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1. EM JEITO DE JUSTIFICAÇÃO: A CIRCUNSTÂNCIA
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EM JEITO DE JUSTIFICAÇÃO: A CIRCUNSTÂNCIA
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Deixar memórias não é um ato de vaidade. Muitas vezes me interroguei acerca dos meus antepassados e lamentei que a imaturidade não me tivesse permitido em tempo oportuno questioná-los sobre quem foram, quem eram e o que fizeram e, recuando, ainda sobre os 11 seus progenitores, como eram ou como foram, o que fizeram, enfim, confrontá-los sobre questões a que a curiosidade apela, curiosidades absolutamente naturais, diga-se, que só podem ser satisfeitas mediante o conhecimento oral ou escrito. Entretanto, as pessoas, em obediência à ordem natural das coisas, vão desaparecendo e os registos, sobretudo os não escritos, que a maioria das vezes já são escassos, vão-se apagando da memória e perdendo na memória do tempo…. Com que e com quantas questões desejaria hoje confrontar meus Pais e meus Avós, que em tempo não fiz ou por não me ocorrerem ou pela dinâmica de vida que me envolvia e desviava o pensamento para questões que entendia prioritárias e vitais. Preview
Um dia, estou certo, os vindouros hão de ter ou poderão vir a ter a curiosidade natural de querer saber algo mais acerca do escrevinhador das linhas que se hão de seguir, para além do conhecimento superficial e genérico que possam ter tido, decorrente de contatos fugazes que com ele mantiveram, circunscritos, praticamente, a encontros familiares ou de amigos, de curta duração e de circunstância, impedindo um conhecimento aprofundado ou, até, uma relação afetuosa mais próxima e menos preconceituosa, de confiança, descomplexada e sem tabus que, diga-se, teria sido desejável. Talvez agora, no ocaso da vida, a experiência de uma vida já longa, vivida e sofrida, possa dar a alguns dos que me vierem a ler o contributo sempre precioso para o 12 enfrentamento da vida em sociedade atento o mundo cão que nos rodeia. Orgulho-me do meu percurso de vida e não o enjeito nem o escondo, embora tenha trabalhado muito para o conseguir, pois, como diz o nosso povo, comi do pão que o diabo amassou. Todavia, ainda assim, não me lamento e entendo que a vida foi, razoavelmente, generosa para comigo. Daí, eu estar de bem com a vida. É claro que o Homem é um ser racional e emocional e não escondo que amiúde me emociono ao falar da minha história de vida. As memórias que se seguem, dirigem-se em primeira mão ao seu escrevinhador, primeiro porque foi um deleite escrevê-las, depois, porque lhe permitiram recordar Preview