Revista Túnel | Vol. 2, n. 1, 2019

Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

Mulher na ciência

Projeto reconhece saberes de mulheres no cárcere

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Tecnologia e Inovação Carro sem motorista?

Pode acreditar, é possível

Astrologia e Astronomia

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1 você e a ciência comunicação entre

Painel esclarece dúvidas e curiosidades sobre as duas áreas

volume 2/ nº1/ 2019

edição #1 - 2018

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comunicação entre você 3 e a ciência

comunicação entre você e a ciência

EXPEDIENTE Diretor-Geral Prof. Flávio Antônio dos Santos Vice-Diretora Profa. Maria Celeste Monteiro de Souza Costa Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Conrado de Souza Rodrigues Coordenadora Geral de Divulgação Científica e Tecnológica Sônia Miranda de Oliveira Secretário de Comunicação Social Luiz Eduardo Pacheco Editores Chefes Flávia Dias – MTB 9.167/MG Diogo Tognolo - MTB 19.065/MG Projeto Gráfico Luciana Ruiz de Vilhena Diagramação Andréa Rodrigues Eduardo Rocha Rodrigues Luciana Ruiz de Vilhena Leonardo W. Guimarães

Equipe de Jornalismo André Luiz Silva Diogo Tognolo Flávia Dias Gilberto Todescato Telini Leila Caeiro Nívia Rodrigues Organizadores Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação – DPPG Coordenação Geral de Divulgação Científica e Tecnológica - CGDCT Secretaria de Comunicação Social – SECOM Apoio Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG Fundação de Apoio à Educação e Desenvolvimento Tecnológico – Fundação CEFETMinas Contatos www.periodicos.cefetmg.br dct@dppg.cefetmg.br Gráfica Mafali (31) 3476-6566 Tiragem 500 exemplares

Av. Amazonas, 5.253 – Nova Suíça – Belo Horizonte/MG CEP: 30421-169 / Tel: (31) 3319-7110 www.cefetmg.br

Ciência? O que é isso?

Ciência pode ser entendida como uma forma de se organizar o conhecimento, permitindo que a gente saiba cada vez mais sobre as coisas, além de nos ajudar a descobrir coisas novas. A Ciência nos leva a novas soluções para problemas que já conhecemos e também nos permite descobrir problemas novos. Ciência é a curiosidade (e a criatividade) em ação, em movimento constante pela busca, por saber mais. Fazer Ciência é também uma forma de aprender; e é isso que nós, alunos e professores, mais fazemos quando fazemos Ciência. Aprendemos. E a gente adora contar o que temos aprendido.

A Revista Túnel lança sua segunda edição seguindo a proposta de divulgar pesquisas e trabalhos sobre ciência produzidos no CEFET-MG e trazer temas atuais e relevantes sobre ciência, tecnologia e inovação. O que queremos é fazer uma ligação entre a ciência e as pessoas, de forma a desmistificar o conhecimento que é produzido nas instituições de ensino. Estamos levando a você, leitor, o conhecimento científico e tecnológico, mostrando o quanto ele está presente no nosso dia a dia.

A Túnel busca mostrar a diversidade de temáticas que iluminam os pesquisadores de várias áreas do conhecimento. Na seção “Descomplicado”, discutimos astronomia e astrologia, trazendo um profissional de cada área para uma entrevista que trata de ciência, simbologia, pensamento lógico e regras que regem o espaço místico ou matemático.

Na seção “Eu faço ciência!”, convidamos pesquisadores do CEFET-MG para falarem de seu envolvimento com a pesquisa e a temática com que trabalham. Nesta edição, conversamos com a professora de Educação Física Andréa de Oliveira Barra, do campus Nepomuceno, que foi jogadora de vôlei por 13 anos e agora se dedica a pesquisar o esporte por um viés social. Em “Memória”, apresentamos o acervo fotográfico da Instituição, que é procurado por pessoas que querem reviver um tempo em que o CEFET-MG era a “casa” delas.

A cada edição, mostramos também os cursos de pós-graduação ofertados pelo CEFET-MG e os grupos de pesquisa da Instituição. O Programa de Pós-Graduação apresentado nesta edição é o de Engenharia Civil, e o grupo de pesquisa é o Translog City, que trabalha o planejamento do transporte urbano de mercadorias, visando propor soluções para o setor.

Ainda nesta edição, um pesquisador dá dicas para a entrada em mestrado e doutorado, divulgamos editais para o estudo no exterior e trazemos uma discussão sobre a ética na pesquisa.

Por fim, vale ressaltar o papel fundamental da ciência e de sua divulgação, bem como os incentivos para sua popularização, bolsas de pesquisa para os estudantes, verbas para pesquisadores que estão empenhados na produção do conhecimento e comprometidos com seus experimentos em levar qualidade de vida para a sociedade.

Aproveite o conteúdo e não deixe de encaminhar sugestões, críticas e comentários.

Por meio da Túnel você chega à Ciência...

Prof. Conrado de Souza Rodrigues – Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação do CEFET-MG

0814 18 Entrevista

Tecnologia e Inovação

Ciência e Comunidade

Pesquisar é preciso, divulgar, fundamental

Motorista pra quê?

Recompensa: bolinha.

Resultado: salvar vidas

34 3842 Mulher na Ciência

Pesquisa no CEFET

Tecnologia e Inovação

Mulheres em prisão

Pano para manga

Mas afinal, o que é bioeconomia?

5658 Dica do Pesquisador

Eu Faço Ciência

Quer entrar no mestrado ou doutorado?

Estude apenas o que lhe agradar

222832 Descomplicado

Memória

Ciência e Comunidade

Astrologia e Astronomia: o que têm em comum?

Cliques de memória

Corrida contra o tempo

4650 52 Acessibilidade

Grupos de Pesquisa

Pós-Graduação

O corpo fala

Carga e descarga têm solução

Construindo sustentabilidade

Pesquisa no CEFET

Giro na Ciência

Cuidado na pesquisa

Novos Horizontes

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Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

ENTREVISTA

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PESQUISAR É PRECISO,

DIVULGAR, FUNDAMENTAL

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Leila Caeiro Fazer com que a população conheça e se interesse pelas pesquisas e descobertas científicas é uma atividade cada vez mais importante e necessária. Isso faz com que as pessoas saibam como os centros de pesquisa atuam e o que fazem em prol da comunidade.

Para contar um pouco sobre divulgação científica e tecnológica, a Revista Túnel conversou com o jornalista Reinaldo José Lopes, ganhador do Prêmio José Reis, em 2017, o mais importante do país na área de divulgação científica. Reinaldo conta um pouco de sua experiência como jornalista e comenta sobre a situação atual da divulgação científica no país.

Pensando nos atuais e futuros cientistas, quais sugestões você daria para que consigam demonstrar a importância da pesquisa científica e tecnológica para o desenvolvimento social?

Não tenho uma resposta pronta, mas vamos olhar para a questão por dois pontos. O primeiro diz respeito à parte prática, já que nossa sociedade é baseada na produção de novos conhecimentos e na inovação científica e tecnológica. Não adianta tentar mudar a economia sem avançar no conhecimento, porque é isso que vai gerar novos produtos. Precisamos, por exemplo, achar cami-

Quem foi José Reis?

Foi um cientista brasileiro, médico especializado em divulgação da ciência, editor e escritor. Foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Nasceu em 1907 e faleceu em 2002, aos 94 anos. Em 2018, em reconhecimento à sua obra, José Reis ganhou uma biografia e site (http://josereis.coc.fiocruz.br/) com base em acervo na Fiocruz, que está disponível online.

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nhos para uma utilização mais eficiente e limpa de energias, fazendo com que as pessoas tenham qualidade de vida e vivam mais. O segundo ponto seria a maneira de entender o mundo, de olhar para ele, com clareza, com humildade, com “maravilhamento”, como propôs Carl Sagan: “A ciência é o casamento do ceticismo com a admiração”.

Você foi contemplado com o prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica em 2017. Como você, diante da atual situação política do país, pensa as possibilidades de incentivar o interesse do público pela ciência e tecnologia? Como o prêmio tem contribuído para que o jornalismo científico ganhe reconhecimento?

Nesse sentido, é preciso que os pesquisadores adotem um ponto de vista científico, que não precisa ser único, não precisa ser o tempo todo, já que nós somos seres multidimensionais, mas é importante que se tenha um.

Em primeiro lugar, importante frisar que o prêmio José Reis é o único prêmio voltado para o jornalismo de ciência no Brasil.

Então fica evidente, em princípio, que falta incentivo nessa área. Em segundo lugar, a gente está em uma situação em

“Tem que adotar uma postura de diálogo corajoso, mostrando que a ciência não tem todas as respostas, não é a senhora do mundo, ela não quer destruir nada, mas quer construir conhecimento. Ela quer olhar para o mundo com os olhos abertos e sem medo.”

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que forças políticas e sociais são contrárias ao pensamento científico. Não existe sociedade moderna que pare em pé sem a capacidade de gerar conhecimento científico. É muito complicado (tentar) dialogar com grupos que acham que a ciência é uma ameaça e que coloca em risco até nossa própria natureza humana, nossa relação com Deus e nossa identidade como seres humanos completos.

Na verdade, o prêmio José Reis me deu certa visibilidade, coisa que eu não tinha. E isso me levou a ser convidado a falar em vários lugares, me dando um certo palanque. Nada exagerado. Agora o que eu tenho tentado fazer é variar um pouco os olhares e, para isso, estou aprendendo a fazer vídeo, por exemplo, e até tenho um canal no YouTube (http://bit. ly/2J85d5g). Assim, eu tento aumentar a minha presença em redes sociais porque é a maneira que as pessoas consomem informação. Tenho escrito livro também e considero que é a forma menos perene de informar. Para você ter uma ideia, escrevi um livro em 2017

sobre a pré-história do Brasil que vendeu mais de 20.000 exemplares, e isso aqui no Brasil é um excelente resultado. É lógico que é uma gota no oceano, mas penso que deveria haver mais investimento em bons autores de divulgação científica no Brasil.

Em pesquisas anteriores, o público em geral já demonstrou que tem interesse pela ciência, porém, nem sempre há interesse em falar ou discutir publicamente sobre o tema. Como isso poderia ser revertido?

