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Christiane Couve de Murville

Maturidade Emocional

Deu briga de família! Titia brigou com o cunhado, que por sua vez acusou o sobrinho, que reclamou do primo, que falou da avó e, assim por diante, cada um foi colocando para fora suas mágoas e seus descontentamentos. Os adolescentes opinaram sobre uns e outros e as crianças começaram a gritar! Um horror! Todo mundo ficou irritado, nervoso, saiu batendo porta e de cara amarrada. Mas logo as crianças voltaram a brincar como se nada tivesse acontecido. Em seguida, os jovens foram tratar de assuntos que lhes eram mais interessantes. Um ou outro parente também não se demorou em deixar de lado o episódio desagradável. Porém, uma semana depois, vovó continuava desgostosa com a história da briga em família. O cunhado também passou um tempão remoendo a discussão e alguns primos ficaram meses sem se falar! Quanto à titia, até hoje, quando relembra o evento fatídico, transforma-se completamente. Ressentimentos voltam a aflorar. Ela não se conforma com o que aconteceu, continua muito sentida. É interessante observar como alguns entram em batalhas, lutam ferozmente, e no dia seguinte recobram o equilíbrio, estão em paz. Não ficam com pensamentos negativos lhes rondando o espírito, triturando a mente, roubando o sono e a tranquilidade! Já outros têm dificuldade em acolher seus irmãos como são e em perdoar aos outros e a si mesmos. Acham que as coisas deveriam ser de outro jeito, estão apegados à parcela da realidade e ao ponto de vista que enxergam e querem manter a qualquer custo. Quanto tempo cada um fica refém de energias desagradáveis, que afetam ações, pensamentos, emoções e impedem de caminhar levemente? Teria maturidade emocional alguma relação com a capacidade de se recompor, retornar ao eixo, limpar-se de pensamentos recorrentes insistentes, deixar de lado desavenças, abrir mão de uma realidade pessoal passageira e recobrar a alegria das crianças?

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Abacaxi Rei Que abacaxi!, exclamou Zézinho, inconformado com o problema difícil que tinha que resolver. Mas não havia jeito. Teria que descascar o abacaxi, e sozinho, pois ninguém queria saber de nada ou de tratar de assuntos chatos. Enquanto rosnava descontente, na fruteira, o abacaxi silencioso mantinha sua postura imponente, sobressaindo entre as demais frutas que se encontravam ao seu lado. Ele era um rei, tinha coroa. E estava maduro. Sua vestimenta vistosa tendia ao dourado, indicando que estava pronto para oferecer o melhor de si. Além do mais, o seu perfume não deixava dúvida, era agradável, gentil e doce como mel. Ele estava mesmo pronto para ser Rei. Pois, além da aura luminosa e da coroa na cabeça, também era humilde. Ficava na fruteira com todo mundo e não reclamava da vida. Para ser rei, tem que ser humilde, senão como enxergar os outros? Afinal, reis de verdade ocupam o último lugar, se colocam como o menor de todos e tudo que fazem é para que os outros sejam felizes e retomem consciência. Levam todos à volta deles a também se comportarem como Reis. Isso é que é ser chique de verdade! Zézinho olhou para a fruteira e endireitou a postura. Não reclamou mais e foi cuidar do assunto que tinha que resolver.

Dia Especial O cozinheiro estava de muito mau humor aquele dia. Havia brigado com a mulher, tinha um monte de contas a pagar, o salário era justo e ele andava com uma dor de cabeça insuportável. Nada na vida parecia dar certo! Enquanto preparava os pratos para os fregueses, remoía suas infelicidades. Mas ele não era o único insatisfeito naquele restaurante. O garçom também estava irritado. Quanto cliente arrogante para servir! Sem contar que suas pernas doíam de tanto ficar em pé. Quando a comida chegou na mesa, ao reparar na cara amarrada do garçom que servia os pratos e intuindo o ambiente pesado na cozinha, Mariquinha teve vontade de ir embora. Não comeria aquela comida impregnada do mau humor do cozinheiro e do garçom! Sabia muito bem que os alimentos continham água, absorviam a energia das pessoas que os preparavam e serviam. Também percebendo o clima que rolava no restaurante, Florisvaldo disse: — Vamos rezar para abençoar a comida! Estava convencido de sua conexão com o princípio divino que rege o universo. Visualizou, então, uma luz brilhante e radiante purificando e santificando o alimento. E sua crença era tão forte, que lhe permitia abençoar e receber os benefícios de uma alimentação saudável, impregnada de boas vibrações. Florisvaldo ainda completou: — Somos luz, vibração, música! E nos tornamos mais poderosos quando em estado de alegria. Nós é que fazemos o dia, ou a refeição, especial!