uma linda história. Nesta primeira noite, não aconteceu nada demais, foi só uma simples dança. Viviam numa época em que os kerbs eram as maiores diversões, mas Iracema não podia ir sozinha aos bailes, estava sempre acompanhada da vó ou mãe da amiga.

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Porém, daquela dança no kerb, os encontros passaram a ser mais frequentes e começaram a namorar. Ela com 15 anos e ele com 21. Porém em um final de baile, quando chegaram em casa, Nelson disse pra ela “que achava que não iria dar certo, pois ela era muito novinha, não podia ir em nenhum lugar sozinha”, e por conta disso, acabaram se separando durante

alguns meses.

Só que chegou outro kerb e com ele uma nova dança! E novamente Nelson e Iracema rodopiaram pelo salão e perceberam, enquanto dançavam, que não poderiam mais ficar longe um do outro. Nelson teve que dar o braço a torcer: “não dava pra ficar longe um do outro quando os dois pensavam em ficar juntos, vamos continuar nosso namoro”, disse ele para Iracema. E assim começaram um namoro sério. Ficavam juntos na fábrica em que trabalhavam, iam pra casa juntos. Nos domingos pela tarde, passeavam. O ponto de encontro era na ponte da “Diva”. O pai de Iracema dizia “antes do sol descer, deve estar em casa”, e num tempo no qual o respeito era muito forte, se obedecia sem pestanejar e no final de um domingo feliz, voltava para casa com o coração cheio de amor.

Em tempos sem televisão, sem luz elétrica, sem rádio, ficavam em casa, nas cadeiras de palha, apenas namorando. Um ano e meio depois, noivaram. Queriam um futuro, construir uma família. Iracema tinha 18 anos na época. Aceitado o pedido de casamento pela família, começaram os preparativos e Iracema bordava o seu enxoval a luz do lampião com dedicação, daquilo que seria em breve dividido entre os dois.

Casaram na igreja, como manda o “figurino” e reuniram se em casa para um almoço e café da tarde.

Terminada a festa, um amigo os levaria pra casa. Com horário marcado para às 20:30 daquela noite, aguardavam ansiosos para irem pra casa. Iracema e Nelson, vestidos de noivos, aguardavam esse amigo em uma plataneira que existe até hoje. Relembram que ficaram esperando até às 22:30, sem telefone, sem notícias do amigo que havia esquecido deles. “As pessoas voltando do cinema e nós ali parados esperando” lembra o casal com risos. Chegando em casa a luz de lampião, iniciaram a vida a dois. Um dia para guardar na memória: No dia 15 de janeiro de 1955 assumiram oficialmente esse compromisso baseado no amor.

Desde solteiros frequentavam a igreja, “íamos ao culto sem entender muita coisa, mas queríamos seguir os caminhos de Deus”, segundo Iracema. Conta com precisão de data, em 25 de julho de 68, iniciaram nos estudos bíblicos da comunidade evangélica e segundo eles “aceitamos Cristo como nossa meta, queríamos seguir Jesus Cristo. Já tínhamos os 3 filhos. Dali em diante nossa vida fluiu ainda mais. Pois ter uma vida espiritual sempre foi nosso norte”.

Quando a gente pergunta qual o segredo do relacionamento, Nelson afirma que “o amor é o alicerce, o verdadeiro amor é entregar se, como Cristo fez. Doar se ao outro, sacrificar algum desejo pelo outro, ela gosta de uma coisa que eu não gosto, então saber conduzir isso, não deixar de fazer algo por isso”. Iracema ensina que “nunca deve se fechar os olhos antes de perdoar e fazer as pazes, não podemos dormir brigados, sem fazer as pazes, pois a gente pode não acordar”. Acreditam que “o beijo é o alimento do amor”, ensinamentos que aprenderam nos estudos bíblicos.

Nelson sustenta “que não podemos fazer um “ping pong”, um fala, o outro rebate, e assim ficar fazendo, até ter uma briga.

Querer sempre ter a última palavra, pode acabar em briga, então tentar evitar isso, alguém tem que parar, aprender a ceder”. Iracema afirma: “nem sempre combinamos em tudo, mas nos respeitamos. Isso foi e é nossa base, perdão, respeito, tolerância. Seguir o caminho de Cristo que, segundo salmos 37:5: “Entrega o seu caminho ao Senhor; confie Nele, e Ele agirá”. Nesse caminho vamos cair, tropeçar, mas o importante é ter alguém pra ajudar a levantar.

Um caminho muitas vezes árduo, mas um ajuda o outro. Buscar o reino de Deus e o resto ele acrescenta, assim é até hoje”.

Quando perguntado a ele o que mais admira na esposa, Nelson olha carinhosamente pra ela e diz: “admiro tudo na Iracema”. E Iracema admira o quanto Nelson é correto. Nos contam que devemos olhar os pontos positivos e não os negativos. Reconhecer os erros e perdoar.

Sentimos o carinho entre eles durante nossa conversa, trocando olhares de cumplicidade. Histórias assim nos fazem acreditar em amor, passados 65 anos temos a certeza que amor, respeito, tolerância continuam sendo valores essenciais.

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