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Estamos vivendo uma epidemia de depressão?

Já ouvi muito essa pergunta em rodas de conversas e até no consultório. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2030, a depressão será a principal causa de incapacitação, frente inclusive das doenças cardiovasculares. Atualmente, estima-se que 121 milhões de pessoas sofram da doença.

Já no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a depressão já acomete cerca de aproximadamente 10 % dos brasileiros. A falta de informação e de políticas preventivas por parte dos órgãos públicos de saúde ajudam a alavancar as estatísticas.

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Diante desses números e também dos casos que você deve conhecer em torno de você, deixo a pergunta para sua reflexão e ainda lanço mais uma questão: Como ajudar uma pessoa a

sair da depressão ou como eu mesmo

consigo enfrentá-la? Como médica psiquiatra eu penso que esse é o principal desafio dessa doença, o estigma, a complexidade do diagnóstico e o porquê não dizer, a banalização e a falta de esclarecimento acerca da depressão.

Pela complexidade, deixo aqui quatro atitudes que você pode ter diante de um quadro de depressão:

1.Entenda que depressão é uma doença!

A depressão é o transtorno mental mais comum na população geral. Nela há uma disfunção química do cérebro, ou seja, os sistemas de neurotransmissores são comprometidos associados a interações entre outros fatores biológicos, psicológicos, ambientais e genéticos. São vários sinais e sintomas que caracterizam o quadro clínico, como tristeza, angústia, melancolia, diminuição do prazer, perda de interesse, sonolência excessiva ou insônia, entre outros. Varia entre formas leves, moderadas a graves.

2.Não lance sobre a pessoa que sofre julgamentos ou frases que a deixarão ainda pior, tais como:

• Depressão é falta de Deus, vai rezar/orar que passa! • Você está assim porque não se alimenta direito! • Você tem uma boa vida, para que ficar assim? • Larga de frescura, depressão não é doença!

E tantas outras expressões que são características nestes casos. Se não souber o que falar neste momento, simplesmente silencie, ouça-a e a incentive procurar ajuda.

3.Mesmo acreditando que não seja depressão, procure ajuda profissional ou incentive a pessoa que sofre a procurar ajuda.

Desmistificar a figura do médico psiquiatra e entender que ele é o profissional preparado para diagnosticar e tratar um quadro de depressão, mesmo que esse esteja no início. O profissional é quem poderá identificar qual o motivo do sofrimento dessa pessoa, diagnosticar e conduzir o tratamento da melhor forma possível. As doenças da mente são desafiadoras e procurar ajuda profissional no início é imprescindível. A prevenção ajuda no diagnóstico da doença em sua fase inicial, assim evita um pior prognóstico.

4.Saiba que a depressão tem tratamento.

Os tratamentos psicofarmacológicos (medicamentos), psicoterapias são eficazes e para casos muito pontuais, a eletroconvulsoterapia. Porém, você precisa ter uma consulta de qualidade com um profissional preparado para fazer um diagnóstico preciso e não prescrever medicamentos que possam piorar ainda mais o quadro.

E, ainda mais importante, nunca se automedique, pois você pode, com isso, desencadear outros problemas.

A depressão é uma doença e está presente na sociedade em geral, independente de classe social, sexo ou nível cultural, por isso o autoconhecimento é tão importante. Converse mais sobre o assunto que você perceberá que muitas pessoas sofrem caladas. Ajudar e ser ajudado faz toda a diferença.

DRA. SIMONE MATOS ROSOLEM

CRM 38193 | RQE 29883 | Psiquiatra

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