Seafood Brasil #38

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MKT & INVESTIMENTOS

DIRETO DA PRODUÇÃO

A saga dos pesqueiros em busca da sobrevivência

Varejo, Páscoa e pandemia: ascensão duradoura?

seafood

brasil

#38 - Fev/Mar 2021 ISSN 2319-0450

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O vale das compras externas

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Volumes recordes do salmão aliviam tombo das importações brasileiras de pescado


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Editorial

Sem marasmo

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as edições anteriores da Seafood Brasil, nós exploramos como a tilápia realmente cavou de vez seu espaço nas proteínas mais consumidas entre os brasileiros e já rende divisas importantes com a exportação, caminho natural para a expansão produtiva que se avizinha (leia mais na seção Estatísticas, na pág. 44). No número que o leitor tem em mãos, mostramos na reportagem de Capa como os itens do exterior - principalmente os filés brancos - acusaram o golpe. As importações de pescado do Brasil no primeiro trimestre - normalmente o melhor período do ano ajudam a reforçar a noção de que 2021 será o ano da tilápia, mas também do salmão. Nunca se importou tanto salmão no Brasil como agora - uma constatação surpreendente, dado o efeito perverso que a pandemia e suas medidas de contenção geraram para o segmento que mais consome estes itens: o food service. Na matéria

que começa na pág. 24, o leitor irá constatar que a resposta para o fenômeno não está apenas na expansão do varejo. Os primeiros balanços indicam que a Quaresma foi positiva e o setor anda movimentado como nunca (pág. 10). O novo presidente da Abrapes, nosso entrevistado da seção 5 Perguntas (pág. 6), avalia que os empresários já possuem uma bagagem pandêmica: conseguem reagir rápido a eventuais medidas de restrição de funcionamento e de circulação de pessoas. Alguns têm menor margem de manobra, como os pesqueiros entrevistados na seção Direto da Produção (pág. 52) e diversificam operações para sobreviver - alguns na clandestinidade. Como diz a sabedoria popular, “todo mundo se coçando” - afinal, o setor não dá espaço para a monotonia. Boa leitura!

Ricardo Torres - Editor-chefe

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Índice

06 5 Perguntas

08 Na Água

10 MKT & Investimentos 22 Na Planta

42 Na Gôndola

44 Estatísticas

52 Direto da Produção

62 Na Cozinha

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Capa

74 Personagem

Expediente Redação

redacao@seafoodbrasil.com.br Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres Editor-chefe: Ricardo Torres Editor-executivo: Léo Martins Repórter: Fabi Fonseca Diagramação: Emerson Freire Adm/Fin/Distribuição: Helio Torres Crédito da foto de capa: Arte de Emerson Freire

Comercial

comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno

Impressão

Máxi Gráfica A Seafood Brasil é uma publicação da

Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95

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5 Perguntas a Júlio César Antonio, presidente da Abrapes

Entrevista

Fomento normativo Gestão de novo presidente da Abrapes pretende fortalecer diálogo com Mapa para aprovar normas sobre parasitas, finalizar novos RTIQs e apoiar reabertura para camarões argentinos Texto: Ricardo Torres

O

novo presidente da Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes) é um especialista em contabilidade. Aos 14 anos, Júlio César Antonio já fazia a escrita fiscal de quatro microempresas e, aos 16, assumiu toda a contabilidade delas, como contou a um jornal regional no ano passado. Agora, aos 62 anos, ele lidera uma das maiores indústrias de pescado do Brasil, a Mar & Rio, e assumiu no último mês de fevereiro o posto que antes pertencia a Márcio Ortega, diretor da Fênix.

Júlio terá o desafio de dar sequência a uma série de pleitos normativos demandados pelo amplo espectro de associados da Abrapes: indústrias, distribuidores, importadores, exportadores, tradings e varejistas de pescado. “[Somos] uma associação inclusiva que trabalha para o setor de pescado como um todo”, crava. Na entrevista abaixo, ele sintetiza quais serão eles e toca em pontos polêmicos, como a importação de camarões da Argentina. O senhor assume a Abrapes após uma gestão de quatro anos do presidente Márcio Ortega. Quais foram as marcas da gestão anterior que o senhor pretende manter à frente da Abrapes? A gestão do Márcio teve como foco a união e o fortalecimento do setor, princípios que permanecerão no meu mandato. É fundamental termos a participação de todos para nos debruçarmos sobre os interesses comuns e colher os frutos do cooperativismo. A gestão dele foi responsável pela institucionalização

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da Abrapes, atualmente reconhecida pelos órgãos governamentais como entidade representativa do setor – participando dos processos de tomadas de decisões e compondo fóruns e demais canais de articulação do setor privado com os órgãos públicos, como a Câmara Setorial de Pescados, a Câmara de Logística do Agronegócio, o Comitê de Clientes da SFA/SP, o Fórum do Agronegócio Paulista, o Deagro/Fiesp, entre outros. Além disso, a [gestão conduziu] pautas importantes, como o [Projeto de Lei de Conversão] PLV nº 30/17 – com intenso trabalho para a permanência do controle da sanidade e da elaboração de [Análise de Risco de Importação] ARI de pescados e produtos aquícolas como competência do Mapa; gestão para a inclusão da aquicultura e da pesca no Ministério da Agricultura, no final de 2018; redução do prazo para a anuência de Licenças de Importação – que resultou no estabelecimento do sistema LECOM e uma efetiva melhora no prazo; a liberação para a importação de camarão do Equador e da Argentina; contribuição para a publicação pela Anvisa da Resolução sobre aditivos e coadjuvantes de tecnologia – objeto da RDC nº 329/2019; esforços para a atualização da IN MAPA nº 29/2015 – atualizada pela IN MAPA Nº 53/2020; pautas relativas à liberação de cargas

nos portos e fronteiras, entre outras. Com relação à importação de pescado, nesse período, observamos uma grande redução no número de rechaço de cargas por pH. Aproveitando a pauta mais recente, a decisão do Ministro Luiz Fux de restabelecer as importações de camarão da Argentina, qual é a visão de vocês sobre a estabilidade jurídica desta situação e a competitividade do produto? Inicialmente, gostaríamos de comentar que a abertura do mercado brasileiro para o camarão argentino foi realizada pelo Ministério da Agricultura, através de estudos e análises técnicas realizadas por profissionais do mais gabaritado nível,

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“É importante ressaltar que o comércio é uma via de mão dupla. Sendo assim, é contraditório defender uma visão liberal no exterior, para se exportar mais, enquanto vigora um posicionamento protecionista internamente.”

Os carcinicultores nacionais seguem insistindo na argumentação do “princípio de precaução” para adicionar risco sanitário ao camarão importado... Quanto ao aspecto sanitário e de saúde animal, a recente publicação dos “Requisitos Zoossanitários do Brasil para a Importação de Camarões Congelados da Espécie Pleoticus muelleri originários de Pesca Extrativa da Argentina e destinados ao Consumo Humano” e o anúncio do aceite pelo Mapa do Certificado Sanitário Internacional que irá amparar as exportações de camarão argentino oficializaram a efetiva abertura do mercado. A abertura ocorreu tanto para camarão eviscerado/sem cabeça quanto para o camarão inteiro.

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É importante ressaltar que o comércio é uma via de mão dupla. Sendo assim, é contraditório defender uma visão liberal no exterior, para se exportar mais, enquanto vigora um posicionamento protecionista internamente.

Neste ano, os empresários já possuem uma bagagem e não são mais surpreendidos por eventuais medidas de restrição de funcionamento e de circulação de pessoas. Dessa forma, estão trabalhando de acordo com o “novo normal” e encontram-se mais preparados para os desafios que virão. Quais são os principais pleitos da entidade junto às autoridades governamentais, como o Mapa e a Anvisa, e qual a receptividade destes órgãos para endereçá-los? Possuímos um bom relacionamento com o governo. Sabemos dos desafios diários como empresários, mas buscamos sempre o esclarecimento e a harmonização de entendimentos, base para a segurança jurídica tão estimada por todos.

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Assim, confirmamos nas demandas diárias a receptividade, especialmente do Mapa – onde a agenda é mais intensa, em dar a devida importância às nossas solicitações e responder no menor tempo possível. Vale destacar que percebemos uma redução significativa no prazo de resposta, principalmente para demandas urgentes, como liberação de cargas, evitando que os associados tenham prejuízos em suas operações de compra e venda.

Na minha gestão, nos dedicaremos a outros temas de interesse dos associados, conforme a seguir: reinspeção de produtos de origem animal importados (Decreto nº 10.468/2020 e Instrução Normativa SDA nº 118/2021); publicação de norma sobre parasitas em peixes – em fevereiro de 2021 foi enviada à Câmara Setorial proposta de normativa, elaborada com outras entidades e membros da academia; elaboração e publicação de RTIQs – como o RTIQ de moluscos cefalópodes congelados; abertura de mercados para importação e exportação; incremento sustentável da disponibilidade e do consumo de pescado no País; ampliação da lista de aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia autorizados para uso em pescado e produtos de pescado; obtenção de linhas e crédito para o setor; redução da carga tributária – especialmente o ICMS; entre outros. O consumo de pescado no Brasil tem seguido uma reta crescente. Cada vez mais o brasileiro inclui o peixe e os frutos do mar em suas refeições diárias. Vemos como desafio a continuidade de abastecimento, que sofre com variações político-econômicas. Além disso, vale ressaltar os efeitos das oscilações cambiais nas operações de importação e exportação - o que interfere na disponibilidade de pescado nas prateleiras. Como é de conhecimento de todos, o peixe compete com as demais proteínas animais e, nesse cenário, ter produtos de qualidade a preços competitivos é o que define a tomada de decisão do consumidor, ainda mais nesse momento delicado em que vivemos. Assim, o mercado brasileiro de pescado ainda tem muito espaço para crescer, sendo necessária a atuação público-privada, com políticas públicas de incentivo e ações coordenadas dentro da cadeia, para termos êxito nesta empreitada.

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Com relação à decisão proferida pelo Ministro Fux, entendemos que a mesma foi acertada, em consonância com a Legislação Brasileira e a favor do mercado, especialmente o consumidor. Sentimos, entretanto, que a mesma ainda não traz a estabilidade e segurança jurídica que desejamos, pois foi dada em sede de liminar, podendo ainda ser revertida até a decisão final de mérito. Esperamos, desejamos e acreditamos que, quando se julgar o mérito da causa em definitivo, ela será nos mesmos termos desta decisão dada pelo Ministro Fux, ou seja, pela manutenção das importações de camarão da Argentina.

Qual foi o impacto que os associados sofreram a partir das consequências da pandemia em 2020 e como o senhor acha que importadores, distribuidores, traders e indústrias do setor irão enfrentar os desafios que persistem neste ano? No primeiro momento da pandemia, o fechamento de bares e restaurantes teve um grande impacto para as empresas. Todavia, o setor se adequou às condições impostas pela Covid-19 e observou um aquecimento do mercado, com uma maior procura por pescado nos pontos de venda. Isso se deu em grande medida pela busca de saudabilidade e sabores variados nas refeições.

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não se justificando a judicialização, meramente protecionista realizada. No que pese sempre respeitarmos as decisões exaradas pelo Poder Judiciário, é fato que o excesso de recursos e instâncias no sistema jurídico brasileiro causa uma insegurança jurídica e instabilidade para os negócios.


Viagem sem perrengue

Na

Água

Pensada para a proteção de cargas perecíveis, a Soluforte traz ao mercado os bolsões térmicos, soluções que protegem cargas sensíveis das variações de temperaturas durante pequenas viagens. Segundo a empresa, o produto substitui a necessidade de instalação de placas de isolamento, justamente por suas camadas unidas por costura de compressão e revestimento de nylon impermeabilizado.

Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Os Caça-Bactérias

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A empresa de soluções naturais para nutrição animal Biomin traz ao Brasil a linha de probióticos AquaStar. A nova linha promete contribuir com a expansão da produção de camarões no País, investindo na melhoria da saúde intestinal das espécies e na qualidade da água nos viveiros, além de incubatórios e fábricas de rações.

Indicada para peixes onívoros na fase de crescimento com peso médio entre 300 g e 600 g, a Integral Mix apresenta a ração Aquamix T-300 E 25 kg. Extrusada, a ração possui 32% de proteína bruta e 7% de extrato etéreo, sendo ainda indicada para ser fornecida de 2% a 3,5% da biomassa 4 vezes ao dia.

Estreia em verde e amarelo

Tecnologia para pesca e criação

Saúde é o que interessa

Quem come seus males espanta

A AlliPlus, produtora de óleos essenciais, ácidos orgânicos e aditivos para a indústria aquícola desenvolveu a linha LAC. Criada para ser usada nas fases iniciais da vida de peixes e camarões, a linha é composta pelos CINNALAC e OIL LAC 100. Os dois produtos são um mix de óleos essenciais e ácido lático que ajudam a eliminar bactérias Gram negativas, além de evitar a colonização de microrganismos patogênicos.

Especializada em nutrição animal, a Aleris inaugurou sua primeira fábrica no Brasil. Localizada na cidade de Jundiaí (SP), a unidade contou com um investimento de R$ 2 milhões, será responsável pela produção de uma nova classe de aditivos nutricionais da empresa e terá uma capacidade de produção anual de 10 mil toneladas.


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Marketing & Investimentos

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A era do varejo Onda de alterações e adaptações provocadas pela pandemia eleva as vendas das grandes redes varejistas e diminui espaço às médias, mas dá oportunidades a canais menores e de proximidade Texto: Fabi Fonseca

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m 2020, a pandemia da Covid-19 provocou uma brusca mudança de hábito dos consumidores no País, que por sua vez, modificaram não

apenas o perfil de compra no varejo, mas também o cotidiano dentro dos seus lares. Somadas a milhões de mortes, vimos o vírus impactar a economia mundial em uma extensa

lista que inclui a alta do dólar, da inflação e, consequentemente, nos preços dos produtos nas gôndolas dos supermercados. Já o cenário de caos e insegurança também provocou uma


Uma análise do especialista Marcos Gouvêa de Souza aponta para o aumento da polarização no varejo brasileiro na pandemia: os grandes ficaram maiores, enquanto os pequenos se multiplicaram. Já para o médio varejo, a situação não foi das melhores, sendo os mais afetados nesse cenário. “Talvez seja essa a síntese do processo que ocorreu como resultado do impacto da pandemia nos negócios do varejo brasileiro nesse período e que tenderá a se manter nos próximos anos”, ressaltou o especialista em análise à plataforma Mercado & Consumo.

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Com essa mudança brusca de comportamento, ambientes tradicionais como as feiras livres sofreram grande impacto no País, sobretudo nos primeiros meses do ano, quando

ninguém sabia ao certo como manter as compras nestes estabelecimentos sem colocar-se em risco. Outra categoria afetada logo no início da pandemia foram as peixarias, que precisaram se adequar rapidamente ao novo normal para não perder os clientes. Uma vantagem é que o pescado foi a proteína que menos encareceu no período, apresentando uma queda de valor em setembro (0,13%) e outubro (0,16%) e altas em novembro (1,01%) e dezembro (0,04%). Em janeiro deste ano, a redução no preço foi de 0,44%.

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corrida a estes locais. Assim, com essa onda de alterações e adaptações, presenciamos a era do varejo - onde parece que o mar ficou literalmente para peixes -, sobretudo aos congelados e, principalmente, às grandes redes alimentares que apoiaram-se em gigantes estruturas tecnológicas, de marketing e distribuição.


Marketing & Investimentos

Para de Souza, o cenário foi moldado principalmente pelo acesso ao crédito, pela estrutura e capacidade de investir, pela situação de essencialidade que as permitiu permanecerem abertas quando outras fechavam, pela condição de reação às mudanças de forma ágil e focada, e pela velocidade com que promoveram a transformação digital em seus negócios. E foi nessas circunstâncias que os maiores grupos varejistas brasileiros ganharam vantagem, ficando ainda maiores.

Apresentando os protagonistas: os supermercados

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Se a pandemia da Covid-19 centralizou as vendas nas grandes do autosserviço em 2020, em grande medida se deveu ao desempenho do varejo alimentar, colocando os supermercados como os grandes protagonistas do período. No balanço do ano, o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), apurado pelo Departamento de Economia e Pesquisa da entidade, informou que o setor acumulou alta real (deflacionada pelo IPCA/IBGE) de 9,36%, de janeiro

a dezembro, em relação ao mesmo período de 2019. O vice-presidente da Abras, Marcio Milan, defendeu que por ser uma atividade essencial e vender itens de primeira necessidade, o setor foi bem impactado pela pandemia. Já devido às medidas de isolamento social, os brasileiros precisaram mudar seus hábitos, contribuindo com o aumento do consumo dentro do lar. Além disso, conforme Milan, “estímulos concedidos pelo governo federal como o auxílio emergencial, injetaram bilhões na economia, fazendo com que boa parte desse valor fosse gasta no setor.” No entanto, as projeções de crescimento para este ano são mais modestas, com um salto estimado pela Abras de 4,5%. Ainda sobre o isolamento social, a diretora comercial da peixaria do Carrefour, Meg Felippe, lembra que a chegada da pandemia ao País provocou essa medida antes da Páscoa de 2020 e forçou o varejo a adotar critérios protetivos, especialmente desacelerando, de imediato, as apostas no pescado fresco pelo risco de grandes perdas. “Ao longo dos meses seguintes, porém, com uma certa estabilização

no modelo de compras do consumidor, nos surpreendemos com o considerável aumento de interesse pelo consumo dessa proteína, em todas as suas formas. Esse cenário fez com que a performance da categoria superasse as expectativas”, informou. Importante ressaltar que o desempenho do varejo alimentar no ano passado foi puxado principalmente pela elaboração de formas de vendas “mais seguras”, potencializando canais como e-commerce e delivery. O estudo Consumer Insights, da Kantar, revelou que estes canais cresceram agressivamente no Brasil no último ano, mas principalmente no trimestre final de 2020. Só no comércio eletrônico foram mais de 2,3 milhões de novos lares entre outubro e dezembro, terminando o ano com alcance de 12,9% das casas brasileiras. Já o e-commerce também ficou mais democrático no ano passado e que, apesar de ainda ser mais utilizado pelas classes mais altas, teve um salto pelas classes com menos renda devido ao uso de shoppers mais jovens.

