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5. DONS ESPIRITUAIS
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DONS ESPIRITUAIS
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Além da questão do batismo no Espírito Santo não ser unânime, existem muitas diferenças no tocante aos dons espirituais específicos. Dúvidas inundam as mentes e os corações dos fiéis que questionam: Ainda hoje as pessoas poderiam receber o dom de profecia, de modo que Deus realmente lhes revele algo para transmitir a outras pessoas? Ou esse dom foi confinado aos tempos, quando o Novo Testamento ainda estava sendo formado, no século I d.C.?
E o que dizer da cura? Menos consenso ainda existe a respeito do dom de falar em outras línguas. Alguns cristãos dizem que é uma ajuda valiosa em sua vida de oração, outros dizem que é sinal de ter sido batizado no Espírito, e ainda outros dizem que esse dom não existe atualmente, pois se trata de uma forma de revelação verbal da parte de Deus, que findou quando o Novo Testamento acabou de ser escrito. É nesse terreno que iremos investigar, porém, antes analisaremos alguns princípios essenciais encontrados em 1 Coríntios 12.
5.1 PRINCÍPIO DA GRAÇA DE DEUS
No início do capítulo 12, na primeira carta escrita aos Coríntios, o apóstolo Paulo trata de questões pertinentes aos dons espirituais levantadas pelos membros da Igreja de Corinto, em uma carta que recebera deles (1 Coríntios 7.1). Não foi por menos que o Espírito Santo, inspirando Paulo, selecionou a palavra grega “pneumatikov – pneumatikos”, para dons espirituais. Esse vocábulo é construído da raiz “pneuma”, palavra grega para “espírito”. 13 O termo pneumatikos literalmente refere-se a “alguém que está cheio e é governado pelo Espírito de Deus”.
¹³ Veja no capítulo 2 dessa mesma disciplina, outros significados da palavra grega peneuma.
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Assim fica evidente a associação entre o Espírito e os dons espirituais. Os coríntios viam os dons – em especial, o falar em línguas – como marca de espiritualidade, de maturidade espiritual. Entretanto, o Espírito Santo, para que não houvesse falácia quanto à interpretação, através do apóstolo Paulo rapidamente muda o termo da linguagem para “carisma – charisma”. Essa palavra é formada de “cariv – charis”, palavra grega para “graça”. Com essa mudança de vocabulário, Paulo habilmente enfatiza que os dons espirituais, acima de tudo, são dons da graça.
A mudança sutil na terminologia reflete um aspecto importante da perspectiva de Paulo. Os dons do Espírito não é emblema de maturidade espiritual. Em vez de distintivo da “elite cultural”, os dons espirituais são reflexos da graça de Deus para a Igreja e eram disponíveis para todos os crentes. É exatamente esse entendimento elitista dos dons que Paulo procura corrigir frente aos imaturos coríntios, pois na Igreja ao qual pertenciam não faltava nenhum dom (1 Coríntios 1.7).
5.2 O PRINCÍPIO DA EDIFICAÇÃO
Assim como a Igreja de Corinto, muitas denominações, até aos dias de hoje, perderam de vista a verdadeira finalidade dos dons espirituais. Assim sendo, a correção do apóstolo Paulo para os coríntios, quanto para os dias atuais, inclui o esclarecimento desse ponto importante. Ele mesmo se encarrega de dizer qual é essa finalidade: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (1 Coríntios 12.7). Os dons espirituais são concedidos para que o corpo de Cristo seja edificado, ou seja, para edificação da Igreja.
5.3 O PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO
Em 1 Coríntios 12.11 Paulo declara: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente”. Aqui o apóstolo lembra que todos têm um papel a exercer no corpo de Cristo. Ninguém é excluído da participação dinâmica produzida pelo Espírito que edifica a Igreja.
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5.4 DONS ESPIRITUAIS
A cidade de Corinto era uma verdadeira ponte transcultural. Tudo transitavapor ela: os peregrinos, os mercadores e os diferentes tipos de pregadores. Era uma cidade cheia de novidades e também de muito pecado.
