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FIBROSE CÍSTICA INTRODUÇÃO

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FENILCETONÚRIA

FENILCETONÚRIA

A fibrose cística (FC) é a doença genética mais frequente em populações brancas (descendentes de Caucasianos), atingindo ambos os sexos É uma doença cujo problema está localizado em um dos cromossomos do DNA

Uma das menções mais antigas atribuídas a Fibrose Cística é no folclore europeu por volta dos séculos XVIII ou XIX (FIRMIDA, Mônica, LOPES, Agnaldo, 2011)

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A lenda diz que crianças que, quando beijadas na fronte, tivessem sabor salgado morreriam precocemente. Esse gosto salgado na criança provavelmente era devido a alta concentração de sal no suor da mesma, uma das características principais para o diagnóstico da Fibrose Cística Mas somente há pouco mais de 70 anos a doença foi oficialmente reconhecida

Em 1936, Fanconi descreveu o caso de uma criança portadora de síndrome celíaca com alterações pancreáticas que diferia da doença celíaca clássica, pois apresentava sintomas pulmonares e intestinais. Ao longo dos anos, Fanconi formulou uma hipótese da etiologia da doença e propôs a normalização do seu tratamento

Descri O Da Doen A

A fibrose cística é uma doença genética rara que se dá principalmente no pulmão, para a qual atualmente não há cura Também conhecida como mucormicose, a Fibrose Cística, causa secreções de muco no pulmão extremamente pegajoso, essas secreções são mais espessas que o normal e são difíceis de eliminar, podendo causar vários problemas nos pacientes afetados Além de afetar os pulmões, a FC afeta as secreções do pâncreas e do sistema digestivo

A Fibrose Cística é uma doença genética autossômica recessiva, assim, é passada de pais portadores, ou carregadores, para seus filhos. Não é uma doença infecciosa Apesar de rara, a fibrose cística é uma das doenças raras mais comuns no Brasil De acordo com o Registro Brasileiro de Fibrose Cística (REBRAFC), um a cada 10 mil nascidos vivos são afetados pela doença

Dados Epidemiol Gicos

A Fibrose Cística é um distúrbio genético monossômico com alteração no cromossomo 7. Dispondo de 1 872 mutações registradas nas bases de dados Tem como frequência populações de origem Caucasiana tais quais as da Europa, América do Norte e Austrália Afeta cerca de 70 000 pessoas em todo o mundo Na União Europeia, 1 em cada 2 000 a 3 000 recém-nascidos são afetados , nos EUA, esta frequência é de 1 em cada 3 500, no sul da África, 1 em cada 42 pessoas são carreadoras e a incidência é estimada em 1 a cada 7 056 indivíduos (FIRMIDA, LOPES, 2011) Em países com população heterogênea a incidência da Fibrose Cística é menor por consequência da grande mistura étnica

Os avanços das últimas décadas vêm mudando o cenário da doença, que anteriormente consideravam um distúrbio letal, atualmente os seus portadores já possuem uma realidade melhor podendo viver até os 50 ou 60 anos. Quanto mais cedo o paciente tem acesso a tratamento e acompanhamento em centros especializados, melhor tende a ser sua sobrevida e maior a chance de se promover qualidade de vida

Etiologia

A fibrose cística é uma doença monogênica autossômica recessiva. A etiologia dessa doença é determinada pelo gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator), localizada do braço longo do cromossomo 7, que é dividido em 27 exons representando cerca de 5% do DNA genômico (Reis FJC et al, 2018) Ele codifica um RNAm que é transcrito em uma proteína de 1480 aminoácidos, também determinada CFTR Esse gene pode ter mais de 1800 mutações, sendo a mais frequente a p Phe508del, também conhecida como DF508, ela está presente em 66% dos alelos em estatística mundial Esta é uma mutação que afeta o processamento da proteína CFTR, impedindo-a de chegar à membrana celular e atuar como um canal de Cl–.

A DF508 é uma deleção de 3 pb no éxon 10 do gene CFTR, que ocasiona a perda da fenilalanina na posição 508 da proteína A proteína CFTR com DF508 é produzida, mas seu transporte para a membrana celular não ocorre, pois ela apresenta dobramento incorreto (Saraiva-Pereira ML et al, 2011).

