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CLEIDE TOLEDO

| SÃO PAULO |

O senso comum associa o uso de fibras vegetais ao artesanato praticado em distantes áreas rurais. A artesã Cleide Toledo, contudo, extrai a matéria-prima de seu trabalho de áreas próximas à sua casa na Zona Leste paulistana. Atualmente, os brejos nos entornos do Presídio de Guarulhos e da Rodovia dos Trabalhadores são a fonte para a extração da fibra de taboa (Typha domingensis) com que faz uma infinidade de peças.

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Seu mestre foi o marido Manoel Baptista Neto. Cleide atuava na área de saúde quando passou a acompanhá-lo na poda e limpeza da palha da taboa. Aprendeu que a secagem correta é essencial para a durabilidade do material e sua resistência a fungos e que o manejo ecologicamente correto permite um uso prolongado da área de extração, sempre sob licença do Ibama e/ou de órgãos reguladores locais. Ao ficar viúva, em 2006, resolveu prosseguir o ofício para sustentar sozinha os dois filhos e deu asas à sua criatividade no trançado da palha, conformando cestos, vasos, cachepôs, bolsas, móveis ou peças decorativas. A técnica é repassada em cursos frequentes realizados em várias instituições.

Além da prática do ofício, a artesã se destaca por seu ativismo em prol do reconhecimento do artesanato no país. Em 2018, liderou a criação da União dos Artesãos Profissionais do Estado de São Paulo; durante vários anos integrou o Conselho da Sutaco, do governo paulista; e colabora com a curadoria de obras para exposições e espetáculos, a exemplo do programa “Sr. Brasil”, que tem Rolando Boldrin à frente na celebração da cultura tradicional brasileira. Peças de sua autoria integram o acervo do Museu da Palha de Florença, na Itália. Cleide foi uma das cinco finalistas do Prêmio Governo do Estado para as Artes 2020/2021 na categoria Cultura Popular e Tradicional.