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governançacorporativa Como vai a da sua empresa?

A implementação de uma governança corporativa é desafiadora, porém cada vez mais necessária para a perpetuidade das empresas. No segmento da revenda de combustíveis, é bastante comum a existência de postos como forma de um negócio familiar, que passa de geração para geração, mas que precisa se adequar às mudanças que vão acontecendo na maneira de gerir organizações, ao longo do tempo.

Governança corporativa é um sistema. Não é uma medida isolada, seja do ponto de vista jurídico, societário, tributário ou meramente organizacional dentro da empresa. A explicação é do assessor jurídico do Sulpetro Cláudio Baethgen. Ele acrescenta que o desafio deste processo administrativo é regulamentar toda a relação da empresa com os stakeholders (partes interessadas) que, com ela, se relacionam. “Teremos aspectos trabalhistas com os funcionários, societários com os sócios, tributários com o fisco e comerciais com os parceiros”, detalha o advogado.

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A governança é aplicada em pequenas, médias e grandes empresas. Contudo, de acordo com Baethgen, o cenário ideal de criação é quando a instituição ainda é pequena. “Quanto mais cedo se ajeitar, mais simples é a organização, fazendo com que o crescimento seja estruturado. No entanto, não é a realidade do ramo varejista de combustíveis”, lamenta o assessor jurídico.

Segundo ele, o que, de fato, acontece é que as empresas passam a se preocupar com governança corporativa quando têm pela frente um grande problema para resolver. Entre as hipóteses mais recorrentes, está o surgimento de algum processo ou condenação judicial que impacte no patrimônio familiar. Ou quando há um problema sucessório, ou seja, o sócio sênior começa a pensar em se retirar do negócio e tem mais de um sucessor por trás, mas não necessariamente todos os herdeiros são afeitos à administração da firma. “Aí a governança entra como um mecanismo necessário para estruturar a blindagem patrimonial, que foi como a governança começou a ser vendida, especialmente a governança por meio de holdings”, explica Baethgen. As holdings são um instrumento de gestão do patrimônio das pessoas físicas, que visa buscar o planejamento tributário na sucessão familiar, a proteção do patrimônio contra ataques de credores especulativos, a separação das atividades operacionais dos empresários e de seu patrimônio até então adquiridos.

DE FRENTISTA A DIRETOR-GERAL

Os Postos Papagaio, de Sarandi, decidiram fazer o processo de sucessão para profissionalizar

Há um grau gerencial mais profissionalizado, em que se consegue tomar decisões de forma mais racional e menos emotiva, tornando a empresa mais competitiva.” a empresa. Quem conta sobre a transformação no sistema de gestão é o filho de um dos três sócios-fundadores, Luis Eduardo Baldi. “Devido à idade, meu pai (Luis Alberto Baldi) começou a delegar atividades. E, na pandemia, ele ficou um tempo afastado, quando eu assumi como diretor-geral e após ter finalizado a pós-graduação”, recorda Baldi. Ele iniciou na empresa bastante jovem, como frentista, e seguiu alcançando posições mais altas, passando pelos cargos de caixa, de gerente administrativo até chegar à função que está até hoje.

Ele revela que o pai sempre “foi muito aberto” a mudanças, facilitando a implantação da sucessão. “Era uma empresa familiar. Conseguir profissionalizar a gestão é sempre muito difícil. Então, leva tempo, pois se tem que ter cuidados, já que há os laços emocionais”, argumenta o revendedor. A sucessão trouxe benefícios, como a profissionalização do negócio.

Confian A Familiar

Olga Bublitz, sócia-administradora do Posto de Serviço e Auto Peças Ltda., de Sinimbu, entrou na sociedade da empresa após deixar o cargo em uma multinacional do ramo de Recursos Humanos. Convidada pelo pai, Elvio Bublitz, ela ingressou na sociedade para auxiliá-lo nas tarefas da revenda, uma vez que ele sentia a necessidade de ter a participação de alguém de confiança nas atividades.

Entretanto, ela revela que não conversam sobre a sucessão da empresa. “É algo intrínseco. Mas é certo que meu pai tem interesse que o negócio permaneça na família, honrando o nome de tantos anos”, conta Olga. Única filha, ela acredita que será a sucessora do estabelecimento. “Não temos um planejamento referente a isso. Vejo como algo que irá acontecer naturalmente e no tempo em que meu pai, de fato, não quiser mais ter este compromisso”, projeta a empresária.

Governar ou gerir uma empresa sem ferramentas ou técnicas implica em um modelo decisório baseado apenas na intuição” Rosane Machado, mestre em Controladoria e sócia da Roma Business Consulting.

Para que serve a governança corporativa?

No varejo de combustíveis, encontramos uma maioria de empresas familiares. Nelas, os donos têm o desafio da sucessão para os herdeiros ou a venda futura do posto. É aqui que entra a governança, como um conjunto de práticas capazes de reduzir os conflitos, profissionalizar a estrutura e otimizar os resultados.

Quais são os pilares da governança corporativa?

A base da governança é o modelo de três círculos, no qual se trabalha um conjunto de boas práticas voltadas à família, propriedade e empresa. Nesta relação, é preciso atender aos interesses de todas as partes envolvidas no negócio, minimizando riscos e, em especial, os conflitos.

Quais são os maiores desafios da sucessão nas empresas familiares?

O maior desafio sempre é a definição das responsabilidades. Muitas vezes, a comunicação entre sucessor e fundador é falha, gerando expectativas diferentes em ambos, ocasionando os conflitos que, facilmente, podem ser superados quando definidas as expectativas, responsabilidades, interesses e plano de sucessão.

Quais são as consequências para uma empresa que não faça governança corporativa?

Governar ou gerir uma empresa sem ferramentas ou técnicas implica em um modelo decisório baseado apenas na intuição. O risco de contar apenas com a intuição é gigantesco, em especial, quando se trata das perdas financeiras. Os números são um grande aliado dos gestores, mas é preciso saber o que fazer com eles! E é justamente este o ganho de um processo de governança.

Quais são os tipos de holdings?

Existem diversas formas de organizar um grupo de empresas, seus CNPJs, a sociedade e o patrimônio. As holdings são parte desta organização e possibilitam, se bem estruturadas e implementadas, a redução do risco e ganhos tributários. As mais comuns são: a) holding administradora ou de participações, que tem como objetivo administrar as empresas de um grupo ou rede de postos; 2) a holding patrimonial ou garantidora, a qual tem como propósito organizar o patrimônio, separado da operação central (objeto de risco).