O problema das iniciativas brasileiras, tanto governamentais, quanto privadas, é a falta de ambição e de capacidade de dirigir esforços concentrados, principalmente no que diz respeito à pesquisa, que é muito pulverizada. O país é grande, é diverso e é preciso atender a muitas demandas que acabam fragmentando, e o impacto na ponta é muito pequeno. Precisava acontecer uma campanha em escala maciça que fosse realmente nacional para chegar em todas as pessoas.

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Um assunto que tem pautado as discussões acadêmicas é a fake news na ciência. Isso tem implicado a credibilidade das pesquisas científicas e feito com que a população mude comportamentos em função de notícias falsas. Como jornalista científico, de que maneira você lida com essas notícias? Como orientar o público nesse sentido?

Acho que ninguém sabe lidar com essa questão, não porque o fenômeno seja novo, porque ele não é, boato é uma coisa que nasceu com o ser humano praticamente, mas o que muda é a forma de disseminação. A gente precisa de muito cuidado, muito tato. Então, talvez, o caminho seja convidar as pessoas a pensar de forma lógica, pensar como as coisas funcionam.

Por exemplo, quando uma fake news sobre saúde está dizendo que bicabornato cura câncer, o argumento seria falar sobre a importância do teste clínico, que é algo controlado, regulado no mundo todo.

O entrevistado Reinaldo foi editor de Ciência e Saúde da Folha de S. Paulo, é repórter, colunista e blogueiro do jornal. Escreveu cinco livros de divulgação científica: “Além de Darwin” (2009), “Os 11 maiores mistérios do universo” (2014), “Deus: como Ele nasceu” (2015), “Luz, ciência e muita ação” (2016) e “1499: O Brasil antes de Cabral” (2017).

Já colaborou com as principais revistas da área no país, como Unesp Ciência, Pesquisa Fapesp, Superinteressante, Scientific American Brasil, Ciência Hoje e Aventuras na História.

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Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

MOTORISTA

PRA QUÊ?

Usando redes neurais artificiais, uma dupla de alunos da Engenharia Elétrica do CEFET-MG Nepomuceno cria carro que vira, para e dá ré de maneira automática André Luiz Silva Você se lembra de algum filme futurista em que, numa cena qualquer, havia carros sem um motorista andando por aí? Pois é, a lista é longa: O vingador do futuro (1990), O quinto elemento (1997), Minority Report – a nova lei (2002), Eu, robô (2004), só para citar alguns. Agora, você já imaginou veículos sem motorista rodando por aí realmente? Talvez, transportando cargas, ou mesmo pessoas? Se não, se prepare, pois em breve o que vemos só nesses filmes de ficção científica, pode estar nas nossas ruas, no trânsito de nossas cidades. Isso é o que estão apostando as principais montadoras de veículos e sistemistas (fornecedoras de peças automotivas) do mundo.

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Para se ter a noção do quanto avançada é essa ideia, no estado de Nevada, nos Estados Unidos, já existe lei regulamentando a circulação de carros autônomos, e não é o único estado norte-americano. Em Nevada, inclusive, mais precisamente na cidade de Las Vegas, anualmente acontece a maior feira de tecnologia do mundo, a CES; por lá já passou uma quantidade grande de produtos que, depois de algum tempo, se fez presente no nosso dia a dia, como videocassete (1970), Blu-Ray (2003), TV 4K (2015), entre outras invenções. E não faz muito tempo os carros inteligentes são um dos produtos exibidos na feira, a maioria deles sem necessidade de motorista.

“Mas isso é lá nos Estados Unidos, em uma feira de tecnologia; não vai chegar aqui no Brasil tão cedo”, você pode dizer isso. Mas engano seu...

Por aqui há muita gente pesquisando sobre esses carros autônomos. No campus Nepomuceno do CEFET-MG, uma dupla de alunos do curso de Engenharia Elétrica, Ualifer Abreu e Yan Ambrósio, orientados pelo professor Márcio

Wladimir Santana, criou o protótipo (modelo experimental) de um veículo de brinquedo autônomo comandado por redes neurais artificiais, que são um sistema de computação que possui um conjunto de neurônios artificiais com interação entre eles, funcionando como nossos neurônios, com processamento de informação e interconexões.

campus Nepomuceno é capaz de aprender; isso por causa das redes neurais artificiais.

“Como elas têm capacidade de coletar, utilizar e armazenar informações baseadas em experimentos, o processo de aprendizado se dá a partir de algoritmos (sequência finita de instruções), em que parte da rede é modificada de uma forma ordenada para alcançar o resultado desejado”.

Na prática De acordo com o professor Márcio Wladimir Santana, orientador da pesquisa, na prática, trata-se de um veículo que possui uma câmera que filma a pista, que é branca, e fora dela é preto. O sistema inteligente é programado para manter o veículo dentro da parte branca (pista). Isso ocorre de maneira automática, ou seja, o próprio sistema toma a decisão de quando virar, parar, dar marcha ré etc.

“Fizemos um protótipo com um veículo de brinquedo que funcionou bem, mas há muita melhoria a ser realizada”, conta Márcio.

Conforme explica o professor, o protótipo desenvolvido no

O que é isso aí?

Algoritmo = sequência finita de instruções Protótipo = modelo experimental Redes neurais artificiais = sistema de computação que funciona como nossos neurônios Sistemista = fornecedora de peças automotivas Veículo autônomo = sem necessidade de um condutor

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Ualifer Abreu, um dos pesquisadores do veículo autônomo, diz que o protótipo desenvolvido por ele e pelo colega Yan Ambrósio pode, inclusive, identificar e desviar de obstáculos na pista, mas não só isso: “O modelo poderia ser útil para transportar objetos em longas distâncias sem que seja teleguiado ou dirigido; se fosse um veículo de grande porte, poderia até transportar pessoas em determinadas situações mais simples”.

Pesquisa premiada A pesquisa “Redes neurais aplicadas à construção de um protótipo de um veículo autônomo” conquistou o terceiro lugar na categoria “Ciência e inovação tecnológica”, na Mostra Específica de Trabalhos e Aplicações (META) do campus Nepomuceno do CEFET-MG. Para o professor Márcio, “a premiação foi muito bem-vinda e ficamos bastante contentes, especialmente porque no ano de 2018 tivemos excelentes trabalhos participando da META em Nepomuceno”.

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Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

CIÊNCIA E COMUNIDADE

RECOMPENSA: BOLINHA RESULTADO: SALVAR VIDAS

Dispositivo ejetor de bolinhas facilita trabalho de Corpo de Bombeiros com cães Flávia Dias Depois de realizar o trabalho, localizar o objeto por meio do odor, vem a recompensa: uma bolinha é lançada da caixa e o cão premiado. Tecnicamente chamada de “Dispositivo de adestramento de cães para modelagem comportamental”, a caixa é utilizada pelo Pelotão de Busca e Salvamento com Cães do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, que realiza o treinamento e a formação dos cães para localização de pessoas vivas ou mortas, que estejam perdidas em matas, ou presas em escombros devido a desabamentos e soterramentos. O dispositivo foi desenvolvido pelo professor do CEFET-MG Euler Cunha Martins, do Departamento de Eletrotécnica, e pelo estudante Kevin Oliveira.

O objetivo do dispositivo é criar uma forma de premiação para o cão em adestramento que cumpre de maneira eficaz a sua missão de identificar e localizar determinados odores, pessoas ou objetos previamente definidos. Essa premiação consiste no lançamento vertical de uma bola de tênis ou de algum outro objeto de interesse do cão. O ato de apanhar no ar esse objeto proporciona efeito de premiação para o animal.

O professor explica que o dispositivo foi construído com uma caixa de madeira e foram desenvolvidos, acomodados e integrados dentro da caixa os dispositivos eletroeletrônicos e eletromecânicos que permitem a automatização do processo de liberação de prêmios, por meio de um controle remoto por rádiofrequência.

A eficácia do trabalho de busca e resgate com utilização de cães é atestada em ocorrências atendidas pela Corporação do CBMMG. “De acordo com a ONG Cães de Resgate, a capacidade de trabalho de um cão farejador para localizar pessoas equivale a 20 homens desempenhando a mesma função

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Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

de busca, sendo que o animal pode realizar a tarefa em um tempo muito menor. Em ambientes de desastre ou de buscas e salvamento esse diferencial é muito importante”, destaca o professor Euler.

Segundo o comandante do Pelotão, tenente Lucas Silva, existem diversas formas de fazer a expulsão dessa bolinha, seja por meio mecânico ou eletrônico, sendo que a segunda forma é melhor. “Como o CEFET-MG é uma referência em cursos técnicos e superiores na área de eletrônica, procuramos o Departamento para apoiar na fabricação do dispositivo com acionamento por meio de um controle remoto”, explica o tenente.

A colaboração com o Pelotão aconteceu a partir de um acordo de cooperação técnica.

“A parceria se mostrou muito importante para o CEFET-MG, pela relevância e importância social do Corpo de Bombeiros Militar para toda a população

do Estado e pela possibilidade de criarmos novas frentes de trabalho e novas linhas de pesquisa, principalmente na área tecnológica, nas quais os professores da casa têm a oportunidade de desenvolver novos produtos, novas tecnologias, criar novas aplicações”, destaca Euler.

do cadáver é introduzido. O cão é lançado para realizar a busca e a identificação do odor.

Ao encontrar a caixa correta, o cão deverá ficar ao redor da caixa e emitir vários latidos, sinalizando que encontrou o odor. Quando o cão realiza a atividade corretamente, ele é premiado com uma bolinha.

O dispositivo não está disponível no mercado brasileiro, sendo encontrado apenas em outros países para exportação, o que eleva bastante seu custo. O protótipo atendeu às necessidades do Pelotão. “Ele está sendo essencial no treinamento. Assim que o recebemos e começamos a realizar o treinamento, percebemos uma evolução muito grande dos cães”, afirma o comandante.

“Não é muito adequado o próprio condutor do cão lançar essa bolinha e premiar o cão.

