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Relatos da Fotografia na Bahia
from Ponto Zero da Fotografia, Caderno com 101 atividades para o ensino da fotografia
by Marcelo Reis
Villa de São Carlos, província de São Paulo, a partir do ano de 1833, data em definitivamente é possível obter os registros de maneira mais determinantes, pelo gênio franco-brasileiro que viveu em terras brasileira por 55 anos, Antoine Hercule Romuald Frorance.
Antes de morrer e ser sepultado no Cemitério da Saudade, na cidade de Campinas, São Paulo, no dia 27 de março de 1879, Florance foi admitido como sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, servindo-lhe de título de admissão a narrativa: Esboço de Viagem feita pelo Sr. Langsdorff de setembro de 1825 a março de 1829, período que Florence chegou ao Brasil e participou como desenhista da Expedição ao Brasil e que teve como organizador e responsável o Cônsul-geral da Rússia, o Barão de Langsdorff.
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Relatos da fotografia na Bahia
Alguns estados brasileiros, entre eles a Bahia, tiveram a possibilidade de constituir uma iconografia de suas paisagens que proporcionam a construção um verdadeiro acervo do desenvolvimento, muito deles arquitetônico, devido ao ainda estado técnico do processo fotográfico, que permitia com melhor apuro, observar através da daguerreotípia, todo a monumentalidade e ao mesmo tempo, cotidiano do povo brasileiro. Graças ao jovem imperador, D. Pedro II, o Brasil participou ativamente do avanço dos estágios dos processos de reprodução de imagens por intermédio da luz sobre placas fotosensibilizadas, de acordo aos registros das pesquisadoras (magalhães e peregrino, 2004, p. 22):
“[...] a mais celebrada invenção do século xix ecoou no espírito inquieto de D. Pedro ii, o herdeiro do trono no Brasil, que aos 14 anos contempla, fascinado, aqueles primeiros daguerreótipos. Já em março de 1840, adquire seu próprio equipamento, e, dois anos depois, com o fotógrafo americano Augusto Morand, aprende a fotografar incentivado, desde então, a difusão da fotografia no país.”
Em 1889, com a Proclamação da República, D. Pedro ii exila-se na Europa, e doa aos acervos da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, uma das mais im-
portantes coleções de fotografias deste período, composta tanto de fotografias produzidas pelo próprio monarca, em álbuns e fotografias avulsas, composto também, de um grande quantitativo de fotografias adquirido por Pedro ii, que operou como um grande mecenas das artes no Brasil, o acervo, em homenagem a sua esposa, levou o nome de Coleção D. Thereza Christina Maria. Uma quantidade não registrada de fotógrafos transformou as paisagens da Bahia, em especial Salvador, Recôncavo e algumas cidades ribeirinhas ao Rio São Francisco, em imagens que se perpetuaram gerações e serviram de abertura para outros novos fotógrafos se aventurassem em viagens a locais já antes visitados.
Contudo os primeiros daguerreótipos que se têm informação da cidade de Salvador, o que se constitui nos primeiros registros da fotografia em Salvador, se da no ano de 1844, tratam das possibilidades da venda dos serviços de produção de retratos, sejam eles em seus locais de morada, do retratado ou dos estúdios comerciais, de acordo a (sampaio 2006, in alves, 2006, p. 13) “[...] os reclames dão destaques para o local de atendimento, o preço e as modalidades, omitindo o nome do profissional.” Segundo a autora, essa informação é o registro mais próximo da possibilidade dos primeiros usos da fotografia na Bahia, datada de 6 de junho de 1844, consequentemente em Salvador, apensar de não registrar o nome do artífice, o anúncio do Correio Mercantil de Salvador, cita o endereço do artista recém-chegado de Paris, e atendia na casa número 132 da rua da Vitoria. Em Ferrez (1988, p. 11) Cid Teixeira, historiador baiano, cita:
“[...] C. L. Micolai, daguerreotipista, estabelecido na Rua do Rosário, em fevereiro de 1845 trabalhando até 1850. Por essa época já estava estabelecido na cidade Francisco Napoleão Bautz, nosso conhecido do Rio, que teve estúdio na Rua de São Pedro, número 48, e depois, em 1863, no Portão da Piedade, número 46 [...]”.
