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Mercado

A ressignificação da casa e a expansão do e-commerce impulsionaram a atividade de locação de boxes para autoguarda de bens

Da Redação

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Self storage cresce em meio à pandemia

Omercado imobiliário no Brasil apresentou em 2020 desempenho acima das mais otimistas das expectativas para um ano marcado pelos impactos da pandemia de Covid-19. Dados apurados pela Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CII/CBIC) contabilizaram um total aproximado de 152 mil unidades lançadas e 190 mil unidades vendidas, nas 150 cidades brasileiras que realizam pesquisa.

“Imaginávamos chegar a uma redução de 50% no volume de lançamentos em relação a 2019, mas fechamos o ano com queda de 17,8%”, revela Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. Segundo ele, em São Paulo, os números do setor também surpreenderam, ao registrar apenas 8% de redução nos lançamentos (60 mil unidades) comparado ao ano anterior. "Acompanhando o movimento do País, observamos que a cidade de São Paulo avançou em termos de vendas: as 51 mil unidades comercializadas em 2020 representaram incremento de 4% frente às 49 mil unidades apuradas em 2019", relata.

Mudança de hábitos

Petrucci diz que a aderência de imóveis pequenos continua forte. Nos últimos 5 anos (entre 2016 e 2020), foram lançadas 40

mil unidades em imóveis compactos (Studio ou 1 dormitório) na capital paulista. Deste total, 14 mil unidades somente em 2020. Isso significa que quem mora em imóvel pequeno é potencial usuário de self storage, segmento de locação de boxes para autoguarda de bens.

O vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP, Adriano Sartori, confirma o momento favorável para o segmento que, mesmo em meio à pandemia, segue crescendo, graças a dois fatores: reorganização da casa e aumento do e-commerce. "Muitas pessoas estão morando nas áreas centrais, em imóveis menores, e acabam precisando de mais espaço para armazenar seus pertences. Além disso, as pessoas estão fazendo compras fracionadas e querem recebê-las no mesmo dia", observa Sartori.

O presidente da entidade, Basilio Jafet, vai além dizendo que, atualmente, o self storage é parte da residência e da vida de pessoas e empresas, ainda mais agora, com a expansão do e-commerce. E destaca a importância de investimentos para atender a demanda crescente e, com isso, contribuir para uma melhor distribuição dos produtos e serviços nas cidades.

Segmento em números

Os números comprovam o crescimento da atividade de self storage."O segmento fechou 2020 com quase 600 mil metros de ABL (área total disponível), 325 operações e 169 empresas situadas em 80 cidades brasileiras", de acordo com Marcos Kathalian, sócio fundador da Brain Inteligência Estratégica, responsável pela apuração dos dados de self storage no Brasil, sob encomenda da Asbrass (Associação Brasileira de Self Storage).

Segundo Kathalian, o levantamento aponta queda na vacância, que hoje está em 23%, e elevação no preço nominal. Em média, o preço do metro quadrado é de R$ 103,00 no País. Além disso, houve redução no tamanho dos boxes. "São 82 mil boxes, sendo que 36% deles têm até 3 metros quadrados.”

Dentre os principais fatores que impulsionaram o segmento, o especialista aponta a redução do tamanho das unidades, as mudanças e reformas nas residências, e a expansão do e-commerce. "Temos observando um movimento orgânico de aumento das operações", diz.

Transformações

O segmento está enfrentando uma revolução para adaptação aos novos tempos, de acordo com o presidente da Asbrass, Rafael Cohen. O desafio, afirma ele, está em transformar o self storage em lugares que possam fazer carregamentos rápidos.

Para tanto, é preciso reduzir cada vez mais a distância entre a empresa e o cliente, com movimentos ágeis de carga e descarga, a fim de acelerar a entrega de produtos.

Os prédios de self storage terão de ser adaptados, por exemplo, para atender às necessidades do last mile (em logística, a última etapa do processo de entrega, quando o produto deixa o centro de distribuição e segue para o cliente). Com unidades situadas em locais de fácil acesso, o segmento pode ser uma alternativa para solucionar dificuldades com deslocamentos e estacionamento de veículos de entrega em regiões centrais das grandes cidades. «

Estes e outros temas estiveram em foco na 7ª edição do Brasil Self Storage Expo, realizada pela primeira vez em formato on-line devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Organizado pela Asbrass e pelo Secovi-SP, o evento reuniu aproximadamente 150 operadores do segmento de vários Estados brasileiros e também de outros países. A cobertura completa pode ser conferida no portal Secovi-SP.