A forma mais adequada é que a recompensa venha da própria caixa, uma vez que, no entendimento do cão, a bolinha está vindo do próprio odor e é esse odor que está realizando a premiação. Por isso, o dispositivo é extremamente importante, uma vez que a uma certa distância o treinador do cão aciona o dispositivo por meio de um controle remoto”, explica. Em média, dois anos de treinamento é o tempo que leva para formar um cão de busca de cadáver.

Segundo as orientações do tenente, o treinamento funciona da seguinte forma: o militar treinador do cão distribui no terreno cerca de 3 a 5 caixas do mesmo formato e tamanho.

Em apenas uma caixa, o odor

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Equipe do Corpo de Bombeiros posa com o professor Euler Cunha e o estudante Kevin Oliveira, ao centro

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DESCOMPLICADO

ASTROLOGIA E ASTRONOMIA O QUE TÊM EM COMUM? Painel esclarece dúvidas e curiosidades sobre as duas áreas que, após a revolução científica, deixaram de caminhar lado a lado

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Gilberto Todescato Telini A previsão é de um momento de grande ruptura. Uma relação muito antiga pode ser desfeita. O que parecia escrito nas estrelas pode mudar com a posição do Sol. Esse poderia, perfeitamente, ser o horóscopo para o século XVII, especialmente para o relacionamento longo entre a Astrologia e a Astronomia.

Desde a antiguidade, as duas áreas intercambiavam conhecimentos sobre os céus e seus astros.

Todavia, com a revolução científica, houve um divórcio entre elas que, até hoje, está mal resolvido e gera confusão. De um lado, ficou a Astrologia, interessada em desvendar mecanismos ocultos que possam influenciar a vida das pessoas. De outro, a Astronomia, uma ciência que se propõe a estudar o universo por meio de regras matemáticas.

Para entender um pouco mais sobre cada uma dessas áreas e mostrar os motivos da separação, convidamos um astrólogo e um astrônomo para um painel, que irá refletir sobre ciência, simbologia, pensamento lógico e regras que regem o espaço, místico ou matemático.

Rodrigo Brasil. Rodrigo teve contato com a área mesmo antes de seu nascimento.

Seus pais se conheceram em um curso de astrologia. Criado em meio a livros e debates sobre o assunto, decidiu investigar mais a fundo o campo. Hoje, ministra curso de Astrologia no Ateliê 50, uma escola de arte no bairro Lourdes, em Belo Horizonte. Rodrigo é formado em Arquitetura e tem mestrado em Filosofia.

Leonardo Gabriel. Doutor em Ciências, na área de Física, ele atua como pesquisador nas áreas de física atômica e molecular e também no ensino e na divulgação de Astronomia. Já coordenou o projeto “Astronomia no Vale do Aço” de 2010 a 2013 e, atualmente, está à frente do Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia e Intercampi do CEFET-MG (Gedai).

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Grandes astrônomos, como Galileu e Kepler, faziam horóscopos. Isso só mudou com o nascimento da ciência moderna, no século XVII. Quais razões levaram a esse desentendimento entre os campos?

Rodrigo: Acredito que é um avanço do positivismo, da vontade de desmistificar o mundo, que tem suas claras vantagens, mas também vem carregado de preconceitos em relação à Astrologia, que é muito mal-entendida pela ciência, e facilmente desprezada, mesmo sem quase nenhum conhecimento sobre como ela funciona e sua complexidade de hipóteses. A Astrologia, do outro lado, geralmente não ajuda, há muita vontade de mistificá-la, de mantê-la ligada a este lado esotérico.

Não vejo muitas vantagens reais nisso.

Leonardo: A separação entre Astrologia e Astronomia acontece após o nascimento da ciência moderna. De modo simples, a ciência pode ser considerada como um método de construção do conhecimento. A partir das observações, são construídos modelos ou teorias que representam a realidade. As teorias ou modelos, normalmente, são baseadas em algumas hipóteses, cujas consequências devem ser confrontadas

com as observações ou experimentos. Caso haja qualquer desacordo, a teoria deve ser alterada ou mesmo descartada em favor de outra. A partir do nascimento desta nova forma de pensar, a Astronomia seguiu este caminho e se tornou ciência. Como a Astrologia nunca adotou e não adota este método, ela não é considerada ciência. Consequentemente, aconteceu essa separação inevitável.

O Código de Ética do astrólogo afirma que a Astrologia deve considerar para a interpretação somente dados concretos, deixando de lado elementos ou planetas não descobertos ou de existência duvidosa, cujas órbitas não sejam conhecidas com exatidão astronômica.

Isso diz respeito a um intercâmbio entre essas duas áreas. Há pontos de concordância entre Astrologia e Astronomia?

Rodrigo: Claro que há pontos de concordância entre as duas, elas nasceram juntas e isso é fato. A Astrologia não é alheia às forças naturais, ela lida com os astros mais próximos a nós, que, segundo suas teorias, afetam nossa vida e vivência na terra. Para isso, ela precisa entender claramente a posição dos astros em relação ao

“O fato de a Astrologia usar dados de posições corretas de astros verdadeiros, de modo algum sustenta este tipo de crença na ligação entre estas configurações e a vida das pessoas.”

Leonardo Gabriel

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indivíduo. No geral, a Astrologia apresenta a posição do Sol e da Lua, de Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão, às vezes um asteroide (o Quíron), e usa-se também os nodos lunares, que são pontos de convergência de alinhamento das órbitas do sol e da Lua em relação à Terra. Estes “astros” são apresentados em relação à sua posição distribuída no universo segundo um sistema de divisão de 30 em 30 graus, onde cada uma dessas frações é associada a um símbolo, e esses astros são apresentados em relação a sua posição vistos da Terra, se estavam no meio do céu, no horizonte, atrás da Terra, etc. Aí está toda a convergência e a ligação ainda hoje dos dois.

Leonardo: Absolutamente, não. O fato de a Astrologia usar dados de posições corretas de astros verdadeiros, de modo algum sustenta este tipo de crença na ligação entre estas configurações e a vida das pessoas. É extremamente importante demarcar que enquanto a Astronomia é ciência (segue o método científico), a Astrologia não pode ser considerada ciência. Não ser uma ciência não é necessariamente um coisa ruim. Por exemplo, as religiões não são consideradas ciências. Como curiosidade: sabemos

que, devido a precessão do eixo de rotação da Terra, os períodos em que o Sol fica em cada constelação do Zodíaco não são mais os mesmos períodos de milhares de anos atrás. A Astrologia, que possui milhares de anos, não atualizou essa mudança na projeção do Sol devido à precessão. Dependendo do dia de nascimento, pode acontecer algo como acontece comigo.

Sou de 29 de dezembro. Segundo a Astrologia, meu signo é Capricórnio, que corresponde a posição do Sol no dia 29 de dezembro há milhares de anos. Mas, se for olhar a verdadeira posição do Sol no verdadeiro ano de meu nascimento, 1981, eu deveria ser de Sagitário. Então, hoje, para algumas datas de nascimento, a constelação da projeção do Sol segundo a Astronomia não coincide com o signo da Astrologia. Eu realmente não acredito em Astrologia, mas, como já me disseram algumas vezes, capricornianos costumam ser muito céticos.

Segundo pesquisa da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, em 2012, metade da população americana afirmava que a Astrologia tinha base científica, número mais alto desde 1983. Em sua opinião, quais critérios levam o público a acreditar nessa informação?

“(...) a Astrologia não é ciência, não que seja o contrário dela, ela lida com a ideia de causa e consequência.”

Rodrigo Brasil

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Rodrigo: A Astrologia não é ciência, não que seja o contrário dela, ela lida com a ideia de causa e consequência, tem sua hipótese sobre um fenômeno natural ter uma consequência na vida biológica da Terra, mas ela não é ciência porque ela não se preocupa com o porquê, não se preocupa em desvendar qual a força que teoricamente influenciaria este comportamento e porque geraria este resultado. Portanto, nunca seria uma ciência. Mas seu pensamento é lógico, a ciência é lógica, mas nem tudo que é lógico é pensamento científico puro. Há, inclusive, tentativas de estudos mais científicos sobre a Astrologia, e muitas pessoas ignoram isso, por preconceito. Eu recomendo procurar os estudos do Michel Gauquelin, um estatístico que fez uma ampla coleta de dados em relação à posição dos planetas e à profissão das pessoas, cujos resultados foram muito interessantes e muito fora do que se chamaria de acaso. Pena que é difícil achar informações corretas sobre esse estudo, pois houve uma tentativa muito grande de desmerecê-lo. Acho que uma abordagem com bases mais científicas só teria a acrescentar, tanto para a ciência quanto para a Astrologia. Gostaria de ver mais disso.

Leonardo: Acredito que este triste dado seja devido a muitas coisas, mas principalmente pelo descaso com que os governos têm tratado a educação e pelas posturas de muitos meios de comunicação, que preferem a venda fácil de banalidades do que produzir e vender divulgação científica de qualidade. A falta de educação científica da sociedade em geral é um dos fatores responsáveis por muitas pessoas acreditarem que a Astrologia tem embasamento científico. O mais triste de tudo é que existem muitas pessoas com potencial e interesse pela ciência que acabam sendo vítimas de algumas pseudociências.

Carl Jung foi um grande teórico da área de Psicologia, desenvolvendo estudos sobre arquétipos e inconsciente coletivo. Ele afirmava que a Astrologia representa a soma de todo o conhecimento psicológico da antiguidade. Qual a contribuição histórica da Astrologia para a Astronomia e qual a contribuição da Astronomia para a Astrologia?

Rodrigo: A gente tem uma tendência a desprezar o símbolo ou de não o entender como tal,

“Acho que uma abordagem com bases mais científicas só teria a acrescentar, tanto para a ciência quanto para a Astrologia. Gostaria de ver mais disso.”

Rodrigo Brasil

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isso é uma pena. Ele tem uma função muito interessante e a Astrologia se apropria de sua lógica. Com um simples símbolo, a Astrologia consegue transportar uma série de informações, permitindo que você entenda o que está apresentado sem ter de ler um conjunto imenso de textos lineares. Essas informações estão condensadas nesta lógica simbólica muito rica.