Na Grécia Antiga, ao lado das célebres lendas de heróis, semideuses e deuses pagãos, existiam as religiões de mistério.14 Corinto era um dos centros dessas religiões de mistério com suas manifestações estranhas, entidades que entravam em pessoas, mudando-lhes o hábito; adivinhações etc.
Foi nesse ambiente e nesse contexto sócio-econômico, cultural e religioso, aqui referidos, que viveu a Igreja de Corinto e que pregou o apóstolo Paulo. Foi nesse ambiente sincrético que Paulo bradou: “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Coríntios 12.1). “Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (1 Coríntios 14.1).
O capítulo 10 mostra que o povo nem sempre retribuiu com obediência aos favores e aos milagres recebidos de Deus, o que pode levar o Senhor a rejeitá-los. No capítulo 11, o crente encontra ali instruções sobre o comportamento que ele deve manter durante o culto público.
Os dons do Espírito Santo são descritos no capítulo 12, enquanto o capítulo 13 adverte para o amor como qualidade indispensável à eficácia dos dons. Finalmente, o capítulo 14 apresenta as regras para o exercício desses dons em culto público.
Dito isso, podemos passar à descrição dos elementos dinâmicos mediante os quais o Espírito Santo quer preparar a Igreja para servir a Cristo e aos homens.
O texto bíblico que mencionaremos a seguir representa uma lista dos dons do Espírito Santo, aqui destacaremos em itálico: “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a
14. A religião era um fator de unidade entre os gregos. Mas não havia livros sagrados, nada parecidos com a Torá dos hebreus. Também não havia sacerdotes como no Egito, na Pérsia ou na Babilônia. As crenças eram baseadas em tradições orais (contada de pai para filho) e nos poemas de autores notáveis como, por exemplo, Homero e Hesíodo. Os deuses gregos viviam no monte Olimpo. Zeus era uma espécie de rei dos deuses. Casado com Hera, protetora do casamento, que, ironicamente, volta e meia é traída por Zeus com alguma mortal (teve inúmeros filhos assim). Posêidon, irmão de Zeus, era o deus dos mares. O outro irmão de Zeus, Hades, era o responsável pelo mundo subterrâneo. Os filhos de Zeus e Hera também eram deuses destacados. Palas Atenas era a deusa da inteligência, protetora dos sábios e, claro, da cidade de Atenas. Apolo era o deus do equilíbrio. Sua irmã gêmea Ártemis era a protetora dos caçadores e das mulheres virgens. Afrodite era a deusa do amor. O deus da guerra era o terrível Ares. Hermes era o deus mensageiro, protetor dos comerciantes e dos ladrões. Dionísio era o deus da loucura, das paixões desenfreadas, do prazer.
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outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas” (1 Coríntios 12.8-10). Com certeza essa lista de dons não é suficiente, mas meramente uma amostra de dons “retirada de um suprimento infinito”.15
5.5 CLASSIFICAÇÃO DOS DONS
Quanto à classificação dos dons, a doutrina não é pacífica. Stanley Horton os classifica em: dons de ensino e pregação, dons de curar e dons de adoração; 16 para David Paul Yonggi Cho são divididos em: dons de revelação, dons de poder e dons vocais; 17 e para Gordon Chown, dividem-se em: dons de revelação, dons de poder e dons de inspiração. 18 Para nosso estudo classificamos em:
Dons de ensino e pregação: palavra de sabedoria; palavra da ciência;
Dons de poder: cura; operação de milagres; fé; profecia e discernimento de espíritos;
Dons de adoração: variedades de línguas e interpretação de línguas.
Deve ser enfatizado que os dons do Espírito, ativos hoje na Igreja, não visam fornecer novas doutrinas, nem sequer ensinar novos critérios para a vida. Pelo contrário, devem aplicar a Palavra de Deus às novas circunstâncias na Igreja. Seus propósitos são fortalecer, encorajar, e confortar, mas nunca revelar novas doutrinas.
