Almanaque ilustrado “Cidadania Sustentável – Para Viver a Cidade”

Foto: Ulisses Narciso

foto: Ulisses Narciso

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cidadania sutentável

Para viver a cidade

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vantagens de andar de bicicleta

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Convívio Urbano

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Cidadania

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Economia

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mobilidade Urbana

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Sustentabilidade

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SAÚDE DA CIDADE E CUIDADO COM o MEIO AMBIENTE

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ilustração: Ceci Shiki

Na luz de Fortaleza

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Prefeito de Fortaleza: Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra Secretário de Cidadania e Direitos Humanos: Karlo Meireles Kardozo Secretário Executivo de Cidadania e Direitos Humanos: Francisco Araripe

A Bicicleta e a Emancipação da Mulher

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Infraestrutura urbana para o uso de bicicleta

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Mitos e verdades sobre andar de bicicleta em Fortaleza

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Dicas para o motorista

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equipe de elaboração do almanaque: Rodrigo de Oliveira (coordenação e revisão) Felipe Alves (pesquisa e redação) Yuri Pezeta (pesquisa e DIAGRAMAÇÃO)

dicas para o ciclista

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Conheça melhor a bicicleta

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políticas de bicicleta em fortaleza

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a bicicleta ao redor do mundo

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colaboradores (em ordem alfabética): Andreia Costa, Ayrton Pessoa (Bob), caio souza, Ceci Shiki, Clotilde Dantas, Daniel Chastinet, Davi Maia, Gentil Barreira, Grupo Acidum / Robézio Marques, Gustavo Pinheiro, Henrique Kardozo, Isa Montenegro, Jabson Rodrigues, Larissa Gaspar, Marcos Duarte, Mariana Kuroyama, Martina Dieb, Narcélio Grud, nely rosa, Pedro Guimarães, Taís Costa, Ulisses Narciso.

Este almanaque ilustrado é uma publicação da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos de Fortaleza, órgão da Prefeitura Municipal de Fortaleza.

[MARÇo de 2015]

ilustração: Mariana Kuroyama

A Cidade para além do consumo

Karlo Meireles Kardozo

Secretário de Cidadania e Direitos Humanos de Fortaleza

A venda, a troca, o comércio são atividades que acompanharam e interferiram em toda história da humanidade. Estiveram presentes em todo ajuntamento humano. É assim e foi sempre assim, desde o tempo de antigamente, quando o homem ainda nômade voltava ao lugar onde enterrara seus mortos.

Lá ele armava acampamento e feira e trocava objetos, mantimentos lembranças e experiências.

Foi assim que surgiram as cidades, no entorno desses lugares de adoração, onde se criaram casas, praças e mercados. E é por isso que a ideia de cidade está diretamente ligada à ideia de comércio e de consumo. Quem não se lembra da expressão: “Vou à cidade fazer compras”, que nossos pais diziam quando vinham ao comércio no centro histórico de Fortaleza?

Com o passar dos tempos, porém, as cidades se tornaram bem mais complexas. Embora a produção, o consumo, o fluxo de mercadorias 6

sejam ainda fatores preponderantes na formação e regência da paisagem e da dinâmica urbana, outros elementos, outras forças se imiscuem na complexa tessitura da cidade.

Citaríamos aqui por exemplo: a compreensão de que os recursos naturais são finitos, que não podemos manter os altos índices de consumo atuais sem comprometer as futuras gerações; o bem-estar social traduzido em lazer, vida comunitária, produção e usufruto cultural; além do entendimento que precisamos preservar nossos lagos, rios, mares e florestas sob pena de sucumbirmos aos revezes provocados pelas profundas interferências no meio ambiente que impõe o sistema de produção e organização social baseada no consumo.

Todas essas forças e considerações podem ser compreendidas quando observamos o conceito de CIDADANIA SUSTENTÁVEL, que a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos – SCDH propõe à reflexão dos fortalezenses. Compreendendo que cidadania é ação direta e que sustentabilidade é a palavra de ordem do dia, mostra-se necessário que cada um faça a sua parte. É nos pequenos gestos diários de cada um, sempre multiplicado por milhões que compõem, constroem e reconstroem diariamente nossa cidade, está o segredo para as grandes mudanças.

Uma delas, por exemplo, a utilização da bicicleta como modal de mobilidade. Reflitamos: quanto de combustível não seria economizado? Quanta poluição a menos deixaria de ser lançada na natureza? Imagine a economia do tempo não desperdiçado em engarrafamentos! Além do ganho com a saúde. Saúde física, mental e social.

É com essa compreensão e certeza que lançamos este primeiro almanaque incentivando o uso da bicicleta como prática da Cidadania Sustentável, porque acreditamos que pedalar é um ato de cidadania e a cidade, para além do consumo, é um lugar do bem-viver.

FOTO: GENTIL BARREIRA (feita pelo celular, durante sua pedalada)

A Cidade para além do consumo

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de bicicletas. Sendo instalados em áreas externas e largas o suficiente para não atrapalharem o fluxo de pedestres, os paraciclos ficarão próximos a estabelecimentos comerciais e órgãos públicos, tendo acesso gratuito da população. Para acessá-los, basta que cada ciclista chegue com sua bicicleta e tenha uma trava ou cadeado para afixar o veículo no equipamento.

Cidadania Sustentável – Para Viver a Cidade Acreditando no poder das mudanças de hábito como oportunidade para uma nova cidade, a Prefeitura Municipal de Fortaleza, através de sua Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos (SCDH), criou a campanha Cidadania Sustentável – Para Viver a Cidade, um mecanismo que visa a reeducação da população para um consumo sustentável. A campanha tem o foco na redução do consumo em diversos aspectos: água, energia elétrica, telefonia e combustível. Um convite à sociedade para criação participativa de uma cidadania sustentável.