Teste do pezinho: Ao nascer, os pacientes fibrocísticos apresentam uma quantidade elevada de tripsina, e ela se mantém assim durante os 30 primeiros dias de vida do recém-nascido Na triagem neonatal, emprega-se uma dosagem de tripsina imunorreativa (IRT) e ela detecta a tripsina presente Em caso de exame alterado é necessário realizar uma nova coleta duas semanas após a primeira. Caso essa amostra também esteja alterada, o paciente é encaminhado para realizar o teste de suor pelo método de Gibson&Cooke

Principais Sintomas

Teste do Suor: A análise da concentração dos íons Na e Cl20 no suor do paciente é considerada como um método ouro no diagnóstico da fibrose cística A produção de suor é estimulada por uma e iontoforese de pilocapina, processo que consiste na aplicação de uma corrente elétrica leve à pele, servindo para aumentar temporariamente sua permeabilidade, o que permite que a pilocapina passe através do que normalmente seria uma barreira Os resultados com uma concentração de cloro >60 mmol/L são considerados diagnóstico de fibrose cística até prova do contrário É necessário repetir o teste em ocasiões diferentes para confirmar o diagnóstico

Tanto os sintomas, quanto a gravidade, da Fibrose Cística podem variar de pessoa para pessoa, devido ao fato de que parte dos sintomas é baseado no tipo de mutação presente no gene, podendo haver mais de 1000 tipos diferentes de mutação para esse determinado gene.

O gene defeituoso acarreta disfunção de uma proteína que se situa na membrana apical das células epiteliais de muitos órgãos do nosso corpo, como as do trato respiratório, de glândulas submucosas e do pâncreas exócrino Essa proteína, conhecida como CFTR, tem como principal função ser um canal de transporte de cloro, regulando o balanço entre íons e água através do epitélio (FIRMIDA et al, 2011) Com o mau funcionamento da CFTR, não ocorre o balanço entre íons e água eficiente nas células do corpo, gerando alterações nas propriedades físico químicas do muco, desidratando-o e tornando-o mais espesso e viscoso Esse muco hiperconcentrado pode causar uma série de problemas, podendo obstruir ductos pancreáticos e ductos da árvore brônquica, causando graves infecções crônicas

Porém, a fibrose cística tem como sintomas mais comuns: pele ou suor de sabor muito salgado; íleo meconial e obstruções intestinais; insuficiência pancreática; tosse persistente, muitas vezes com catarro grosso; presença de infecções pulmonares frequentes, como a pneumonia e a bronquite; presença de chiados no peito ou falta de fôlego causado pelo acúmulo de muco nos pulmões; crescimento lento ou baixo ganho de peso, apesar de bom apetite; presença de diarreia; surgimento de pólipos nasais; infertilidade; e baqueteamento digital, que é o alongamento e arredondamento na ponta dos dedos

Tratamento

Apesar de não existir cura para a Fibrose Cística, o tratamento pode aliviar os sintomas e reduzir as complicações. O tratamento é realizado por uma equipe de profissionais da saúde de diversas áreas, como médicos (geralmente pneumologistas e gastroenterologistas), enfermeiras, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas. Alguns dos métodos de tratamento são:

Drenagem postural - drenagem de secreções pulmonares sob a influência da gravitação Esse método é usado para tratar sintomas relacionados às secreções que normalmente se acumulam nos pulmões dos pacientes de Fibrose Cística;

Suplemento alimentar - preparações alimentares que se destinam a fornecer nutrientes como vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos ou aminoácidos, que podem estar ausentes ou não absorvidos em quantidades suficientes na dieta do paciente;

Medicamentos - o uso de medicamentos é muito utilizado no tratamento da FC. Os antibióticos matam as bactérias, ou impedem o seu crescimento excessivo. A penicilina, por exemplo, mata bactérias específicas que costumam causar infecções nos portadores da doença Os medicamentos para tosse bloqueiam o reflexo da tosse e podem afinar o muco e limpar as vias aéreas;

Terapia inalatória - a nebulização ajuda a melhorar a respiração, pois consegue fazer com que a medicação chegue diretamente nos pulmões, podendo alcançar um melhor efeito do medicamento no órgão;

Vibração torácica - tratamento com o uso de um dispositivo que vibra o corpo do paciente para a terapia de desobstrução das vias aéreas com o objetivo de remover o excesso de muco das vias aéreas pulmonares

No entanto, esses tratamentos não são a cura para a Fibrose Cística Porém, a substituição pulmonar, através de transplante de órgãos, poderia melhorar os sintomas relacionados aos pulmões. Essa cirurgia é possível de ser realizada quando disponibilizada pelo SUS.

