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Moçambique… Um tesouro com vida
Certa tarde de fim de verão, quando o sol ainda ia alto, fazia muito calor e a terra estava seca Eusébio pôs-se a caminho da escola quando, de repente, reparou num grande embondeiro. Era o primeiro dia de aulas.
Eusébio era um menino alto, tinha o cabelo preto e liso, era inteligente, a sua disciplina preferida era matemática e tinha passado para o terceiro ano.
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Eusébio tinha-se mudado recentemente para o campo pois a vida na cidade era agitada e a avó precisava de companhia. A avó Maria vivia numa aldeia em Limpopo, perto da fronteira com a África do Sul. A sua casa ficava afastada da estrada e tinha uma grande machamba cheia de legumes.A avó era carinhosa, baixinha e anafadinha. Era uma senhora viúva, já que o avô Jorge tinha falecido há dois meses.
A escola ficava a três quilómetros da casa da avó Maria e o Eusébio, ao dirigir-se para lá, começou a ficar cansado. Ao ver o enorme embondeiro e a sombra que ele dava, aproveitou para aí repousar. Sentou-se na terra seca, encostou-se ao tronco acastanhado e descansou.

De repente, começou a chover. Que grande carga de água caía do céu! Assim, Eusébio não poderia retomar o caminho para a escola tendo que esperar que a chuva acalmasse. A chuva iria atrasar a sua chegada mas, ao mesmo tempo, Eusébio estava contente porque ela iria regar a machamba da avó.
A chuva e o vento abanavam com tanta intensidade o embondeiro que caiu um malambe mesmo em cima da cabeça de Eusébio.Este arrebitou e pôs-se logo de pé. O menino pegou no malambe e guardou-o na mochila para o comer à sobremesa do jantar, com a avó.
Assim que se levantou, o Eusébio viu que o embondeiro tinha uma espécie de entrada no seu largo tronco, aproximou-se e espreitou. Lá dentro estava escuro e húmido. Muito surpreendido, ouviu:

– Entra, não tenhas medo. – disse uma voz rouca.
– Quem está aí? – perguntou o menino curioso.
– Sou eu, o embondeiro! Vem abrigar-te da chuva. – convidou a árvore.
E o menino, cheio de coragem, entrou no tronco oco. Sentiu um aroma doce no ar, que o fez lembrar a mousse de malambe que a avó tinha o costume de fazer para a noite de Natal. Estava fresco e havia muita água dentro do tronco.
Apesar de assustado, Eusébio confiava na sabedoria do embondeiro pois sabia que ele tinha mais de mil anos. A avó, em tempos, contou-lhe uma história que o seu avô lhe havia partilhado. Que um dia, um menino comeu o fruto deste embondeiro e transformouse em algo misterioso…
Eusébio, à medida que se tentava lembrar da história que a avó lhe contou, sentiu o cheiro cada vez mais intenso da sua mousse de malambe e ficou nauseado, acabando por adormecer num sono profundo…

No sonho de Eusébio, um menino de nome Caio sente-se tonto ao comer um malambe que a mãe lhe havia dado. Caio era um menino de cabelo castanho e encarolado que vestia roupas rotas e nos pés tinha uns sapatos gastos. Vivia para lá das montanhas com a sua pobre mãe, num casebre de palha.
De repente, sente que algo começa a sair das costas, o seu coração bate mais rápido e uma energia forte brota do seu corpo. Envergonhado pela sua condição, foge de casa e vê que a rua onde vivia era agora uma savana cheia de embondeiros falantes. Viam-se ali elefantes coloridos que caminhavam apenas com as suas patas traseiras.
Inesperadamente, aparece à frente do menino o embondeiro que abrigara Eusébio e diz:
- Olá Caio! Precisamos da tua ajuda para uma super missão. Tu tens de ajudar-nos a salvar a nossa espécie que está em vias de extinção.
- Tu….tu…tu….falas? – questiona Caio a gaguejar.
- Sim, Caio. Nós estamos na savana mágica. Aqui, todos nós somos diferentes. Tu também podes voar… tens asas nas costas e o superpoder de fazer todos os seres vivos voarem.