Outra questão importante do uso dos símbolos é que ele permite se falar de coisas não concretas, lógicas, mas complexas. Daí advêm dois problemas: o primeiro é que quem não entende esta dinâmica e importância do sistema simbólico para o conhecimento acaba não entendendo nada do que se trata a Astrologia; o outro é que as pessoas que querem falar de Astrologia, às vezes, encaram os símbolos de uma forma literal e isso atrapalha e mistifica tudo que estava tentando ser dito ali.

Leonardo: Astronomia e Astrologia tinham forte ligação na antiguidade. Os registros históricos sugerem que as pedras de Stonehenge, além de serem usadas para acompanhar o movimento dos astros, eram também associadas a cul-

tos religiosos e à previsão de eventos futuros.

Então parece que a Astronomia e a Astrologia começaram juntas. O conhecimento do movimento dos astros, além de ser usado para situações práticas, como a definição de um calendário, também eram associadas às vontades dos deuses e à previsão do futuro. Nesse contexto, muitas mentes geniais que acreditavam em Astrologia fizeram grandes contribuições para o campo da Astronomia. O próprio Galileu, em seu cargo como matemático e filósofo do Grão-Duque da Toscana, tinha que fazer horóscopos. Então, antes do nascimento da ciência moderna e do divórcio entre as duas, a Astrologia deu contribuições à Astronomia. Ela era uma espécie de motivação para se estudar e conhecer o céu e também gerava investimentos e empregos para estudiosos. Certamente, muito conhecimento científico foi gerado nesse contexto. Após o divórcio, acredito que a Astrologia não traz mais nenhuma contribuição para a Astronomia. Por sua vez, a Astronomia era e ainda é de fundamental importância para a Astrologia, uma vez que esta se baseia nas posições dos astros para fazer suas previsões.

“(...) muitas mentes geniais que acreditavam em Astrologia fizeram grandes contribuições para o campo da Astronomia. O próprio Galileu, em seu cargo como matemático e filósofo do Grão-Duque da Toscana, tinha que fazer horóscopos.”

Leonardo Gabriel

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CLIQUES DE MEMÓRIA

Acervo fotográfico do CEFET-MG é procurado por pessoas que querem reviver seu tempo na Instituição Diogo Tognolo Em seu ensaio “A câmara clara”, o sociólogo e filósofo Roland Barthes fala sobre o lastro de real contido na fotografia. Ela quer nos dizer do que se passou, ainda que capture um momento muito específico e que não pode se repetir. “O que a Fotografia reproduz ao infinito só ocorreu uma vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente”. A vontade de voltar ao que a fotografia congelou parece ser uma constante para muita gente, que encontra nas imagens registradas a memória de um tempo passado. É esse o caso, inclusive, no CEFET-MG. Em seus 110 anos de história, foram muitas as fotos feitas na Instituição. Mais do que eventos e espaços, elas registram histórias, e são constantemente procuradas por quem quer reviver os momentos em que estudou aqui.

No meio de tudo isso, está Sílvio Santos de Souza, chefe do setor de Audiovisual. Entre suas funções está cuidar do acervo fotográfico da Instituição, digitalizando e organizando materiais que datam desde a inauguração do CEFET-MG. Trabalhando na Instituição desde 1989, Sílvio conta que acompanha a história do lugar. “Por estar tanto tempo aqui e passando por essa tarefa, eu acabo tendo um conhecimento maior, até de outras épocas que eu não vivi”, afirma. “A gente vai adquirindo isso com o tempo.

A gente acaba conhecendo as pessoas, conhecendo os lugares e conhecendo a história: isso é um processo natural”.

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Vista da Avenida Amazonas na década de 1980, com ginásio do CEFET-MG ao fundo.

Vista da Avenida Amazonas, em 1972

Vista aérea da região na década de 1980

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E esta memória não fica restrita. É comum, conta o técnico em Audiovisual, que pessoas procurem o setor em busca de recordações de seus tempos de estudante. “Muita gente liga para o CEFET-MG procurando informações de quando eles foram estudantes aqui”, conta. “Há um certo saudosismo, uma vontade de resgatar a história”. É o caso de Eliane Oliveira, filha de Antônio Carreira de Lima Neto, de 84 anos. Antônio fez o curso técnico em Pontes e Estradas, na década de 1950. Na época, a Instituição se chamava Escola Técnica de Belo Horizonte e ficava localizada na avenida Augusto de Lima. Hoje com Alzheimer, Antônio continua se recordando dos seus tempos de escola. “Meu pai sempre comentou e comenta até hoje alguns momentos vividos na ETBH”, afirma Eliane. “A satisfação de reviver estes momentos é sentida por quem ouve.

Ele recorda professores, funcionários e amigos”.

Ela procurou o setor de Audiovisual para tentar encontrar lembranças que fizessem reavivar a memória de seu pai. Entre as histórias, ele conta dos vários esportes que praticava, com destaque para o salto com vara. “Recorda muito do atletismo. Ele era muito bom. Ainda faz ginástica com os braços”, relembra sua filha.

Caso similar aconteceu com Lílian Fatima da Silva, irmã de Paulo José da Silva. Ela procurou o CEFET-MG para fazer uma surpresa para o aniversário de 70 anos de Paulo. Ele fez o curso técnico em Mecânica, de 1967 a 1969 e sempre comenta com carinho das pessoas e eventos da Instituição. “Foi muito difícil conseguir algo daquela época, mas consegui resgatar fotos do ambiente em que ele estudou, já nesse prédio do campus I”, conta Sílvio.

O carinho pelo CEFET-MG e a vontade de relembrar histórias dos períodos de estudo surgem até onde menos se espera. “São pessoas que a

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gente encontra na rua”, conta Sílvio. Um exemplo foi Carlos Roberto Corrêa, motorista que, ao trazer o técnico em Audiovisual para a Instituição, contou ter estudado no local. Na época ainda Escola Técnica de Belo Horizonte, Carlos Roberto estudou Eletrotécnica, entre 1967 e 1970. “Tudo na escola era marcante, as aulas de oficina eram ótimas”, relembra, citando nomes de profissionais que o marcaram. “Me lembro muito do professor Gilson Santana (de Educação Física), ele era como um pai. Tinha o Hélio Muzzi, na Eletrotécnica, grande amigo; o seu João, disciplinário, um grande sujeito, e vários outros”. O carinho pela Instituição já era grande naquela época: “A escola era tão boa que todos nós não gostávamos das férias”.

Todas essas histórias, afirma Sílvio Santos, demonstram um lado que é pouco relembrado da Instituição. “Não são os grandes eventos, as pessoas famosas; mas as comuns, aquilo que é cotidiano no CEFET-MG”, afirma. Estão entre os arquivos do Audiovisual, fotos feitas por servidores da instituição de grandes eventos, como inaugurações de prédios (Sílvio lembra dos registros da inauguração do atual prédio do campus I, com a presença do então presidente da República Juscelino Kubitschek, em 1958). Há, também, fotos feitas por estudantes, que levavam câmeras quando viajavam para participar de algum evento. Em todas elas, Sílvio conta, é possível perceber o desenvolvimento da história do CEFET-MG, das pessoas que passaram aqui e até das cidades nas quais a Instituição está localizada. “Percebemos em Belo Horizonte, por exemplo, o desenvolvimento da região da Avenida Amazonas. Os prédios que não existiam, o rio que passava por perto...”. O tempo passado é sempre tornado presente pelas objetivas da câmera. “Nós fomos coadjuvantes da história do CEFET-MG”, conta o servidor. “A gente acompanhou esse processo todo”.

Antônio Carreira, na década de 1950

Paulo José da Silva, na década de 1960

Oficinas na década de 1960

Vista Avenida Amazonas em abril de 1958

Vista Avenida Amazonas na década de 1980

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Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

CIÊNCIA E COMUNIDADE

CORRIDA CONTRA O TEMPO

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Professor do CEFET-MG desenvolve sistemas inteligentes para serem utilizados na rotina e no planejamento estratégico do Samu-BH

Flávia Dias Quem já precisou do Serviço Médico de Atendimento de Urgência (Samu) sabe que os segundos são primordiais para salvar a vida de uma pessoa. O tempo da ligação para o 192 até a chegada do atendimento é fundamental para que não haja sequelas ou até mesmo a morte do paciente. Esse serviço pré-hospitalar necessita da maior brevidade possível.

zeiro desenvolveu um projeto em que a proposta é reduzir o tempo de resposta às ocorrências e auxiliar o Sistema Único de Saúde. A ideia é obter mais eficiência e, assim, melhorar os serviços prestados para a população. Além disso, está sendo feito um software que será responsável por montar um banco de dados dos chamados.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, em 2018, o Samu de Belo Horizonte recebeu o total de 520.764 chamadas. Deste total, 113.418 resultaram em atendimentos, sendo a maioria delas com envio de ambulância. Na capital, o tempo médio de resposta é de 12 minutos e, atualmente, o Samu conta com 24 bases distribuídas por toda cidade.

Modelos matemáticos estão sendo desenvolvidos para melhor distribuir a localização das bases e a alocação dinâmica das ambulâncias, de forma que elas se posicionem estrategicamente pela cidade e possam cobrir mais chamados no menor tempo possível. “Em um serviço de emergência, define-se por tempo de resposta o intervalo entre o recebimento da ocorrência na Central de Regulação até a chegada da equipe no local onde se encontra a vítima. Quanto menor for esse tempo, maiores são as chances de sucesso no socorro e, em casos de risco de morte, maiores serão as chances de a vítima sobreviver”, explica o professor.

Pensando na melhoria desse serviço tão importante em relação à gestão dos custos, da equipe, dos suprimentos e da qualidade do atendimento prestado, o professor do CEFET-MG Flávio Vinícius Cru-

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O objetivo, portanto, é desenvolver um modelo de Problema de Máxima Cobertura (MCLP) para o Samu-BH para potencializar os chamados atendidos dentro de um tempo de resposta.

O que é MCLP? Tem o objetivo de cobrir a maior demanda possível dentro de um limite preestabelecido de tempo ou distância.

Foram feitos estudos sobre as melhores localizações para as bases do Samu da cidade de BH, considerando a alocação dinâmica das ambulâncias e com base no comportamento histórico dos chamados.