Boom dos congelados Apurando as vendas na plataforma, o ano de 2020 foi histórico para os e-commerces Pão de Açúcar.com e Clube Extra.com.br, do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Antes mesmo de a Black Friday chegar, os canais registravam consecutivas taxas de crescimento, alcançando assim, na última semana de novembro, o número recorde de R$ 1 bilhão em vendas. O resultado foi inédito e três vezes superior ao registrado no acumulado dos 12 meses de 2019. Segundo o GPA, o desempenho se deve principalmente pelo aumento de sua capacidade operacional e pelo ganho de market share do e-commerce

Desempenho do varejo alimentar no ano passado foi puxado, principalmente, pela elaboração de formas de vendas “mais seguras”


alimentar – que ficou superior a 71% no 3º trimestre de 2020, de acordo com o EBIT Nielsen. E como não podia ser diferente, o pescado seguiu esse desempenho.

também e a venda está alinhada ao que aconteceu no ano passado. Então, o e-commerce veio para ficar com a categoria”, falou.

O GPA trabalha com uma grande diversidade de pescado nacionais e importados, tanto oriundos de extrativismo quanto cultivados. No ano passado, juntando as lojas físicas e e-commerce do Extra e do Pão de Açúcar, o grupo vendeu mais de 20 mil toneladas de pescado. “Com destaque para as opções congeladas, que cresceram duplo dígito em volume na comparação com o ano anterior”, contou Marcos Galvão, Gerente Comercial de Pescado do GPA. “A gente entrou em 2021 muito acelerado

Durante a sua apresentação no Alaska Seafood Global Tour, Webinar apresentado em março com organização do Alaska Seafood, da Seafood Show Latin America e da Seafood Brasil, o gerente comercial destacou que, durante a pandemia, os preços do pescado fresco acabaram potencializados por inúmeros fatores que refletiram no salto dos consumidores ao pescado congelado. “Um dado relevante de tudo isso é que entre o peixe fresco e o congelado acabou gerando recompra, ou seja, o consumidor experimentou o pescado

congelado e está recomprando o produto. Isso denota que a gente tem uma evolução importante nessa categoria do ponto de vista do consumidor”, pontuou Galvão. Para ele, além dos preços, o aumento significativo visto nas espécies de cultivo e da pesca extrativa também geraram esse movimento de migração ao pescado congelado, associado à melhora da qualidade. Meg Felippe, do Carrefour, avalia que, no primeiro momento, a migração do consumo para os produtos congelados foi intensa devido ao objetivo claro de estocagem pelo receio de escassez por parte dos consumidores, além de uma tendência

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Relatórios automáticos sobre pescado


Marketing & Investimentos O Carrefour se surpreendeu com o considerável aumento de interesse pelo consumo de pescado na pandemia, em todas as suas formas

Mar de oportunidades para todas as espécies Se do pescado congelado ao varejo alimentar as vendas saltaram no período, a indústria que fornece aos médios e pequenos não viu esse crescimento acentuado na demanda. Apesar disso, esse setor não teve muito do que reclamar, como conta Ricardo Pedroza, representante nacional de vendas da Maris Pescados. A empresa tem força na comercialização de camarão, atuando ainda com lagosta (para exportação) e peixes. “Estávamos no lugar certo, na hora certa”, falou Pedroza. Para ele, é verdade que o varejo cresceu durante esse período, sendo em vários momentos o único ou principal canal de abastecimento para as famílias. As vendas para a categoria representam cerca de 70% do total dos produtos da Maris, que inovou a lançar pacotes mais econômicos com 200 g. Também atuando com redes de tamanho médio e pequeno, a Ecil fornece alimentos em várias áreas, mas o foco principal é no pescado congelado, que responde por 80% de todo o faturamento da empresa. “O faturamento para supermercados passou de 12% para 20% [em 2020 ante 2019] e continua crescente”, contou Pablo Rillo, gerente do setor de pescado congelado da Ecil.

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de redução da frequência das pessoas às lojas físicas. “Neste período, houve também o aumento de consumo dos produtos resfriados do autosserviço, que não envolvem contato e comunicação com os colaboradores do atendimento e que, consequentemente, aceleram a velocidade da compra.”

Loja própria da Bio Pescados da Amazônia: com novo formato, a empresa dobrou de tamanho em seu 1º ano e planeja uma nova dobra em 2021


O representante da Maris Pescados, Ricardo Pedroza, frisa que a necessidade de ficar em casa fez com que várias famílias descobrissem que poderiam cozinhar sem a necessidade de saírem. “Mas a vontade de beber e comer algo diferente não passou”, contou. Conforme ele, este foi o momento de comprar itens normalmente consumidos fora de casa - como é o caso do camarão -, somandose à alta da inflação sobre as demais

Armando do Peixe, sócio-proprietário da Bio Pescados da Amazônia: ascensão do varejo força investimento em identidade visual, embalagem e mkt no PDV

proteínas no mercado. “Isso permitiu que várias famílias tivessem acesso ao produto pela primeira vez”, falou. Considerando o foco da compra por produtos fáceis de preparar em

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De olho nesta crescente do varejo alimentar, a Bio Pescados da Amazônia está há apenas 3 anos no mercado, porém, dobrando de tamanho desde o primeiro ano e projetando uma nova dobra em 2021. A aposta é justamente na automatização da linha de pacotes de varejo e

Para levar e fazer em casa

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Conforme Rillo, com a pandemia, os supermercados atendidos dobraram tanto pela demanda como pela mudança de foco da empresa, que viu crescimento no fornecimento para empresas de refeições industriais. Durante o ano de 2020, a Ecil teve momentos de baixas e altas, sobretudo após o governo liberar o auxílio emergencial.

lançamento de produtos de alto valor agregado ao mercado, associada à entrada da indústria com suas redes próprias no varejo – em março desse ano, a empresa inaugurou uma lojaconceito piloto em Florianópolis (SC). “Temos um atendimento focado 70% no varejo e na distribuição/indústria de transformação. E, apesar do boom no setor, a indústria não viu um grande aumento de demanda durante a pandemia do ano passado”, pondera Armando do Peixe, sócio-proprietário da Bio Pescados da Amazônia. Divulgação

Ele explica que a área de pescado tem uma linha completa que vai desde a sardinha, passando por peixes da Amazônia e, principalmente, por importados, que correspondem por 70% do total. Com foco no varejo alimentar, 80% são vendidos para distribuidores menores e 20% para redes supermercados.


Marketing & Investimentos Peixarias: após sufoco, um processo de adaptação

Com a proposta do delivery e o catálogo online, os clientes da Peixaria Tubarão não mudaram a proporção de compras entre filés ou inteiros. Mas, os congelados

saltaram 10% em relação aos frescos. “Isso porque continuamos oferecendo a possibilidade de entregar para o cliente o peixe fresco”, explicou. Para ela, mesmo com o crescimento das empresas do varejo, as peixarias vão continuar no centro das vendas do produto - ainda que muitas estejam se adaptando. “Com a pandemia, as pessoas Na peixaria carioca BlackFish, de 2019 passaram a pensar para 2020, a demanda pelos frescos muito na saúde, aumentou no mínimo em 25% fazendo com que elas busquem produtos menos industrializados possíveis. Então, creio que os supermercados são a opção de quem não tem outras opções”, falou. Divulgação

A Peixaria Tubarão (BA), já tem 15 anos de tradição com a venda do pescado próximo ao cais local de Santo Antônio. O foco do estabelecimento está em peixes, mariscos e crustáceos da região, mas também há uma grande linha de produtos importados, como conta a sóciaproprietária Rudyanne Dolabella Judice de Carvalho. Ela revela que as vendas praticamente zeraram no começo da pandemia no País, principalmente porque eram 90% na loja física. “Passamos quase 60 dias sem nenhum movimento. Os clientes queriam receber os produtos na segurança dos seus lares e modificamos toda nossa estratégia de venda, marketing e entregas. Somente assim foi possível chegar até aqui”.

Douglas Silva Rosa, administrador da peixaria BlackFish localizada no bairro da Tijuca no Rio de Janeiro, explica que o local especializado em peixes e camarões frescos também sofreu no começo da crise sanitária. Porém, com o foco no delivery e a grande procura de peixes, a demanda pelos frescos aumentou no mínimo em 25% ante 2019. Para ele, mesmo com a nova tendência de compras, quem vai ao supermercado ainda não é para comprar peixe. “Ele [pescado] não chega a ser o principal. E acho que não vai manter-se [em alta nos supermercados] nos próximos anos”, projetou.

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Já em Mustardinha, no Recife (PE), a NSC Pescados comercializa diversos tipos de peixes e frutos do mar desde o ano passado, justamente no começo da pandemia. Como iniciou suas operações “bem no olho do furação”, a peixaria fortaleceu o delivery grátis para todo o Recife - o que promoveu 80% de suas vendas -, como informa o sócio-proprietário Carlos Alves dos Santos. A NSC limita suas vendas apenas aos peixes congelados.

Na Peixaria Tubarão (BA) o pescado congelado saltou 10% em relação aos frescos

Ele comenta que percebeu o crescimento do consumo de peixes e das suas vendas, que aconteceu justamente por causa do preço da carne bovina. Mas, mesmo com este salto, ele acredita que as vendas das proteínas ainda não se equivalem. “Creio que os supermercados e atacarejos são os principais locais porque a maioria da população gosta de comprar tudo em um só lugar, mas isso não impediu de vendermos bem”, analisou.


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Marketing & Investimentos Semana Santa nas alturas: varejo comemora resultados de 2021

A Feira de Pescado no Pará também fez sucesso no período. Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), o balanço da comercialização realizada no período de 29 de março a 2 de abril apontou a venda de aproximadamente 15 toneladas de pescado, incluindo os moluscos e crustáceos, como camarão e caranguejo - por causa da pandemia, a maioria das vendas ocorreu através da entrega em domicílio. O coordenador de aquicultura da Sedap, Alan Pragana, avaliou positivamente a repercussão e o interesse da população. “Conseguimos ofertar pescado a preço acessível garantindo o produto na mesa da população sem promover aglomerações”, destacou.

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Em Mustardinha, no Recife (PE), o proprietário da NSC Pescados, Carlos Dos Santos, revela que as vendas também foram satisfatórias. “Tivemos um faturamento considerável e zeramos peixes e camarões da nossa loja. Foram quase 1 tonelada de corvina (campeã de vendas) e quase meia tonelada de camarão”, falou. Já na Peixaria Tubarão, em Alcobaça (BA), a sóciaproprietária Rudyanne Dolabella destaca que em valores, as vendas foram equivalentes ao ano passado, mas em quilos, a diferença foi de 2 mil. “No ano passado, estávamos no começo da pandemia e a minha loja ainda era voltada mais para o atacado. Hoje, estou quase 90% com vendas para o varejo e isso influencia muito”, pontuou. Do lado dos fornecedores, a Maris também teve o que

comemorar no período, já que o aumento foi em torno de 60%, o que resultou na “melhor Semana Santa da história da empresa”. “Aumentamos a produção na fazenda, investimos no aumento da capacidade de produção da indústria, a logística funcionou bem e, com isso, conseguimos aumentar as vendas nos clientes antigos e ainda aumentamos a base de clientes”, contou Ricardo Pedroza. Pablo Rillo, da Ecil, destaca que foi possível observar duas tendências diferentes na Quaresma deste ano. A primeira em relação aos clientes especializados em restaurantes, que tiveram queda em mais de 50% das vendas, sendo alguns tipos de produtos, principalmente destinados à comida oriental, registrando as maiores baixas . “O que salvou um pouco foi que, pela falta de peixes, os preços se mantiveram firmes e as margens também”, comentou. A segunda tendência é sobre o comportamento dos clientes de varejo. Segundo ele, as vendas foram boas em volumes e preços - e alguns itens até chegaram a faltar. “As compras foram tímidas, mas no último momento, o consumidor respondeu bem. Vieram pedidos de última hora e acabamos entregando peixes na própria SextaFeira Santa e até no sábado”, completou. A estimativa é um aumento em cerca de 20% em relação ao mesmo período em 2020.

Arquivo Seafood Brasil

Apesar de todas as restrições e impactos econômicos da Covid-19, o brasileiro não deixou de comprar seu tradicional pescado na Semana Santa de 2021. Nos grandes Feirões de Pescado espalhados pelo País, por exemplo, as vendas na Semana Santa foram comemoradas. Em Manaus (AM), entre 30 de março e 2 de abril, o Feirão de Pescado movimentou R$ 1.349.880, com a comercialização de 99.500 quilos de pescado regional. Destaque para o tambaqui, a matrinxã e o pirarucu, que estiveram entre as mais procuradas.


Ambientes tradicionais como as feiras livres certamente foram um dos que mais amarguraram os efeitos da pandemia em 2020. Mesmo sem dados oficiais, Eduardo Ono, presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) confirma o impacto no segmento, principalmente nos primeiros meses do ano. “De uma forma geral, houve uma queda brusca no movimento em todos os produtos e com o pescado não foi diferente”, comentou. Para viabilizar a continuidade destes locais com segurança na pandemia, o Sistema CNA/Senar desenvolveu a Feira Segura, que atendeu 4.253 feirantes, 56 mil consumidores e movimentou R$ 692 mil em 2020. Só no ano passado, foram

“Cada região, bairro ou município tem um operador diferente. Queremos liderar esse mercado e ser a marca mais lembrada pelos consumidores”, conta o diretor de Pescado da Seara, Sandro Facchini. A declaração do novo executivo contratado para liderar essa ambiciosa missão mostra muito sobre como se dará essa estratégia. A capilaridade e a experiência da Seara no atendimento ao varejo podem fazer a diferença, além do alcance nacional, opina Facchini. “Usaremos toda a estrutura logística e comercial da Companhia para chegarmos à mesa dos brasileiros com produtos certificados e que reúnam os atributos característicos da marca, como qualidade, inovação, saudabilidade e sustentabilidade”. O foco dos produtos de pescado da Seara está nas lojas de vizinhança e no grande varejo. “Queremos que 50% do volume esteja em lojas de vizinhança. Assim, conseguimos facilitar o acesso aos produtos para quem não frequenta grandes lojas. A intenção é que o consumidor possa comprar camarão, kit paella e encontrar também [os produtos da marca] em uma mercearia da esquina ou em uma panificadora que vende outros itens. Queremos tornar o pescado democrático no País”, sublinhou.

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Amargor das feiras livres

Seara quer levar peixe a todos os canais

Sandro Facchini, novo diretor de pescado da Seara: empresa quer liderar segmento no varejo e lojas de vizinhança

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

Seja com nativos, camarão ou qualquer outra espécie de pescado e em meio a mudança de comportamento do consumidor, Pedroza destaca que este é o momento da indústria de pescado se inserir de vez no mercado. “Estamos com a oportunidade de criar a cultura de consumo de camarão em algumas famílias que até então não compravam. Portanto, acreditamos que a tendência é de aumento de consumo para os próximos anos”, completou.

132 edições realizadas no modelo tradicional adaptado ou drive-thru, seguindo orientações para evitar o contágio por coronavírus em 88 municípios de 10 Estados brasileiros. Para 2021, o projeto deverá ser ampliado para outros Estados, como comenta o coordenador de Inovação e Tecnologia do Sistema CNA/Senar, Matheus Ferreira. “A demanda está aumentando bastante porque os consumidores e feirantes se sentem mais seguros nesses formatos de feira” destacou.

Divulgação/Seara

casa, Marcos Galvão, gerente do GPA, complementa que a facilidade para armazenamento do pescado em casa também fortaleceu a compra pelos congelados. Nas lojas físicas, a tendência de compra do pescado também seguiu com crescimento da demanda do congelado explicada por Galvão, sobretudo pela facilidade em adquirir esses produtos. Conforme ele, a maior preocupação se refere a segmentação do sortimento, ou seja, ter o produto certo na loja certa. “Nós temos todos os públicos dentro da companhia e a premissa que a gente tem para definição de produto congelado é que precisamos segmentar”.

Arquivo pessoal

Eduardo Ono, presidente da CNA, conta que mesmo sem dados oficiais, houve queda brusca no movimento em todos os produtos das feiras livres


Marketing & Investimentos Ambiente exclusivo para pagamento é um dos procedimentos de segurança na Feira Segura para evitar o contágio da Covid-19

Wenderson Araujo/Trilux Fotografias Flickr/CNA

conviver com a doença e aos poucos, o movimento vai se normalizando e a sociedade vai retomando a vida com as devidas adaptações à nova realidade.

A maré vai baixar?

