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A ligação entre as alterações climáticas e a crise da natureza
✖ No que toca aos impactos, a crise da biodiversidade mundial é tão grave como as alterações climáticas.
✖ A perda de biodiversidade e a crise climática estão intimamente ligadas, e os seus efeitos reforçamse.
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✖ A natureza é o nosso melhor aliado para combater as alterações climáticas
O combate à crise climática é o maior desafio do nosso tempo. Se não soubermos responder a este desafio, as consequências para o ambiente, para a nossa saúde e para os meios de subsistência serão dramáticas. As decisões que tomarmos sobre o clima determinarão o futuro da nossa economia, da nossa sociedade e da humanidade.
A crise climática tem um impacto grave e direto sobre a biodiversidade. As alterações climáticas tornam os ecossistemas mais frágeis e intensificam os efeitos de outros fatores que contribuem para a perda de biodiversidade, como perda e fragmentação de habitats, poluição, sobre-exploração e disseminação de espécies exóticas invasoras.
As paisagens marinhas e polares já estão a passar por rápidas alterações. A subida das temperaturas está a aumentar a frequência e intensidade dos incêndios florestais e a prejudicar a vida selvagem. O oceano absorve mais de 90 % do calor excedentário da Terra e, ao aquecer, liberta mais carbono para a atmosfera, tornando-se menos propício à vida marinha. O oceano também está a perder oxigénio, com uma perda de 3 % desde 1960. Em resultado do aumento das temperaturas, as pastagens e savanas estão a ser desertificadas e degradadas mais rapidamente do que qualquer outro tipo de habitat no planeta.
Esta perda de biodiversidade está também a ter um efeito negativo no clima. Em vez de armazenarem carbono nos solos e na biomassa, os ecossistemas libertam-no de novo para a atmosfera. A desflorestação aumenta a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, o que, por sua vez, contribui para a perda de biodiversidade.
A perda de biodiversidade e as alterações climáticas estão ligadas e são interdependentes. Não podemos abordar a perda de biodiversidade sem tratar das crises climáticas, e não podemos fazer face às crises climáticas sem, simultaneamente, combater a perda de biodiversidade.
Pelo lado positivo, a preservação e o restabelecimento da biodiversidade e dos ecossistemas podem dar um contributo essencial para o combate às alterações climáticas, ao ponto de ser possível atingir 30 % dos nossos objetivos de atenuação das alterações climáticas através de soluções baseadas na natureza, como o restabelecimento das florestas, dos solos e das zonas húmidas. Investir em soluções baseadas na natureza é uma das melhores decisões de investimento que podemos fazer.
A promoção de mudanças no comportamento e nos padrões de consumo, como o consumo excessivo de carne, é suscetível de reduzir ainda mais as pressões tanto sobre a biodiversidade como sobre o nosso clima.
Ligações
• Alterações climáticas e perda de biodiversidade como duas faces da mesma moeda: https://wwf. panda.org/our_work/climate_and_energy/climate_nature_future_report/
• Relatório conjunto IPBES IPCC 2021: Biodiversidade e Alterações Climáticas
O que está a acontecer aos nossos oceanos?
✖ Os oceanos são cruciais para regular o clima no nosso planeta e para a produção global de oxigénio.
✖ As principais causas do esgotamento da biodiversidade marinha são a sobrepesca, as alterações climáticas, as práticas de pesca insustentáveis e a poluição.
✖ As soluções estão disponíveis, mas devem ser implementadas em escala.
Mais de metade do oxigénio que respiramos provém de organismos marinhos, um quarto das emissões atmosféricas antropogénicas anuais de CO2 a é absorvido pelas águas marinhas, constituindo os oceanos o maior reservatório de carbono em circulação ativa no ciclo do carbono da Terra (50 vezes maior do que a atmosfera).
Na Europa, entre as unidades populacionais totalmente avaliadas no Nordeste do oceano Atlântico, a proporção de unidades populacionais sobreexploradas diminuiu de cerca de 75 % para cerca de 40 % nos últimos 10 anos. Entretanto, apesar de alguns progressos, 75 % permanecem sobreexploradas no Mediterrâneo. Cerca de 43 % da área de plataforma e talude europeia e 79 % do fundo do mar costeiro são considerados fisicamente perturbados.
Como resultado das pressões criadas pelo nosso sistema alimentar e em particular pela pesca, as capturas acidentais continuam a constituir a principal pressão para as espécies ameaçadas, como tubarões e raias (dos quais 32 a 53 % de todas as espécies estão ameaçadas), bem como para as aves e mamíferos marinhos em perigo.
A poluição nos nossos mares e oceanos também está a afetar a biodiversidade marinha. Embora os níveis de descarga de contaminantes nos mares europeus tenham diminuído, os poluentes emergentes, como lixo marinho e ruído subaquático, estão a aumentar. Por exemplo, 93 % das pardelas brancas analisadas no Atlântico Nordeste continham plástico no estômago, com os casos de emaranhamento e ingestão de resíduos de plástico a aumentar 49 % nas últimas duas décadas. Assim sendo, são essenciais medidas para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho por fontes terrestres, incluindo o fundo do mar e o seu subsolo.
Mas existem soluções. Mesmo para os nossos mares, existem soluções políticas para travar a perda de biodiversidade marinha e começar a restaurar alguma da resiliência do ecossistema marinho. A UE criou um quadro legislativo sólido que permite a utilização sustentável dos mares da Europa. No entanto, embora as soluções já estejam cobertas pela legislação existente (por exemplo, limitação do uso de artes de pesca nocivas, áreas marinhas protegidas e zonas de defeso, eliminação de capturas acessórias, etc.), têm de ser implementadas de forma mais adequada e mais célere.
Ligações
• Definição do rumo para um planeta azul sustentável – Comunicação Conjunta sobre a agenda de Governação Internacional dos Oceanos da UE JOIN(2022) 28 final
• Relatório sobre a implementação da Diretiva-Quadro da Estratégia Marinha COM(2020)259
• Análise do estado do ambiente marinho na União Europeia SWD, (2020)61 Parte 1 — Parte 2 — Parte 3
• Relatório da AEA: Mensagens marinhas 2 (2020)
• UNEP: Plásticos e recifes de coral de águas rasas (2019)
• Relatório da FAO sobre o estado das pescas no Mediterrâneo e no Mar Negro 2020: https:// reliefweb.int/sites/reliefweb.int/files/resources/CB2429EN.pdf