Conclus O

O aprimoramento no conhecimento, nas últimas décadas é visivelmente significativo quando falamos de progresso nos tratamentos e diagnósticos diligentes dos pacientes, especialmente com relação às terapias gênicas em estudo, a inclusão da dosagem da tripsina imunorreativa (IRT) na triagem neonatal, possibilitando o diagnóstico precoce da doença e a introdução do tratamento multidisciplinar visando à prevenção da desnutrição e da deterioração da função pulmonar

Em suma, atualmente mesmo com o avanço nas pesquisas e nos diagnósticos, a fibrose cística ainda é conhecida como uma doença rara de pouca divulgação nos meios sociais E a partir disso, intensificar o estudo sobre possíveis novas perspectivas de tratamentos para que assim, os portadores da doença possam observar a possibilidade de melhores condições em sua vivência

Saiba Mais

Lançado em 2019, o filme “A cinco passos de você" conta a história de um casal de jovens com a doença genética Fibrose Cística Will, um dos protagonistas, é portador da bactéria B, Cepacia. Para evitar contaminação cruzada e outras complicações causadas pela bactéria, ele precisa manter pelo menos cinco passos de distância de outros pacientes, incluindo seu interesse amoroso Stella, devido a vulnerabilidade que a FC causa nas vias respiratórias dos afetados. A trama segue mostrando a vida dos adolescentes e as dificuldades que a doença os causa nos seus dia-a-dias Apesar de ter várias menções recentes da Fibrose Cística na mídia, como no filme, e em estudos, a doença já era mencionada em contos a mais de cinco séculos atrás.

Refer Ncias

1 FIRMIDA, Mônica; LOPES, Agnaldo Aspectos Epidemiológicos da Fibrose Cística Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v 10, n 4, p 12 Dezembro de 2011

2 ROSA, Fernanda; et al Fibrose cística: uma abordagem clínica e nutricional Revista Nutricional, Campinas, v. 21, n. 6, p. 725. Novembro/Dezembro de 2008.

3 REIS, Francisco; DAMACENO, Neiva Artigo de revisão: Fibrose cística Jornal de Pediatria, DOI: 10 2223/JPED 489, v 74, n S1, p 76 Novembro/Dezembro de 1998

4 FIRMIDA, Mônica; MARQUES, Bruna; COSTA, Cláudia Fisiopatologia e Manifestações Clínicas da Fibrose Cística. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v. 10, n.4, p. 46. Dezembro de 2011.

5 CABELLO, Giselda Avanços da Genética na Fibrose Cística. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v 10, n 4, p 36 Dezembro de 2011

6. PEREIRA, Maria Luiza; KIEHL, Mariana; SANSEVERINO, Maria Teresa. A GENÉTICA NA FIBROSE CÍSTICA. Clinical and Biomedical Research, v 31, n 2 Junho de 2011

Contribui O

Gabriele Fernanda Batista Penido

Giovanna Melo

Kaillany Silva dos Santos

Lucas Vitorino Missiagia

Millena Faria Ribeiro

Tainá Goulart dos Santos

O hipotireoidismo congênito (HC) é uma síndrome de deficiência de hormônio tireoidiano em recémnascidos, caracterizada pela produção baixa ou mesmo nula do hormônio da glândula tireoide, ou, ocasionalmente, pela resistência à ação deste A tireoide é a primeira glândula endócrina que surge durante o desenvolvimento embrionário, é uma das glândulas mais importantes do sistema endócrino, produz os hormônios TSH, T3 e T4 (Figura 1), responsáveis por regular a função de órgãos essenciais como o cérebro, coração, fígado e os rins Nas crianças, principalmente durante os primeiros anos de vida, esses hormônios são fundamentais para o crescimento físico, o desenvolvimento do cérebro, além das várias funções do organismo.

Quando é originado por razões na própria glândula, é hipotireoidismo primário, por alterações na hipófise, hipotireoidismo secundário, e no hipotálamo, hipotireoidismo terciário (Figura 2) No hipotireoidismo primário encontramos o TSH elevado e o T4 baixo, pois quando a tiroide tem um problema e começa a produzir pouco hormônio, a hipófise aumenta progressivamente sua produção de TSH para tentar contornar esse déficit Se o problema for central, na hipófise, encontraremos um TSH baixo por falta de secreção e um T4 também baixo por falta de estímulo para sua produção

A doença pode ser esporádica ou ter causa genética Pode ser permanente ou transitória e, em alguns casos, sem causa definida.