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 20

Para Marcos Galvão, do GPA, rede que registrou um crescimento importante de vendas de pescado até o momento especialmente os congelados -, o cenário de destaque do segmento no varejo permanecerá o mesmo com o passar do tempo. “Os consumidores buscam praticidade no seu dia a dia e o pescado congelado oferece isso, sem abrir mão de todos os atributos de saudabilidade característicos dessa proteína. Sem dúvida, os peixes congelados vieram para ficar.” Outra defesa de Galvão é que os supermercados e atacarejos continuarão sendo o principal vetor de venda de pescado no País. “No caso do GPA, por sermos um player do varejo, nossa operação é essencial tanto no on (e-commerce) quanto no off (lojas físicas)”, expõe. Ele completa. “Essa tendência deve se manter, pois os clientes perceberam que é possível comprar esses itens de forma online, por meio dos nossos e-commerces, e também contar com a variedade que as lojas do Extra e do Pão de Açúcar têm durante todo o ano”, concluiu. A diretora comercial da peixaria do Carrefour, Meg Felippe, ressalta que, com o fechamento do food service em diversos períodos desde o início da pandemia, certamente os supermercados e atacarejos se

tornaram o principal canal de venda de pescado no Brasil. Mas, ao mesmo tempo, avalia que o aumento do consumo nesses canais é fomentado também por outros fatores. “Um exemplo é o fato de temas e questões relacionadas à saúde terem se tornado pautas prioritárias no contexto da pandemia. O pescado, por ser indiscutivelmente saudável, atrelado ao alto índice de inflação nas demais proteínas e o aumento do hábito de cozinhar em casa, surgiu como uma opção de refeição e mesmo como forma de relaxamento no contexto de quarentena e lockdown”, falou Conforme ela, mesmo com o fim da pandemia, o varejo alimentar herdará parte desse legado e dos aprendizados que os consumidores estão vivendo em relação ao consumo de pescado e frutos do mar em casa. “Talvez um dos maiores ganhos, nesse sentido, tenha sido justamente a superação da questão do desconhecimento de preparo que sempre foi tão discutida no setor e comentada pelos próprios consumidores”, pontuou. Já Eduardo Ono, da CNA, acredita que à medida que a população se sentir mais segura “lá fora”, a tendência é que voltem a frequentar ambientes como as feiras livres. Para ele, ainda que os feirantes estejam sofrendo, com o tempo, a população aprenderá a

Sobre formas de vendas “mais seguras” ao longo dos próximos anos e o impacto na performance destes tipos de estabelecimentos, Ono ressalta que o padrão possivelmente deverá permanecer para quem aderiu a essas formas, sobretudo para produtos facilmente substituídos pelos congelados e entregues por delivery. Mas ao consumidor que faz questão de produtos frescos, há a certeza de que eles retornarão às feiras. “Afirmo isso, pois estive em feiras livres em São Paulo em janeiro e fevereiro [deste ano], e o movimento estava intenso. Tinha até fila na peixaria. Natural que agora, com outra onda forte da Covid-19, isso tenha parado”, comentou. Já para Armando do Peixe, da Bio Pescados da Amazônia, a atual migração da demanda aos supermercados vai permanecer. Porém, ele destaca que no futuro, a concorrência será maior. “Peixarias agora tornaram-se e-commerce. Distribuidores de pescado também estão se tornando e-commerce. Sendo assim, as indústrias, assim como nós, estão abrindo suas próprias frentes no varejo para ter uma fatia cada vez maior na venda de pescado”, refletiu. Pedroza, da Maris, ressalta que o protagonismo dos supermercados pode ser temporário. A aposta reside no fato de que o food service nacional, que vive o pior momento de sua história, deverá se recuperar à medida que a vacinação contra a Covid-19 for avançando. “No segmento de camarão, temos exemplos espetaculares de crescimento na cadeia de food service ano a ano. Isso tem servido de inspiração para restaurantes menores, criando a cultura de consumo de camarão, desmistificando que o produto tem que ser caro e criando acesso às pessoas que tinham desejo de consumo, mas achavam que aquilo não pertencia a elas”, concluiu.


SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

21


Filme limpo

Na

Planta Tecnologia em processamento de pescado Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Big Brother do frio

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 22

O Sistema de Acesso Remoto e Monitoramento Online é uma aposta da Mayekawa do Brasil, empresa de soluções para sistema de refrigeração industrial. Segundo a empresa, a plataforma oferece às indústrias e frigoríficos monitoramento remoto 24 horas por dia. Essa função permite o acompanhamento da performance do sistema de refrigeração ou mesmo do compressor para assim, identificar e solucionar problemas antes que eles se tornem falhas.

A Cortec disponibilizou um filme extensível compostável capaz de ser utilizado em máquinas industriais. Chamado de Eco Wrap, ele possui uma fórmula que utiliza resina compostável, o que o torna uma opção mais ecológica. Indicado para indústrias que possuem grandes armazenamentos e dependem de máquinas de embalagem automatizadas para preparar paletes, o Eco Wrap ainda promete a mesma eficiência de aplicação com menos envoltórios.

PP = Peso e Preço É possível um único equipamento controlar peso e preço na indústria? Essa é a ideia da Ibercassel com seu novo Controlador de Preço e Peso. Pensado para indústrias que manuseiam alimentos frescos, a nova solução permite, além de controlar o peso em tempo real, marcar produtos de forma automática com etiquetas que contêm informações como peso, preço, código de barras, entre outros dados.

O quinto sabor Uma nova especialidade que promete enriquecer o aroma e sabor de produtos cárneos na indústria alimentícia chegou. Trata-se do Kokumix M, lançamento da Ajinomoto Food Ingredients. Segundo a empresa, o novo condimento aumenta a percepção sensorial de outros ingredientes ao conferir o chamado gosto umami, quinto gosto básico do paladar. O produto, que vem da palavra Kokumi que significa “sabor rico” em japonês, está disponível em caixas de 6 kg, com seis embalagens de 1 kg cada.

No Mapa das análises Com o objetivo de atender o mercado de pescado, o Laboratório TÜV SÜD SFDK expandiu seu escopo de análises com a inclusão de um novo segmento: a análise de polifosfatos nas matrizes de pescados e produtos da aquicultura ou pesca. Com a expansão, segundo o laboratório, a ideia é oferecer uma gama de análises microbiológicas, químicas e físico-químicas mais completa credenciada junto ao Mapa.


A Brasmo apresenta um conjunto de higienização pensado para quem atua no processamento de pescado. Com ele, a empresa procura garantir a biossegurança, uma vez que o conjunto oferece segurança aos colaboradores e controle de antissepsia, higienização e sanitização que evitam a ocorrência de doenças que possam afetar a produção e instalações.

23

A Marel reforça ao mercado a divulgação da sua StreamLine, uma linha de corte e filetagem criada para se adaptar às necessidades de cada processador. A solução ainda monitora o desempenho individual de cada operador o que, de acordo com a Marel, ajuda na eficiência operacional e garantia da qualidade dos produtos, tudo em tempo real.

Traje a rigor da higiene

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

Encaixa no bolso e na planta


Capa

Guarda-chuva anti-pandemia

Mesmo com falta de contêineres, bolso curto e piora na pandemia, importados retomam trajetória de crescimento puxados pelo salmão, conservas e peixes congelados

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 24

Texto: Ricardo Torres

O

s primeiros resultados da comercialização de pescado na melhor temporada de vendas do ano sinalizam um 2021 positivo para o consumo de pescado em geral (leia mais na seção MKT & Investimentos desta edição). No grande varejo, há relatos de recordes de vendas em dois dígitos para algumas categorias e pouca sobra de produto para a

tradicional ressaca da Páscoa - o que é um sinal de recompra para os próximos meses. No âmbito das importações de pescado, os dados do Painel do Pescado (paineldopescado.com.br) mostram que a preparação para a Quaresma 2021 foi melhor que no ano passado. O fluxo dos primeiros três meses deste ano começou com

conservadorismo em janeiro, registrando volume ligeiramente inferior a 2020. Em fevereiro o setor engatou a segunda: os importadores nacionalizaram quase 40 mil toneladas, 12,4% a mais que no mesmo período do ano anterior. Mesmo com o mercado mais abastecido, as compras foram de 36,3 mil toneladas, alta de 2% sobre 2020.


As conservas e os peixes congelados (boa parte também para reprocessamento nas conserveiras) puxaram o desempenho do período, com altas de 64% e 15%, respectivamente. Os peixes frescos, liderados pelo salmão, subiram 11% na comparação com a Quaresma 2021 e fecharam o grupo das categorias com desempenho positivo, mas os demais itens da pauta importadora seguiram o comportamento de queda em 2020, como mostra o gráfico abaixo. O trimestre fechou com 110,9 mil toneladas, com dispêndio total de US$ 324 milhões e preço médio de US$ 2.924 a tonelada. Na análise histórica, este foi o 6º melhor ano desde o início da série, em 1997. Nos últimos 10 anos, em nenhum momento as importações de pescado ficaram abaixo das 100 mil toneladas no período, mesmo com crise

econômica, impeachment, pandemia e dólar nas alturas. Nas páginas seguintes, o leitor acompanha as hipóteses mais prováveis para o desempenho de cada categoria e avalia as projeções de como pode se comportar 2021 a partir das importações, da disponibilidade de matéria-prima e da extensa lista de motivos que ainda tornam este um ano difícil de prever, como foi 2020.

2020: previsão pior que a realidade As importações de pescado em 2020 tinham tudo para enfrentar uma tempestade perfeita pelas complexidades logísticas, disrupções na relação oferta-demanda e uma grande incerteza pandêmica. Durante boa parte do ano passado, a rápida recuperação chinesa monopolizou

os contêineres mundiais e causou prejuízos pela indisponibilidade e nas cobranças de demurrage pagamento que deve ser feito pelo atraso na devolução dos contêineres que não foram desocupados no prazo. Em paralelo, o cenário interno de interrupção do auxílio emergencial gerou incerteza sobre como seriam as festas e o comportamento dos tradicionais itens da sazonalidade, como o bacalhau. Ao mesmo tempo, a inflação da carne bovina e do frango criaram um espaço a cada dia ocupado com mais intensidade pela tilápia (como exploramos na edição #36 da Seafood Brasil). Essa fatia se torna mais e mais relevante no competitivo mercado de filés e outros peixes brancos, apesar do seu preço médio muitas vezes alcançar o dobro de uma merluza, cação ou

24 ANOS DE QUARESMA (JAN/MAR 1997-2021) | EVOLUÇÃO EM KG 80.000.000

Peixes congelados Peixes frescos Filés de peixes Peixes secos e/ou salgados

60.570.369

Moluscos

60.000.000

Conservas Outros invertebrados*

46.768.869

Crustáceos* *Volumes abaixo da escala do gráfico

40.000.000

23.749.726

22.042.554

9.452.892 2.931.902

0

2000

2005

2010

2015

2020

Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

25

20.000.000


Capa

MAIORES CRESCIMENTOS DA QUARESMA 2021 (VARIAÇÃO EM %)

40 20 0 -20

ou ixes sa se lg co ad s os Cr us tá ce os

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-40

Co

Em parte substituída pela tilápia, em parte estrangulada pelos fatores do primeiro parágrafo, a oferta importada sentiu a conta chegar. Entre todas as categorias de pescado, apenas o peixe fresco registrou alta em 2020 - foram 88,4 mil toneladas nacionalizadas, um aumento de 2,2% sobre 2019. Em outra ordem de grandeza, os crustáceos puxados pelo camarão equatoriano também subiram - 31,3% em volume, para 293 toneladas. Já na análise das quedas, o pior desempenho foi dos peixes secos e salgados, que apesar de uma redução de 4,7% no preço médio, tiveram embarques 24,2% menores.

60

VAR%KG

polaca importadas. O Brasil produziu no ano passado o equivalente a 116 mil toneladas de filé de tilápia, enquanto importou 62 mil toneladas de outros filés. A disponibilidade da espécie vem crescendo, apesar de não ser acompanhada necessariamente por uma queda nos preços praticados na ponta.

Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

O salmão foi a surpresa do período. A joia da aquicultura chilena teve o melhor desempenho da história desse comércio em 2020 e não sentiu as interrupções do fechamento do food service brasileiro em razão da pandemia. No total das vendas ao Brasil, o Chile exportou 101 mil toneladas de produtos pesqueiros,

o maior volume que qualquer parceiro comercial já despachou ao Brasil no segmento - em 2013, no auge da polaca e do panga, a China despachou 93 mil toneladas ao País. De fato, apesar de ver um ritmo menor em algumas categorias, o Brasil não parece saber viver sem pescado importado.

IMPORTAÇÕES DE PESCADO 2020 | CATEGORIAS

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 26

CATEGORIA

var%kg

2020-Preço Médio

2019-Preço Médio

var%PM

86.544.843

2,2

4,138

6,108

-32,3

76.040.775

-17,9

2,999

3,623

-17,2

102.915.796

117.228.968

-12,2

1,475

1,755

-16

-27,9

23.717.440

31.325.094

-24,3

5,374

5,641

-4,7

50.748.339

-26,4

13.096.190

15.775.191

-17

2,852

3,217

-11,3

27.559.382

-15,5

5.948.657

6.627.631

-10,2

3,916

4,158

-5,8

2.779.135

2.618.785

6,1

293.217

223.365

31,3

9,478

11,724

-19,2

63.616

61.889

2,8

4.759

6.047

-21,3

13,368

10,235

30,6

2020-US$

2019-US$

var%US$

2020-kg

2019-kg

Peixes Frescos

366.068.511

528.602.575

-30,7

88.472.983

Filés de Peixes

187.303.366

275.469.093

-32

62.457.167

Peixes Congelados

151.822.207

205.746.737

-26,2

Peixes Secos e/ou Salgados

127.456.333

176.699.622

Conservas

37.353.562

Moluscos

23.293.890

Crustáceos Outros Invertebrados

Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil


SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

27


Acervo Seafood Brasil

Capa Salmão

Com pontos físicos restritos pela pandemia, venda de salmão buscou canais online e bateu recorde histórico

Sashimi pandêmico A trajetória da iguaria chilena que partiu de um food service arrasado pela pandemia para brilhar no delivery e no varejo

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 28

S

e muitos segmentos podem alegar que enfrentaram em 2020 uma tempestade perfeita, este definitivamente não é o caso das exportações de salmão do Chile para o Brasil. De maneira surpreendente, com o estrangulamento do canal que responde por 70% das vendas do produto na terra da variante P1 da Covid-19, os chilenos bateram recordes. Foi a primeira vez na história do comércio exterior de pescado que os volumes superaram as 100 mil toneladas. O que explica o desempenho? A equipe da Seafood Brasil conversou com agentes que atuam no negócio em ambos os países e a resposta passa pelo preço e o simples fato de que o brasileiro já não vive sem salmão. Especialmente nas

classes A e B, a vida enclausurada em pandemia gerou oportunidades de consumo via apps de delivery, dark kitchens (cozinhas sem salão) e takeaway (retirada no local) como nunca visto antes, notadamente a partir do segundo semestre. Os responsáveis pela marca setorial Salmón de Chile, criada pela associação que reúne a maior parte das empresas que atuam com salmão naquele país, calculam que a receita das exportações dos associados caiu 34% - um recorde para os últimos cinco anos. A análise do Painel do Pescado mostra que o preço médio fugiu completamente do desvio padrão dos últimos três anos: em novembro, o kg do salmão chileno FOB HG nacionalizado no Brasil chegou a menos de US$ 3 o kg - o preço mais baixo de toda a história do fluxo do produto.

A situação acendeu um alerta para algumas das principais empresas que lidam com o mercado brasileiro, o terceiro em relevância para os chilenos. No mesmo mês da baixa histórica, o diretor administrativo da Cermaq Chile, Steven Rafferty, decidiu que iria suspender as vendas para cá. Pouco tempo depois, a manobra surtiu o efeito desejado: ajudou a forçar a recuperação de preços e manteve o estoque de peixes grandes - a preferência do Brasil - para suportar um ano em que a indústria projeta escassez de oferta. Caprichosamente, o verão (e este início de outono) parecem colaborar com os planos de Rafferty. Entre março e abril, 3.076 toneladas de salmão foram perdidas em Los Lagos - o que equivalente a 11,8% da


24 ANOS DE SALMÃO

80k

60k

40k

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2000

2005

2010

2015

2020

Pela primeira vez desde 1997, importações de salmão romperam a barreira das 100 mil toneladas Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

29

0

SEAFOOD BRASIL • DEZ/JAN FEV/MAR 2021 2021 ••

A mortalidade ainda não é comparável ao que ocorreu em 2016, quando 40 mil toneladas foram perdidas pelo mesmo motivo. O Painel do Pescado já sinaliza em março uma recuperação dos preços em patamares históricos, para próximo de US$ 5,40 e com tendência de alta. Fontes consultadas pela Seafood Brasil que

100k

TONELADAS

biomassa ativa -, e 2.519 toneladas em Aysén, disse o Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura (Sernapesca) em comunicado. A razão apontada foi a floração de algas nocivas, que levou quase 20 centros de cultivo a implementarem planos de ação para mortalidade em massa e afetou a produção de várias das grandes produtoras de salmão.


Capa Salmão de R$ 40 nessa época, que é a barreira aceitável pelo consumidor.” A previsão é de que o preço poderia subir para até US$ 6,80, o que ao câmbio atual superaria os R$ 38.