15. HORTON, Stanley. O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 1994. 16. HORTON, Stanley.Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 472-473. 17. CHO, David Paul Yonggi. Espírito Santo, meu Companheiro. 5ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1995, p. 115. 18. CHOWN, Gordon. Os dons do Espírito Santo. São Paulo: Editora Vida, 2002, p. 21.
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5.5.1 DONS DE ENSINO E PREGAÇÃO
a) Dom da Palavra da Sabedoria
Sabedoria é o meio pelo qual podemos de maneira eficaz usar o conhecimento. Não se trata aqui da sabedoria comum, para o viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação. Este dom diz respeito mais especificamente a um fragmento da sabedoria de Deus que nos é transmitida por meios sobrenaturais.
Exemplo desse dom se encontra em 2 Reis 6.12: “...mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir”.
b) Dom da Palavra da Ciência
Consiste na revelação sobrenatural de algum fato conhecido apenas por Deus. Não se trata aqui da sabedoria comum, para o viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação nas coisas de Deus e na sua Palavra, e pela oração. Seu teor excede às limitações do conhecimento ou da imaginação do homem.
Exemplo desse dom se encontra nas Escrituras quando o povo consultava Deus acerca de quem seria o rei de Israel: “Tendo Samuel feito chegar todas as tribos, foi indicada por sorte a de Benjamim. Tendo feito chegar à tribo de Benjamim pelas suas famílias, foi indicada a família de Matri; e dela foi indicado Saul, filho de Quis. Mas, quando o procuraram, não podia ser encontrado. Então, tornaram a perguntar ao SENHOR se aquele homem viera ali. Respondeu o SENHOR: Está aí escondido entre a bagagem” (1 Samuel 10.20-22).
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5.5.2 DONS DE PODER
a) Dom de Cura
Esse dom é concedido a qualquer cristão para a restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais. Há os que crêem que os apóstolos possuíam de fato dotes especiais, mas que, depois deles, os dons de curar cessaram. Mas o que dizer de Felipe, nomeado para servir à mesa enquanto os apóstolos se dedicavam à oração e ao ministério da palavra? (Atos 6.1-5). A cura faz parte do evangelho da graça remidora, consumado por Jesus Cristo na cruz do calvário.
Há curas que se realizam imediatamente, como no caso do cego de Jericó, e há curas que se realizam gradualmente como no caso do cego de Betsaida (Marcos 8.22-25) e também no fato dos leprosos (Lucas 17.14). A ordem do Mestre da Galiléia foi: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10.8).
b) Dom de Operação de Milagres
Trata-se de atos sobrenaturais de poder, que intervêm nas leis da natureza, suspendendo temporariamente a ordem habitual observada pelos homens. Incluem atos divinos em que se manifesta o reino de Deus contra Satanás e os espíritos malignos. Vários são os exemplos de milagres nas Escrituras. Transformar água em vinho (João 2), a tempestade em bonança (Mateus 8.23-27), a figueira em galhos ressequidos (Mateus 21.19), são alguns exemplos de milagres registrados.
c) Dom da Fé
Não se trata da fé para salvação, mas de uma fé sobrenatural, especial, comunicada pelo Espírito Santo, que capacita o crente à realização de coisas extraordinárias e milagrosas. É a fé que remove montanhas (Marcos 11.22-24) e que freqüentemente opera em conjunto com outras manifestações do Espírito Santo, tais como as curas
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e os milagres. O crente não a possui, ela somente é manifestada quando surge uma necessidade, de acordo com hora e lugar que o Espírito Santo determinar.
d) Dom de Profecia
É preciso distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espírito da profecia como dom ministerial na Igreja, mencionado em Efésios 4.11. Como dom de ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na Igreja como ministros profetas. Como manifestação do Espírito, a profecia está potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle (Atos 2.16-18). Quanto à profecia, como manifestação do Espírito, trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (1 Coríntios 14.24,25,29-31).