Como primeira ação dessa campanha, a iniciativa estimula o

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uso de bicicleta entre a população de Fortaleza como meio de transporte para quem precisa circular pela cidade. Em diversas regiões da capital cearense serão instalados paraciclos, uma infraestrutura que organiza e facilita o estacionamento de bicicletas no espaço público. Com os paraciclos, as bicicletas ficam concentradas em um local adequado, favorecendo a passagem de pedestres e contribuindo para a diminuição da poluição visual.

Os paraciclos foram concebidos de acordo com os padrões internacionais orientados por especialistas em ciclomobilidade urbana. São estruturas metálicas de pequeno porte afixadas no piso de praças e passeios públicos do Centro de Fortaleza e em outras localidades com grande circulação

cidadania sutentável

Esta ação contribui para ampliar o número de ciclistas pedalando pela cidade e, com isso, gera maior mobilidade nos deslocamentos, ajuda na redução da poluição, do uso de combustível fóssil e do tempo gasto no trânsito.

Assim, a iniciativa gera uma vida mais saudável e sustentável em Fortaleza.

Além dos paraciclos, a campanha Cidadania Sustentável – Para Viver a Cidade oferece atividades educativas e a publicação deste almanaque ilustrado, que reúne conteúdos específicos sobre a bicicleta e como ela é utilizada em Fortaleza.

tecendo suas histórias pessoais e compondo a história coletiva da cidade.

Merecem destaque as muitas colaborações de artistas visuais fortalezenses para esta publicação.

Ilustradores, desenhistas, tatuadores e fotógrafos cederam suas obras para comporem o projeto gráfico deste almanaque.

Contribuições preciosas de artistas criadores que acreditam na bicicleta como alternativa para melhorar a cidade.

O uso da bicicleta colabora para o usufruto do município e ajuda as pessoas a vivenciarem a cidade de uma maneira criativa e coletiva, colocando-se em contato direto com o que acontece na dinâmica intensa da metrópole. Esse é o convite lançado nesta publicação e neste projeto. Colabore com mais bicicletas nas ruas e participe desta Cidadania Sustentável!

Ao longo das páginas que seguem, o(a) leitor(a) poderá conferir depoimentos de ciclistas que atravessam territórios da cidade para fazer seus mais diversos trajetos. Com eles, é possível acompanhar a movimentação de homens e mulheres que pedalam diariamente por Fortaleza Para viver a cidade

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De tanto observar os ciclistas da Vila do Mar, Saylon, de 5 anos, começou a pedir uma bicicleta...

Hoje o garoto brinca pedalando todos os dias na ciclovia que passa em frente sua casa.

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cidadania sutentável

foto: Davi maia

Marcos Antônio tem 53 anos e trabalha com calafetação de barcos (reparo das embarcações), sob a ponte da Barra do Ceará. Mora perto do trabalho, mas durante a semana, vez ou outra, ele também percorre outros territórios da cidade, como Mucuripe, Cais do Porto e Av. Beira Mar, sempre de bicicleta. “Gosto muito de pedalar!

Lá em casa, meus filhos também usam a bicicleta e nunca sofremos nenhum acidente. As ciclovias estão ajudando muito as pessoas a irem de bicicleta, mas ainda é preciso chegar a mais bairros da cidade. E também os motoristas precisam respeitar mais quem anda de bicicleta”. Orgulhoso de sua saúde, ele comenta que pedalar o ajudou a reduzir seu colesterol: “fiz check up recentemente e não deu nada”. foto: henrique kardozo

fotos: Davi maia

Maria Joelma Lima da Costa é consultora educacional e tem 26 anos.

Há três anos pedala com os “Heroes Bikers Fortaleza”, grupo que se reúne eventualmente para fazer passeios ciclísticos. Mas depois de desafiada pelos colegas de trabalho, começou a pedalar diariamente de casa para o trabalho, perfazendo um total de 16 km por dia no trajeto ida e volta entre Praia do Futuro e Varjota. Ela afirma que o principal motivo que a levou a andar de bicicleta é a adrenalina: “Sinto que depois que comecei a pedalar todos os dias estou mais disposta e aumentou minha autoconfiança, além de me ajudar a perder peso”.

Ela costuma fazer longos trajetos de bicicleta, já tendo pedalado até Aquiraz, Maranguape e Pecém, sempre em grupo de 25, 30 pessoas.

Aos 45 anos, José Nilson da Cunha Rodrigues faz diariamente 25 minutos de trajeto de bicicleta de sua casa até a Parquelândia, onde trabalha como vigia há dez anos. Conta que neste período somente duas vezes cumpriu seu itinerário de ônibus e na segunda foi discriminado pelo motorista. Daí pra frente só foi para o trabalho de bicicleta. “Comecei a andar de bicicleta por causa do meu peso, que era muito alto. Eu pesava mais de 120 kg, meu colesterol era sempre alto e minha diabetes descontrolada. Em pouco mais de um ano pedalando e caminhando todos os dias perdi 40 kg e agora peso 80, com o colesterol controlado”.

Para viver a cidade

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vantagens de andar de bicicleta

Anderson Campos tem 25 anos, mora no Cristo Redentor e circula com a bicicleta da empresa onde trabalha. Faz entregas em vários bairros de Fortaleza, como Oitão Preto, Pirambu, Álvaro Weyne, dentre outros. Sempre que possível, ele interage com outros ciclistas, principalmente para assinalar algum perigo iminente. Ele vê a bicicleta como boa alternativa para transitar pela cidade e para melhorar a saúde das pessoas. Sente o corpo bem mais disposto por pedalar todos os dias. “Pedalo desde criança, mas no momento estou sem bicicleta. Até o meio do ano compro a minha”.