- Iupiiiii! O que pretendes que eu faça? – perguntou Caio já a bater as suas asas.
- Terás de voar até às nuvens de algodão-doce. Em seguida, só terás de o distribuir pelos elefantes e, assim, conceder-lhes o poder de voarem. Depois, os elefantes terão de colher os nossos frutos e espalhar as sementes pelo mundo inteiro. Só assim, a nossa espécie sobreviverá! – explicou o embondeiro calmamente e muito esperançoso.
Caio voou até às nuvens e distribuiu um bocadinho por cada elefante. Cada um deles cumpriu a sua parte e, após algum tempo, regressaram felizes e cansados.

Naquele instante, começou a ouvir-se a melodia Edelweiss. Ouviam-se vários instrumentos musicais: as girafas tocavam violino, as zebras piano e as inhalas viola de arco. Os embondeiros dançavam alegremente com os elefantes, ao som da música. Caio observava alegremente todo aquele espetáculo, deslumbrado com o que via…

- Eusébio, Eusébio…acorda… a nossa espécie está salva… - sussurrou a voz rouca do embondeiro.
Eusébio desperta e percebe que teve um sonho incrível mas, ao mesmo tempo, sente que alguma coisa está diferente no seu corpo… Espreita para fora do velho embondeiro, despede-se dele e repara que a chuva parou. O céu estava mais azul que nunca e resolve retomar o caminho para a escola. Qual não é o seu espanto, quando vê que tudo estava diferente. O caminho que antes fizera de terra seca e sem sombras, agora estava um verdadeiro paraíso. Tamareiras, bananeiras, mangueiras, coqueiros e plantas do mais verde possível, estavam por todo o lado.

Ao andar, via muitos animais em liberdade. Quando do nada, ouve uma voz:
-Olá!
-Tu….tu… também falas? – perguntou Eusébio incrédulo com o pangolim. – Sabes onde estou?
-Estás em Moçambique no ano de2030. – respondeu o pangolim.
-Agora percebo… pelos vistos, os homens conseguiram resolver os problemas do ambiente! Isso quer dizer que a tua espécie já não está em vias de extinção?
O pangolim contou ao Eusébio como tudo tinha acontecido. No dia 16 de fevereiro de 2023, no Dia Mundial do Pangolim, saiu uma lei que mudou completamente a vida dos pangolins. Deixaram de os querer caçar por causa das suas famosas escamas. Depois o mesmo aconteceu, aos poucos, com todas as espécies não havendo por isso mais espécies em vias de extinção. Eusébio ficou espantado e muito satisfeito por descobrir que a esperança é a última a morrer.

Juntos deram um longo passeio até que Eusébio, algo pensativo, começou a lembrar-seda sua avó Maria, da sua casa, da escola e… quis voltar, mas como?????
Foi então que Eusébio se lembrou de mais detalhes da tal história que a avó lhe contou. O tal menino, ao comer o malambe, tinha ficado com o poder de viajar no tempo e falar com animais e plantas. A avó disse que só comendo outro fruto igual voltaria ao normal.
Os dois foram em busca do embondeiro e ao despedirem-se, Eusébio comeu o malambe.
Subitamente, Eusébio abriu os olhos e viu ao longe uma linda senhora, vestida de capulana muito colorida, a chamar os meninos para entrarem na escola. Falava uma língua estranha, o changana, que todos entendiam menos Eusébio.

- Buialeno! Buialeno! – dizia aprofessora sorridente para chamar os meninos.
Eusébio percebeu que muito iria aprender naquela escola, pois todos começaram a dançar mapiko para dar as boas-vindas e ele imitou-os. Cantavam e dançavam batendo palmas. A alegria pairava e Eusébio sentiu-se feliz pois sabia que iria fazer grandes amigos dali em diante.
Na hora do intervalo, apareceu o Pepe. Era um menino loiro com olhos azuis fazendo lembrar uns berlindes muito claros que o Eusébio tinha em casa.O Pepe aproximou-se e disse:
- Eusébio, precisas de tradução do Português para o Changana?
- Obrigado, Pepe! És muito simpático e vou aceitar a tua ajuda. Sabes, eu não sei falar Changana e vou precisar de alguém que me ensine para ir começando a entender. –respondeu agradecido.
A partir desse momento, os dois meninos tornaram-se amigos inseparáveis e andavam sempre juntos.
Certo dia, a professora lançou um desafio à turma:
- Meninos e meninas, hoje vou propor-vos que façamos uma incursão pela praia e recolher todo o lixo que encontrarmos pelo caminho… Que dizem?
Os alunos ficaram todos entusiasmados e o brilho do olho azul do Pepe parecia um recife de coral.