Melanose difusa é motivo de preocupação? O grande consumo de salmão em 2020 trouxe um alerta para o aumento de ocorrências de um tipo de melanose, descoberta apenas no processamento do peixe inteiro. Os cientistas chilenos a chamam de melanose difusa muscular do salmão Atlântico (Salmo salar), uma inflamação que difere da melanose focal - que pode ocorrer por traumas físicos por manejo, predadores, vacinas e patógenos infecciosos. A versão difusa está relacionada a uma distribuição desigual de melanina proveniente da dieta com o pigmento astaxantina, mas parece se manifestar com mais frequência em peixes da 12ª Região (Magallanes). Ainda que não haja grande frequência da melanose, o fato de o produto ser consumido principalmente fresco restringe o aproveitamento de produtos com o problema - que não causa problemas à saúde humana.

preferem não se identificar calculam que exista em inventário entre 40 mil e 60 mil toneladas, o que certamente não atende à demanda do mercado em 2021. A baixa disponibilidade de produto é um reflexo de uma superprodução já despescada e comercializada em 2020, além de uma diminuição do

Caro ou barato, o fato é que a extensão da pandemia para além do que qualquer brasileiro poderia imaginar deve conservar neste ano hábitos aprofundados em 2020. “Voltouse a experimentar na cozinha, a preparar receitas em casa, a provar novos ingredientes e alimentos que antes não eram habituais”, conta a gerente da marca Salmón de Chile, Melanie Whatmore. “Essa tendência irá permanecer, na medida em que não haja plena liberdade para consumir alimentos fora de casa, o que irá gerar um aumento na demanda por produtos que venham em tamanho suficiente para o grupo familiar, ou produtos processados que sejam saborosos e fáceis de preparar.”

povoamento. “A oferta deve cair uns 15%, mas é difícil estimar a demanda. Isso vai gerar uma tensão pelos preços”, afirma uma das fontes. O mesmo executivo, porém, considera que o grande apetite do Brasil não significa que o mercado irá aceitar qualquer preço. “O Brasil tem um teto. Em maio de 2018, creio que chegamos a ele: US$ 8,30. Em reais, estávamos falando

Para Felipe Katata, gerente comercial adjunto da Mitsubishi Corporation do Brasil - dona da Cermaq -, o mercado brasileiro é muito resiliente. “O mercado chinês desapareceu e deixou de comprar, caiu 90%. O Brasil, ao contrário, cresceu. É o nosso pequeno mercado gigante”, diz. Segundo ele, a modalidade mais convencional de produto H/ ON (eviscerado com cabeça) é um

PREÇO MÉDIO DO SALMÃO | COMPARATIVO DOS ÚLTIMOS 3 ANOS

PREÇO MÉDIO (US$/KG)

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 30

Últimos anos

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Impactado pela desvalorização do real, preço médio por kg chegou a menos de US$ 3 em 2020, mas já iniciou trajetória de recuperação Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil


diferencial que torna o Brasil muito atrativo aos chilenos. “Todo produto de valor agregado se faz no Brasil. As normativas e as desvantagens de exportar na comparação com o que têm à disposição os industriais brasileiros desencorajam iniciativas de colocar maior valor agregado”, ressalta o executivo.

Chilenos em alta Além dos reflexos pandêmicos, o Chile teve um ano de altos e baixos sanitários na produção, com casos de piolho do mar nas regiões de Los Lagos, Aysén e Magallanes, casos de Anemia Infecciosa do Salmão (ISA) e escapes de grandes biomassas. Segundo Melanie Whatmore, da Salmón de Chile, o trabalho focado no controle dessas dificuldades foi capaz de controlar o efeito nos volumes. “Em 2020, de acordo com a Receita Federal chilena, entre janeiro e dezembro de 2020, foram exportadas 779 mil toneladas de salmão e trutas, avaliadas em US$ 4,38 bilhões, enquanto no mesmo período de 2019, foram registradas 725 mil toneladas - aumento de 7% - com uma receita de US$ 5,12 bilhões.” Acervo Seafood Brasil

Além do baixo índice de complexidade no processamento, o peixe inteiro permite reações mais rápidas às demandas do mercado, sublinha Katata. “O Chile é muito orientado a volumes, não trabalhamos muito com as marcas. Por outro lado, os varejistas brasileiros não têm grande interesse em estocar grandes volumes de cortes e embalagens menores.” A empresa não tem o varejo como canal principal, como aliás é o caso de todas as concorrentes, como a Aquachile - que acaba de se relançar

Acervo pessoal

como Aqua -, a Multiexport e a Mowi. “O varejo pode ter subido para em torno de 20% por conta da pandemia, mas normalmente representa 15% do negócio”, calcula Katata.

Para Melanie Whatmore, gerente da marca Salmón de Chile, delivery de pratos prontos ou para preparo em casa favoreceram salmão

Certamente a Quaresma 2021 ajudou a elevar este patamar, como sugerem os dados de importação do Painel do Pescado. Depois de manter praticamente o mesmo patamar de janeiro e fevereiro do ano passado, o mês de março de 2021 representou uma alta de 20% nas exportações de salmonídeos (salmões e trutas) ante 2020. O resultado acumulado do trimestre representa um aumento de 6,43% no volume, com um dispêndio

5,57% menor - o produto ficou cotado em média em US$ 4,15/kg no período. Com a consolidação do delivery, expectativa de aumento de vendas no varejo de alimentos no primeiro semestre e uma recuperação gradual do food service com o avanço da vacinação, os sinais são positivos para os chilenos. Resta saber se as previsões de escassez de oferta de produto serão realmente tão acentuadas como despontam, mas nada que o brasileiro não consiga enfrentar. Tudo indica que o povo tupiniquim vai continuar dando o seu jeitinho, tentando enrolar a pandemia em um grande temaki de salmão para aguentar o tranco.

A solução natural e lógica para seu cultivo de peixe e camarão ou fábrica de ração SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

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Capa Filés Congelados

Sem prestígio Panga, merluza e polaca expandiram consumo de pescado a níveis inéditos, mas hoje estão em segundo plano

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s filés de peixe branco já não são um item popular na pauta importadora de pescado. O desprestígio dos últimos anos chega a ser impressionante, dada a régua alta que estes produtos estabeleceram no início da década e no forte impulso que deram à popularização do consumo de pescado. No auge da polaca do Alasca processada na China e do panga do Vietnã, o Brasil bateu recorde nesta importação com 175 mil toneladas de filés congelados registradas em 2013. Segundo demonstra análise do consultor Wilson Santos disponível no site da Seafood Brasil, o impacto no consumo

foi forte: se em 2010 consumíamos 9,71 kg per capita/ano, em 2014, chegamos a 11,96 kg per capita/ano, principalmente em razão do aumento dos itens importados. A partir de 2015, porém, a categoria foi ladeira abaixo. Naquele ano, o volume caiu 22%, para 131 mil toneladas, segundo o Painel do Pescado. Após uma ligeira ascensão em 2017, outro tombo de 26% em 2018 para voltar no ano passado a patamares de 2010. Os motivos já foram amplamente explorados em edições anteriores: rigor fiscalizatório, câmbio, crises econômicas e decisão

Divulgação/Solimeno

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Blocos de merluza interfolhada: produto argentino tem boas projeções para 2021 e deve manter em pé segmento de filés brancos importados

de troca do consumidor por itens da pesca e aquicultura nacionais, notadamente a tilápia. Somam-se a estes fatores as extensas consequências da pandemia, como a instabilidade de contêineres e disrupções nas exportações chinesas pelas medidas de controle do contágio. “O impacto foi importante nas importações da China na medida em que as matérias primas tiveram de ser testadas para Covid, o que atrasou os embarques. Um segundo impacto foi o valor do frete, que triplicou em virtude da falta de contêineres”, analisa o fundador da Opergel, Ivan Lasaro. A China realmente foi a origem mais afetada pela soma de fatores que desbancaram os filés brancos do trono. Em 2020, o volume desses itens exportados pelos chineses caiu 56,2%. Em todos os meses, o resultado do ano passado foi inferior a 2020, chegando a representar 5% do que se havia importado no ano anterior caso de setembro. Ao que parece, os pontos de venda ficaram altamente estocados com estes produtos e, com baixo interesse dos clientes, as recompras da Quaresma foram muito


24 ANOS DE FILÉS CONGELADOS

Ele avalia que, sob a ótica da oferta, a Argentina não deve encontrar grandes dificuldades, já que o país conservou a cota de pesca para 2021. Na realidade, até aumentou. Conforme publicou a edição #225 da revista parceira REDES & Seafood, o governo

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Depois de elevar consumo em 1 kg per capita no início da década, filés importados despencaram no ano passado e não terão vida fácil em 2021 Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

argentino definiu a cota de captura máxima da merluza hubbsi em 305 mil toneladas, 5,2% mais que em 2020 e 7,3% superior à média da década. Há quem adote um otimismo mais controlado, como no caso de Pablo Basso, diretor comercial da Iberconsa da Argentina. “Em termos de volume, entendo que a produção argentina permanecerá em volumes similares, mas principalmente neste primeiro trimestre grande parte da frota, especialmente a de barcos congeladores, está 100% dedicada à pesca de lula. Por este motivo, estamos notando uma alta importante na demanda e no preço.” Outra questão que inspira atenção do executivo é a atuação do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa/ Mapa). “Creio que neste ano o produto estará ainda mais consolidado, mas me preocupam muito as inspeções e rechaços a lotes pelo Ministério da Agricultura até 6 ou 7 meses depois da chegada da mercadoria com questões

como o sódio ou pH”. Em relatório recente de atividades do Dipoa a que a Seafood Brasil teve acesso, a Argentina consta como o segundo país - após o Marrocos - entre aqueles que mais registraram não-conformidades com o recente Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) do Peixe Congelado. Tanto os argentinos quanto os importadores rechaçam os argumentos oficiais e, por enquanto, vão administrando os impactos. Os esforços também se concentram na valorização da merluza congelada a bordo como elemento de diferenciação. “Nosso objetivo é conseguir, através de campanhas com grandes volumes a nossos clientes históricos, que se valorize o produto e se justifique o diferencial de preço em relação ao produto congelado nos frigoríficos”. Na visão dele, a resolução do velho dilema do preço x qualidade é a chave para a recuperação da categoria no Brasil. “Um comprador sempre preferirá um produto de boa qualidade a um bom preço, do que um produto barato de qualidade ruim”, completa.

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Para um dos principais fornecedores de filés de merluza interfolhada ao Brasil, a argentina Solimeno, este clima pode colaborar para que 2021 seja um ano de maior estabilidade ao produto. Ainda assim, Antonio Gabriel Solimeno calcula que a empresa tenha exportado em 2020 50% de toda a sua produção de filés ao Brasil, algo em torno de 1.800 toneladas de filés interfolhados em blocos de 7 kgs. E não vê um cenário muito distinto em 2021. “Podemos esperar um volume igual ou melhor que em 2020, já que os consumidores estão meio ressabiados em relação a produtos provenientes da China por conta da pandemia”, avalia.

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Lasaro considera que os maiores beneficiários da situação asiática e até da dinâmica nacional são nossos vizinhos. “A Argentina vai continuar se beneficiando, pois os preços da China devem seguir elevados e o mesmo ocorre com a tilápia, que além disso, tem a vantagem de ser vendida fresca”. Este comportamento já se mostrou possível na Páscoa. Uma grande rede de varejo consultada informalmente pela Seafood Brasil confirmou que, dos itens com maior venda em volume, os líderes entre os peixes brancos importados foram o cação e a merluza.

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prejudicadas. A importação de filés processados na China caiu 27% nos primeiros três meses de 2021, mesmo com uma diminuição de 21% no preço médio sobre o período anterior, para US$ 2,75/kg em média. Já o Vietnã, que despencou 37% em 2018 no volume de filés congelados exportados ao Brasil e seguiu caindo em 2019, teve uma discreta alta de 3% em 2020.


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Com do certifica sanitário ional internac o pelo aprovad Mapa

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LANGOSTINO

ARGENTINO SELVAGEM E NATURAL

Capturado nas frias águas da Patagônia Argentina, o camarão vermelho Pleoticus muelleri, também conhecido como langostino, é uma iguaria exportada pela Argentina para mais de 20 países. Sem competir com outras espécies e formatos menores, o langostino está sempre no top ten de produtos pesqueiros mais desejados por chefs espanhóis, italianos, russos, chineses e japoneses. Agora os chefs e os consumidores brasileiros também têm à disposição um produto de extrema qualidade, tão versátil que encaixa muito bem em qualquer receita: seja na famosa moqueca, seja na porçãozinha frita.

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Uma frota especializada em trazer o frescor e o sabor do mar argentino


Capa Sardinha

Sardinha: o segundo item nacional Com oscilações profundas nas capturas nacionais, item aprofunda dependência externa

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em o glamour de outras espécies, a sardinha é o segundo peixe mais consumido do Brasil depois da tilápia, de acordo com o levantamento recente realizado pelo consultor Wilson Santos e publicado no site da Seafood Brasil. Pesquisas científicas realizadas por instituições como a Univali procuram entender os motivos pelos quais as oscilações na captura nacional são tão acentuadas: das 100 mil toneladas capturadas em 2012 e 2014, os barcos trouxeram apenas 12 mil toneladas em 2019.

Divulgação

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O volume da captura nacional equivale a 10% de tudo o que as indústrias de conservas processam anualmente no Brasil. O déficit obviamente força as conserveiras nacionais a importarem a matériaprima de países como Marrocos e Omã. Conforme o Painel do Pescado, nesse mesmo ano de 2019, com baixas capturas, as empresas trouxeram do exterior 77,3 mil toneladas de sardinhas. O volume diminuiu em 2020, para 68 mil toneladas, mas só no primeiro trimestre do ano as 30,6 mil toneladas importadas já superam quatro anos inteiros de toda a série histórica iniciada em 1997. Nos primeiros três meses do ano, Omã disparou como origem principal da sardinha importada. As 16,8 mil toneladas trazidas do país árabe vizinho aos Emirados Árabes Unidos Segundo peixe mais consumido do Brasil, a sardinha tem volume de captura nacional equivalente a 10% de todo processamento anual das indústrias de conservas brasileiras

representaram um aumento de 264,3%, enquanto o produto proveniente do Marrocos caiu 31% em volume. Uma das razões está relacionado ao alto número de não-conformidades apuradas pelo Mapa em 2019, como infrações ao RTIQ de peixe congelado. Segundo o Serviço de Inspeção Federal (SIF), o Brasil abriga 32 estabelecimentos classificados como unidade de beneficiamento de pescado e entreposto de pescado, dos quais 12 receberam em 2020 peixe congelado importado para reprocessamento. Esses foram responsáveis pela importação de 20% do total de peixe congelado importado, algo em torno de 130 mil toneladas. A Gomes da Costa se destaca entre estes estabelecimentos com 43,9% da comercialização de sardinha no mercado, de acordo com dados Nielsen. Para Carlos Curado Filho, diretor de compras da empresa, o primeiro pandêmico da Covid-19 trouxe como maior desafio os entraves para garantir a matéria-prima que a demanda exigia. “O desafio foi compensar essas restrições de pesca nacional e internacional com a crescente demanda interna que tivemos”, aponta. Na visão dele, o maior aprendizado é continuar diversificando a base de fornecedores e manter um constante processo de análise de risco em toda a cadeia. “Apesar das restrições diversas em todo o mercado, conseguimos manter um volume de produção e entrega acima dos anos anteriores,


24 ANOS DE SARDINHAS

mas a variação cambial impactou fortemente nos preços”, ressalta. De acordo com o Painel, apesar de a variação do preço médio em 2020 se manter na média dos três últimos anos (próximo de US$ 0,90/kg), a cotação do dólar variou 23% no ano, encarecendo o custo.

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Histórico das importações de sardinha: apesar do volume ter diminuído em 2020, o que foi importado no primeiro trimestre de 2021 superou quatro anos inteiros de toda a série histórica iniciada em 1997 Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

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Antonio Barranco, diretor comercial da GDC, ressalta que o auxílio emergencial manteve a demanda para a categoria de conservas, que contam com a vantagem da segurança de armazenamento e praticidade no consumo. “Para 2021, entendemos que parte desses novos consumidores, que descobriram a categoria, permanecerão e, com isto, a possibilidade de ampliarmos o portfólio, a fim de atender todo perfil de consumidor”, opina.

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Capa Bacalhau

Bacalhau: ciclo difícil Câmbio e estrangulamento do food service dão ao produto o título de maior prejudicado na pandemia

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unho de 2020: no auge da pandemia em seu primeiro ano, as importações de bacalhau chegam a um nível irrisório - 172 toneladas. Segundo o Painel do Pescado, o ano fechou com 22 mil toneladas importadas, desempenho igual ao de 1999, quando o bacalhau dessalgado - que incrementou o consumo do produto no Brasil nos últimos dez anos - era só uma promessa. O volume foi 30% mais baixo na comparação com os 12 meses de 2019 e 2018 - anos muito similares. Diante de resultados ruins da Páscoa 2020 e uma ressaca pósQuaresma sem o food service, as empresas dedicadas ao negócio da iguaria mais desejada nas festas se retraíram para reavaliar o que fazer. No caso da Riberalves, foi o momento ideal para mexer na operação. “Aproveitamos a ‘paradeira’ de maio passado e fizemos uma reestruturação interna nossa. Trouxemos um gerente key account para verificar o

comportamento do grande varejo e fortalecemos nossa equipe que atua no ponto de venda”, conta Marcelo Nasser, diretor comercial da empresa no Brasil. Algo que facilita a sobrevivência em tempos de crise é uma operação enxuta como a que a empresa resolveu adotar no Brasil. “Não temos estoque aqui e não pensamos em mudar por conta da pandemia. Assim, não tenho problema de ficar com estoque parado, ver o câmbio disparar e não ter venda, pagando armazenagem cara”, avalia Nasser. A condição ajudou na travessia e fez a Riberalves chegar a 2021 com projeção de aumento de vendas. “Agora em março fecharemos com crescimento sobre o ano anterior em volume. Em outubro começou a diminuir a queda, em novembro zerou e em dezembro, crescemos. Isso foi surpreendente”, ressalta. A análise da preparação para a Quaresma, no entanto, mostra que

o ritmo de ascensão em 2021 perdeu o fôlego. Já em janeiro, na ressaca do Natal, os volumes caíram 22% sobre o mesmo mês de 2020, com uma ligeira recuperação em fevereiro para reposições pontuais, e voltaram a cair outros 22% em março. Além do câmbio e distúrbios no food service, outro fator preponderante para esse declínio foi a instabilidade de contêineres. “O nosso transit time era de 12 dias e passou a ser de até 28 dias. Os operadores aduaneiros estavam sem contêineres - de 10 contêineres que receberiam, chegaram dois”, contou em fevereiro Pedro Pereira, diretor comercial da Brascod/Bom Porto. Isso tudo

HISTÓRICO BACALHAU | MÊS A MÊS 2019

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Evolução mensal mostra “deserto” em meados de 2020: ritmo de recuperação do fim do ano não se manteve para a Quaresma 2021 Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil


24 ANOS DE BACALHAU retardou a chegada de contêineres para a Semana Santa e atrapalhou a programação de entregas aos clientes.

