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Sonia Barros

(1965)

É mestre e doutora em Letras pela USP, com trabalhos sobre poesia, retórica, mídia e memória social. Foi professora e consultora de português durante 30 anos, mas se aposentou precocemente por alguns reveses da vida. Como compensação talvez, reencontrou com voracidade a poesia que nela hibernava desde os 20 e poucos anos e criou coragem para publicar seu primeiro livro.

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AGULHAS às vezes um demiurgo encontra uma veia de bom calibre e tira um pouco de poesia pra meu uso pessoal de outras, apenas me fura e me anestesia da dor das palavras

PERDA TOTAL certos afetos são irrecuperáveis escapam despercebidos nos suspiros profundos voam entediados pelas janelas entreabertas ou simplesmente somem sem pegadas de carbono soa ridículo e impotente querer prendê-los num poema tardio

RELÍQUIA não tinha pra onde ir não tinha coragem de partir seu destino era ficar uma permanência incômoda como marca de nascença uma permanência inútil como um objeto antigo da casa uma sombra, um espectro noturno no meio da sala uma alma no limbo de uma história impublicável

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