O que se pretende?

Espera-se o aumento do número de chamados cobertos dentro do tempo de resposta preestabelecido pelo gestor, a redução na fila de espera e a definição dos pontos ideais para instalação de novas ambulâncias.

Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

MULHER CIÊNCIA

NA

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MULHERES EM

PRISÃO: QUEM ENSINA E QUEM APRENDE?

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Leila Caeiro Como o CEFET-MG pode contribuir para o reconhecimento de saberes, experiências, competências quando se trata de mulheres que estão cumprindo pena em presídios? Como essas mulheres podem usar os conhecimentos que já possuem e com isso melhorar sua condição social?

Buscando reconhecer e valorizar o que mulheres do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto (PIEP), presídio localizado na cidade de Belo Horizonte já trazem como bagagem de vida, o Núcleo de Estudos Organizacionais, Sociedade e Subjetividade (NOSS) e o Programa de Educação Tutorial de Administração (PET-ADM) do CEFET-MG estabeleceram uma parceria com o Programa Mulheres Mil e com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A ideia é valorizar todo tipo de saber que decorra de qualquer experiência vivida, entendendo que isso pode contribuir para que essas mulheres estejam aptas ao trabalho.

O Sistema Prisional Brasileiro nem sempre possui mecanismos que ofereçam oportunidades de formação para as mulheres presidiárias. A implantação do Programa Mulheres Mil (instituído pelo MEC em 2011) tem como proposta a formação educacional, profissional e cidadã dessas presidiárias, incluindo a qualificação para atuação no mundo do trabalho. É nesse sentido que o projeto do CEFET-MG entra em prática, promovendo uma escuta dessas mulheres. A partir da escuta, buscou-se desenvolver uma metodologia que possibilite o reconhecimento da potencialidade dos conhecimentos e saberes que foram construídos ao longo da vida.

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A professora Ludmila Guimarães, coordenadora dos projetos no CEFET-MG, afirma que a primeira etapa do trabalho consistiu na escuta das mulheres. “Foi o momento de compreender o que elas aprenderam ao longo da vida nas mais diversas experiências na família, na comunidade, na escola e no trabalho, e que trazem consigo”, diz. O método utilizado para “a coleta de informações visou colocar as mulheres em posição de autoras de suas próprias histórias, permitindo que enxergassem o que já aprenderam e construíssem a partir desse aprendizado uma forma de estabelecerem seus lugares como mulheres na sociedade, que vai além do lugar de presidiária ou do crime que cometeram”, completa. A troca de experiências, permitida pela metodologia aplicada, teve um impacto direto na vida de todos os envolvidos no processo, “já que cria uma rede de apoio mútuo e reconhecimento de si e do outro”, finaliza a coordenadora.

Metodologias aplicadas Adaptações metodológicas do Mapa da Vida, Plano de Desenvolvimento Individual e Oficina Canvas. Identificação e valorização simbólica dos saberes desenvolvidos pelas mulheres antes e durante a prisão.

Outros impactos A metodologia pode ser aplicada em diferentes situações, mas principalmente com grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Coordenadores e colaboradores Admardo B. Gomes Junior, Carolina Riente Andrade Paula, PET-ADM, pesquisadores do NOSS.

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Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

PESQUISA NO CEFET

PANO PARA MANGA...

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Alunos Luiz Gustavo, Cecília Rodrigues e a professora Maria de Lourdes Couto Nogueira

... para brinquedo, para jogos, para acessórios esportivos!

Pesquisas desenvolvidas no campus Divinópolis buscam destinações adequadas para os resíduos têxteis 39

Encaminhamento do material processado para reaproveitamento

Fóruns de discussão

Nívia Rodrigues

DESTINAÇÃO IDEAL PARA O RESÍDUO TÊXTIL

Trabalho das cooperativas de coletores de resíduos

Diagnóstico do setor para definição das ações

Processo coletivo de educação e conscientização Realização de coleta seletiva

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A palavra “Moda” nos leva a pensar em gostos, formas de viver, tendências, costumes... A indústria têxtil, especificamente, produz muito mais do que esses conceitos, produz também toneladas de resíduos poluentes que não são reaproveitados de forma adequada. Estima-se que a indústria da moda esteja entre as mais poluentes do mundo, causando grande impacto ambiental.

Por estar localizado no principal polo de moda e confecção de Minas Gerais, o CEFET-MG Divinópolis atua fortemente com o tema. De forma complementar às aulas do curso

técnico em Produção de Moda e do curso superior em Design de Moda, o campus tem investido não só no desenvolvimento do setor e na qualificação de profissionais, mas na busca de soluções adequadas para o descarte dos resíduos da indústria têxtil. O tema sustentabilidade, por exemplo, é uma das linhas de atuação do Grupo de Pesquisa de Vestuário e Moda (Nupevem), referência no monitoramento do setor; e do Seminário de Moda, Gestão e Design (Semged), que já faz parte do calendário de evento do campus.

Uma das principais mentoras dessas atividades é a professora Maria de Lourdes Couto Nogueira, a Bu. Ela explica que é considerado resíduo sólido têxtil todo material derivado das sobras da produção, que não possui utilidade após determinado processo e que, geralmente, é descartado. Podem ser citados como exemplos os retalhos de tecidos, as sobras de aviamentos, os cones de linhas, os plásticos e os papéis em geral. “É comum encontrarmos em Divinópolis sacos cheios de retalhos e outros resíduos das confecções dispostos nas calçadas, que são coletados pelos caminhões de lixo e destinados inadequadamente ao aterro”, explica a professora. Ela destaca que esses resíduos são classificados como industriais e, em regra, não deveriam ser recolhidos como lixo doméstico. O resultado? Ao serem levados para os aterros, os re-

síduos têxteis ocupam espaço útil e tornam-se um perigo ainda maior para a natureza, por serem compostos de fibras sintéticas que demoram muitos anos para decomposição, além de poderem estar contaminados com graxas, óleos e outros materiais perigosos, poluentes e inflamáveis.

Brinquedos e acessórios Em 2008, uma pesquisa que buscou fazer um diagnóstico ambiental das confecções de Divinópolis foi o pontapé inicial das atividades ligadas aos resíduos sólidos têxteis. De lá para cá, entre as inúmeras ações e capacitações já realizadas pelo campus Divinópolis, está o projeto de criação de jogos e brinquedos didáticos a partir do uso de materiais recicláveis.

Iniciado em março deste ano, o projeto está vinculado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Cientifica Júnior BIC-JR. “O uso dos jogos e brinquedos didáticos, além de motivador, proporciona aos alunos diversos benefícios, entre eles a fixação dos conceitos aprendidos, desenvolvimento de conceitos de difícil compreensão, busca por estratégias de resolução de problemas, tomada de decisões, interdisciplinaridade, construção do conhecimento pelo próprio aluno, a socialização e o trabalho em equipe”, enumera a professora.

Cecília Rodrigues, aluna do 2º ano do curso técnico em Pro-

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dução de Moda, explica que o projeto está em fase de planejamento dos brinquedos, que terão como foco os órgãos humanos. “O meu interesse nesse projeto é mostrar para as crianças a importância do material reciclável e como é possível transformar um simples retalho num brinquedo divertido e didático”, avalia. Luiz Gustavo, também aluno do 2º ano, atua voluntariamente e destaca o fato de que o material produzido será de grande valia para crianças carentes. “Eu optei por participar do projeto porque é uma área que me interessa muito, tanto pelo fato de envolver jogos, quanto por envolver crianças necessitadas, além de estar relacionado à sustentabilidade”, assegura.

Outro projeto já em andamento está ligado ao programa de extensão Azimute Norte de Desporto de Orientação. A vertente ambiental do programa objetiva confeccionar acessórios voltados para o esporte de maneira sustentável e que garantam segurança, flexibilidade e agilidade aos praticantes. “Cabe a cada um fazer sua parte: ao poder público a criação de leis e a fiscalização das atividades desenvolvidas pelas indústrias; às empresas de confecção a busca por alternativas de não geração ou minimização da geração de resíduos; e à sociedade a consciência e educação ambientais ao se produzir, separar e destinar os resíduos de forma eficiente e ambientalmente adequada”, explica Bu.

Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

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MAS AFINAL, O QUE É

BIOECONOMIA? 16ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que vai acontecer de 21 a 27 de outubro de 2019, será inspirada no tema Bioeconomia

Flávia Dias A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia cresce a cada edição e envolve mais instituições e municípios do país. Todos os anos, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) escolhe uma temática para o evento; em 2019, será “Bioeconomia: diversidade e riqueza para o desenvolvimento sustentável”. Mas afinal, o que é bioeconomia e qual a importância desse tema?

A professora Glauciene Martins, que ministra disciplinas do eixo de Empreendedorismo e Planejamento Estratégico do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas do CEFET-MG, explica que o conceito de bioeconomia foi introduzido por Georgescu-Roegen em 1971, partindo das interrelações entre economia e natureza. “Bio”, de origem grega, significa vida. Já Economia é a ciência que busca compreender como as sociedades usam seus recursos escassos e os processos de produção, troca e consumo de bens e serviços. Contrariando a possibilidade de crescimento sem limite e analisando a economia sob a ótica das ciências naturais, a bioeconomia propõe uma abordagem mais integradora, contribuindo para a formação de um novo modelo de sociedade. Essa compreensão possibilita as bases para o desenvolvimento sustentável, a economia ecológica e a sustentabilidade ambiental”.

Segundo a Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE), a bioeconomia envolve quatro elementos: biotecnologia, conhecimento, biomassa renovável e integração entre aplicações. Segundo Glauciene, acredita-se que inovação em diversos campos do conhecimento seja necessária para solucionar os problemas de como a economia é estabelecida na maior parte do planeta, como, por exemplo, o esgotamento das fontes não renováveis de materiais e energias, a poluição e o aquecimento global. “Se antes o foco era na produção em massa, acesso a bens de consumo, geração de empregos em grandes centros urbanos, atualmente, com a introdução da lógica da bioeconomia e do desenvolvimento sustentável, o foco passa a ser o aproveitamento de resíduos, eficiência na utilização dos recursos (fazer mais com menos recursos), energia renovável, baixa

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emissão de carbono e de outros gases nocivos, biodiversidade, bem-estar social, saúde humana”, explica.

