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Biografia: Affonso Eduardo Reidy
Da esquerda para a direita, Carmen Portinho ao lado do Prefeito Mendes de Moraes, na inauguração do Conjunto Residencial Pedregulho. Fonte, Arquivo Geral da Cidade, Rio de Janeiro.
Da direita para a esquerda: Affonso Eduardo Reidy, Jorge Machado Moreira, Carmen Portinho e Roberto Burle Marx. Possivelmente 1956. Fonte: BONDUKI, Nabil Georges. Affonso Eduardo Reidy. São Paulo: Ed. Blau; Lisboa: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, 1999.
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_Biografia: Affonso Eduardo Reidy e Carmen Portinho

O arquiteto responsável pelo projeto do MAM foi Affonso Eduardo Reidy, nascido em Paris, França, no ano de 1909. A influência no pensamento de Reidy de adoção às causas sociais foi devido à ascendência nórdica e mediterrânea, por parte materna de seu avô, Tommaso Gaudenzio Bezzi, um dos engenheiros mais importantes da fase tradicional da arquitetura italiana no Brasil no final do século XIX, e seu pai Richard George Reidy, engenheiro inglês enviado ao Brasil por uma companhia inglesa atraída pela modernização do país para estudar o potencial do Rio São Francisco. Os feitos em prol da sociedade de seus antecessores, dos quais muitos conviveram com Reidy, foram registrados nos jornais pela imprensa e influenciaram diretamente sua carreira como arquiteto. (CAVALCANTE, 2008, p. 27)
Em 1927, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no Rio de Janeiro, e durante sua formação teve a oportunidade de estagiar com o urbanista f rancês Alf red Agache (1875-1934), convidado pelo prefeito do Rio de Janeiro para a elaboração do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro. Isso proporcionou a Reidy uma ruptura com o pensamento tradicionalista da academia, uma vez que nesse período, teve contato com as ideias dos arquitetos Eugene Steinhof e Le Corbusier por meio da leitura de seus textos, como o livro “Vers une architecture'', o qual teria sido o primeiro contato do arquiteto com a arquitetura racional corbusiana.
O auge profissional de Reidy foi marcado pela engenheira e urbanista Carmen Portinho, que se tornou sua companheira nos projetos e para a vida. Portinho divulgava amplamente a arquitetura moderna no Brasil durante as décadas de 1930 e 1940, quando ocupava a diretoria da Revista Municipal de Engenharia do Distrito Federal. O interesse pelo bem estar social em comum com Reidy resultou no primeiro trabalho juntos no projeto para a Escola Primária Rural Coelho Neto, em 1933, colocando em prática as ideias de Le Corbusier e de Gregory Warchavchik. (CAVALCANTE, 2008, p. 47). Os projetos de caráter social mais importantes nos quais trabalharam juntos foram o Conjunto Prefeito Mendes de Moraes, também conhecido como Conjunto Residencial Pedregulho (1946), e o MAM, a primeira construção em concreto aparente do Brasil.
O nome de Reidy ganhou visibilidade mundial quando participou na construção do Ministério da Educação e Saúde junto a grandes arquitetos como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Jorge Machado Moreira, Carlos Leão e Ernani Vasconcelos, com a consultoria de Le Corbusier. (BRUAND, 2005, p. 82) A transformação urbanística inovadora que ocorreu durante o governo de Vargas se estendeu a Juscelino Kubitschek, conferindo a Reidy um convite do Marechal José Pessoa para participar da subcomissão técnica do Planejamento Urbanístico de Brasília. (CAVALCANTE, 2008, p. 67) Devido a discordâncias profissionais com o arquiteto Oscar Niemeyer, Reidy decidiu não participar do concurso do plano para Brasília, do qual Niemeyer fazia parte do júri. Como Affonso Eduardo Reidy havia ganhado experiência com o urbanismo através dos anos, desde seu estágio com Agache até a concretização de projetos de equipamentos para a sociedade, chegou a diretoria do Departamento de Urbanismo da Prefeitura do Distrito Federal em 1948. Desde então, havia esboçado e desistido de alguns planos para o Aterrado Glória-Flamengo, e retomou seus desenhos apenas em 1953 com o projeto do MAM.

Ao fundo: Affonso reidy, Aldo Calvo e Carmen Portinho visitam a maquete, s.d. Autor não identificado Fotografia, Fonte: © Centro de Documentação e Pesquisa do MAM