Convívio Urbano Cidadania Economia Mobilidade Urbana foto: DAVI MAIA

Sustentabilidade SAÚDE da cidade cuidado com o MEIO AMBIENTE 12

cidadania sutentável

Para viver a cidade

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Pedalar é uma prática que estimula a convivência urbana. Andar de bicicleta na rua é estar em contato direto com a cidade e com as pessoas, sejam outros ciclistas, sejam pedestres, condutores de outros veículos, ambulantes...

Uma oportunidade especial de conviver de perto com as nuances da cidade, seus diferentes sons, tempos, cheiros e paisagens. Além disso, pedalar é uma maneira de criar novas possibilidades de trajetos e descobrir diferentes caminhos para se chegar onde quer, o que nem sempre é tão fácil de carro ou de ônibus... Cruzar a cidade de bicicleta é reconhecer as possibilidades para se viver os espaços de uso público que os territórios oferecem. A partir daí, cabe a cada cidadão alimentar essa curiosidade, conhecer lugares e pessoas e até fazer amizades. Tudo depende de se dispor para isso, protagonizar a convivência e ser sujeito da interatividade.

Urbana Geometria voltada para o conforto e estabilidade, mantendo a posição do ciclista mais em pé. Mais recomendada para deslocamentos urbanos, geralmente contam com cestinha ou bagageiro, para carregar bolsas e mochilas.

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cidadania sutentável

foto: Henrique Kardozo

ilustração: Mariana Kuroyama

Convívio Urbano

Jessinaldo Teixeira, 32 anos, é montador de móveis e pedala diariamente cerca de 20 km entre sua casa e o trabalho. Ele mora no Henrique Jorge e trabalha no Centro, o trajeto dura menos de 40 minutos, destacando a agilidade em se locomover entre o trânsito e pela ciclovia da Av. Bezerra de Menezes. Há 15 anos ele escolheu pedalar para ir ao trabalho, bastante motivado pela prática saudável diária e pela economia de R$85,00 que faz todo mês. Comenta ainda que sempre que possível ele interage com outros ciclistas durante a pedalada, perguntando sobre o trajeto ou sobre peças para a bicicleta.

Jessinaldo mora no Henrique Jorge e trabalha no Centro.

Faz o trajeto em menos de 40 minutos.

Urbana simples Tipo mais comum, simples, barata, resistente, sem marchas, boa para uso na cidade.

Para viver a cidade

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foto: Davi Maia

ILUSTRAÇÃO: Daniel Chastinet

Cidadania

Escolher andar de bicicleta no dia-a-dia é uma decisão individual e quando isso acontece temos, a partir do desejo de cada pessoa, uma cidade com menos carros e, assim, mais humana. Uma escolha desse tipo é uma manifestação cidadã que aponta para uma cidade mais agradável, pautada mais pela gentileza do que pela concorrência na ocupação dos espaços nas vias; mais pelo apreço do que pela pressa. A construção da cidadania passa pelas decisões individuais tendo em vista a partilha do espaço com o outro.

Moutain Bike Fabricada para uso na terra, mas muito comum, por ser a mais encontrada em lojas. Possui diversas marchas e geralmente suspensão frontal, equipamentos mais para competição do que para deslocamento.

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cidadania sutentável

Aos 45 anos, Roberto pedala 25 km por dia.

Roberto Araújo Bezerra é vigilante e pedala há mais de 20 anos.

Atualmente percorre todos os dias da semana o trajeto entre Messejana e Papicu em 50 minutos, cerca de 13 km sendo a maioria deles pela ciclovia da Av. Washington Soares. Ao fazer seu percurso costuma interagir com outros ciclistas, ajudando quem precisa ou chamando a atenção de quem pedala de forma irresponsável.

Aos 49 anos, orgulha-se de pedalar em média 25 km por dia, ter o colesterol controlado e não ter problema de pressão: “Andar de bicicleta é o jeito que escolhi para me cuidar. E se não me cuidar agora vai ficar mais difícil no futuro”. Ele tem um carro, mas quase não usa.

Especificamente essa mudança de comportamento – deixar o carro em casa e escolher ir de bicicleta – ajuda a cidade a ser redefinida levando em consideração novas vontades/atitudes das pessoas e ainda reflete o empoderamento da população, podendo, com suas manifestações, ser ponto de partida para novas políticas públicas.

Elétrica (ou Pedelec) Um motor elétrico é acionado pelas pedaladas. É diferente dos ciclomotores, que possuem acelerador e não são considerados bicicletas pela legislação brasileira.

Para viver a cidade

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Além da economia na aquisição e manutenção, a bicicleta nunca precisará de nenhum combustível a não ser o esforço do próprio usuário, não gerando gastos para abastecê-la, e nem para manter uma rede de postos pela cidade.

Também não gera custos de estacionamento e não agride as vias, economizando a verba pública que iria para manutenção das vias. [texto extraído do programa “Bicicleta Brasil”, do Ministério das Cidades]

Thiago Rogério (ou Mr. Gui), 22 anos, é rapper e técnico em edificações. Há pouco mais de um ano percorre diariamente os 12 km que separam o bairro Quintino Cunha da Avenida Antônio Sales, onde trabalha. Antes, de ônibus, gastava 1h30 para fazer o trajeto; agora faz em no máximo 40 minutos. Afirma economizar no mínimo R$90,00 por mês, que gastaria com as passagens de ônibus, um dos principais motivos pelo qual pedala para ir ao trabalho.

Indo de bicicleta ao trabalho, Thiago, além de economizar, leva metade do tempo que levaria se fosse de ônibus.

Dobrável Confortável e ágil, para uso urbano. Quando dobrada se torna prática de carregar, incentivando a intermodalidade com o transporte público.

