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ABAYOMI ONÃ

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| GUARULHOS |

As Abayomis foram concebidas como um mecanismo de construção e reconstrução das memórias e da autoestima das populações negras. A definição é da maranhense Lena Martins, que desenvolveu e batizou as bonecas de pano nos anos 1980, no contexto de sua militância no movimento negro no Rio de Janeiro. De lá para cá, as oficinas de confecção das bonecas se disseminaram pelo Brasil e chegaram a outros países da diáspora africana.

Em Guarulhos tem destaque o Abayomi Onã, criado pela jovem Elizabeth Regina. Ela tem um perfil artístico multidisciplinar: atua como atriz na Cia. Los Xerebas; integra a Cia. Bueiro Aberto, de cinema; ajudou no processo de construção do projeto Cinepreto, de exibição de filmes e promoção de debates em favelas; e é cantora no grupo musical Raízes de Baobá. Nas oficinas de Abayomi que realiza em vários locais de Guarulhos, ela ensina a técnica e também busca ampliar a reflexão sobre as identidades negras. Feitas sem cola e sem costura, utilizando restos de tecidos, as Abayomis são representantes legítimas da “estética da precariedade” – ou seja, a capacidade de fazer muito com pouco, e de improvisar – tão tradicionalmente arraigada na população brasileira. O corpo é feito com tecidos maleáveis na cor preta, que tenham um pouco de elastano para facilitar as amarrações. A veste utiliza pequenos pedaços de tecidos variados. Eventualmente podem ser agregados paetês, contas ou rendas nos acabamentos. Os rostos propositalmente não têm olhos, boca ou nariz, pois seria impossível retratar a diversidade das feições das várias etnias de escravizados que vieram para o Brasil. Os tamanhos vão de 4 cm, utilizado para a elaboração de brincos, até 20 cm. Uma série temática representa os orixás Exu, Iemanjá, Ogum, Oxóssi, Obaluayê, Oyá, Oxumaré e Oxum. No caso de Obaluayê, o material usado é a palha.

Abayomis, bonecas de pano com as representações dos orixás Oxóssi, Obaluayê, Iemanjá, Oyá, Oxumarê, Exu e Ogum (alturas de 12 a 20 cm).