Ainda em Ferrez (1988) Cid Teixeira, cita que destes fotógrafos e de outros que exerceram a profissão neste período, até aproximadamente 1877, ficaram resguardado de maneira conservado, imagens de pessoas, objeto de produção de seu estúdio. A chegada dos fotógrafos paisagistas a Bahia, possibilitou a construção de um acervo relevante com cenas de época, onde foi possível ver as primeiras formações de cidades, a exemplo de Salvador.
Neste contexto, durante os anos de 1858 ao ano de 1891, trabalhou fotografando prédios públicos, igrejas, paisagens de Salvador e de cidades vizinhas, o inglês Benjamin R. Mulock. Citado por Ferrez (1988, p. 13) Mulock:
“[...] era considerado um ótimo fotógrafo: é o que comprovam os álbuns de fotos originais, em papel albuminado7, de perfeita técnica e bela composição, todas as 38 pertencentes à Biblioteca Nacional, as fotos da Fundação Bosch de Stuttgart (32 exemplares) e as nossas (num total de 25), todas em perfeito estado de conservação[...]”
Uma característica das fotografias de Mulock foi a percepção de posição assumida pelo fotografo ao produzir sua cena, sempre se colocando ao centro do
7 O papel albuminado foi inventado pelo francês Louis-Désiré Blanquart-Evrard (1802-1872) em 1850, sendo assim denominado porque empregava o albúmen – extraído da clara dos ovos de galinha – como camada adesiva transparente destinada a fazer aderir os sais de prata fotossensíveis à base de papel. Foi o papel mais popular para a execução de cópias fotográficas até meados da década de 1890, quando foi desbancado pelos papéis de prata gelatina. Também conhecido como albúmen. Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.
prédio, por exemplo, e não se importando com os transeuntes, mesmo porque, devido aos longos tempo de exposições do registro, muito comum na época, as figuras humanas em movimentos apareciam como fantasmas, fato que pode ser observado na fotografia parte desta pesquisa, na abertura deste capitulo, identificada como a primeira fotografia de Salvador, realizada no centro da cidade, no largo do Pelourinho.
Outro fotógrafo que visitou Bahia, segundo Ferrez8 (1980), é Marc Ferrez, entre os anos de 1875 e os anos de 1877, por ocasião de sua participação na Comissão Geológica do Brasil, que na ocasião foi dirigida pelo geógrafo canadense-americano Charles Frederick Hartt (1840-1878). O objetivo da comissão foi de fazer o estudo geológico do Império, dos quais deveriam constar de registros produzidos por fotografias, é assim que Ferrez produziu imagens de partes do litoral baiano bem como das cachoeiras no Rio São Francisco na cidade de Paulo Afonso na Bahia. Ferrez foi observador das paisagens naturais e arquiteturas, ainda durante o período que esteve como parte da Comissão Geográfica do Brasil, como citado por (ferrez 1980, p.15) Ferrez:
“[...] teve o ensejo e não deixou passar a oportunidade de fotografar uma tribo de índios Botocudos, tidos até então como bravos e habitantes do sul da Bahia. Lá foi e conseguiu trazer-nos imagens que impressionaram e ainda impressionam quando vista pela primeira vez e que são cremos, as únicas existentes até hoje [...]”.
Ao deixar a Comissão, já nos anos de 1890, Marc Ferrez, como citado por (ceron, 2019, p. 64), se tornou uma das principais vias de acessos de tecnologias fotografias no Brasil, seu prospero negócio como comerciante de equipamentos fotográficos, segundo a autora, “[...] o movimento comercial de importação, publicado cotidianamente nos jornais ao longo da década, mostra um aumento significativo de material adquirido pela Casa Marc Ferrez no exterior.”
8Para evitar confusão enquanto as referências citadas neste texto indicada pelo autor Ferrez (1980), o mesmo diz respeito ao Gilberto Ferrez (1908-2000) que foi neto de Marc Ferrez (18431923), importante fotógrafo brasileiro, também citado neste texto.