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ilustração: Daniel Chastinet

Dentre todos os veículos de transporte urbano, a bicicleta é o mais barato em termos de aquisição e manutenção. O preço do modelo utilitário mais simples caiu, especialmente depois da abertura econômica girando em torno de US$ 70 (em 2007), contra US$ 110 em 1995. Também o custo da manutenção, além de pequeno em termos absolutos, chega a ser desprezível quando comparado aos dos demais veículos de transporte individual.

foto: Henrique Kardozo

Economia

cidadania sutentável

Speed Bicicleta de corrida, específica para uso no asfalto. O quadro e rodas são mais leves, os pneus são mais finos e com pressão mais elevada, para andar mais rápido.

Para viver a cidade

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Para além dos grandes investimentos em linhas de metrô, malha viária específica para ônibus e VLT (Veículo Leve sobre Trilho), ou infraestrutura para automóveis, nós como indivíduos podemos melhorar a maneira de se movimentar pela cidade. Em muitas situações, nossa necessidade de mobilidade urbana consiste em pequenos trajetos (de casa para o trabalho, para a escola, para a praia…) e podemos experimentar outras alternativas para nosso transporte, como andar de bicicleta ou mesmo fazer o percurso caminhando.

Além de divertido e saudável, essa experiência ajuda a cidade a se descongestionar, pois quase sempre um ciclista pedalando na rua significa um carro a menos nas vias.

O padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual mostra-se insustentável, por isso escolhermos nos movimentar de bicicleta pela cidade é uma grande colaboração que cada um de nós pode oferecer para uma mobilidade urbana mais sustentável para o lugar onde vivemos.

Bicicleta de Equilíbrio Ideal para o aprendizado, permite à criança dar impulsos com os pés no chão. Pedais podem ser colocados ou retirados de acordo com a evolução da criança. A bicicleta infantil mais comum é a que possui rodinhas.

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Os 5 filhos de Wilson também pedalam diariamente. foto: Davi Maia

ilustração: Ayrton Pessoa (Bob)

mobilidade Urbana

Wilson Pereira de Castro é servente de pedreiro e tem 54 anos.

Há pouco mais de um ano pedala diariamente da Lagoa Redonda até o bairro Luciano Cavalcante para chegar ao trabalho. Faz esse trajeto de 8 km em 20 minutos. Quer dizer, por dia gasta 40 minutos no transporte de bicicleta entre sua casa e o trabalho; se fosse de ônibus, não gastaria menos de 1h40 e ainda teria que conviver com a lotação cotidiana dentro dos coletivos. “Meus cinco filhos pedalam diariamente.

A bicicleta é parte do nosso dia a dia e economizamos bastante assim”.

cidadania sutentável

Handbike

Adaptada para ser movida com as mãos, é uma excelente opção para pessoas com mobilidade reduzida.

Para viver a cidade

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Sustentabilidade Andar de bicicleta é uma ótima escolha para redução do impacto sobre a cidade. A única energia gasta no percurso de bicicleta vem do próprio corpo de quem pedala. Não se consome energia elétrica ou combustíveis fósseis.

E consequentemente também não se emite nenhum gás nocivo para a atmosfera, apenas os provenientes da nossa respiração.

A infraestrutura necessária para o transporte cicloviário é bem menor, mais barata e agride bem menos o ambiente urbano do que as vias para os veículos motorizados.

Além disso, pedalar favorece a boa convivência e estimula práticas saudáveis da população, fazendo do espaço urbano uma plataforma para a relação sustentável entre as pessoas e entre elas e a própria cidade.

Fixa É cada vez mais popular, com estilo mais urbano, ao invés de esportivo. Adaptada dos velódromos para a cidade, não possui marchas nem catraca, é simples e muito leve. O freio traseiro é apenas no pedal e nunca permite a “banguela”.

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cidadania sutentável

FOTO: DAVI MAIA

ilustração: Daniel Chastinet

Sebastião, 66 anos.

Percorre 40km de bicicleta por dia.

Sebastião Simões tem 66 anos e há 25 anos percorre de bicicleta, de segunda à sexta, em torno de 40 km por dia. Ele parte do Beach Park, em Aquiraz, onde mora, e segue seus mais de 20 km até a Praça da Imprensa, onde trabalha. Faz o trajeto de ida em pouco mais de uma hora e volta em uma hora e meia, pois pedala contra o vento. “Gosto de andar de bicicleta porque é um modo mais simples e econômico de se transportar, como antigamente era a carroça, o cavalo”.

Ele pedala desde os 12 anos e diz que é preciso ter muita atenção, para si próprio e pelos outros condutores, sejam motoristas de automóveis, sejam outros ciclistas. Afirma que ao pedalar o ciclista tem uma visão mais ampla da rua e é mais fácil se livrar do perigo (assaltos e acidentes).

Downhill Assim como a mountain bike, é feita para uso na terra, mas neste caso, especificamente para descidas. Possui suspensão dianteira e traseira, não sendo indicada para uso urbano.

Para viver a cidade

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foto: Rodrigo de Oliveira

ilustração: Jabson Rodrigues

Edilson Costa da Silva, 47 anos, é mecânico e trabalha por conta própria. Mora na Rua Floriano Peixoto, no bairro José Bonifácio, e vai de bicicleta quase sempre para atender seus clientes. Diabético, ele pedala por recomendação médica e afirma que se sente bem disposto com essa movimentação diária. Consciente de sua contribuição ao meio ambiente, usa a bicicleta para melhorar a saúde da cidade: “Graças a Deus, sempre fui de bicicleta para o trabalho e sei que estou fazendo minha parte para o planeta”. Mesmo pontuando a falta de respeito dos motoristas de carro e ônibus, afirma que em mais de 20 anos pedalando nunca sofreu um acidente.