O Eusébio não cabia em si de contente por, finalmente, poder conhecer os mistérios dos caminhos que levavam à praia… E que mistérios, segundo se ouvia dizer! Parece que havia histórias de piratas e tesouros escondidos… ouvia-se também falar de fadas e duendes que habitariam nesse bosque. Enfim, ia ser uma aventura “e peras” ...
Na noite anterior, enquanto a sua avó preparava a mochila com o lanche e os utensílios necessários à remoção do lixo, Eusébio, deitado na cama, nem conseguia dormir, virando-se dum lado para o outro, de tanto excitado e ansioso que estava.
Finalmente, o tão ansiado dia de limpezas tinha chegado. Juntaram-se todos na escola e a professora formou equipas de dois alunos. Adivinhem lá quem foi com o Eusébio? Claro está, foi o Pepe! Seguiram todos juntos até ao início do bosque que dava para a praia e a partir daí separaram-se em grupos de dois.
A certa altura, pelo caminho, os dois amigos deram conta que já estavam muito afastados e só viam mato cerrado à sua frente. Perceberam que poderiam estar perdidos pois não ouviam ninguém, excetuando o barulho dos pássaros e dos outros animais do bosque. Pareceu-lhes então ter ouvido vozes grossas de piratas e vozes finas e suaves de fadas… Nessa altura, começaram a ficar um pouco assustados e apreensivos… até porque não sabiam se as histórias que tinham ouvido sobre o bosque eram verdadeiras ou não.
Até que… ao aproximarem-se dum embondeiro muito grande, parecido com aquele onde o Eusébio tinha entrado umas semanas antes, repararam que este tinha uma seta desenhada na casca a apontar para o chão. Olharam e viram algo muito reluzente, brilhando como as estrelas no céu, meio enterrado na terra quente e húmida…
Era uma caixa de prata, do tamanho de uma mão aberta, muito suja, pesada e antiga. Não se encontrava sequer, a fechadura para a abrir. Os dois amigos estavam maravilhados com o que viam e muito curiosos sobre o que poderia conter.
- Como se abre? – perguntou o Pepe.
- Não sei. – respondeu o Eusébio, olhando para todos os ângulos da caixa. De repente, e de tanto mexerem, a caixa cai ao chão batendo com força numa pedra e abre-se… os meninos nem queriam acreditar no que estava lá dentro.Era um mapa antigo, bolorento e muito enrugado… Era o mapa do tesouro dos piratas!!!
De olhos arregalados, tal era a sua curiosidade, abriram o mapa com muito cuidado acreditando de que se trataria de um mapa do tesouro… isto porque tinha a ilustração de um baú e no mesmo a seguinte frase: «Quem este tesouro encontrar, o planeta irá salvar!».
- Seremos famosos! – exclamou Pepe. – Nunca pensei que com a nossa idade nos tornaríamos os Guardiões do Planeta!

- Calma… ainda só descobrimos um mapa e nem sequer sabemos se é mesmo verdadeiro… Pelo que vejo, temos de fazer uma viagem de barco e o ponto assinalado fica bem pertinho da ilha de Inhaca.- disse Eusébio, procurando abrandar a euforia do amigo.
- Bem… só pode ser a Ilha dos Portugueses… não tenho dúvida alguma! Temos que pedir ajuda para nos levarem até lá! – referiu Pepe, continuando muito empolgado com a inesperada descoberta.
Mal pronunciou estas palavras, eis que das profundezas da terra escutam uma voz feminina a pedir por ajuda:
- Tirem-me daqui! Por favor. Estou presa nas raízes do embondeiro! Intrigados e algo receosos, os dois amigos serviram-se de pequenos troncos caídos no chão e começaram a abrir um buraco junto ao tronco. Algum tempo depois, um ser pequenino que nunca haviam visto voou do interior do buraco e aterrou junto aos dois.
- Chamo-me Florência e sou a fada da Natureza. – apresentou-se a fada perante o espanto de Eusébio e Pepe. – Todas as fadas são gulosas e eu não sou exceção…. Deixei-me atrair pelo aroma adocicado que vinha do embondeiro e ao rodopiar no interior deste tronco oco, acabei por desequilibrar-me e ficar retida. Agradeço-vos muito… o que posso fazer em troca, para vos recompensar?
Incrédulos com tudo o que estava a acontecer, Pepe e Eusébio apresentaram-se e contaram-lhe que tinham feito uma importante descoberta, mas que precisavam de ajuda para irem até à Ilha dos Portugueses.