T3 e T4, também chamados de triodotironina ou tiroxina, respectivamente, são dois hormônios produzidos pela tireoide, a função destes é manter o metabolismo em equilíbrio Hormônio tíreo-estimulante (TSH) da hipófise, aumenta a produção de hormônios tireóideos

Fonte: https://wwwmedicinanetcombr/conteudos/revisoes/560

Fonte: https://geglobocom/eu-atleta/saude/noticia/hipotireoidismo-ehipertireoidismo-afetam-desempenho-fisicoghtml

Mais informações em: https://youtu be/Vsw7YAdGynI

Epidemiologia

O hipotireoidismo congênito possui incidência de 1:2 000 a 1:4 000 crianças nascidas vivas em países com suficiência iódica, no Brasil varia de 1:2 595 a 1:4 795, tornando-se o distúrbio endócrino congênito mais frequente. Os grupos étnicos influenciam diretamente na prevalência de HC, sendo menor em negros americanos comparando com hispânicos, além de ser um distúrbio com maior prevalência entre as mulheres Crianças com Síndrome de Down possuem risco 35 vezes maior hipotireoidismo congênito

Em Minas Gerais o Nupad é responsável pela realização da triagem neonatal para hipotireoidismo congênito, entre 1994 e agosto de 2022 mais de 6,8 milhões de crianças foram triadas e 1651 fizeram o acompanhamento ambulatorial, com incidência de aproximadamente 1:3500 em nascidos vivos

Etiologia

As causas mais frequentes de hipotireoidismo congênito incluem a disgenesia e defeitos na produção hormonal (disormonogênese). O hipotireoidismo congênito (HC) é o distúrbio endócrino congênito mais frequente, é uma das principais causas de retardo mental que pode ser prevenida Resulta da deficiência dos hormônios tireoidianos.

O HC pode ser transitório e resulta de diversas causas, entre elas estão a ingestão excessiva (ou deficiente) de iodo pela mãe; ingestão materna de drogas antitireoidianas em mães portadoras de hipertireoidismo; passagem placentária de anticorpos maternos bloqueadores do receptor de TSH e esse diagnóstico deve ser considerado quando houver relato de mais de um filho com hipotireoidismo transitório detectado pela triagem neonatal geralmente perdura 1 a 3 meses até que os anticorpos desaparecem da circulação. Estudos mostram que a incidência do HC pode variar dependendo de etnias, presença de consangüinidade ou área geográfica A frequência é maior em neonatos brancos do que em neonatos negros sendo de três a quatro vezes mais freqüentes no sexo feminino comparativamente ao masculino

Fonte: https://www.nupad.medicina.ufmg.br/wp-content/uploads/2016/12/protocolo_hipo.pdf.

O HC pode ser classificado em 4 grupos principais: hipotireoidismo permanente esporádico, permanente primário, permanente hipotalâmicohipofisário, e transitório (Tabela 2)

Fonte:https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-15042009140742/publico/Solangecneves.pdf.2008.

COMO O HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO É HERDADO?

A maioria das formas genéticas do Hipotireoidismo

Congênito Primário possui um padrão de herança autossômica recessiva Nesses casos, para ter a doença, o bebê precisa herdar as duas cópias do gene alterado, uma do pai e outra da mãe Quando a criança herda apenas um gene alterado, ela é considerada "portadora”. Portadores não têm sintomas da doença, porém podem passar o gene alterado para seus filhos

Em outros casos, quando a doença é causada, por exemplo, por mutações nos genes PAX8, TSHR e DUOX2, o hipotireoidismo congênito apresenta um padrão de herança autossômica dominante

Isto é, herdar apenas uma cópia do gene alterado é suficiente para causar a doença

A alteração genética que causa a doença em um padrão “dominante” pode não ter sido herdada, mas ter surgido pela primeira vez na criança Isso explica os casos de hipotireoidismo congênito causados por alterações genéticas e sem histórico familiar.

O padrão de herança depende de qual gene está alterado

Vale ressaltar que cerca de 15-20% têm causa genética conhecida.

Sintomas

Os sintomas do hipotireoidismo congênito se manisfesta de forma diferente ao longo do tempo, nas primeiras semanas podem envolver dificuldade para se alimentar Do primeiro ao terceiro mês os sintomas incluem letargia e macroglossia, após o terceiro mês os sintomas se intensificam e ficam cada vez mais evidente O déficit de crescimento e problemas relacionados ao sistema nervoso são outros dos sintomas característicos do hipotireoidismo congênito.

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