SAÚDE DA CIDADE E CUIDADO COM o MEIO AMBIENTE “sempre fui ao trabalho de bicicleta e sei que estou fazendo minha parte para o planeta”

BMX Criada para a prática do esporte BMX, que envolve saltos e manobras. Por ter tamanho médio, é utilizada também por crianças iniciantes no ciclismo.

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cidadania sutentável

A diminuição do uso do veículo privado motorizado, seja por um aumento dos deslocamentos a pé, em bicicleta ou em transporte público, provoca uma diminuição das emissões atmosféricas e da poluição sonora. E isso favorece ao que podemos chamar de saúde da cidade. Se o caso for andar de bicicleta, o exercício físico

[texto adaptado do Plano Diretor Cicloviário Integrado de Fortaleza]

que vem dessa prática é, por si só, um benefício para a saúde.

Existem centenas de estudos que relacionam o uso da bicicleta com a melhoria da saúde da sociedade, tanto na infância (especialmente quanto à redução da obesidade infantil) como nas idades mais avançadas.

Tandem

Conduzida por mais de um(a) ciclista, em fila. Por ter que suportar mais peso, seus componentes são mais robustos. É possível ser utilizada por pessoas com deficiência visual, desde que pilotada por uma pessoa sem essa deficiência.

Para viver a cidade

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fotos: davi maia

Francisco Tadeu, 48 anos, é representante comercial e morador do Conjunto Goiabeiras II, próximo à Barra do Ceará. Toda semana ele visita seus clientes em diversas regiões de Fortaleza, como Antônio Bezerra, Monte Castelo, Centro, Montese, Parangaba, dentre outras, além do Parque Leblon, em Caucaia.

Em média, percorre 100 km por dia. Ele escolheu fazer todos esses trajetos de bicicleta. Há mais de 20 anos. Ele conta que anos atrás sua clientela era no Maciço de Baturité e visitava, num mesmo dia, clientes em vários municípios da região: Barreira, Chorozinho, Acarape, Redenção, Aracoiaba... Nunca foi assaltado e nunca teve acidente grave. “Costumo andar em baixa velocidade, respeitar as regras do trânsito e ter muita atenção na pista. Ainda tenho uma visão privilegiada da paisagem e dos riscos em torno de mim”. E quando chega em casa à noite, ele ainda pratica corrida por cerca de 40 minutos.

Alessandro de Souza, 38 anos, é comerciante e circula com seus lanches, salgados e sucos numa bicicleta adaptada por ele mesmo. Há dois anos, resolveu criar seu próprio negócio e a bicicleta foi decisiva para a iniciativa. Ele mora próximo ao Serviluz e diariamente percorre a orla da Praia do Futuro, pedalando ou empurrando sua bicicleta cargueira. Além de economizar no transporte e na maneira de tocar o seu negócio, ele afirma que tem mais disposição física e que acordar cedo para pedalar na praia melhorou seu humor.

Pedro Barbosa da Silva, porteiro com 49 anos pedala desde os 12. Há nove anos, dia sim, dia não, pedala 12 km em sua ida e volta de casa para o trabalho. Percorre em menos de 25 minutos o trajeto entre o Jardim das Oliveiras e a Água Fria, onde trabalha.

Diabético, ele pedala e caminha por recomendação médica. Em sua família, outras pessoas também têm a bicicleta como veículo cotidiano, tanto pela questão da economia quanto pela diminuição de fumaça lançada na cidade. “Tenho planos de um dia pedalar até o Maranhão, para visitar parentes”, afirma sorrindo.

Antônio José Rodrigues da Silva, 37 anos, é cobrador de ônibus e anda de bicicleta. Pedala desde criança, mas há sete anos vai diariamente para o trabalho de bicicleta. De sua casa na Praia do Futuro até Cajazeiras, onde trabalha, percorre 12 km e gasta cerca de 1h10 no trajeto. Se fosse de ônibus, levaria mais de duas horas para chegar. Escolheu esse meio de transporte pela agilidade, pela economia e por fazer bem à saúde. Aprendeu a gostar de pedalar e se considera um defensor dos ciclistas junto aos colegas motoristas de ônibus: “90% dos condutores não respeitam quem anda de bicicleta e acham que ela atrapalha no trânsito. Procuro conversar com eles e ajudá-los a mudar de opinião, afinal a rua é pra todos”.

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FOTO: GENTIL BARREIRA - * Foto feita pelo celular, durante sua pedalada.

colaboração: Gentil Barreira

Na luz de Fortaleza – Você não tem medo?

– Sim, tenho.

– Mesmo assim você sai de bicicleta?

– Saio. Tenho medos, mas sair de bicicleta é combater esses medos e, principalmente, contribuir de uma forma bem modesta para civilizar esta cidade. Porque pedalar também é sentir na pele o ambiente que nos cerca, é participar, é cidadania, é ecologia, na medida em que proporcionamos respeito ao próximo, à cidade, ao ambiente. Também é possível desfrutar de momentos de paz interior, de benefícios para a saúde e de uma imersão na luz de Fortaleza.

Gentil Barreira (Fotógrafo e ciclista)

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Larissa Gaspar Coordenadora de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos de Fortaleza

Muitas pessoas talvez não façam nenhuma relação da bicicleta com o processo de emancipação das mulheres, mas acreditem, há conexão entre elas, e muitas. Da mesma forma que as mulheres sempre tiveram que lutar para assegurar seus direitos, como o de votar, estudar, trabalhar fora de casa etc., para andar de bicicleta muitos paradigmas precisaram ser quebrados pelas mulheres. Entre estes, os mitos estereotipados de que andar de bicicleta deixaria as mulheres estéreis ou que essa atividade era indecente para elas.

