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ARQUITETURA HOSPITALAR

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OBJETO

OBJETO

A arquitetura hospitalar passou por diversas mudanças, ao longo dos anos, assim como a evolução da humanidade. Modificações relacionadas a ideologias, conceitos, funcionalidade, fluxo e como a medicina se desenvolveu, exerceu influência em como o edifício hospitalar se molda até o dia de hoje.

A preocupação por instalações médicas adequadas e confortáveis é antiga. No mundo árabe, por exemplo, existia a preocupação de bem-estar. No ocidente, os europeus somente começaram a tratar do assunto no final do século XVIII, quando Howard e Tenon desenvolvem pesquisas nos hospitais europeus, que demonstraram estatisticamente a relação de taxas de mortalidade, com certas práticas médicas e os ambientes hospitalares. Com a finalidade de estabelecer diretrizes para a criação de uma nova proposta hospitalar, proposta essa chamada de hospital terapêutico. (TOLEDO, 2008).

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Com o partido pavilhonar é criada a primeira barreira física projetada para conter as infecções hospitalares.

A partir do final do século XIX, as indústrias começam a fabricar germicidas, acompanhada com técnicas mais eficazes de esterilização

S E C X I X

Partido em monobloco vertical, e valorização da tecnologia. O ambiente hospitalar deixa de ter um cenário humano e terapêutico.

dos matérias e ambientes, o combate á infecções nos ambientes pavilhonados passam a ser feito, em grande escala, sem ter a necessidade de barreiras físicas e ambientes grandes.

Partido arquitetônico pavilhonar marca o hospital terapêutico, onde a estrutura assume a função de curar, com uma valorização da arquitetura.

Com o surgimento do hospital terapêutico, no ocidente, pela primeira vez os hospitais assumiram a missão de curar os adoentados, com a medida de valorizar os espaços internos e espaços externos, e cuidado dos fluxos hospitalares. A partir de meados século XVIII o partido pavilhonar foi estabelecido, onde o modelo proporcionava mais segurança ao ambiente hospitalar.

Contudo, no século XX e com a elevação dos preços das terras contribuíram com o surgimento e da evolução do partido monobloco vertical e a estrutura assume novos padrões, onde o desenvolvimento tecnológico foi priorizado, evidenciando a valorização da infraestrutura predial. Os hospitais em monobloco podiam ser construídos em terrenos muito menores, além disso tinha outra vantagem, entre as quais a eliminação das longas circulações horizontais, bem típica do partido pavilhonar, substituídas por circulações verticais como elevadores ou monta-cargas. Com o surgimento do partido monobloco, a função terapêutica, exercida pela arquitetura, no partido pavilhonar, deixa de fazer sentido e todos os doentes passam a ser atendido via procedimentos.

Arquitetura Humanizada

Torna-se evidente a necessidade de buscar um equilíbrio entre a tecnologia e a humanização nos espaços hospitalares, já quer desde do século XVIII a arquitetura é um instrumento terapêutico e desempenha um papel primordial no quadro do paciente.

“Falar arquitetura humanizada é cometer no mínimo um pleonasmo, já que uma arquitetura de qualidade tem como objetivo fundamental atender às necessidades do homem, sejam elas do plano material como do psicológico. Entre as primeiras, colocamos a orientação da edificação, a facilidade e clareza dos acessos, o dimensionamento adequado dos ambientes, a relação entre as diferentes áreas funcionais, a correta utilização dos materiais, a facilidade da manutenção através da previsão de visitas a todas as instalações, o conforto ambiental, entre outros aspectos a serem cuidados. No plano psicológico destacamos o respeito à privacidade dos usuários, a criação de espaços de convívio, o acesso à paisagem do entorno e a jardins, a presença de obras de arte e de outras manifestações culturais, a música e o silêncio dependendo da escolha do paciente e, finalmente, o caráter simbólico e o sentido de lugar que toda boa arquitetura deve proporcionar. (TOLEDO, 2008, p.133)”

Apesar do grande avanço histórico, arquitetônico, de fluxos e tecnológicos, muitos ambientes de saúde permanecem com os mesmo erros. São locais fechados, cores frias que se torna desagradável ao paciente.

A Rede SARAH é um bom exemplo a ser seguido, onde podemos ver a preocupação em atender ás necessidades do usuário no Centro Internacional de Neurociências e Reabilitação, Sarah Lago Norto em Brasília que foi projetado pelo arquiteto brasileiro João Filgueiras Lima, Lelé. O conjunto é composto por três grandes edifícios que se articulam em uma arquitetura, que faz integração dos espaços internos com externos, possibilitando a circulação dos pacientes por todos os ambientes. Uma característica da arquitetura de Lelé é a preocupação com o conforto ambiental e a humanização dos ambientes projetados, e neste quesito o arquiteto desenvolveu sistemas de ventilação e iluminação naturais, que contribuiu com a redução de consumo de energia elétrica (PERÉN, 2006).

O partido adotado para o projeto contém inovação com a tecnologia high-tech, com preocupações, positivas, com a industrialização e racionalização dos métodos construtivos, conforto térmico, acústico e de sustentabilidade, que até então em 1955, não era tão explorado em meio a arquitetura.

Lelé também tem sua arquitetura caracterizada pelo uso de sistemas racionais e industrializados, como o uso de materiais pré-fabricados, cujo objetivo é acelerar a construção e minimizar os custos, além de permitir a flexibilização da estrutural para futuras ampliações e modificações dos ambientes construídos (PERÉN, 2006). A qualidade espacial no edifício, as soluções arquitetônicas adotadas para possibilitar um espaço agradável, as preocupações com o bioclima e de construção dão um reconhecimento de referência mundial. A integração entre o edifício e as práticas médicas, resulta em um serviço de excelência.

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