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Importação de bacalhau em 2020 chegou a níveis de 1999, antes de o dessalgado se projetar como tendência

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Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

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Apesar de tudo isso, porém, há espaço para otimismo. “Estou animado para este ano. Projeto crescimento de 8% a 10%. O câmbio disparou e a inflação subiu, então, de alguma forma, a impressão que dá é que quem consome estava com mais dinheiro no bolso”, diz Nasser. No caso do Gadus morhua dessalgado, um produto para as classes A e B, os “chefs em casa” e o “eu mereço” guiaram o consumo de bacalhau e aliviaram um pouco a perda do food service. A Riberalves aposta fortemente nesse estrato social: em plena pandemia, a empresa lançou no Brasil o bacalhau curado com flor de sal. “Isso fala a língua do consumidor classe A”, aponta.

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Capa Camarão

Risco-camarão Argentinos querem fazer parte da difícil partida que o Equador já disputa com o Brasil

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ais de 20 representantes das principais empresas argentinas dedicadas à captura e processamento do camarão vermelho Pleoticus muelleri participaram de uma reunião virtual convocada pela Câmara dos Armadores de Pesqueiros e Congeladores da Argentina (CaPeCA) a que a Seafood Brasil esteve presente em abril. A alta adesão ao encontro mostra como estão convencidos de que vale a pena o esforço de enfrentar a instabilidade jurídica que rege a importação de camarão no Brasil.

Acervo Seafood Brasil

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Em 02 de março, dias após a imprensa revelar gestões do embaixador argentino Daniel Scioli com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, restabeleceu a importação de camarão originário da Argentina. Em medida cautelar na Suspensão de Liminar (SL) 1425, proposta pela União,

ele suspendeu decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que impedia a importação (leia todos os detalhes no site da Seafood Brasil). O mérito da questão ainda será julgado pelo próprio TRF-1, mas o Ministério da Agricultura já atendeu a uma das principais reivindicações dos argentinos: aprovou a importação mediante acompanhamento do Certificado Sanitário Internacional, que precisa estar em português e emitido ou endossado pelo Serviço Oficial da Argentina. A reação dos carcinicultores liderados pelo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, foi imediata. Em um vídeo divulgado quase simultaneamente à decisão de Fux, ele aponta o que considera “desrespeito à lei”, mais especificamente à Instrução Normativa 02/2018, que revogou a IN 14/2010. Esta última previa que a autoridade sanitária poderia decidir se haveria necessidade de realizar uma Análise de Risco de Importação (ARI) - que já foi feita em 2012 pelo governo brasileiro - ou se os requisitos zoosanitários são suficientes. Este ponto não foi alterado expressamente pela IN 14/2020, que teve efeito prático muito mais político que técnico, com a transferência do controle de sanidade dos crustáceos do Ministério da Agricultura para a Secretaria-Geral da Presidência da República, onde então estava abrigada a Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca. A IN 14/2020 incluiu ainda um ponto-chave na argumentação de Planta de processamento de vannamei no Equador: com liberação da Argentina, camarão importado volta à pauta de indústrias e importadores

Rocha contrária à importação: a exigência de que o país de origem reporte, na ARI, a informação junto à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) sobre enfermidades de animais aquáticos de notificação obrigatória ou de alto risco epidemiológico. A ARI realizada em 2012 identificou 98 potenciais perigos, descartou 96 em uma primeira análise e, por fim, descartou a doença da mancha branca e o parasita Aggregata sp que haviam sobrado como perigos. Ela não traz, no entanto, o registro de que a Argentina reporte doenças à OIE, mas foi considerada vigente ainda pelo Mapa agora em março. A vulnerabilidade deve ser explorada no âmbito do julgamento do mérito, mas a entidade que reúne os maiores interessados no negócio aqui no Brasil vislumbra uma resolução definitiva para breve. “Estamos confiantes que, do ponto de vista judicial, este impasse será muito em breve solucionado de forma definitiva”, disse em comunicado a Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes). Do ponto de vista técnico, a publicação “Requisitos Zoossanitários do Brasil para a Importação de Camarões Congelados da Espécie Pleoticus Muelleri originários de Pesca Extrativa da Argentina e destinados ao Consumo Humano” resolveu a questão em três linhas. Na prática, a abertura ocorre tanto para camarão eviscerado/ sem cabeça quanto para o camarão inteiro, ambos congelados. Apesar de o cenário despontar como favorável à importação, alguns argentinos se mantêm céticos. É o caso de Federico Angeleri, diretor comercial da Pesquera Veraz, que cita uma combinação de baixa


O aumento chama atenção pelo fato de ser um ano desfavorável para o negócio. O câmbio tornou o camarão equatoriano pouco competitivo no Brasil e o apetite da China e dos EUA, os dois principais clientes dos equatorianos, foi fortemente afetado pela pandemia e se mostrou pouco sensível a um preço médio que chegou a baixas históricas - o kg chegou a ser comercializado a US$ 1,12. A disrupção do comércio global de pescado pegou em cheio os equatorianos que, em 2021, começam a se recuperar em preços e demanda.

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Importação de camarão ainda continua em caráter de teste, mas segue em ascensão desde reabertura, em 2018 Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

Ainda assim, os preços seguem favoráveis. “Temos camarão 20/30 e 30/40 - tamanhos indisponíveis no Brasil - a preços muito baixos”, calcula Fabricio Amador, diretor da Futura Market - uma trading company que opera em parceria com uma fábrica local com certificação no Dipoa para reprocessamento no Brasil. Ele acompanha com atenção o crescente interesse do público brasileiro ao camarão, cujo consumo ainda continua baixo e com espaço para crescer. “A produção local cobre uma parte da demanda, mas as inconsistências e a falta de oferta fazem com que o mercado não se desenvolva de maneira contínua”, opina Amador.

“A produção local tem melhores condições de custo pela situação do real, mas as importações podem encontrar segmentos de mercado, sobretudo o food service, aos quais podem desenvolver abastecimento constante”, conclui. “Se o consumo alcançar um nível alto, a produção local ficará restrita e permitirá a entrada de camarões de maior tamanho.” Esta é a aposta de equatorianos, argentinos e até indianos - cuja exportação em 2020 foi de um contêiner. “Só precisamos encontrar os parceiros adequados para fazer crescer o consumo local. Estou convencido de que o camarão pode chegar ao mesmo nível do salmão”, conclui Amador.

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O Equador exportou de janeiro a dezembro do ano passado 676 mil toneladas de vannamei a 57 países. Para o Brasil, foram apenas 257 toneladas a um preço médio 6,9% inferior ao praticado em 2019. Ainda assim, o valor ficou em US$ 8,85/kg, sugerindo tamanhos maiores e um certo sobrepreço associado ao “riscocamarão”. Ainda que pequeno, o volume representou uma ascensão de 54,2% sobre os 12 meses de 2020.

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E os equatorianos?

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disponibilidade de produto e priorização a mercados tradicionais. “Tivemos uma safra muito ruim no ano passado, com a metade do que se esperava, e, por outro lado, há uma demanda grande pelo produto eviscerado sem casca e não há muita sobra para oferecer ao Brasil”. O preço também é outro ponto sensível, já que os argentinos não enxergam que valha a pena correr o risco Brasil com preços abaixo de US$ 15/kg. “Um caminhão com camarão custa US$ 160 mil. Descascado vale US$ 250 mil”, calcula Angeleri.


Na

Gôndola A oferta de peixes, crustáceos e moluscos Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

É bom para o moral A Bom Peixe está divulgando seu pirarucu e os benefícios que essa espécie traz à vida de quem o consome. Segundo a empresa informa, o produto, que está disponível em embalagens de 300 g, possui alto teor de cálcio, ferro, potássio e vitamina D. Por fim, o produto ainda apresenta gordura poliinsaturada, rica em ácidos graxos essenciais, o Ômega 3 e Ômega 6.

preferência dos consumidores pela marca em um mercado altamente disputado. Congelada, a novidade da Copacol está disponível em embalagens de 380 g.

Vestidas para abalar A DaFonte Aquicultura está com novidades para a espécie carro-chefe da empresa: a tilápia. Agora, o consumidor que for ao PDV vai poder encontrar duas novas embalagens para esta linha: as de 800 g e 1 kg. Segundo

a empresa, a ideia é aumentar sua oferta para esta espécie e dar mais opções ao consumidor na hora da compra.

É de casa Com a ideia de trazer um gosto de uma comida feita diretamente em casa, a Robinson Crusoe aposta em uma linha de patês de atum que não precisa de refrigeração. Pronto para servir, o produto explora a visibilidade presença de Ômega 3 nos sabores tradicional, apimentado e com azeitonas.

Luz na passarela que lá vem ela

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Brilho na multidão Aproveitando o bom momento do camarão no paladar do brasileiro, a Copacol acaba de lançar sua versão do vannamei. A empresa aposta que o item descascado e cozido será um diferencial para conquistar a

Com direito a ação de merchandising com a Fátima Bernardes, a Seara estreia com a intenção de liderar o segmento.A empresa chega com filé de tilápia, salmão em pedaços, lombo de salmão, kit paella, mexilhão, anéis de lula e quatro opções de camarão. A linha ainda conta com uma seleção de peixes e frutos do mar congelados um a um, além do certificado ASC para tilápia e salmão para atestar a sustentabilidade dessas espécies.


A linha Alfresco é a aposta da Frescatto para consumidores que procuram praticidade na hora de consumir filés de tilápia. Limpos, frescos e prontos para o preparo, os filés são embalados em atmosfera protetora e podem ser consumidos das mais variadas formas como cozido, assado ou até mesmo cru.

Bacalhau do Alasca A Noronha Pescados trouxe para o mercado uma nova oferta: a série Alaska Bacalhau. Segundo a empresa, apesar de o bacalhau do Pacífico ser pescado nas águas frias do Alasca, o produto é processado em Portugal com as tradicionais

técnicas lusitanas para, só depois, ser importado para o Brasil. O consumidor encontra o filé de bacalhau e a posta de bacalhau congelado na nova linha da Noronha Pescados.

Pode isso, produção? Se existisse no mercado um salmão feito à base de vegetais e impresso em impressora 3D, você acreditaria? Pois bem, é melhor você começar a acreditar. Afinal, essa é a proposta do salmão vegano da Legendary Vish, startup que tem sede em Viena, na Áustria. A empresa promove o produto como uma proteína sem antibióticos e 100% livre de microplásticos e metais pesados.

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A GeneSeas divulgou uma parceria com a eureciclo que vai impactar em suas embalagens. De agora em diante, a GeneSeas terá em seus produtos uma compensação ambiental que tem o objetivo de destinar, de forma ambientalmente correta, uma massa de resíduos equivalente à parte das embalagens colocadas nos Estados que recebem os produtos da empresa. Por conta da nova parceria, os produtos da GeneSeas também passam a contar com o selo da eureciclo.

Simples, prático e higiênico

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De nada, mundo


Estatísticas

Ascensão ininterrupta Em pleno período pandêmico, piscicultura brasileira cresce 5,93% em 2020 com 802.930 toneladas produzidas Texto: Ricardo Torres

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primeiro ano pandêmico rendeu dois momentos distintos para a piscicultura. A pandemia acertou a atividade em cheio nas semanas anteriores à Semana Santa 2020, quando as vendas acusaram o golpe e trouxeram muita preocupação para os diversos elos da cadeia produtiva. Já os seis últimos meses do ano foram os melhores da piscicultura nos últimos anos. O consumo interno cresceu com consistência e o setor respondeu com maior oferta. Como resultado, os preços aos produtores

ficaram em níveis consistentes e os elos da cadeia puderam não apenas recuperar os prejuízos da primeira parte do ano, mas avançar e fechar o balanço no azul. O resultado somente não foi melhor devido à pressão dos custos, especialmente das matériasprimas importantes para composição da ração que sentiram a alta do dólar. Esse é o diagnóstico da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), cujos números do mais recente Anuário Estatístico, mais uma vez, mostraram um cenário descolado da realidade

apresentada pelo IBGE. Conforme a entidade privada, a tilápia cresceu 12,5%, para 486,155 mil toneladas, principalmente por conta do aumento da demanda no último trimestre de 2020. Com isso, ela passou a representar 60,6% do total (802.930 toneladas) – em 2019, representava 57% e, em 2018, 54,1%. “Em 2020, a tilápia volta a crescer dois dígitos. Pelos alojamentos que já temos em janeiro e fevereiro e o que ocorreu em novembro e dezembro, continuaremos a crescer dois dígitos”, indica Francisco Medeiros, presidenteexecutivo da Peixe BR.


GRÁFICO EVOLUTIVO DO VOLUME PRODUZIDO (TON) X REGIÃO | PEIXE BR (2014 A 2020) X IBGE (2014 A 2019) Peixe BR Norte

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Peixe BR Sul

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200.000 178.500

180.170 171.795

158.900 151.600

150.000

147.673 139.128

134.800

128.800

133.500

123.500

117.368

123.000

116.000

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153.020

152.430 149.745

141.153

120.670

140.772

127.330

112.490

110.200

98.808

97.214

111.400

90.047

86.709

88.118

85.301

79.958

84.176

54.393

138.980

115.300

103.830

61.557

149.804

124.120

101.500

72.345

151.240 152.096

122.000

104.144

88.264

144.159 134.330

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164.560

92.388

71.973 63.840

63.736

2016

2018

111.312

96.520 91.495 68.351

50.000 2014

2020

Fonte: Anuário Peixe BR 2021 e IBGE 2020 | Elaboração: Seafood Brasil

Pescados com qualidade

Um empr a respe esa que ita o mei ambi ente o

Matéria-prima da melhor procedência, ótimas práticas de fabricação, instalações que respeitam a legislação e equipamentos de congelamento ultrarrápido são alguns dos fatores que garantem o padrão de qualidade Natubrás. São camarões, lulas, mexilhões, polvos e cortes nobres de peixes, em embalagens práticas e seguras ao consumidor.

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SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

45

do Exija cedor e n for seu alidade a qu dutos pro dos ás ubr Nat

O sabor que faz a diferença


Estatísticas VARIAÇÃO POR GRUPOS DE ESPÉCIES 2017 X 2018 | PEIXEBR Ainda na esteira de 2019, o ano passado não foi, novamente, muito positivo para os peixes nativos. A produção do segmento atingiu 278.671 toneladas em 2020, um recuo de 3,2% em relação às 287.930 toneladas do ano anterior. Conforme a Peixe BR, foram 9.259 toneladas a menos de um ano para o outro. Em 2018, a produção de peixes nativos recuou 4,7%; em 2019 houve aumento de apenas 20 toneladas. Com esse desempenho negativo, cai para 34,7% a participação do segmento no geral. 2021 aponta para um equilíbrio, já que os peixes nativos tiveram comercialização estável na Semana Santa. Não há explosão de vendas de 2019 para trás e o produto segue com baixo índice de industrialização, com venda concentrada em feiras livres de Belém e Manaus.

4,7% Carpas, trutas e panga Nativos (tambaqui, pintado, pirarucu e híbridos)

34,7%

60,5%

Tilápia

Fonte: Anuário Peixe BR 2021 | Elaboração: Seafood Brasil

ESTADOS X VOLUMES (T.) X ESPÉCIES | PEIXE BR 2020

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 46

#

ESTADO

TILÁPIA

NATIVOS

OUTROS*

1

PARANÁ

166.000

3.800

2.200

2

SÃO PAULO

70.500

3.500

600

3

RONDÔNIA

0

65.500

0

4

SANTA CATARINA

40.059

3.092

8549

5

MARANHÃO

4.200

40.800

2.700

6

MATO GROSSO

4.500

42.000

300

7

MINAS GERAIS

42.100

1.400

800

8

MATO GROSSO DO SUL

29.090

3.200

100

9

BAHIA

27.000

3.200

70

10

GOIÁS

18.082

11.860

120

11

PERNAMBUCO

27.200

50

25

12

RIO GRANDE DO SUL

7.292

1.700

17110

13

PARÁ

400

24.900

100

14

AMAZONAS

0

21.500

0 3.250

15

PIAUÍ

7.700

9.300

16

ESPÍRITO SANTO

17.882

650

0

17

RORAIMA

0

17.500

0

18

TOCANTINS

80

14.724

0

19

CEARÁ

5.500

0

0

20

ALAGOAS

7.300

2.500

200

21

ACRE

60

4.000

0

22

SERGIPE

1.500

2.050

250

23

RIO DE JANEIRO

3.100

90

150

24

RIO GRANDE DO NORTE

1.700

80

1500

25

PARAÍBA

3.050

35

80

26

DISTRITO FEDERAL

1.780

280

0

27

AMAPÁ

80

960

0

Fonte: Anuário Peixe BR 2021 | Elaboração: Seafood Brasil

No desempenho por Estados, com a produção de tilápia crescendo 11,5%, o Paraná segue na liderança na produção de peixes de cultivo no Brasil. Em 2020, os paranaenses produziram 172.000 toneladas em 2020, contra 154.200 toneladas no ano anterior, um salto de 11,5%. São Paulo aparece logo atrás com um saldo positivo de 6,9% em 2020, retrato de uma elevação da produção da região para 74.600 toneladas no ano passado. Rondônia aparece como o maior produtor de peixes nativos (tambaqui e híbridos) do Brasil, com 65.500 toneladas. Apesar de a produção ter recuado 4,8% em 2020, o Estado mantém-se na 3ª posição do ranking estadual. Todos os Estados brasileiros (com exceção do Ceará) têm produção de peixes nativos, de acordo com o levantamento da Peixe BR. Essa presença nacional é considerado um fator positivo para impulsionar o segmento nos próximos anos. Em relação a outras espécies, os Estados do Piauí e Maranhão tornam-se centros de produção cada vez mais importantes para o pangasius. Já as carpas e trutas, mais presentes na região Sul, tiveram a produção estável em 2020. As espécies, apesar de representar a maior parcela das “Outras Espécies” estão relativamente estabilizadas. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os líderes na produção do segmento.


SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

47


Estatísticas PRODUÇÃO DA PISCICULTURA NO BRASIL | 2016 A 2020 | IBGE* X PEIXE BR 2016

2017

IBGE

PEIXE BR

IBGE

PEIXE BR

TOTAL

507.122

4,42%

640.510

0,39%

547.162

-14,57%

691.700

7,99%

Estado

TON

Var. %

TON

Var. %

TON

Var. %

TON

Var. %

1

Paraná

76.065

9,82%

93.600

17,00%

98.201

9,82%

112.000

19,66%

2

São Paulo

48.347

47,52%

65.400

9,00%

47.608

47,52%

69.500

6,27%

3

Rondônia

90.636

7,27%

74.750

15,00%

39.884

7,27%

77.000

3,01%

4

Santa Catarina

34.706

4,19%

38.830

10,00%

52.618

4,19%

44.500

14,60%

5

Maranhão

24.427

15,39%

24.150

5,00%

27.979

15,39%

26.500

9,73%

6

Mato Grosso

40.412

-14,81%

59.900

-19,05%

36.609

-14,81%

62.000

3,51%

7

Minas Gerais

32.804

57,42%

23.000

-8,00%

31.327

57,42%

29.000

26,09%

8

Mato Grosso do Sul

6.891

1,60%

24.150

5,00%

18.041

1,60%

25.500

5,59%

9

Bahia

10.762

-6,44%

25.500

2,00%

18.168

-6,44%

27.500

7,84%

10

Goiás

15.472

-1,06%

34.000

0,00%

16.503

-1,06%

33.000

-2,94%

11

Pernambuco

6.580

-0,69%

12.100

10,00%

22.792

-0,69%

17.000

40,50%

12

Rio Grande do Sul

14.689

-0,70%

20.000

2,56%

13.741

-0,70%

22.000

10,00%

13

Pará

12.909

-7,66%

19.080

6,00%

12.269

-7,66%

20.000

4,82%

14

Amazonas

21.079

-6,88%

27.500

10,00%

7.574

-6,88%

28.000

1,82%

15

Piauí

8.807

7,39%

17.000

6,25%

10.402

7,39%

18.000

5,88%

16

Espírito Santo

5.357

-19,68%

10.800

-10,00%

3.751

-19,68%

12.000

11,11%

17

Roraima

10.473

-4,60%

14.700

-30,00%

9.379

-4,60%

16.000

8,84%

18

Tocantins

9.544

7,61%

15.200

-5,00%

11.542

7,61%

14.500

-4,61%

19

Alagoas

4.371

24,30%

2.830

4,81%

11.648

24,30%

3.500

23,67%

20

Ceará

17.371

-37,73%

12.000

-57,14%

22.087

-37,73%

7.000

-41,67%

21

Acre

4.418

-27,25%

7.020

17,00%

3.899

-27,25%

8.000

13,96%

22

Sergipe

3.119

3,06%

6.100

-6,15%

5.479

3,06%

6.600

8,20%

23

Rio de Janeiro

1.610

26,04%

4.630

2,89%

1.490

26,04%

4.800

3,67%

24

Rio Grande do Norte

2.390

-4,62%

2.500

-24,24%

17.607

-4,62%

2.300

-8,00%

25

Paraíba

2.131

-5,95%

2.500

127,27%

4.993

-5,95%

3.000

20,00%

26

Distrito Federal

1.066

-57,13%

2.620

4,80%

820

-57,13%

1.500

-42,75%

27

Amapá

686

6,18%

650

8,33%

754

6,18%

1.000

53,85%

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 48

¹Até o fechamento desta edição, os dados mais recentes da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE eram relativos a 2019

Ceará, Distrito Federal e Espírito Santo representaram as maiores altas na produção da piscicultura em 2020, segundo a Peixe BR. Os dois primeiros saíram de um patamar baixo, mas apuraram altas de 175% e 37,33%, de 2000 toneladas para 5.500 toneladas, e 1500 toneladas para 2060 toneladas, respectivamente. Enquanto o reservatório do Castanhão ensaia uma recuperação com as novas águas do São Francisco em 2021, a capital federal segue incrementando a disponibilidade de peixe local para abastecer as feiras livres locais.

Os destaques positivos continuam a ser os Estados de liderança, mas é importante ressaltar a recuperação de Minas Gerais, após anos de crise hídrica, que chegou em 2020 a 44.300 toneladas, aumento de 14,77%. A maior parte dos Estados subiu e apurou bom desempenho, mas vale o registro para as quedas de Rondônia e Mato Grosso (-4,80% e -5,26%) – provavelmente motivadas pelas restrições ao funcionamento das feiras livres no Norte e Centro-Oeste e o desempenho instável dos peixes nativos.

A comparação com o IBGE, já salientada em edições anteriores da Seafood Brasil, serve para evidenciar a disparidade das duas bases de dados disponíveis para conhecermos a evolução da piscicultura no Brasil. Embora não tenhamos ainda os dados do IBGE relativos a 2020, a tabela desta página e o gráfico da pág. 45 mostram não apenas uma disparidade nos números finais, mas uma enorme diferença nas tendências. Enquanto no monitoramento da Peixe BR, Nordeste e Sul cresceram em 2019, ambas as Regiões caíram de acordo com o IBGE. O que explica tamanha diferença?


2019 PEIXE BR

IBGE

PEIXE BR

PEIXE BR

579.262

5,87%

722.560

4,46%

529.621

-8,57%

758.006

4,91%

802.930

5,93%

TON

Var. %

TON

Var. %

TON

Var. %

TON

Var. %

TON

Var. %

121.479

23,70%

129.900

15,98%

126.608

4,22%

154.200

18,71%

172.000

11,54%

51.628

8,44%

73.200

5,32%

50.855

-1,50%

69.800

-4,64%

74.600

6,88%

50.181

25,82%

72.800

-5,45%

48.766

-2,82%

68.800

-5,49%

65.500

-4,80%

44.445

-15,53%

45.700

2,70%

32.499

-26,88%

50.200

9,85%

51.700

2,99%

27.699

-1,00%

39.050

47,36%

28.518

2,96%

45.000

15,24%

47.700

6,00%

33.975

-7,20%

54.510

-12,08%

33.989

0,04%

49.400

-9,37%

46.800

-5,26%

35.429

13,10%

33.150

14,31%

36.217

2,22%

38.600

16,44%

44.300

14,77%

13.891

-23,00%

25.850

1,37%

18.149

30,65%

29.800

15,28%

32.390

8,69%

15.351

-15,51%

30.460

10,76%

14.700

-4,24%

28.600

-6,11%

30.270

5,84%

15.537

-5,85%

30.630

-7,18%

15.303

-1,51%

29.500

-3,69%

30.062

1,91%

22.789

-0,01%

23.470

38,06%

19.866

-12,83%

25.500

8,65%

27.275

6,96%

14.246

3,67%

23.000

4,55%

14.944

4,90%

25.000

8,70%

26.102

4,41%

13.631

11,10%

23.720

18,60%

14.084

3,33%

25.500

7,50%

25.400

-0,39%

8.162

7,77%

15.270

-45,46%

7.982

-2,21%

20.596

34,88%

21.500

4,39%

13.127

26,20%

19.310

7,28%

11.477

-12,57%

19.890

3,00%

20.250

1,81%

4.073

8,59%

13.190

9,92%

3.911

-3,98%

14.230

7,88%

18.532

30,23%

10.818

15,35%

17.100

6,88%

11.056

2,20%

18.400

7,60%

17.500

-4,89%

11.367

-1,51%

14.600

0,69%

10.963

-3,56%

13.300

-8,90%

14.804

11,31%

9.344

-19,78%

8.250

135,71%

9.788

4,75%

8.000

-3,03%

10.000

25,00%

24.197

9,55%

4.900

-30,00%

5.884

-75,68%

2.000

-59,18%

5.500

175,00%

3.826

-1,88%

8.500

6,25%

3.629

-5,14%

4.400

-48,24%

4.060

-7,73%

4.372

-20,20%

3.550

-46,21%

1.433

-67,23%

3.690

3,94%

3.800

2,98%

1.258

-15,60%

4.580

-4,58%

1.410

12,10%

4.700

2,62%

3.340

-28,94%

22.165

25,89%

2.410

4,78%

2.707

-87,79%

3.200

32,78%

3.280

2,50%

5.116

2,47%

2.930

-2,33%

2.380

-53,48%

3.100

5,80%

3.165

2,10%

334

-59,33%

1.500

0,00%

1.642

392,32%

1.500

0,00%

2.060

37,33%

823

9,24%

1.030

3,00%

861

4,57%

1.100

6,80%

1.040

-5,45%

Fonte: Anuário Peixe BR 2021 e IBGE | Elaboração: Seafood Brasil

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IBGE

2020

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2018


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Direto da Produção Pesqueiro Taquari, em São Roque (SP): pandemia acelerou transformações determinantes para a sobrevivência destes espaços

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 • 52

No meio do caminho, uma pandemia


Na luta para se manter em operação, pesqueiros se ressentem dos reflexos da pandemia em pleno momento de ascensão de frequentadores nos últimos anos Texto: Fabi Fonseca

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Desde a década de 90, Camis vem criando formas de trazer mais pessoas a estes locais e, não apenas como frequentadores, mas também como proprietários de pesqueiros. Ele dá a esses estabelecimentos um protagonismo no desenvolvimento da aquicultura no Brasil. “Se você for fazer uma análise, na época, os pesqueiros eram os maiores compradores de produtos de aquicultura, pois não adiantava você ter um peixe de extrativismo e colocar no teu pesqueiro:

Ainda fazendo um paralelo com o passado, Milton Suzukayma, proprietário do pesqueiro Pouso Alegre, em Ribeirão Pires (SP), conta que também começou sua história no setor justamente na época do surgimento dos primeiros estabelecimentos em São Paulo. Para ele, o auge já passou e o que o setor vivia no pré-pandemia era considerado uma estagnação, justificada pela saturação na área. “A gente começou no início da moda de pesqueiros e havia poucos na região ainda. Mas hoje em dia, parece uma pizzaria. Em toda poça d’água tem um pesqueiro. Acho que a fase boa foi até 2008. Depois disso a gente vem sobrevivendo”. Camis avalia que muita gente já quebrou no caminho. “O setor já teve seu boom, onde qualquer pessoa que tinha uma poça, abria pesqueiro, sem critério, simplesmente criando um modismo. Mas, houve uma quebra geral em todo o segmento”. Em uma linha mais otimista, Claudio Luciano, gerente do Centro de Pesca Taquari, em São Roque (SP), avalia que o desempenho do estabelecimento nos últimos anos foi positivo e segue a crescente do setor. “Com o passar do tempo, a gente ficou focado e preocupado com o negócio, onde acabamos aprendendo

53

Os pesque-e-pague tiveram de se reinventar com a industrialização do setor a partir da década passada. Para o consultor Wagner Camis, no prépandemia o setor vivia um equilíbrio depois de anos em segundo plano como atividade de lazer. Ele vivenciou a primeira época dos estabelecimentos do gênero em São Paulo, na década de 80. Em 1986, o aquicultor recémformado em zootecnia avaliava que abrir um pesqueiro fez parte de sua estratégia profissional. “Eu sempre procurei um porto seguro. Assim, as pessoas iriam atrás de mim ao invés de eu ir atrás delas”, ponderou.

esse peixe tinha que permanecer vivo”, relembra. Então, em sua visão, o primeiro ponto que deu início e ajudou a alavancar a piscicultura foram os pesqueiros. “Isso permitiu também que o consumidor passasse a conhecer o peixe de aquicultura, já que o pesqueiro também era um meio de divulgação do setor”, falou. E assim o faz até hoje. Afinal, o pesqueiro de Camis, o Recanto Sol Nascente, em Jacareí (SP), é o principal destino da produção de sua aquicultura.

SEAFOOD BRASIL • FEV/MAR 2021 •

N

ada melhor do que um bom pesqueiro para ter garantia de turismo, gastronomia e lazer em um só lugar. Na gangorra do tempo, esses espaços que tiveram seu auge na década de 90 acompanhavam até 2019 aumento do número de frequentadores, com os locais investindo fortemente em estrutura, conexões gastronômicas, peixes maiores e espécies mais raras. Entretanto, como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade: “No meio do caminho tinha uma pedra”. A pedra é uma pandemia com efeitos prolongados que conteve todos os planos de expansão do lazer peixeiro.


Direto da Produção

Inaugurado bem no meio da pandemia, Recanto Sol Nascente foi projetado para ser “pesqueiro conceito”

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e crescendo muito”, conta. Para ele, como o desempenho está muito agregado aos valores de cuidado com o peixe, eles acabaram aprendendo a cuidar melhor da água, a fazer a limpeza adequada do lago e a cuidar do peixe, o que reflete na melhora do setor. “Por isso hoje, temos uma equipe só para cuidar do peixe, que automaticamente cuida melhor também do pescador”, declarou. A dinâmica também é similar fora de São Paulo. Fundado no ano de 2015, o PesquePague 3 Lagos é um estabelecimento misto com pesque-pague e pesca esportiva em Joinville (SC) que oferece uma visão mais contemporânea desse setor. O pesqueiro está localizado em uma área antes utilizada para plantação de arroz, mas que agora oferece “calmaria e contato com a natureza”, como descreve o gerente Luan Meris. Para ele, estes atributos acabam chamando ultimamente as pessoas para os pesqueiros e consequentemente, devolvendo o protagonismo ao setor. “Percebemos que ao longo dos anos, o pesqueiro vem crescendo cada vez mais e atraindo turistas de todos os lugares do Brasil”, analisou.

Pesque-e-solte sai na frente Antes de a pandemia impactar o setor, uma tendência observada era a alta da preferência dos clientes pela pesca esportiva. Taiana Manenti, administradora do Recanto Treze Lagoas, explica que o pesqueiro foi inaugurado em abril de 2014, atendendo como pesque-e-pague, restaurante e pesca esportiva em uma área rural na divisa da cidade de Blumenau com Massaranduba, ambas em Santa Catarina. Entretanto, em 2019, o local passou a atender somente a pesca esportiva. Com uma extensa variedade de espécies, os 20 pescadores que são recebidos em média por final de semana são obrigados a devolver os peixes pegos para a lagoa, prática essa que faz parte da Observando a tendência do mercado, o Recanto Treze Lagoas nasceu como modelo misto, mas passou a atender somente pesca esportiva


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Direto da Produção

Pesqueiros para todas as varas de pescar O apresentador da FishTV Kleber Sanches, explica que hoje existem diferentes públicos nos pesqueiros, o que também vai ao encontro do regime de funcionamento adotado. Há locais que preferem trabalhar só com pesca esportiva, recebendo geralmente um público diferente daquele pescador que frequenta os pesque-e-pague ou pesca por diária, onde se pode levar o peixe para casa. Já a pesca esportiva atrai cada vez mais famílias, casais, pais e filhos, que buscam lazer e contato com a natureza, através do esporte. O público do pesque-e-pague e, principalmente da pesca por diária, buscam o alimento e querem levar o peixe para comer. O que para ele, “ainda é uma visão um pouco mais primitiva, se for analisar a evolução dos pesqueiros.”

Arquivo pessoal

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Também com foco na pesca esportiva, o Pesqueiro São Luiz, localizado na Grande São Paulo, optou por este tipo de estabelecimento justamente por ser a modalidade “mais procurada e a menos onerosa”, como conta a proprietária Giane. Para ela, o bônus deste estilo é não ter a

José Wanderley Barbaresco, gerente geral do Pesqueiro e Pousada Toca da Onça, em Aquidauana (MS), conta que o turismo de pesca e passeios pelo rio Aquidauana costumam atrair um grande público para a propriedade. E adivinha qual é a preferência dos visitantes? “Já não temos mais aqueles turistas que só vinham para levar peixes em quantidade. E hoje, a grande maioria é formada por adeptos da pesca esportiva”, comentou. Entretanto, apesar da alta da pesca esportiva, o consultor Wagner Camis destaca que existem outras tendências, como o pesqueiro de beira de represa com um estilo misto entre aquicultura e pesqueiro. “Muitos produtores passaram a explorar esse tipo de pesqueiro. É um pesqueiro que não se cobra pelo quilo do peixe, mas apenas pelo acesso ao reservatório.”

