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Sumário

Apresentação e agradecimentos Símbolos e Notação Algébrica 1 A nova dama e o surgimento do xadrez moderno 2 O mestre de todos os mestres 3 Três peões vão ao paraíso 4 Vitória de honra de um homem honrado 5 A mais famosa posição da história do Xadrez 6 Outra joia de Anderssen 7 Morphy: o primeiro prodígio das Américas 8 Na Ópera, terreno de Philidor, quem se imortaliza é Morphy 9 A arte não carece de exatidão 10 Combatendo fogo com fogo 11 Bispos, para que te quero? 12 Tragédia no tabuleiro 13 Steinitz: uma combinação imortal 14 Pillsbury, mais um gênio meteórico 15 Quando um campeão mundial precisa se impor 16 O brilho de Rubinstein 17 2001 antecipa 1997 18 Um lance nada inocente 19 Vencendo com a ideia do maior rival 20 O eterno Capablanca 21 Xadrez diplomático 22 "Uma miraculosa concatenação de circunstâncias" 23 Um mestre em busca da verdade 24 Salvo do Holocausto por uma combinação brilhante 25 Alekhine e sua visão de raios-X 26 1938: um ponto de inflexão nos tabuleiros 27 Nem só de grandes mestres vive o xadrez! 28 Bronstein, o mais humano dos grandes mestres 29 Completamente diferentes, quase iguais 30 Sábio, não por ser velho, mas por ser Euwe! 31 Minha dama em troca do seu rei! 32 Quando a esmola é grande... Índice de Jogadores Bibliografia Notas Sobre o autor
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A mais famosa posição da história do Xadrez

Anderssen, A. × Kieseritzky, L. (Londres, 1851) “A Partida Imortal”, posição após 17. … D×b2
posição acima é talvez a mais famosa da história do xadrez12. As brancas estão prestes a sacrificar suas duas torres em troca de um ataque indefensável.A
Uma simples partida informal entre dois dos mais fortes participantes do Torneio Internacional de Londres de 1851, disputada após o fim do evento, viria a ser considerada a 'Partida Imortal' do jogo de xadrez, título que mantém desde que foi assim batizadano jornal Wiener Schachzeitung em 1855.
Justamente naquele ano de 1851, Adolf Anderssen (Alemanha, 1818 – 1879) seria aclamado "Campeão do Mundo13" ao vencer de forma surpreendente o fortíssimo torneio de Londres, eliminando no caminho até a final do evento o favorito Howard Staunton (principal organizador da competição). Até 1842, Anderssen tinha resultados modestos, e era conhecido somente como compositor de estudos e problemas, depois de publicar seu livro Aufgaben für Schachspieler. Contudo, ele demonstrou rápida evolução e, em 1846, empatou um match contra o mestre Daniel Harrwitz, feito que motivou seu convite para o torneio de Londres. Após a vitória, sua reputação de melhor enxadrista do planeta manteve-se até sua derrota frente a Paul Morphy em 1858, mas como este abandonou o xadrez logo no ano seguinte, Anderssen voltou a ser considerado o campeão mundial até sua derrota definitiva frente a Wilhelm Steinitz em 1866. Mesmo após essa derrota ele continuou a disputar torneios até dois anos antes de sua morte e ainda colecionou inúmeras vitórias em eventos internacionais. Apesar de tão vitoriosa carreira no xadrez, Anderssen não foi um profissional. Exercia o magistério, sendo professor das disciplinas de alemão e matemática em nível
secundário. Seus compromissos com o ensino por diversas vezes impediram que ele participasse de eventos enxadrísticos.