Muitas transformações se originaram no fato das mulheres utilizarem a bicicleta, como por exemplo, a mudança no vestuário feminino. Roupas que antes limitavam seus movimentos foram substituídas por soluções mais leves, visando dar maior liberdade de movimentação às mulheres.

Percebe-se aqui uma verdadeira revolução cultural na vestimenta que impunha, até então, o uso de calças tão somente para os homens.

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Marília dos Anjos de Miranda, 28 anos, é faxineira e pedala uma hora e meia todo dia para ir ao trabalho. Ela mora no Edson Queiroz e há nove meses trabalha próximo ao Beach Park, em Aquiraz, ou seja, pedala quase 20 km na ida e mais 20 km na volta. Escolhendo esse meio de transporte, economiza cerca de R$120,00 por mês. Confessa que tem medo de assalto e de acidentes, mas nunca passou por isso nos 15 anos que pedala diariamente. Já de ônibus foi assaltada e acidentada. Ela afirma que na comunidade onde mora é muito comum as mulheres se locomoverem de bicicleta, seja para o trabalho, para levar filho para escola ou para fazer compras.

Uma das maiores contribuições da bicicleta para a emancipação das mulheres foi sem dúvida propiciar a elas maior liberdade de locomoção, de movimento. No final do século XIX, as mulheres, através da magrela, iam e vinham de todos os lugares, exercendo sua autonomia e independência. Não é a toa que a imagem da bicicleta se ligou à figura da “New Woman” nos Estados Unidos, representando a mulher que contestava os papéis tradicionais e se envolvia nos movimentos

cidadania sutentável

sociais reivindicando seus direitos, especialmente o de votar.

O uso da bicicleta se associa a uma infinidade de benefícios, mas também é preciso dizer que muitas vezes existem alguns riscos ao exercício desta prática. Para enfrentar eventuais dificuldades e evidenciar as garantias de quem pedala, foram criados diversos coletivos de cicloativistas, dentre eles vários grupos de mulheres, como Meninas ao Vento (BA), As Pedalinas (SP), Saia na Noite (SP), As Cíclicas (RS), dentre outros. Iniciativas que estimulam as mulheres a repensarem suas relações com a cidade utilizando a bicicleta de maneira segura e agradável. São oportunidades de promover encontros e partilhas de experiências que ajudam as mulheres a conquistarem mais autonomia, liberdade e segurança diante de um trânsito machista e hostil. É um desafio e tanto! Certamente, são contribuições para a autoafirmação das mulheres enquanto cidadãs detentoras do direito de usufruir a cidade de forma sustentável e serem respeitadas no exercício desse direito.

Todavia, as mulheres continuam enfrentando mais problemas que os homens e no uso da bicicleta não é diferente. O assédio ainda é algo muito presente na vida de mulheres

que utilizam a bike como meio de transporte. Um comportamento que demonstra o atraso cultural e o profundo desrespeito pelas mulheres nesta sociedade machista. Exigimos respeito ao nosso gênero e ao nosso direito de usufruir da cidade. Não vamos silenciar nem deixar de ocupar os espaços públicos.

A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria! Pelo direito de pedalar em paz!

foto: Davi Maia

foto: Davi Maia

A Bicicleta e a Emancipação da Mulher

Marta Laurentino do Nascimento tem 53 anos e é comerciante. Vende café, bolo e salgados numa travessa da Av. Washington Soares. Há três anos, todos os dias, ela pedala de sua casa, no Edson Queiroz, até a barraca onde trabalha, no Luciano Cavalcante, levando em sua bicicleta cargueira garrafas de café e de suco, vários bolos e salgados: “São 20 minutos pedalando. É mais prático vir de bicicleta, além de fazer bem à saúde e me ajudar a economizar”. Ela comenta que observa muitas mulheres pedalando, o que lhe deixa animada e segura de certa forma, e que andar de bicicleta lhe dá a sensação de liberdade.

Para viver a cidade

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Infraestrutura urbana para o uso de bicicleta

Todas as infraestruturas abaixo listadas podem ser unidirecionais (um só sentido) ou bidirecionais (dois sentidos).

CICLOFAIXA A ciclofaixa se situa na mesma via dos outros veículos, sendo demarcada sua separação apenas por pintura na via e obstáculos como os tachões ou refletivos.

CICLORROTA As ciclorrotas são vias onde é possível se compartilhar os espaços com os demais veículos, apenas através de sinalização horizontal e vertical indicando a presença de ciclistas e ressaltando sua prioridade.

PASSEIO COMPARTILHADO Os passeios compartilhados são passeios onde ciclistas e pedestres utilizam o mesmo espaço, sendo de extrema importância que também exista sinalização para evitar acidentes.

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cidadania sutentável

CICLOVIA A ciclovia é uma estrutura segregada fisicamente do espaço dos outros modos de transporte, destinada ao uso exclusivo do ciclista. São, em regra geral, adjacentes às vias de circulação do automóvel.

As ciclovias, assim como as ciclofaixas, devem ter largura mínima de 1,20 m para as unidirecionais, ou 2,40 m para as bidirecionais.

PARACICLO Os paraciclos são estruturas instaladas geralmente em áreas externas, como passeios ou praças, e atendem a uma demanda de estacionamento rápido. Apresentam formato e geometria apropriadas para o ciclista prender sua bicicleta utilizando trancas ou cadeados.

BICICLETÁRIO Os bicicletários são os estacionamentos de longa duração para bicicletas, preferencialmente em áreas internas e, se possível, com controle de acesso. Bastante recomendado para instalação em terminais de ônibus ou estações de trem ou metrô.

Para viver a cidade

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Mitos e verdades sobre andar de bicicleta em Fortaleza “Se eu andar de bicicleta bicicleta,serei serei assaltado!”

“Ninguém aguenta pedalar nesse sol de Fortaleza!”