- Não se preocupem… as minhas amigas tartarugas ainda andam um pouco ocupadas neste momento só emergindo para desovar, mas… os golfinhos estão sempre prontos para uma grande aventura! – exclamou, alegremente, a fada. Pegou numa varinha feita de Mpingo, que lhe tinha sido oferecida à nascença por um escultor maconde, e apontou na direção do Oceano Índico. Poucos instantes depois, vários golfinhos aguardavam-nos, junto à margem, na Baía de Maputo. Despediram-se da amiga fada e nos minutos seguintes viveram a alegria intensa de navegar no dorso de um golfinho, envolvidos pela brisa e beleza circundantes.

Chegaram de noite à Ilha dos Portugueses, mais propriamente junto a uma pequena laguna decorada por uma colónia colorida de imensos corais. Não muito longe dali, em pleno areal,havia uma festa ao som de tambores. Conseguiram perceber que havia piratas e, apavorados, esconderam-se atrás de um rochedo. Os piratas estavam sentados à volta de uma mesa `na qual peixe, mariscos e frutos exóticos não faltavam. Ao lado, um palanque sobre o qual um grupo, ao som de batuques, dançava alegremente a dança mapiko. Usavam máscaras de madeira, umas vestes algo estranhas e uma malha em corda da qual se prendiam chocalhos. Eusébio, não disfarçou o terror e gritou desalmadamente.
- Quem está aí?! - perguntou, num tom ameaçador, um dos piratas.

OEusébio parou de gritar. Colocou as mãos na boca e olhou com os olhos arregalados para o Pepe. O Pepe indicou ao amigo que se mantivesse calado. Nesse momento, ao olhar para o chão, o Eusébio viu uma pedra. Pegou nela e atirou-a com toda a sua força para o lado oposto àquele em que se encontravam. A pedra foi cair no meio de um arbusto.
O pirata ouviu o barulho e dirigiu-se a correr no seu sentido. Entretanto, enquanto pensavam numa solução, os rapazes olharam fixamente para o rochedo onde estavam escondidos e aperceberam-se que alguma coisa estava gravada na pedra. O Pepe descobriu no chão, perto deles, uma concha de ostra e começou a raspar no rochedo e, aos poucos, foi aparecendo o desenho de um quadrado com um olho ao meio mais saliente. Os rapazes olharam espantados um para o outro e, sem pensar, um deles carregou no olho. De repente, o chão começou a tremer muito e os amigos só tiveram tempo de dar um salto para o lado. De imediato, debaixo dos pés deles abriu-se um alçapão onde estavam umas escadas que desapareciam no interior da terra.
Desceram as escadas escorregadias a medo e muito receosos. O ambiente era húmido, abafado e tão escuro que até dava arrepios. Ouviam-se barulhos estranhos, água a pingar e uma brisa gelada batia na cara dos rapazes. Mas se quisessem encontrar o tesouro que poderia salvar a Terra tinham de prosseguir,custasse o que custasse,e continuar a entrar na caverna escura. Enquanto prosseguiam, surgiu uma passagem estreita e eles arriscaram e passaram através desta. Quando chegaram ao outro lado, nas paredes da gruta acenderam-se grandes tochas iluminando por completo o caminho. Os amigos caminharam pela gruta interminável e a dada altura decidiram parar para descansar. Eusébio encostou-se a uma das paredes enquanto o Pepe se baixou para atar as sapatilhas.
- Olha Eusébio, sabes…
Pepe olhou em volta e o seu amigo tinha desaparecido. Não estava em lado nenhum. Olhou para todo o lado e chamou por ele:
- Euséeeeeeebio, Euséeeeeebio!