Para Kleber Sanches, da FishTV, crescimento da pesca esportiva impulsionou pesqueiros

pesca esportiva. “A procura por essa modalidade vem crescendo bastante e consequentemente, a abertura de novos pesqueiros também. Digo isto em vista da nossa região. Aqui, muitos lugares que trabalhavam com pesquee-pague e torneios de pesca passaram a trabalhar com a pesca esportiva também”, falou.

explica que hoje, os clientes de pesque-pague (principalmente os idosos e aposentados), procuram por pesqueiros que não cobram a taxa de entrada ou que trabalham por “cotas”, em que o pescador paga primeiro a cota escolhida de peixes para pescar. Por isso, a forma encontrada pelos pesqueiros para contornar essa situação foi investir na pesca esportiva, onde o atrativo são os peixes grandes.

necessidade de repor os peixes como no sistema pesque-e-pague. Mesmo assim, ela também vê uma queda no desempenho geral. “Nos últimos anos, após a crise econômica entre 2016 e 2017 que afetou o poder aquisitivo das pessoas, houve uma queda brusca do movimento. Consequentemente, os segmentos de lazer foram para segundo ou terceiro plano.” Giane ressalta que o perfil dos clientes que frequentam os pesqueiros também mudou ao longo dos anos. “Quando inauguramos, nossos clientes eram, na sua maioria, aposentados e idosos. Hoje, a faixa etária está entre 20-50 anos”. Ela

Entendendo que mesclar os estilos é uma boa saída, o Centro de Pesca Taquari oferece os serviços de pesque-epague e pesca esportiva, mas também possibilita o usuário a pescar e levar o seu peixe, pagando de acordo com o quilo e a espécie. Mas, como ressalta o gerente Claudio Luciano, cerca de 99% dos frequentadores do local ainda são pescadores esportivos. “A gente vende pouco peixe. Então, o nosso negócio é mesmo a pescaria esportiva.” Dentro deste contexto, é muito normal usar a produção como uma maneira de alavancar esse local. Mas, como completa Camis, nem todas essas propriedades têm condições de serem pesqueiros. “Todo pesqueiro é uma piscicultura, mas nem toda piscicultura é um pesqueiro”, afirma.


Os tipos mais comuns de pesqueiros

pela quantidade de peixes que o pescador fisga.

Pesca por cota: o pescador paga na entrada uma taxa que dá direito a ele a escolher a uma cota de peixes para pescar.

Pesca esportiva: peixe é pescado, mas devolvido vivo à natureza.

Pesca mista: nesse sistema, o pesqueiro funciona com mais de uma das modalidades anteriores.

Fonte: consultados durante a matéria

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modalidade em que se paga

Pesca por diária: o pescador paga somente a entrada e tudo o que pesca ele leva para casa sem custo adicional.

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Pesque-e-pague:


Direto da Produção

O Pesque-Pague 3 Lagos apostou no modelo misto para atender os pescadores em Joinville (SC)

Arquivo pessoal

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de um ano de restrições, os pesque-epague foram extremamente afetados pelo medo das pessoas. Seu pesqueiro, o Recanto Sol Nascente, foi inaugurado em maio do ano passado, ou seja, bem no meio da pandemia. “Ou seja, não tivemos uma grande estreia. Agora, é esperar que a pandemia passe para voltar a crescer”, projeta.

Em São Roque (SP), o Taquari também oferece uma estrutura completa aos frequentadores, o que para o gerente Claudio Luciano ajuda a reforçar a diversidade de público dentro dos pesqueiros

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Pedra no anzol Os pesqueiros sofrem gravemente com as restrições de isolamento e lockdown provocados pela pandemia da Covid-19. Alguns dos estabelecimentos consultados inclusive se recusaram a dar entrevistas para esta matéria, por decidirem operar na clandestinidade durante a pandemia. Não é o caso do pesqueiro Treze Lagoas. A administradora Taiana Manenti revela que a busca pela pesca caiu muito, isso porque as pessoas

estavam - e ainda estão - com muito medo de sair. “O pesqueiro teve que ficar um tempo fechado, o que afetou bastante a parte financeira. Porém, como atendemos somente com reservas, fica mais fácil de trabalhar”, detalha. “Depois de um ano conturbado como foi 2020, só queremos que tudo volte ao normal”, planeja. Wagner Camis explica que a pandemia da Covid-19 teve um impacto considerável no setor de pontos de vista diferentes. Do lado negativo, em mais

Mas do lado produtor, Camis conta que 2020 surpreendeu positivamente: se em meados de março os pesqueiros sofreram com a parada total, as vendas de pescado foram impulsionadas pela falta de opções de proteínas mais baratas e pela alta do dólar que, com a alta dos produtos importados, consequentemente direcionou o consumidor para o pescado nacional. “O negócio começou a engrenar de tal maneira que eu tive um aumento em torno de 200% no volume de vendas.” Para ele, as restrições no início da pandemia também deixaram as pessoas sem opção de lazer, levandoas a frequentar mais os pesqueiros e, inevitavelmente, a consumir mais peixe. E essa é uma avaliação parecida com a de José Wanderley Barbaresco. Ele revela que quando não estavam em lockdown, o isolamento nas cidades levou as pessoas a procurarem a área rural, o que fez saltarem as visitas ao Pesqueiro e Pousada Toca da Onça. “Então, o orçamento anual não foi muito afetado. Diminuiu o fluxo de turistas de outros Estados e do exterior, porém, o turismo caseiro regional aumentou bastante.” Luan Meris, do Pesque-Pague 3 Lagos, compartilha do mesmo ponto de vista. Ele conta que quando não está em Fase Vermelha com a proibição da abertura, o pesque-pague teve uma grande procura no período, o que parece estar associado ao fato de ser localizado mais distantes dos centros urbanos, embora os decretos tenham


obrigado o fechamento por quase 3 meses. Já nas eventuais aberturas, a capacidade total de clientes foi reduzida para 25%. “O público está entendendo a causa e estamos prevenindo. Aos poucos, as coisas vão voltando ao normal. Esperamos que em 2021 a situação melhore”, estimou.

As outras pedras do caminho Antes da pandemia chegar, os pesqueiros, em geral, já tinham as suas pedras pelo caminho. Na busca pela retomada, porém, as adversidades foram potencializadas pela crise sanitária. José Wanderley Barbaresco, de Aquidauana (MS), já sentia as dificuldades com a baixa temporada - que acontece nos períodos das chuvas no Pantanal. Outro entrave de quem trabalha na atividade é a época da piracema, quando os locais ficam em torno de 4 meses com a pesca proibida. “Para suprir isso, temos de fazer um caixa na alta temporada

(julho, agosto, setembro e outubro) para equilibrar o orçamento”. As baixas temperaturas do ano também são desafios para o Centro de Pesca Taquari, em São Roque. O gerente Luciano explica que é preciso elaborar formas de atrair o pescado para o local no inverno. “O pescador não vem ao pesqueiro para pescar [no inverno]”, diz. “Então agora, nesse exato momento, estamos fazendo melhorias estruturais em nossos chalés, restaurante e recepção para quem sabe, no inverno, a gente consiga agregar um público diferenciado, aquele que não está tão interessado na pesca, mas que busca estar bem acolhido no campo com o conforto e luxo da cidade”, completou Já no estabelecimento de pesca esportiva da Grande São Paulo, a proprietária Giane ressalta outras

dificuldades já encontradas, como os investimentos constantes para melhorias do local e a maior de todas, a sazonalidade. “É uma época difícil para manter até mesmo as despesas fixas, uma vez que o movimento despencou cerca de 60%”, revelou. Outro vilão do período é o preço da ração. O consultor Wagner Camis observa que o insumo já vinha estabilizado no reajuste anual, mas no ano passado sofreu um “reajuste violento’’. Exemplificando esse cenário, segundo Luan Meris, do Pesque e Pague 3 Lagos, o preço da ração de 25 kg saltou de R$ 65 para R$ 80. “A gente compra em grande quantidade e, com isso, sentimos bastante o reajuste. Pagamos em torno de R$ 20 mil em ração por mês”, contou o gerente do local. Também à frente de um pesqueiro com modelo misto e há 26 anos no setor,

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Filé de Panga

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Direto da Produção

5 entraves que dificultam o crescimento dos pesqueiros

o proprietário de Pouso Alegre, em Ribeirão Pires (SP), Milton Suzukayma ressalta que o preço da ração tem prejudicado muito o desempenho do seu estabelecimento. “Antes da pandemia, eu pagava por volta de R$ 50 no saco. Hoje, estou pagando cerca de R$ 90, o que aumenta bastante o nosso custo”, falou.

Potencial para todos os gostos

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Mas no caminho dos pesqueiros não se encontram somente pedras. Há também muitas oportunidades para eles crescerem com hotelaria, gastronomia e lazer, fatores esses que hoje, influenciam muito quem opta por frequentar qualquer pesqueiro. Estes são justamente os pontos que o recéminaugurado Recanto Sol Nascente, de Wagner Camis, está apostando para fisgar mais clientes na pós-pandemia. Após uma longa reforma, o local se tornou um “Pesqueiro Conceito”. Na parte de gastronomia, o estabelecimento de Camis focou justamente no peixe. “Com a pandemia, a gente deu uma diminuída, mas sempre estamos fazendo pratos em volta da tilápia”. Segundo ele, a ideia é trazer posteriormente outras espécies de pescado como salmão, pirarucu, camarão, lula etc. Segundo Camis, a ideia também é fazer uso de mais tecnologia no empreendimento, trabalhando com recirculação de água, uso de biorremediador, práticas

Sazonalidade também é problema no pesqueiro Pesqueiro São Luiz, que chega a ter queda de movimento de cerca de 60% nesse período

de culinária, horta própria e uma série de outros detalhes pensados por anos. “Mas por causa do momento atual, ainda não fizemos nenhuma divulgação das atrações para evitar que um grande número de pessoas se dirija ao local”, diz. Já quem for ao Pesqueiro e Pousada Toca da Onça, gerenciado por Barbaresco, poderá usufruir dos 25 hectares da propriedade. Deste espaço, 5 hectares são de edificações, com restaurantes, casa sede, chalés e casas para acomodar os turistas - já os outros hectares, como explica o gerente, são de área verde com vegetação nativa. “E, para quem deseja uma experiência

mais completa, disponibilizamos ainda embarcações com guias de pesca de vasta experiência e conhecimento da região”, revela. Em São Roque, o Taquari também oferece uma estrutura completa aos frequentadores, o que para o gerente Claudio Luciano ajuda a reforçar a diversidade de público dentro dos pesqueiros. “Há 6 anos, dificilmente a gente iria ver famílias com mulheres e crianças no pesqueiro porque normalmente, só vinha aquele pescador que gostava de pescar. Agora, como o conceito de lazer é muito mais amplo, os locais estão se estruturando bem para ganharem mais espaços”, analisa. Por isso, a pessoa que gosta de pescar, acaba levando toda sua família, justamente porque o lugar tem piscina, playground, restaurante e, como é o caso do Taquari, chalés onde as pessoas conseguem passar um final de semana com vários atrativos. “Consequentemente, o pesqueiro consegue ganhar novos pescadores e pescadoras”, comemorou. Independentemente do estilo de pesqueiro, atrativos como lazer, hotelaria e gastronomia, são diferenciais que agregam muito a esses locais, sendo

Arquivo pessoal

Fonte: consultados durante a matéria

Arquivo pessoal

Alta do preço da ração Fatores ambientais e climáticos (piracema, períodos de chuva e inverno) Sazonalidade Investimento para melhorias dos locais Alto custo de manutenção

Proprietário do Pouso Alegre, em Ribeirão Pires (SP), Milton Suzukayma ressalta que o preço da ração tem prejudicado muito o desempenho do seu estabelecimento


Pesqueiro e Pousada Toca da Onça tem 25 hectares de propriedade. Destas, 5 hectares são edificações, com restaurantes, casa sede, chalés e casas para acomodar os turistas

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A pandemia esgotou os recursos e o ânimo de muitos, mas outros não entregaram os pontos. De novo, como disse o poeta, “nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas”. Apesar das pedras no caminho, os pesqueiros vão trilhando um caminho de renovação à espera de novos dias.

Arquivo pessoal

determinantes para seus frequentadores. Como ressalta a proprietária Giane, mesmo não possuindo hospedagem e nem gastronomia no seu estabelecimento, ela reforça que essas opções também são formas de suprir as dificuldades enfrentadas pelos pesqueiros durante a sazonalidade, “uma vez que não vai somente o pescador [ao pesqueiro], mas a família toda e gerando muito mais lucro ao empreendimento”.


Na Cozinha

Peixe é comida de

Hábitos de consumo na infância refletem ações e entraves dos responsáveis pelas crianças, as escolas, os governos, as indústrias e os mercados

Fabi Fonseca

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criança?


Para aumentar e facilitar o acesso a estes hábitos de consumo na infância, os responsáveis pelas crianças, as escolas, os governos, as indústrias e os mercados precisam agir em conjunto de forma a superar os entraves. No Brasil, organizações públicas e particulares apostam em publicações e diretrizes para este estímulo. Em março de 2021, o Ministério da Saúde lançou a versão de bolso do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos. A publicação completa é de 2019, mas a versão de bolso reúne

Outro caminho é a implantação de leis para inserção na merenda escolar – afinal, o pescado não faz parte da realidade de muitas das escolas espalhadas pelo País. Como exemplo, podemos citar a Lei sancionada em agosto do ano passado pelo Governo do Rio Grande do Norte que permite, duas vezes na semana, a inclusão do pescado oriundo da agricultura familiar no cardápio da alimentação escolar das instituições públicas de ensino. Itanhaém (SP) foi a primeira cidade do Estado a inserir a carne de peixe na alimentação escolar por meio da tecnologia de Carne Mecanicamente Separada (CMS) de pescado. O projeto, conduzido pelo IPesca, foi considerado a melhor pesquisa científica no Prêmio Josué de Castro de Combate à Fome e à Desnutrição de 2016. As diretrizes para o aumento do consumo infantil em prol de uma vida mais saudável podem ser reforçadas pela academia. Em 22 de dezembro, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) aprovou

Para Paloma Oliveira Garcia, Nutricionista da Alimentação Escolar do Sesi-SP, a merenda escolar é uma importante aliada na diversificação de hábitos de consumo e no favorecimento ao pescado

pesquisa aplicada realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em co-execução com o Instituto de Pesca (IP-APTA) que contará com recursos de R$ 23,8 milhões em cinco anos para discutir a aliança entre pescado e a saúde. De acordo com o professor da USP, Daniel Lemos, líder do projeto, o pescado é um alimento de alto valor nutricional e que pode ajudar a combater um importante problema enfrentado pelo Brasil: a obesidade e suas consequentes implicações de saúde - cerca de 50% da população adulta brasileira está acima do peso e 15% é tida como obesa. Em São Paulo, 45% das crianças e adolescentes estão com sobrepeso ou obesidade infantil,

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De acordo com uma pesquisa recente publicada no site da Seafood Brasil pelo consultor Wilson Santos, o consumo de pescado no Brasil foi de 10,19 kg/per capita/ano em 2020, 10,40 kg em 2019 e 10,62 kg em 2018. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018 no IBGE estimou que temos no Brasil 35,5 milhões de crianças (pessoas de até 12 anos de idade), o que corresponde a 17,1% da população estimada no ano, de cerca de 207 milhões. Cruzando estes dados, temos um consumo per capita infantil no Brasil de 1,81 kg/ ano de pescado - como comparação, a Espanha tem um consumo per capita infantil de 3,26 kg/ano de pescado.

as principais recomendações sobre aleitamento, introdução à alimentação complementar e escolha de alimentos saudáveis. No guia, o pescado aparece no grupo de alimentos recomendados para a criança, justamente por não causar alergia e ser boa fonte de nutrientes. Além disso, recomenda que, a partir do sexto mês, pode-se fazer a introdução do peixe na dieta dos bebês. Conforme uma publicação do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, os especialistas em saúde recomendam incluir o pescado de duas a três vezes por semana para adultos, com porções de 100 g a 120 g, e de uma a duas vezes por semana para as crianças com porções de 30 g a mais, conforme a idade.

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S

e depender apenas do Procurando Nemo, animação infantil da Pixar lançada em 2003 que ainda faz um sucesso danado entre a criançada, os pequenos vão crescer torcendo apenas para os peixes escaparem dos aquários dos dentistas espalhados por aí e voltarem logo para “casa”. A visão de que o pescado, para além do aquarismo, é um alimento gostoso e saudável nem passa pela cabeça de alguns brasileirinhos, que crescem com pouco ou nenhum contato com peixes ou frutos do mar.

Divulgação/Sesi-SP

Texto: Fabi Fonseca


Na Cozinha

segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em parceria com o Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da USP e a LetinMed Editora em Saúde.

Na escola e em casa

Divulgação

O ambiente escolar tem grande importância no desenvolvimento humano, sobretudo pela grande quantidade de horas que as crianças normalmente passam lá ao longo da vida. Paloma Oliveira Garcia, Nutricionista da Alimentação Escolar do Serviço Social da Indústria de São

No Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, o pescado aparece no grupo de alimentos recomendados para a criança por não causar alergia e ser boa fonte de nutrientes

Paulo (Sesi-SP) da Unidade Araras, interior de São Paulo, frisa que a merenda escolar é uma importante aliada na diversificação de hábitos de consumo e no favorecimento ao pescado. “A melhor forma de ensinar as crianças é pelo exemplo. Várias crianças que consomem peixe na alimentação escolar chegam em casa e acabam pedindo para os pais prepararem”. Ela ainda destaca o quanto os nutrientes fornecidos pelo pescado auxiliam no desenvolvimento cognitivo e do sistema nervoso central das crianças, além de fortalecer dentes, ossos e músculos durante a fase de crescimento. Para a nutricionista, peixes de água salgada possuem ácidos graxos (gorduras polinsaturadas benéficas ao organismo), como o Ômega 3, com maior biodisponibilidade

Divulgar os bens do peixe para as crianças também é feito lá fora. Nos Estados Unidos, por exemplo, pela primeira vez, as Diretrizes Dietéticas para Americanos (DGA) 2020-2025 trouxeram no ano passado orientações para bebês e crianças menores de 2 anos. A publicação destacou que “o consumo de peixes e frutos do mar durante a gravidez é recomendado, pois está associado a medidas favoráveis ​​de desenvolvimento cognitivo em crianças pequenas.” Para o DGA, a partir dos 6 meses de idade, a criança pode introduzir peixes e crustáceos, alimentos esses ricos em ferro, zinco, proteína, colina - uma das vitaminas do Complexo B - e ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa. Todos esses nutrientes auxiliam no rápido desenvolvimento do cérebro, que ocorre justamente durante os primeiros 2 anos de vida.