Lionel Kieseritzky (Rússia, 1805 – 1855), também foi professor de matemática em sua terra natal, onde já era um jogador sem rivais, até ser obrigado a emigrar por motivos pouco esclarecidos. O gosto pelo xadrez fez com que fosse viver em Paris, domiciliado no próprio Café de La Régence. Apenas no novo país passou a ser um profissional do xadrez, por meio de aulas e partidas contra amadores que pagavam 5 francos para jogar com o mestre. Foi um dos mais fortes mestres europeus daquela época (inclusive teve vantagem no confronto direto contra Anderssen: +9 -7 =3, todos os confrontos em 1851, incluindo-se a 'Partida Imortal'), além deser criador e editor da revista La Régence. Tristemente para Kieseritsky, esta derrota parece ter marcado o início de sua decadência tanto enxadrística como pessoal, agravada por problemas financeiros. Passou para a história como o 'Perdedor Imortal' e morreu poucos anos após o confronto com Anderssen. Há de se exaltar a postura de Kieseritzky, tão nobre e tão afinada com o amor que tinha pelo xadrez, ao enviar os lances da partida imediatamente para publicação em seu próprio periódico La Régence14, não se importando com o fato de ter sido ele o derrotado. Essa atitude permitiu rápida divulgação da partida e, sem isso, talvez os registros da partida seriam perdidos, como acontecera tantas outras vezes.
O encanto da 'Imortal' se deve à brilhante sequência de sacrifícios de peças e peões em troca de tempos de desenvolvimento utilizados no ataque direto a um rei não rocado, exposto no centro do tabuleiro. A posição final de mate tem duas peculiaridades que contribuíram para a perpetuação da fama da partida: 1. Todas as quatro peças15 brancas restantes participam do ataque final; 2. Todas as peças pretas continuam no tabuleiro, como tristes e impotentes espectadoras.
A partida continuou assim: 18.Bd6! B×g1? 19.e5! D×a1 20.Re2 … Segundo Kieseritzky, em artigo para o seu periódico La Régence, ele abandonou após este lance. Porém, outra versão informa que ele ainda teria jogado 20.… Ca6, após o qual Anderssen teria anunciado xeque-mate em 3 lances, e, só então, Kieseritzky teria abandonado. Essa pequena indefinição sobre o desfecho é típica de confrontos informais, sem registro em súmula, mas em nada reduz o brilho desta partida. Provavelmente, os lances finais com a bela combinação de mate não chegaram a ser realizados no tabuleiro pelos protagonistas, mas têm sido feitos com frequência desde então! Ainda serão repetidos incontáveis vezes, enquanto existirem resquícios do xadrez, esse belo jogo, na face do planeta: 21.C×g7+ Rd8 22.Df6!! C×f6 22.Be7# (1-0).
Sobre o autor
Rewbenio Araújo Frota nasceu Fortaleza-CE (1979) e divide sua profissão de engenheiro com duas grandes paixões: o xadrez e a literatura. Escreve regularmente no seu blog Lances Quase Inocentes (www.LancesQI.com.br) e publicou em 2017 o livro infantil com temática de xadrez "Que Peça eu quero ser?" pela editora Expresso Poema, obra que dedicou aos seus dois filhos. Em 2018 publicou a coletânea de contos "Ojogador que desejava perder". Além do xadrez, sua produção literária explora campos como ficção científica e realismo mágico.
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Neste livro, você descobrirá histórias que ajudam a explicar o fascínio que o jogo de xadrez tem exercido ao longo dos séculos:
♘O jogo de xadrez salvou pelo menos dois de seus praticantes judeus dos horrores da II Guerra Mundial!
♞Um amador fez uma jogada que o tornou mais famoso que muitos mestres!
♘O cinema antecipou o futuro usando uma partida de xadrez!
♞Um mestre usou uma invenção de seu maior rival para se eternizar como um dos maiores da história!
♘Teria o criador do Wikileaks usado uma famosa partida de xadrez para passar uma mensagem secreta?
♞Uma partida que terminou com uma chuva de moedas de ouro ofertadas a seu vencedor!
Este livro é o primeiro volume de uma série que trará alguns dos momentos mais marcantes das disputas enxadrísticas de alto nível ao longo dos últimos séculos. Os grandes nomes do xadrez entre 1475 e 1953 são apresentados por meio dos momentos cruciais de 32 de suas partidas mais famosas: Philidor, La Bourdonnais, Staunton, Anderssen, Morphy, Chigorin, Steinitz, Pillsbury, Tarrasch, Rubinstein, Lasker, Capablanca, Botvinnik, Bronstein, Réti, Alekhine, Euwe, Smyslov...
O projeto contará com 64 posições críticas de 64 partidas famosas e foi dividido em dois volumes. O segundo volume tratará dos anos seguintes, até a era atual, em que nomes como Kasparov e Carlsen estão ofuscados pela assombrosa perfeição técnica dos computadores!
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