O nome do rapaz ecoava na gruta. Pepe ficou apavorado com a situação. Sem saber o que fazer, desesperado encostou-se muito triste a uma das paredes da gruta quase a chorar. E, de repente, a parede girou e transportou-o para outro lugar completamente escuro. Quando lá chegou encontrou o Eusébio iluminado pela sua lanterna.
- Eusébio, que bomreencontrar-te! Estava tão assustado… não sabia o que fazer! Não sei o que nos aconteceu…– disse o Pepe aliviado.
- Parece que a parede nos trouxe para outro caminho – disse o Eusébio. Decidiram continuar a caminhar até que encontraram dois caminhos. Pararam pois ficaram na dúvida que caminho seguir.

- E agora?– perguntou Eusébio.
-Vamos ver de novo o mapa–sugeriu o Pepe.
Os dois amigos iluminaram o mapa com as lanternas e observaram-no atentamente. Foi então que se aperceberam de uma pequena legenda num dos cantos do velho mapa: “Se duas passagens encontrar, pela mais larga terá que optar.”
E assim fizeram. Seguiram pela passagem mais larga e continuaram o seu caminho. Passado algum tempo, o caminho começou de novoa ficar mais estreito mas, à medida que caminhavam, entrava pelo túnel uma luminosidade que foi sendo cada vez mais forte. Com o passar do tempo, os rapazes iam ficando cada vez mais ansiosos. Subitamente, chegaram a uma galeria enorme; do teto saíam pináculos que pareciam mesmoo da Catedral de Maputo.Eusébio e Pepe estavam espantados com tamanha beleza. Enquanto admiravam a galeria, o Pepe apercebeu-se de um buraco retangular numa das rochas do qual irradiavauma luz muito forte.

Era provocada pela entrada direta do sol que, ao embater numa arca de pedra que aí se encontrava, se espalhava por toda a gruta. Os dois rapazes foram na sua direção. Os seus corações acelerados deixavam-nos cada vez mais nervosos. Ao aproximarem-se da arca viram que tinha várias figuras pequenas gravadas na tampa.Era chegado o momento que tanto esperavam. O que quereriam dizer as figuras? O que estaria lá dentro? Como iriam fazer para abrir a arca e ver o tesouro que guardava?
Os rapazes analisaram-na mais de perto e começaram a aperceber-se que aquelas figuras não lhes eram estranhas. De repente, o Pepe disse:
- Espera aí…estas figuras não são aquelas dos ODS de que falámos em Estudo do Meio?!

O Eusébio ficou a pensar no que o Pepe havia dito e respondeu:
- Sim, de facto parecem…Espera lá… Achas que se soubermos quais os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para Moçambique, conseguimos abrir a arca?
Pensativos, os rapazes ficaram em silêncio a analisar cada uma daquelas figuras.
Eusébio começou a refletir alto com o seu amigo sobre quais seriam os objetivos mais adequados às necessidades existentes em Moçambique.
Aos poucos, foram tirando conclusões.
Enquanto falavam, um dos rapazes tocou numas das figuras e, logo de seguida, ouviu-se um ranger semelhante ao que se ouve quando se arrasta uma tampa de pedra. A figura subiu e desviou-se um pouco para o lado, deixando um buraco na tampa da arca. Quando o Pepe se inclinava para espreitar, saiu um feixe de luz muito forte que subiu até ao cimo do buraco por onde entrava a claridadee dirigiu-se diretamente ao sol. Perante aquele fenómeno, os rapazes ficaram perplexos e, sem pensar,foram tocando em cada figura.Todas elas tiveram a mesma reação, formando um feixe de luz tão forte que o cone de rocha por onde saíam abriu e os rapazes puderam ver que do céu começaram a cair pequenos objetos giratórios semelhantes a sementes de Dentes de Leão. Estas, ao caírem na terra, transformavam tudo em que tocavam. A vegetação da ilha outrora seca e quase inexistente, deu lugar a uma vegetação verdejante, densa e multicolor.