Existem poucos registros de assalto a ciclistas. É muito mais fácil um motorista ser assaltado com o carro parado no semáforo ou no congestionamento. O ciclista tem muito mais liberdade de movimento e um campo de visão mais amplo que o do motorista, então pode perceber uma situação de perigo de mais longe e desviar seu caminho em qualquer direção, enquanto os motoristas geralmente não têm para onde fugir.

Os holandeses, alemães, dinamarqueses – que mais pedalam no mundo – sonham com o clima de Fortaleza. Nenhuma cidade tem clima perfeito para pedalar, ou são frias demais ou quentes demais, basta se adaptar. De bicicleta, a gente sua menos que a pé, ou que num ônibus sem ar condicionado. Escolhendo caminhos sombreados e com menos subidas, e se acostumando com o esforço, a gente passa a suar menos. Para os que suam demais ou percorrem caminhos mais longos, é interessante achar uma forma de tomar um banho e trocar de roupa no local de trabalho ou próximo dele. E como a maioria dos deslocamentos de bicicleta para o trabalho são relativamente curtos e em horários mais amenos (começo da manhã e fim da tarde), o suor não chega a ser uma grande preocupação.

“Se eu andar de bicicleta vão me atropelar!”

O índice de atropelamentos de pedestres ainda é muito maior que o de ciclistas e mesmo assim ninguém deixa de andar a pé...

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“Não existem ciclovias e ciclofaixas suficientes!”

Nenhuma cidade no mundo tem infraestrutura cicloviária em todas as ruas e nem é necessário.

Mesmo que as principais vias tivessem infraestrutura, sempre haveria parte do caminho que teria que ser compartilhado com outros veículos. A implantação de infraestrutura está aumentando, faz parte da Política Nacional de Mobilidade Urbana, e uma forma de acelerar este processo é ter mais ciclistas utilizando.

“Quem pedala respira mais poluição!”

Um estudo realizado em Londres em 2014 comprovou que os pedestres e ciclistas respiram menos poluição que os motoristas e usuários de ônibus.

Substituindo o caminho normal por vias mais calmas, esse índice para os pedestres e ciclistas cai ainda mais. Os usuários de transportes motorizados, além de estarem mais próximos aos escapamentos de seus veículos, permanecem mais tempo parados no trânsito (momento em que os veículos emitem mais poluição).

“Não tenho condições físicas para me deslocar de bicicleta!”

Apesar da prática do ciclismo como esporte ser bastante divertida e prazerosa para muitas pessoas, pedalar para deslocamento urbano é um exercício muito leve – às vezes mais leve até do que uma caminhada!

Você pode manter seu próprio ritmo, começar com deslocamentos pequenos e rapidamente vai melhorando o condicionamento físico e aumentando as distâncias e velocidade. Praticamente não existem contraindicações médicas para pessoas idosas ou acima do peso ideal, pois é um exercício que não causa impacto nas articulações.

O importante é lembrar: você pode ajustar seu próprio ritmo.

E ainda vai lhe ajudar a emagrecer!

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•

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Estacione ao lado das ciclofaixas, nunca sobre elas ou na calçada.

Tome cuidado ao abrir a porta quando estacionar nas ruas.

Mantenha sempre distância segura do ciclista e ao ultrapassá-lo, reduza a velocidade e mude de faixa.

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Seja gentil.

Respeite sempre o ciclista e o pedestre. Os maiores devem cuidar dos menores no trânsito.

dicas para o ciclista •

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Quando não houver ciclovia ou ciclofaixa, ocupe uma porção segura da faixa e não fique muito colado ao meio-fio.

Sempre sinalize seus movimentos com o braço.

Seja visto! À noite, utilize luzes dianteira e traseira, ou pelo menos refletivos na bicicleta.

foto: davi maia

A bicicleta é um veículo e tem o direito de estar na via. A calçada é dos pedestres.

ILUSTRAÇÃO: iSA MONTENEGRO

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Dicas para o motorista

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Não pedale na contramão, é mais difícil de ser visto e costuma causar acidentes.

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Antecipe-se ao trânsito e às ações de motoristas e pedestres, prestando sempre atenção ao redor.

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Não pedale nas calçadas, elas são para os pedestres.

Desça da bicicleta e vá empurrando, e em calçadas compartilhadas pedale devagar e sempre priorize o pedestre.

Para mais dicas, ou caso precise da ajuda de alguém mais experiente, consulte bikeanjo.com.br. cidadania sutentável

Antônio Nunes da Cruz, 69 anos, eletricista e bombeiro hidráulico, atende seus clientes de bicicleta. Ele mora no Cais do Porto e percorre toda a região do Vicente Pinzon, Serviluz e Praia do Futuro.

Tempo atrás ele pedalava duas vezes por mês até Pacajus, 55 km de sua casa, e afirma que a bicicleta não está presente apenas na dinâmica do seu trabalho, pois nos momentos de lazer também adora pedalar.

Para ele, “Chegamos no limite! A cidade está enchendo de carro.

Bicicleta é a solução para o transporte, ainda mais com as faixas específicas para bicicleta que facilita e dá mais segurança”.

Para viver a cidade

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Conheça melhor a bicicleta Pneus Pneus carecas furam com mais facilidade e deixam sua bicicleta instável. Os ressecados podem se romper. Substituaos sempre que necessário e calibreos de acordo com as recomendações do fabricante. Você pode encontrá-las na lateral do pneu.

Rodas Verifique sempre a centragem dos aros e o estado dos raios.

Os cubos devem ser lubrificados periodicamente.

Transmissão Coroas, catracas, correntes e pedais devem estar sempre lubrificados, mas não exagere para evitar o acúmulo de sujeira e detritos.

Use lubrificantes específicos para este fim.