17 objetivos de desenvolvimento sustentável

A professora destaca a importância da temática para ser tratada na Semana C&T. “O Brasil é um país que possui grande biodiversidade e recursos naturais em abundância, além de possuir a produção agrícola como importante atividade econômica. Além disso, a bioeconomia fundamenta, em grande medida, os 17 objetivos globais para o desenvolvimento sustentável, estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Assim, o desenvolvimento científico e tecnológico propiciado pelas instituições de ensino e pesquisa no Brasil é necessário não somente para gerar inovações que tornem a bioeconomia viável, como para capacitar pessoas, sugerir políticas públicas e difundir inovações para a sociedade”, ressalta.

1. Erradicação da pobreza 2. Fome zero e agricultura sustentável 3. Saúde e bem-estar 4. Educação de qualidade 5. Igualdade de gênero 6. Água potável e saneamento 7. Energia limpa e acessível 8. Trabalho decente e crescimento econômico 9. Indústria, inovação e infraestrutura 10. Redução das desigualdades 11. Cidades e comunidades sustentáveis 12. Consumo e produção responsáveis 13. Ação contra a mudança global do clima 14. Vida na água 15. Vida terrestre 16. Paz, justiça e instituições eficazes 17. Parcerias e meios de implementação

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Pesquisa desenvolvida A professora Glauciene desenvolveu uma pesquisa na Serra do Cipó, Minas Gerais, que possibilitou a elaboração de um modelo de análise que avalia o alinhamento conceitual da inovação a uma lógica distinta da organização industrial e da grande empresa. Apesar de o referencial ter sido a Economia Evolucionária, muitos elementos presentes no referencial da bioeconomia foram comprovados na pesquisa.

O objetivo foi analisar e compreender a inovação e a dinâmica organizacional ligadas a ela. Algumas experiências inovadoras dessa iniciativa merecem destaque, como o Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra do Cipó, Fórum de Desenvolvimento Regional (inovação na gestão pública), Mercadinho Tá Caindo Fulô (economia solidária, produtos tradicionais e agroeco-

lógicos), cursos de bioconstrução e construção com bambu (difusão de tecnologias sociais) e novos modelos de negócios ligados ao setor de hospedagem.

“Foi possível perceber que as capacidades de reflexão e de criação do indivíduo também dependem dos recursos (informações, tecnologias e mercados) que ele consegue acessar e usar ao longo da vida. A diversidade de experiências, de visões de mundo e de formação é um princípio-chave, com a gestão (ideia de processo de transformação) e a liderança, para que sejam permitidas novas conexões. Foi possível concluir também que a ideia de competitividade, ou vantagem competitiva, está mais próxima da concepção de colaboração e cooperação entre atores do que de disputa ou destruição entre eles”, conclui.

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ACESSI BILIDADE

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O CORPO

FALA...

Alunas do campus Leopoldina transformam linguagem de sinais em PortuguĂŞs, garantindo protagonismo ao surdo em conversas com ouvintes 47

André Luiz Silva Dados do último Censo do IBGE revelaram que 5,1% da população, ou 9,7 milhões de pessoas, têm algum tipo de deficiência auditiva. Entre estas há 344 mil surdos. Apesar de serem uma grande parcela da sociedade brasileira, não se fazem presentes na mesma proporção nas escolas; no ensino superior, por exemplo, há, somente, 20.000 deles. Com isso, o ingresso no mercado de trabalho fica limitado, pois a maioria dos surdos possui escolaridade até o ensino médio, e aqueles que

possuem graduação raramente conseguem emprego na sua área de formação.

Além da pouca instrução, o principal motivo para a pequena participação dos surdos no mercado de trabalho é a dificuldade de se comunicarem com ouvintes (não surdos), já que muitas empresas não possuem intérpretes.

Diante desse problema, as alunas Ana Luiza Cordeiro, Larissa Simões e Marcelle Toledo, to-

das do curso técnico de Informática do campus Leopoldina, decidiram criar um programa de computação que traduzisse gestos estáticos em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) para Língua Portuguesa.

De acordo com o professor Samuel Basílio, que orientou a pesquisa com o pesquisador Maicon Stihler, a ideia de se investigar esse tema surgiu da observação dos alunos e das alunas da dificuldade existente na comunicação entre surdos

COMO FUNCIONA O TRADUTOR DE LIBRAS PARA PORTUGUÊS

2. As imagens são tratadas, de forma a reduzir ao máximo a quantidade de informações visuais, permanecendo apenas aquelas essenciais para a tradução LIBRASPortuguês.

1. As imagens dos gestos em LIBRAS são capturadas por meio de uma webcam.

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e não surdos, impedindo a participação ativa dos deficientes na sociedade. “Com isso, percebemos que a solução se daria por meio do aumento de programas de acessibilidade, como tecnologias assistivas; dessa maneira, seria possível incentivar a promoção do surdo como emissor da mensagem, não somente como ouvinte, como costuma-se ver em programas de tradução do Português para LIBRAS, encontrados em maior quantidade no mercado”, explica Samuel.

Pesquisa campeã A pesquisa desenvolvida pelas alunas Ana Luiza Cordeiro, Larissa Simões e Marcelle Toledo, ao dar protagonismo aos indivíduos surdos em situações de diálogo com não surdos, trouxe visibilidade para a importância de trabalhos sobre tecnologias assistivas, isto é, dispositivos tecnológicos criados para assistir ou melhorar a qualidade de vida dos deficientes, tanto que a pesquisa foi premiada com o primeiro lugar na Mostra Específica de

3. É realizada a delimitação de uma área nas imagens em que a mão deve ser inserida; logo após, aplicase um filtro em escala de cinza e as imagens são redimensionadas.

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Trabalhos e Aplicações (Meta) do CEFET-MG campus Leopoldina, na categoria “Ciência e inovação tecnológica”.

Para o professor Samuel Basílio, a premiação foi uma surpresa, mas o mais importante foi que a pesquisa contribuiu para a formação das alunas.

“Este trabalho foi desenvolvido como tema do projeto final de curso; com a premiação, cresceu nas alunas o desejo de continuar na área de Informática e de realizar outras pesquisas acadêmicas”, disse o coorientador.

4. Para a efetiva tradução dos gestos, há um sistema de classificação, em que se utiliza uma rede neural (sistema de computação que funciona como nossos neurônios) com grande quantidade de amostras de imagens de cada gesto para o treinamento; dessa forma, os frames capturados a cada momento pela câmera são comparados com as amostras e, com base nessa comparação, o resultado mais adequado é fornecido.

GRUPOS DE PESQUISA

CARGA E DESCARGA DE

MERCADORIAS

NA CIDADE TÊM SOLUÇÃO

Leila Caeiro Sabemos como é importante que todos os comércios tenham as mercadorias repostas para que o processo de compra e venda não deixe de acontecer e, com isso, a economia não seja prejudicada.

Mas sabemos também que o trânsito de veículos e pedestres fica complicado se as ruas forem tomadas por caminhões e carros de carga e descarga a qualquer tempo e hora. Para pensar soluções para esse problema há grupos de pesquisa com foco em melhorar esse transporte de cargas nas cidades. Um deles é o Grupo de Pesquisa em Transportes e Logística Urbana (Translog City), que pesquisa sobre o planejamento do transporte urbano de mercadorias para facilitar o trânsito e reduzir ao máximo o transtorno provocado.

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O grupo de pesquisa é composto por professores de diferentes instituições (CEFET-MG; UFMG e UFV), por alunos dos cursos técnicos, da graduação e da pós-graduação.

O transporte de cargas influencia diretamente aspectos no trânsito urbano, tais como aumento dos níveis de congestionamento e riscos de acidente, emissão de gases poluentes e excesso de ruídos. Os projetos desenvolvidos pelo Translog City buscam debater esses problemas, encontrando possíveis soluções que integrem a atividade de movimentação de mercadorias nas cidades ao planejamento urbano. A coordenadora do Translog, professora Renata Oliveira, explica que o grupo surgiu da necessidade de apropriação de novas formas para investigar o contexto espacial no acesso às mercadorias e às funções urbanas. “É a partir da caracterização e do diagnóstico desses problemas que é possível avaliar e propor intervenções no uso do solo, na localização de atividades e na oferta de transportes nas cidades, visando à promoção de um modo de vida mais justo e humano”, diz. Ainda de acordo com a coordenadora, “o trabalho de pesquisa desenvolvido é direcionado à promoção de soluções para a sociedade como um todo. A promoção da acessibilidade às funções urbanas e às mercadorias é essencial para a manutenção da qualidade de vida social e econômica”.

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O grupo trabalha com métodos de estatística descritiva e multivariada, os modelos de inferência estatística e o uso de Sistemas de Informações Geográficas associados à análise espacial.

Uma nova linha de investigação está em andamento e se refere à análise de acessibilidade às oportunidades na cidade, com o objetivo de identificar e qualificar possíveis dificuldades espaciais que possam comprometer a qualidade de vida urbana.

Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

PÓSGRADUAÇÃO

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CONSTRUINDO

SUSTENTABILIDADE Programa de pós-graduação do CEFET-MG em Engenharia Civil foca na construção sustentável

Nívia Rodrigues Na busca pelo progresso e por melhores condições de conforto e segurança, a Construção Civil é parte importante no desenvolvimento da humanidade. Porém, a concepção de casas, indústrias, pontes, estradas e outras obras de infraestrutura podem ser ainda mais benéficas tendo a sustentabilidade como foco. É nesse pilar que se apoia o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGEC) do CEFET-MG, que tem como área de concentração a construção sustentável.

O mestrado teve início em 2007 e, 10 anos depois, o bom desempenho do curso contribuiu para o início das turmas de doutorado em 2017, sendo o mais recente curso nesse nível de ensino na Instituição. No mestrado, já foram defendidas 84 dissertações, com nota 4 na Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação.