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus e exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência. A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa, “... tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração” (1 Coríntios 14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, (1 Coríntios 14.3). Vejamos com detalhes cada um desses itens.
Edificar (epoikodomew – epoikodomeo) significa “terminar a estrutura da qual a fundação já foi colocada”. Paulo diz que “ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Coríntios 3.11). Assim sendo, os cristãos tem o dever de construir algo firme e útil sobre o fundamento para que “se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão” (1 Coríntios 3.14).
Exortar do grego “parakalew – parakaleo” significa “chamar alguém de lado”, “consolar, encorajar e fortalecer pela consolação, confortar”, “instruir, ensinar”. Desse verbo grego mencionado origina-se a palavra parakleto, título conferido ao Espírito Santo, que consola e intercede pelo povo de Deus. Tanto exortar quanto consolar provém da mesma palavra grega parakaleõ.
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Portanto, a Igreja não deve ter como infalível toda profecia, porque muitos falsos profetas aparecerão no seio da Igreja (1 João 4.1). Daí, a necessidade de que toda profecia seja julgada quanto à sua autenticidade e conteúdo, conforme recomendação do apóstolo Paulo: “Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom” (1 Tessalonicenses 5.20-21).
e) Dom de Discernimento de Espíritos
Por meio desse dom, o Espírito Santo revela a fonte de qualquer demonstração de poder e sabedoria sobrenatural. Assim, nesse mundo cheio de imitações e falsidades, este dom visa aclarar o que está por trás das coisas, sejam heresias, más intenções ou motivações ruins. Por várias vezes, esse dom se manifestou na vida dos discípulos de Jesus. No desmascaramento de Ananias por intermédio de Pedro (Atos 5.1-5); na repreensão de Pedro a Simão, o mágico (Atos 8.18-22) e na repreensão de Paulo ao espírito de adivinhação que atuava numa jovem na cidade de Filipos (Atos 16.16-18).
5.5.3 DONS DE ADORAÇÃO
a) Variedades de Línguas ou Glossolalia
No tocante a este dom, no grego glwssa - glossa, que significa língua, como manifestação sobrenatural do Espírito. Notemos os seguintes fatos:
Essas línguas podem ser humanas como as que os discípulos falaram no dia de Pentecostes (Atos 2.4-6), ou uma língua desconhecida na Terra, entendida somente por Deus, conforme declaração do apóstolo Paulo: “Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios” (1 Coríntios 14.2).
A língua falada através deste dom não é aprendida, apesar de ser compreensível. Parece que na maioria dos casos elas são ininteligíveis. Paulo diz a respeito da inteligibilidade das línguas: “Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. Que farei, pois? Orarei com o espírito,
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mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente. E, se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação de graças? Visto que não entende o que dizes; porque tu, de fato, dás bem as graças, mas o outro não é edificado” (1 Coríntios 14.14-17).
O falar noutras línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus, que entrando em mútua comunhão, faculta ao crente a comunicação direta com Deus (i.e., na oração, no louvor, no bendizer, na ação de graças e na oração).
Línguas estranhas faladas no culto devem ser seguidas de sua interpretação, também pelo Espírito, para que a congregação conheça o conteúdo e o significado da mensagem. Paulo recomenda que “no caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três e isto sucessivamente, e haja quem interprete. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus” (1 Coríntios 14.27-28).
b) Dom de Interpretação de Línguas
Trata-se da capacidade concedida pelo Espírito Santo, para que o portador deste dom compreenda e transmita o significado de uma mensagem dada em línguas. Tal mensagem interpretada para a Igreja reunida pode conter ensino sobre a adoração e a oração, ou pode ser uma profecia. Toda a congregação pode assim desfrutar dessa revelação vinda do Espírito Santo. A interpretação de uma mensagem em línguas pode ser um meio de edificação de toda congregação, pois todos recebem a mensagem. A interpretação pode vir através daquele que orou em línguas, ou de outra pessoa. Quem fala em línguas deve orar para que possa interpretá-las conforme ensina as Escrituras (1 Coríntios 14.13).