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Sela ou selim Paralama

Protetor de corrente

Guidão Mantenha apertados os parafusos junto à mesa, ao guidão e manetes, bem como verifique se há folga na caixa de direção. A perda do controle da bicicleta é extremamente perigosa.

Manopla

Canote

Manete Mesa

Garupa

Refletor dianteiro ou olho de gato

Varão

Refletor traseiro

Reparos Finalmente, se você pedala sozinho ou em grupos organizados, leve sempre um kit básico de sobrevivência para não “ficar na mão”.

Tenha sempre: •

Uma câmara de ar reserva ou “kit remendo”;

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Espátulas para retirar o pneu;

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Bomba de ar (com ou sem indicador de pressão);

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Chaves com medidas e tipos adequados aos componentes da sua bicicleta;

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Chave de corrente e elos sobressalentes podem ser muito úteis (principalmente se você é um ciclista que prefere pedalar sozinho).

Garfo

Raios Refletor de roda

Descanso Pedal Movimento central Câmbios Mantenha os câmbios dianteiro e traseiro regulados para maior precisão na troca de marchas e evitar o desgaste prematuro de peças. cidadania sutentável

Freios Tenha sempre os freios bem ajustados e cheque regularmente o estado das tamancas (sapatas) e cabos.

Cubo

Pito da Câmara

Quadro Ruídos estranhos podem significar falta de lubrificação ou sujeira. Na pior das hipóteses, pode também haver trincas na estrutura da bicicleta ou problemas junto ao movimento central. Leve-a o mais rápido possível ao mecânico de sua confiança para uma checagem mais detalhada.

Para viver a cidade

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políticas de bicicleta em fortaleza Figura 86: Proposta da tipologia da rede cicloviária para a cidade de Fortaleza

foto: nely rosa

Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI): determina todas as diretrizes do modal cicloviário para a cidade nos próximos 15 anos. O Plano prevê, entre outras coisas, ações educativas e de fiscalização, criação de célula de gestão cicloviária no município, implantação de paraciclos e bicicletários, bem como a definição de uma rede de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas de 524 quilômetros.

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Sistema de bicicletas compartilhadas (Bicicletar): diversas estações pela cidade (40 inicialmente) com bicicletas que qualquer cidadão pode utilizar e devolver em outra estação, através de aplicativo móvel ou com o Bilhete Único, este último de forma gratuita.

Para viver a cidade

Fonte: TECTRAN/ IDOM, 2014.

Ciclofaixa de lazer: iniciativa que visa estimular o uso da bicicleta em um contexto de lazer e cultura, convidando o público a experimentar esse modal e ao mesmo tempo vivenciar os espaços públicos de nossa cidade, através da separação (com cones) de uma faixa de tráfego para bicicletas aos domingos pelas manhãs. São 11 km de extensão aos domingos, de 7h às 13h, ligando a ciclovia da Av. Washington Soares ao Passeio Público, marco da cidade no centro histórico.

Programa de Expansão da Malha Cicloviária: entre março de 2015 e agosto de 2016 a Prefeitura de Fortaleza prevê a implantação de novos 100 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, de acordo com as diretrizes do PDCI e dando prosseguimento às implantações de infraestruturas cicloviárias feitas recentemente – foram quase 40 km de novas ciclovias e ciclofaixas em 2014.

foto: Ulisses Narciso

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a bicicleta ao redor do mundo

Em Nova York, com a inserção de ciclofaixas ou ciclovias em algumas ruas, além do alargamento de calçadas e mais ilhas para travessia de pedestres, obteve-se um aumento de 50% nas vendas dos comércios, diminuição de 35 a 58% no número de total de acidentes nestas vias e diminuição no tempo de viagem de todos os modos de transporte.

Bogotá, na Colômbia, é a cidade latina que serve atualmente de exemplo em mudanças sociais e de mobilidade. Medidas como a valorização do transporte público de massa (BRT), implantação de mais de 300 km de ciclovias e alargamentos de calçadas (através da retirada de estacionamentos nas vias), além das melhorias em mobilidade, ajudaram a reduzir em 79% o número de homicídios na cidade, que se tornou muito mais humana.

Em São Paulo, calcula-se que os prejuízos gerados pelo trânsito alcançam os R$ 40 Bilhões de reais por ano, ou 10% do PIB da cidade, através de tempo perdido pelos trabalhadores, doenças causadas pela poluição, acidentes e investimentos em construções de novas vias para automóveis. Atualmente, a prefeitura decidiu adotar conceitos mais modernos de mobilidade e se comprometeu a expandir a rede cicloviária municipal para 400 km até o final de 2015!

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Na Holanda, um movimento de contracultura (Provos) elaborou na década de 60 em Amsterdã o Plano das Bicicletas Brancas, que pode ser considerado o precursor dos sistemas de bicicletas compartilhadas. O movimento sugeriu que a prefeitura comprasse 20 mil bicicletas brancas e deixasse nas ruas para uso público. Como a prefeitura não concordou e era proibido abandonar bicicletas soltas na rua, os próprios militantes compraram 50 bicicletas, pintaram de branco e espalharam pela cidade, prendendo-as com cadeados com senha, e pintando a senha na própria bicicleta para quem quisesse usar.

Em Copenhague, na Dinamarca, a prefeitura percebeu através de pesquisas que a cidade ganha R$ 0,40 por cada km pedalado e perde R$ 0,25 por cada km percorrido por automóvel. Com os investimentos em infraestrutura cicloviária, hoje mais de 40% da população utiliza a bicicleta como meio de transporte para o trabalho ou atividade escolar, pedalando cerca de 1,2 milhões de km por dia, gerando uma enorme receita para a cidade.

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projeto “CicloCor”, do Grupo Acidum (imagem referente à ação de flashmob durante o 62º Salão de Abril, em 2011). [foto: Willian Cardoso]

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