A coordenadora, professora Hersília de Andrade e Santos, explica que o programa conta com corpo docente jovem, com formação acadêmica diversificada no Brasil e no exterior e com área de concentração que permite um leque de pesquisa amplo e atual. Além disso, é a única pós-graduação em Engenharia Civil de Belo Horizonte com os dois níveis. “Acreditamos que o grande desafio da Engenharia Civil na próxima década será se tornar mais sustentável, incorporando materiais inteligentes como a nanotecnologia e resíduos de outros setores, além de tornar processos construtivos e obras civis mais eficientes e menos impactantes”, vislumbra.

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Sustentabilidade

o aumento do efeito estufa, fenômeno de aquecimento natural da Terra.

Fotos: Júlio Sardinha

A preocupação com o meio ambiente, buscando alternativas mais sustentáveis e econômicas que beneficiem a população perpassa várias atividades do PPGEC. Fernanda Mourão Dutra é mestranda, ingressou em 2018 e pesquisa sobre eficiência energética. A arquiteta urbanista é orientada pelo professor Rogério Cabral de Azevedo e avalia as possibilidades de redução do consumo de energia em edificações.

“A minha pesquisa é de grande valia, uma vez que precisamos reduzir a emissão de dióxido de carbono (CO2) pelo parque edificado. Além disso, uma redução no consumo da construção pode afetar diretamente o valor das contas”, contabiliza. O CO2 é um gás que contribui para

Já Tathiana Caetano ingressou no doutorado este ano, mas tem uma longa trajetória no CEFET-MG: ela é formada no curso técnico em Edificações, na graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária e no mestrado em Engenharia Civil, todos na Instituição. Em sua pesquisa de doutorado, orientada pela professora Hersília, busca identificar vazamentos em tubulações de água por meio de métodos diversos, como a capacidade de conduzir corrente elétrica do solo em que a tubulação está inserida. “Atualmente, perdemos cerca de 38,3% da água tratada por causa de vazamentos. Conseguir encontrá-los de forma mais eficaz ajuda a preservar o recur-

Tathiana Caetano faz doutorado no CEFET-MG, depois de ter feito curso técnico, graduação e mestrado na Instituição

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so natural e, ainda, traz retorno financeiro para as empresas de abastecimento, uma vez que o gasto atual para a detecção desses vazamentos é muito alto”, esclarece.

seus estudos nas linhas de pesquisa “Materiais de Construção Sustentáveis” ou “Componentes da Construção e Processos Construtivos”. As aulas são realizadas no campus II do CEFET-MG, em Belo Horizonte.

Como ingressar O programa oferece vagas para alunos em disciplinas isoladas todo semestre. Já para ingresso como aluno regular é necessário passar por processo seletivo anual, que disponibiliza cerca de dez vagas para o mestrado e cinco para o doutorado. Os candidatos devem ser aprovados em prova de conhecimentos relacionados à construção sustentável e em entrevista, além de ter o currículo e o projeto de pesquisa analisados. Os pós-graduandos podem concentrar

“O diferencial dos nossos cursos está relacionado à capacidade de conduzir experimentos práticos de alta qualidade. Temos laboratórios de análises químicas, térmicas, de propriedades mecânicas, de solo, de hidráulica e recursos hídricos. Isso permite que nossas teses e dissertações tenham um caráter tecnológico e, consequentemente, grande capacidade na resposta de questões tecnológicas da sociedade”, garante a professora Hersília.

Fernanda Mourão Dutra é mestranda e estuda as possibilidades de redução do consumo de energia em edificações

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DICA DO PESQUISADOR

QUER

ENTRAR NO MESTRADO OU DOUTORADO?

Conversamos com o professor Gray Farias Moita, que deu algumas dicas para quem quer começar seu percurso na pós-graduação

Diogo Tognolo Você terminou a graduação, talvez com alguma experiência em pesquisa durante o curso, como na iniciação científica? Você quer seguir a carreira acadêmica, ou talvez se tornar um pesquisador?

Se isso parece um bom caminho a seguir, é hora de entender como funciona a pós-graduação. O percurso parece ser difícil, mas a Revista Túnel conversou com o professor Gray Farias Moita para te dar algumas dicas. Gray é diretor de Planejamento e Gestão do CEFET-MG, e no seu trabalho como professor da pós-graduação em Modelagem Matemática e Computacional, foi responsável pela orientação da primeira tese defendida na Instituição: “Um estudo sobre a produção científica brasileira a partir de dados da Plataforma Lattes”, de Thiago Magela.

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Para começar, é importante entender o que separa a pós-graduação da graduação. Muitos estudantes já dão seus primeiros passos na pesquisa com a iniciação científica. “A iniciação científica permite que eles tenham seu contato inicial com uma metodologia de pesquisa e possam entender o que é necessário para desenvolver um bom trabalho, notadamente com uma boa revisão bibliográfica”, explica o professor.

“Já no nível de pós-graduação, o aluno já começa a ter a necessidade de apresentar criatividade, iniciativa e autonomia durante a pesquisa”.

Entendendo o caminho, é hora de procurar um curso de pós-graduação. “O interessado deve sempre procurar saber as linhas de pesquisas disponíveis no curso de seu interesse e verificar a adequação das mesmas ao projeto que ele pretende desenvolver”, afirma Gray Moita.

“Identificar, também, o conjunto de disciplinas ofertadas pelo curso e a conformidade das mesmas com a pesquisa a ser desenvolvida, e, não menos importante, a disponibilidade de tempo do interessado para cursar as disciplinas e sua dedicação futura para elaboração do trabalho”.

Ele explica também que é necessário conhecer os trabalhos feitos pelos professores do programa, para saber se eles estão alinhados com as suas pretensões de pesquisa.

E aí é a hora do projeto de pesquisa. Muitos programas de pós-graduação pedem na seleção um projeto que indique o que o estudante quer desenvolver durante o seu curso. Para Gray, este é o lugar que deve refletir as reais aspirações do candidato: “Deve trazer informações sobre os objetivos do trabalho, incluindo sua motivação e justificativa. Deve incluir a caracterização do problema a ser formulado e resolvido, a

metodologia a ser empregada e os resultados esperados. Deve, ainda, ressaltar as contribuições para o avanço científico e/ou tecnológico na área de pesquisa envolvida no projeto, informando quais serão os ganhos com a satisfatória implementação do mesmo”, detalha.

O que é pós-gradução stricto sensu?

A pós-graduação é um sistema de cursos constituído para favorecer a pesquisa científica e o treinamento avançado. Seu objetivo imediato é proporcionar ao estudante aprofundamento do saber que lhe permita alcançar elevado padrão de competência científica ou técnico-profissional, impossível de se adquirir no âmbito da graduação. Para além desses interesses práticos imediatos, a pós-graduação tem por fim oferecer, dentro da universidade, o ambiente e os recursos necessários para que se realize a livre investigação científica na qual possa se afirmar a criação nas mais altas formas da cultura universitária.

Fonte: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

SAIBA MAIS Quais as modalidades da pós-graduação? Por que fazer um curso?

O Nexo Jornal traz algumas dicas:

http://bit.ly/2ZRPSgb

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Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

EU

FAÇO CIÊNCIA!

ESTUDE APENAS O QUE LHE AGRADAR

Andréa de Oliveira Barra, professora do CEFET-MG campus Nepomuceno, foi jogadora de vôlei por 13 anos e agora se dedica a pesquisar o esporte por um viés social André Luiz Silva

“[...] o que não dá prazer não dá proveito. Em resumo, senhor, estude apenas o que lhe agradar”. A frase está em Megera domada, de William Shakespeare, e tem tudo a ver com ciência. Isso porque fazer pesquisa científica exige muita dedicação... Ler, questionar, levantar hipóteses, duvidar das respostas simples, escrever, apagar, reescrever. Mas esse trabalho árduo e intenso pode ser muito mais agradável e fluido se a pesquisa for sobre algo de que se gosta ou que gere prazer. Imagine praticar um esporte por muitos e muitos anos e, depois de tanto tempo vivendo a adrenalina do jogo, você pudesse se dedicar a pesquisar sobre esporte? Foi o que fez Andréa de Oliveira Barra.

Jogadora de vôlei por 13 anos, Andréa, hoje professora do CEFET-MG campus Nepomuceno, decidiu cursar Educação Física e pensar o esporte como área de pesquisa. “Sempre me envolvi com esportes: dança, lutas... Mas meu interesse pela Educação Física vem de minha experiência como atleta de voleibol, que teve início em um projeto de esportes em Varginha. Cheguei a ser convocada

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para seleção Mineira de Voleibol, mas infelizmente tive uma grave lesão no joelho, interrompendo meu sonho de ser atleta profissional; em 1995, ingressei no curso de Educação Física”, conta Andréa.

Desde então, ela tem ensinado e pesquisado sobre esporte. Lecionou em muitas instituições no Sul de Minas, mas seu interesse de pesquisa foi pelo viés social do esporte.

“Minha formação acadêmica me deu a oportunidade de participar de vários projetos sociais de esporte e lazer, atuando com pessoas em situação de vulnerabilidade social e participando das discussões sobre políticas públicas para o esporte. Esse fato despertou-me um olhar crítico e uma preocupação com a gestão pública do esporte, em que os estudos ainda são recentes”, diz a professora.

Esporte dentro e fora da escola Durante o período em que cursou Educação Física, como estagiária, e sobretudo após concluir o curso, como professora, Andréa de Oliveira Barra atuou em diversas disciplinas: Recreação e Lazer, Voleibol, Handebol, Futebol, Futsal, Basquetebol, Organização Esportiva, Esportes Radicais.

“Durante esse percurso, tive muitas conversas com docentes e estudiosos da Educação Física, o que foi de fundamental importância para reafirmar o meu interesse pela Educação Física Escolar; foi quando

Andréa Barra (em primeiro plano) e a turma do terceiro ano integrado de Mecatrônica, campus Nepomuceno, em atividade teórico-prática de modalidades esportivas “não convencionais”

fiz o mestrado em Educação e investiguei a Educação Física no ambiente escolar e o lazer fora da escola”, conta.

Umas das experiências de Andréa se deu no âmbito do Programa Segundo Tempo, projeto criado pelo Governo Federal em 2003 e que teve por objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte com o propósito de promover o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, prioritariamente, em áreas de

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vulnerabilidade social. “Essa experiência me proporcionou uma reflexão sobre o tema das políticas públicas e, consequentemente, sobre o esporte”, lembra a professora do CEFET-MG Nepomuceno.