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Incentivo no exterior


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Divulgação/Sesi-SP

Karim Kahn - Divulgação/FIESP/Sesi-SP

Na Cozinha

Responsável por ocupar boa parte do tempo de crianças e jovens, ambiente escolar é determinante no estímulo ao consumo

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Maria Beatriz Lopes Kato vê o alto custo do pescado como entrave para inseri-lo nos hábitos alimentares das famílias e no cardápio escolar

(facilidade de absorção). Dentro desse contexto, algumas pesquisas publicadas indicam que o consumo desse ácido graxo está ligado à melhoria da qualidade do sono em crianças, que por sua vez, melhora o desenvolvimento cerebral dos pequenos. “Independentemente do tipo de peixe, o ideal é preferir o consumo daqueles que apresentem suas características organolépticas favoráveis (como coloração e odor característicos, textura macia característica, sem sinais de alterações) e que sejam de boa procedência’’, orienta. Na visão da pesquisadora do IPApta, Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, as crianças podem ser mais receptivas ao pescado se a escolha começar por espécies com sabor mais suave como a pescada, a tilápia ou o

nutrientes fornecidos pelo pescado auxiliam no desenvolvimento cognitivo e do sistema nervoso central das crianças, além de fortalecer dentes, ossos e músculos durante a fase de crescimento

linguado. Para conquistar o paladar infantil é preciso buscar novas formas de preparo e inovar nas receitas. Neiva sugere o preparo, por exemplo, de iscas ou pedaços de peixes empanados em casa, além das opções ao forno para evitar a fritura. Segundo ela, muitas

crianças têm acompanhado ainda o aumento de consumo de peixes crus, o qual pode acontecer com os cuidados relacionados à manipulação e conservação adequados antes do preparo para que não haja risco de contaminação microbiológica. Mas, além dos hábitos alimentares, o custo do pescado também é um entrave na tentativa de inseri-lo aos hábitos alimentares das famílias e ao cardápio escolar, como conta Maria Beatriz Lopes Kato, da supervisão de nutrição do Sesi-SP. “Se hoje a gente pensar, a carne [bovina] está absurdamente cara. Porém, como o peixe não é hábito, a família corre para a carne, ainda que mais cara”. No entanto, Garcia aponta que com a atual situação econômica, diversos tipos de peixe, até mesmo aqueles em versões enlatadas, acabam se tornando


Infelizmente, o pescado oferecido pelas escolas atendidas pelo Sesi-SP é uma fatia pequena da realidade, menor ainda quando olhamos para toda a rede pública. Em Igarapé-Miri, município ribeirinho no Pará, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Raimundo Emiliano Pantoja apostou em um projeto alimentar para tornar possível o fornecimento de alimentos mais saudáveis para as crianças. No ano passado, a escola foi a primeira

A escola conquistou o prêmio com o projeto “Comer bem e movimentar o corpo com diversão” que traz propostas de atividades físicas e cardápios mais saudáveis. A professora de educação infantil e bióloga Josineide Pantoja da Costa destaca que, com o prêmio majoritário - que não é repassado em dinheiro - possibilitou à escola construir o refeitório e reformar a cozinha. “As

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Exemplo que vem do Pará

do Estado a estar entre as 10 escolas brasileiras contempladas na 3ª edição do Prêmio “Criança mais Saudável” oferecido anualmente pela Nestlé e que contempla todos os anos as 10 melhores iniciativas de professores e escolas municipais e estaduais do Ensino Fundamental I e II de todo o Brasil.

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opções mais viáveis do que algumas carnes, frios e laticínios. “Por isso, cabe aos pais trazer esse hábito para dentro de casa, principalmente se a escola der um bom exemplo.”


Na Cozinha

Escola Raimundo Emiliano Pantoja, no Pará, conseguiu construir refeitório após o prêmio com o projeto “Comer bem e movimentar o corpo com diversão”

crianças não tinham onde lanchar. Na hora do intervalo, cada uma pegava seu copinho e pratinho com a merenda e depois, sentava no chão”. Para ela, o aluno precisa ao menos ter dignidade para comer já que não tem uma dieta saudável. Já a outra parte da premiação foi a realização de formação pedagógica para suporte na execução do projeto.

Arquivo pessoal

A iniciativa escolhe grupos de 10 alunos - apelidados de “Masterchef Jr.” - que são responsáveis por estimular as outras crianças, incentivando na descoberta de novas receitas. Na pandemia, o projeto funcionou assim: os alunos enviavam suas receitas e a professora os reproduzia em vídeos ao vivo. “Nós conseguimos produzir alimentos saudáveis, que atendam ao paladar das crianças como pizzas, bolos, empadas e uma série de alimentos utilizando aveia. Já entre as proteínas, foi possível introduzir opções mais saudáveis como pescado”, revela da Costa. O próximo passo é a realização do encontro com todos os alunos para a degustação - os que provaram já aprovaram. “Estou divulgando e

Para colocar no seu rótulo: benefícios do pescado às crianças Rico em vitaminas (D, A, B12), minerais, nutrientes, proteínas e Ômega 3 Fortalece dentes, ossos e músculos durante a fase de crescimento Melhora a visão Ajuda no desenvolvimento cerebral Previne doenças crônicas, como obesidade e hipertensão Protege contra infecções Melhora a qualidade do sono Dá energia e aumenta a resistência ao cansaço intelectual Fonte: entrevistados durante a matéria

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Auxilia no desenvolvimento cognitivo e sistema nervoso central das crianças


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Na Cozinha

alimentos de antes - já os que faltam são adquiridos em parcerias com empresas locais, parcerias que os próprios professores conseguiram.

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Arquivo pessoal

A expectativa da professora da Costa é que a situação mude em breve. Conforme ela, há sinalização da prefeitura para que a escola tenha essa autonomia de comprar os ingredientes que A professora Josineide Pantoja da Costa ressalta que o maior problema talvez ainda seja o perfil de alimentação julgar necessários. escolar da nutrição nas escolas públicas do Brasil “Não tinha pescado na dieta [escolar] ainda as pessoas já estão interessadas, por conta dessa resistência. Como inclusive escolas que ficaram as crianças não gostam de peixe e orgulhosas em saber que tem isso é muito comum nas residências, uma escolinha em Igarapé-Miri então as escolas não oferecem. Mas, trabalhando com alimentação com toda essa dedicação do projeto, saudável”, completou a professora. a gente conseguiu introduzir e ter uma boa aceitação. Nós estamos Expectativa x Realidade mudando este paradigma com Mesmo os benefícios do pescado pratos modificados”, contou. sendo divulgados constantemente e o seu consumo impactar diretamente à saúde das pessoas e crescimento da indústria e do as crianças podem ser mais setor, muitas regiões do Brasil ainda não conseguiram implementar receptivas ao pescado se a essa dobradinha, como é o caso do escolha começar por espécies município de Igarapé-Miri (PA). Apesar de ser um local rico em pescado e situado em uma região ribeirinha que é, inclusive, uma das principais fontes de renda da cidade, a prefeitura Municipal não incluiu o item à sua lista de produtos para a merenda escolar. A professora Josineide Pantoja da Costa esclarece que, mesmo com o projeto vencedor, a escola continua recebendo os mesmos

com sabor mais suave como a pescada, a tilápia ou o linguado. Para conquistar o paladar infantil é preciso buscar novas formas de preparo e inovar nas receitas

Agora, o maior problema talvez ainda seja o perfil de alimentação escolar nas escolas públicas do Brasil. “A educação pública passa por inúmeras restrições em termos de recursos e isso impacta também na alimentação da criança. O que os Estados e municípios chegam a repassar para as escolas é insuficiente, acaba levando o que é mais barato”, desabafa a professora. Ela conta que sim, há muitas escolas que nem merenda tem, outras que os alunos chegam a passar fome e outras que serviam até alimentos estragados. “Então, o maior entrave é justamente esse repasse feito entre as esferas federais, estaduais e municipais. Até chegar à escola, o que se recebe é o mínimo necessário.”

Criatividade: o arpão que caça os medos Seja por alergias ou pelas famosas espinhas, tudo acompanhado pela falta de hábito, muita criança ainda tem certo “medo” de comer peixe, insegurança essa afirmada pelos adultos. Para quem ainda não se sente seguro em oferecer um peixe para crianças, a aposta dos especialistas é por receitas e cortes de espécies que facilitam a preparação e a retirada das espinhas. “Precisa ter esse cuidado”, pontuou Maria Beatriz Lopes Kato, do Sesi-SP. No padrão adotado pela instituição, o cardápio limita as preparações aos filés de espécies como tilápia, pescada, pangasius ou Saint Peter. O resto é abusar da criatividade. No almoço, por exemplo, ela conta que as preparações com pescado são sempre assados, como o peixe crocante empanado no fubá, que conforme a especialista, é um dos que tem a melhor recepção pelos alunos. Há também o peixe ensopado ao molho de tomate e leite de coco. Já para os lanches, priorizase o atum nos sanduíches e tortas.


Quais peixes favoritos da molecada? Para a criançada, uma das maiores inimigas entre elas e o peixe são as espinhas. Por isso, para os pequenos – e para os adultos que vão oferecer o alimento a elas -, peixe bom é aquele que quase não tem espinhas ou, se tem, são muito fáceis de tirar.

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Badejo Linguado Atum Salmão Surubim Pescada branca

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Cação Pirarucu Pintado Tambaqui Jaú Bagre

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Dentro desse contexto, o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos indica algumas espécies para fisgar a molecada:


Na Cozinha

Sobre o uso restrito aos filés, Kato explica que a recomendação à larga escala é pela facilidade de trabalhar com estes cortes e porque há também a maior aceitação dos alunos. Já na escola do Pará, as receitas elaboradas pelos alunos trazem salada de peixe, sopa de peixe, além de pizzas, salgados e hambúrgueres com o pescado. A nutricionista Paloma Oliveira Garcia destaca a importância de levar em consideração a idade da criança. Para os menores, os peixes podem ser oferecidos em pedaços ou até mesmo desfiados, com atenção especial para retirada das espinhas. “Atentar-se também para o ponto de cocção do peixe, que deve ser bem cozido, com temperatura interna de no mínimo 60°C.”, indica. A especialista ainda indica que abusar das combinações de ervas aromáticas e diversificar as receitas (assado, cozido, empanado, tortas, sanduíches etc.) aumentam muito as chances de aceitação da criança.

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Iniciativas que ajudam fisgar a criançada No ano passado, o tradicional Festival do Pescado e Frutos do Mar da Ceagesp, em São Paulo, ofereceu como atração especial para o Dia das Crianças: hambúrguer de siri acompanhado de batatas smiles. A iniciativa foi justamente para fisgar os pequenos em forma de um alimento que eles dificilmente virariam a cara. Já o mercado de papinhas e marmitas infantis - que salta no País - também está de olho na saúde infantil ao inserir o pescado com outros legumes e verduras no cardápio. Uma reportagem no portal bebê.com.br destacou como o salto no serviço de delivery no ano passado fez

as empresas de alimentação apostarem na criatividade - e no peixe - para conquistar os paladares dos pequenos.

empresa é semanal ou quinzenal, embora isso varie conforme o tamanho do prédio e a localização.

Um exemplo é a Gourmetzinho que, com suporte de especialistas em nutrição e pediatras, oferece a Comidinha do Chef de salmão para diferentes fases da criança – a distribuição é feita no Rio e em São Paulo. Outra que investiu no pescado foi a PFezinho Delivery. Também comandada por uma equipe sob a orientação de nutricionista, o serviço entrega as refeições em São Paulo, Barueri e ABC, e traz opções completas para as crianças como o purê de batata sem leite e peixe ao molho de tomate, além de pratos salgados e doces, comidas veganas e sobremesas.

Para as embalagens, a orientação é: as crianças precisam saber que o pescado é gostoso, mas mais do que nutrientes, elas precisam saber da versatilidade do alimento. Então, trazer receitas práticas e de fácil preparação ajuda a atrair as crianças para dentro da cozinha e isso as aproxima das práticas vivenciadas. Dessa forma, elas se tornam protagonistas e isso estimula a criatividade e curiosidade sobre o que é produzido. “Os responsáveis precisam estar cientes que a criança pode não gostar de peixe ensopado, mas pode adorar um peixe empanado ou assado caprichado no limão. Para gostar, tem que experimentar!” ressaltou Garcia.

O que mais pode ser feito para pescar a molecada? A nutricionista Paloma Oliveira Garcia explica que os produtores, indústrias e varejo podem colaborar ainda mais para o aumento no consumo de pescado na alimentação infantil. Segundo ela, as formas de apresentação “mexem muito com a fome dos olhos” das crianças. Assim, personalizar preparações com tamanhos menores, acabam atraindo este público. A Karam’s Mar atende desde 2008 diversas prefeituras do Estado de São Paulo com o foco no fornecimento de pescado para escolas. “Os produtos que mais agradam ao paladar infantil e que atendem as necessidades nutricionais são cubos de cação e filé de polaca”, comentou Fabio Karam, sócio-diretor. O consumo do pescado nas escolas atendidas pela

Festival do Pescado e Frutos do Mar da Ceagesp ofereceu como atração especial para o Dia das Crianças os hambúrgueres de siri acompanhado de batatas smiles

Por isso, o importante é ofertar os alimentos de diversas formas, por várias vezes e não desistir na primeira recusa. Além disso, é sempre essencial procurar proporcionar um momento agradável durante as ofertas. Ou seja, sem distrações, com atenção no momento da refeição, sem “obrigar” a provar, sem utilizar a comida como moeda de troca e prezando sempre por uma alimentação consciente. “Alimentação é um gesto de cuidado e de carinho. Todo alimento apresentado dentro desse contexto, tem grandes chances de se tornar hábito na vida dos pequenos”, finaliza a nutricionista.

Divulgação

Karim Kahn - FIESP/Sesi-SP

Nutrientes fornecidos pelo pescado auxiliam no desenvolvimento cognitivo e do sistema nervoso central das crianças, além de fortalecer dentes, ossos e músculos durante a fase de crescimento


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Personagem

Alto astral sobre rodas Ex-militar, taxista e garçom: a saga de Alexandre Lima Müiller para se tornar um dos transportadores de larvas mais conhecidos do Nordeste Texto: Ricardo Torres

“B

De tanto exercer o ofício junto a alguns dos principais laboratórios de pós-larvas, ele se tornou especialista. Fala com familiaridade de oxigenação, taxa de sobrevivência ou comportamento da larva. “O camarão é uma escola em que você aprende todos os dias. Se você bota alimento demais prejudica a oxigenação, a artêmia libera amônia e isso afeta a sobrevivência. No decorrer do tempo você vai aprendendo.”

Acervo pessoal

om dia galerinha do grupo, de A a Z, de 0 a 100, para não esquecer de ninguém.” É assim, com rima, tom de voz e ânimo de locutor de rádio FM que Alexandre Lima Müiller normalmente acorda os participantes de diversos grupos de WhatsApp dos quais faz parte. E ele não liga se a saudação vier em plena madrugada. Afinal, o motorista, especialista no transporte de pós-larvas, segue o ritmo dos povoamentos das principais fazendas de camarão do País.

Ânimo, descontração e muita criatividade: Alexandre Lima Müiller esbanja simpatia para alegrar os grupos de WhatsApp e se tornar figuraça no transporte de larvas do Nordeste

A principal escola foi a Aquasul, onde ele iniciou, 17 anos atrás. Natural do Rio de Janeiro, Müiller se mudou com toda a família para o Rio Grande do Norte em busca de tranquilidade. Seguiu os passos do pai na carreira militar, mas logo migrou para outro tipo de rotina. Trabalhou como taxista e garçom nas lindas praias do litoral potiguar, até que um amigo, o Hamilton, lhe convidou a trabalhar na expedição de larvas. O transporte então era feito com bolsas injetadas com oxigênio, que logo deram lugar aos transfish. Juntou dinheiro, comprou um caminhão e adquiriu três tanques para o transporte de larvas vivas.

Acervo pessoal

Müiller vende experiência e bom humor nas redes sociais, em um mercado cada vez mais saturado de profissionais. “Propaganda é a alma do negócio. Sempre quis passar uma imagem positiva, passar alegria para os nossos parceiros e clientes”, reforça. A alegria é um diferencial, ele sabe, em um momento de novo aquecimento na carcinicultura. Mas sempre é preciso estar preparado para as surpresas que a atividade traz. “Em 17 anos trabalhando com transporte de larvas, nunca vi um ano que fosse tranquilo. Ou é chuva demais, ou pouca chuva, ou doença da mancha branca ou NIM, esfria o comércio de um local, entrada de camarão de fora etc”. Seja qual for a adversidade, ele continua de cabeça Parceira nas aventuras de Müiller, a Sempre com um sorriso no rosto, o bom humor erguida. “Não tem coisa melhor do que picape Montana que ele usa para fazer o de Müiller é essencial para passar uma imagem fazer o que a gente gosta”, conclui. transportes de trajetos mais curtos positiva do mercado para clientes e parceiros Acervo pessoal

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Agora já são 5 transfish, um caminhão para longas distâncias e uma picape Montana para trajetos mais curtos, onde as bolsas continuam a ser o principal formato para o transporte de 8 a 12 mil larvas por saco. Ele tem um projeto de começar a instalar um transfish menor de 500 litros para atender ao cliente pequeno que não pretende se arriscar com as bolsas. “A sobrevivência é muito maior no transfish. O oxigênio da bolsa e o alimento precisam durar todo o trajeto da viagem. É tranquilo para uma viagem curta, mas para viagem longa tem até canibalismo”, adverte.


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