Preocupada, então, com esse aspecto social do esporte, Andréa ingressou no doutorado a fim de refletir e pesquisar sobre a gestão pública do esporte. Mais especificamente, ela analisou planejamento, monitoramento e avaliação na

A pesquisa de doutorado transformou-se, inclusive, no livro “Planejamento, monitoramento e avaliação na gestão pública do esporte”, lançado em abril de 2019 pela Editora Appris.

Financiamento que dá retorno gestão pública voltada para o esporte da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo da cidade de Lavras (MG). “A partir da pesquisa, pude observar a necessidade de mudanças na consolidação de um paradigma que valorize o planejamento, o monitoramento e a avaliação, como pontos essenciais para as mudanças efetivas na gestão de políticas públicas voltadas para o esporte”, afirma.

Frutos da pesquisa A pesquisa de doutorado de Andréa de Oliveira Barra trouxe contribuições não só para as Ciências Sociais, mas para a própria população de Lavras.

Isso porque um grupo de cida-

dãos da cidade, incentivados pela pesquisa da professora, formulou um Projeto de Lei para controle dos Poderes Legislativo e Executivo do município para planejamento, monitoramento e avaliação das ações relacionadas ao Esporte. O Projeto se transformou na Lei Complementar nº 356, de 17 de outubro de 2016.

“Esta Lei define que, para planejamento, monitoramento e avaliação das ações da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Turismo, a metodologia do Marco Lógico deve ser utilizada; dessa maneira, com essa lei, poderão ser mantidas as conquistas de uma gestão, principalmente, quando ocorrer mudanças de governo ou de gestor”, afirma.

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Andréa de Oliveira Barra faz ciência, mas combinada ao ensino e à extensão. Para ela, esse tripé (pesquisa, ensino e extensão) é fundamental para a construção do conhecimento, mas sempre levando em consideração o retorno social. “Acredito que a função da escola pública é exatamente se aproximar da comunidade onde está inserida, é mostrar a essa comunidade sua importância por meio de práticas enriquecedoras para o contexto social, criando oportunidades que talvez não haja”, diz a pesquisadora.

No entanto, para que esse retorno se dê, Andréa reforça a importância do financiamento público das pesquisas: “É essencial para sustentar a excelência das instituições públicas, que têm um papel significativo no sistema de inovação tecnológica, fazendo chegar à população aquilo que realmente faz sentido na vida das pessoas”.

Xadrez como esporte, arte e ciência Andréa de Oliveira Barra coordena o projeto de ensino, pesquisa e extensão “Xadrez como esporte”, “arte e ciência”, que tem por objetivo oferecer a alunos, servidores e comunidade externa atividades relacionadas à prática do xadrez, pensando o jogo como “esporte – arte – ciência”, promovendo iniciativas de integração entre o xadrez e os conhecimentos adquiridos campus Nepomuceno do CEFET-MG.

Cultura corporal de movimento para ambiente virtual Outro projeto orientado por Andréa é o “Cultura corporal de movimento para ambiente virtual”, que se trata da elaboração de um material didático para que o estudante possa rever os conhecimentos aprendidos no Ensino Fundamental e interagir com a informação fora da sala de aula, visando facilitar o processo de aprendizado do aluno.

Com a transposição didática do conteúdo para o ambiente virtual, foi criado um jogo “quiz” com o intuito de envolver o estudante. Esse material foi disponibilizado para as turmas das segundas séries dos cursos Integrados (Redes de Computadores, Mecatrônica e Eletrotécnica) do campus Nepomuceno.

Projeto Azimute O projeto de extensão Azimute Nepomuceno, coordenado pela professora é um processo educativo cultural e científico que articula ensino, pesquisa e extensão de forma integrada e envolve as comunidades interna e externa do CEFET-MG. Tem como objeto o esporte orientação, que é uma ferramenta pedagógica multidisciplinar. Propõe implantar projetos relacionados a pelo menos uma de suas cinco vertentes (competitiva, tecnológica, pedagógica, ambiental e promoção da saúde e qualidade de vida), no campus Nepomuceno.

Capa do livro “Planejamento, monitoramento e avaliação na gestão pública do esporte”, de autoria de Andréa Barra, fruto de sua pesquisa de doutorado

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Ilustração: Luciana Ruiz de Vilhena

PESQUISA NO CEFET

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CUIDADO NA PESQUISA

CEFET-MG institui Comitê de Ética em Pesquisa para analisar trabalhos com seres humanos

Diogo Tognolo

Desde 2018, os pesquisadores do CEFET-MG podem contar com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Vinculado à Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação, o órgão busca regulamentar, analisar e fiscalizar a realização de pesquisas que possuam procedimentos experimentais envolvendo seres humanos, nos âmbitos social, biológico e ambiental. Incluem-se também as pesquisas que possam produzir impacto ambiental, sanitário ou risco ao meio ambiente.

O CEP faz parte da rede da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e, como explica Maria Luiza Oliveira, secretária do Conselho, “tem função consultiva, deliberativa, normativa e educativa”. Em atividade desde agosto do último ano, o Comitê analisou e emitiu pareceres sobre 41 projetos em 2018. A tramitação acontece por meio da Plataforma Brasil, sistema informatizado nacional, que busca aumentar a abrangência dos registros e controles das pesquisas.

Segundo Maria Luiza, é de suma importância para o CEFET-MG participar da rede do CONEP. “Ao participar, o CEFET-MG se posiciona como um polo de pesquisa, contribuindo, também, para análise ética de outros polos educacionais do Estado”, afirma. Ela conta que tais comitês não apenas organizam os registros das pesquisas, mas avaliam o impacto destas na comunidade. “Uma das funções dos Comitês de Ética, além da avaliação ética dos projetos de pesquisa, é informar e educar os seus membros e a comunidade quanto à sua função no controle social”, explica Maria Luiza Oliveira. “Fiscalizando as pesquisas, os comitês garantem a proteção dos participantes, dos pesquisadores, dos patrocinadores e do próprio governo, tendo em vista os direitos humanos como um direito imprescindível de todos os membros da sociedade”.

Saiba mais Quais pesquisas precisam passar pelo CEP? Como submeter o projeto?

Confira: http://www.cep.cefetmg.br/perguntas-e-respostas/

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GIRO NA CIÊNCIA

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NOVOS

HORIZONTES Editais oferecem oportunidades para complementação de estudos fora do Brasil

Nívia Rodrigues São várias as oportunidades de capacitação e complementação de estudos no exterior proporcionadas tanto por meio de incentivo governamental, como também da iniciativa privada e de organizações sociais. De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Brazilian Educational & Language Travel Association – Belta), o mercado brasileiro de educação estrangeira cresceu 23%, em 2017 e alcançou a marca inédita de 302 mil estudantes. Nessa pesquisa, os programas de mestrado e doutorado apareceram pela primeira vez entre as dez opções de cursos mais procurados no exterior.

A possibilidade de estudar em outro país é apontada como uma oportunidade para ampliar conhecimentos, para crescimento pessoal e para a troca de experiências profissionais e acadêmicas. De acordo com o guia “O impacto de um mestrado no exterior”, da Fundação Estudar, instituição sem fins lucrativos voltada para a formação de jovens, entre as vantagens estão também a possibilidade de aprender com pesquisadores e profissionais que são referências mundiais e a chance de abrir portas para uma carreira global. Veja alguns programas com editais abertos para o segundo semestre de 2019.

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Alemanha

Austrália

O Programa Bolsas para Pesquisa CAPES/Humboldt é uma cooperação com a Fundação Alexander von Humboldt (AvH) da Alemanha. Concede bolsas para pós-doutorado e para pesquisador experiente que possua vínculo com instituições de ensino ou pesquisa do Brasil em todas as áreas do conhecimento.

As candidaturas deverão ser apresentadas simultaneamente no Brasil e na Alemanha. Além de bolsa mensal, são oferecidos auxílios para instalação, deslocamento, seguro saúde, curso de alemão, entre outros. As chamadas 16 e 17 têm inscrições abertas até 29 de novembro deste ano e 29 de maio de 2020, respectivamente.

A University of Sydney International Research Scholarship (USydIS) oferece bolsas para estudantes de todas as áreas que desejam cursar pós-graduação na Austrália. O programa recebe inscrições durante todo o ano e os selecionados para as turmas de mestrado e doutorado devem começar os estudos nos meses de março ou julho.

Os interessados devem fazer o pedido de admissão na universidade e indicar que gostariam de ter acesso à bolsa para mestrado ou doutorado.

O valor auxilia no custeio da taxa de matrícula e de despesas correntes no País por até três anos. Estudantes de doutorado podem solicitar a extensão da bolsa por mais um semestre.

http://bit.ly/322zxqC

http://bit.ly/2IWvVzh

Ibero-América O Programa de Bolsas Santander Ibero-Americanas oferece 750 bolsas de estudo para intercâmbio em graduação e pós-graduação para brasileiros na Argentina, Colômbia, Chile, Espanha, México, Peru, Porto Rico, Portugal e Uruguai em universidades que já possuem acordos bilaterais com a universidade de origem no Brasil.

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O valor da bolsa pode ser usado para custear despesas como deslocamento, alimentação ou moradia. As inscrições neste ano podem ser feitas até 7 de agosto. O intercâmbio tem duração de até seis meses e deverá ocorrer até setembro de 2021.

Caso perca o prazo de inscrições em 2019, vale a pena consultar o site, pois o programa oferece editais de bolsas regularmente. http://bit.ly/2JiKbBo

Inglaterra A bolsa de estudos Denys Holland busca apoiar estudantes de graduação de qualquer país que necessitem de auxílio para estudar na University College London. A bolsa foi criada em homenagem ao professor de direito já falecido e é mantida por meio de doações de ex-alunos.

O auxílio tem duração de três anos e é condicionado ao progresso acadêmico satisfatório e ao desempenho de atividades extracurriculares na universidade. Os candidatos devem ter, preferencialmente, 25 anos ou menos. Consulte o site da instituição para novas chamadas. http://bit.ly/2XaA4mW

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