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Olho vermelho, coceira, sensação de areia nos olhos?

A Síndrome do Olho Seco é uma doença da superfície ocular, basicamente uma alteração nas lágrimas promovendo a sua instabilidade e hiperosmolaridade (aumento da concentração).

Isto pode estar relacionado à falta de produção lacrimal (cerca de 10% dos casos) ou ao excesso de evaporação, ou seja, a qualidade da lágrima está alterada (90% dos casos). O que significa que nem sempre os pacientes com DOS tem Síndrome de Sjögren ou alguma doença autoimune afetando glândula lacrimal.

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Na maioria das vezes o problema está relacionado à uma disfunção nas glândulas de Meibômio, glândulas presentes nas pálpebras e que secretam uma camada lipídica, responsável pela estabilização da lágrima na superfície ocular. Não podemos esquecer das formas híbridas (deficiência aquosa e evaporativa aparecendo juntas).

É uma doença multifatorial (tem várias causas possíveis) desde o uso de algumas medicações, dieta, tabagismo, álcool, uso excessivo de computadores e dispositivos móveis como tablets ou celulares, fatores hormonais, uso de lentes de contato, histórico de alergia, cirurgias oculares, idade, doenças sistêmicas (principalmente reumatológicas).

Ela é acompanhada por sintomas oculares e gera uma inflamação crônica e dano da superfície ocular, além de anormalidades neurossensoriais.

È um problema global, afetando mais de 30 milhões de pessoas apenas nos Estados Unidos, pelo menos 344 milhões de pessoas em todo o mundo, e é uma das causas mais frequentes de visitas de pacientes a oftalmologistas. Tivemos uma explosão do número de casos durante a pandemia.

Os principais sintomas são: sensação de corpo estranho (areia nos olhos), turvação visual principalmente para dirigir a noite (mesmo com o uso de lentes corretivas sejam óculos ou lentes de contato), fotofobia, vermelhidão, dor tipo fisgada ou desconforto (cansaço nos olhos) principalmente no fim do dia, coceira, lacrimejamento reflexo, desconforto em ambientes com ar condicionado.

A deficiência da lágrima pode levar à distúrbios visuais, hiperemia ocular (vermelhidão), defeitos epiteliais (principalmente na córnea, o que é muito desconfortável para o paciente, interferindo em suas atividades diárias. Pode ocorrer o aumento na quantidade de muco na superfície ocular (secreção), ceratite filamentar, úlceras de córnea e perfuração ocular nos casos mais severos.

O fato da Síndrome do Olho Seco ocorrer com mais frequência em mulheres do que em homens sugere que há diferenças relacionadas ao sexo na sua etiologia, porém taxas mais altas em mulheres em comparação com os homens só se tornam significativas com o aumento da idade, principalmente após os 40 anos. Disfunções hormonais parecem fazer parte da fisiopatologia no desenvolvimento, principalmente as deficiências de andrógenos, estrógeno e de progesterona.

Orienta-se o controle ambiental (quanto ao uso excessivo do ar-condicionado, computador ou smartphone, leitura prolongada), sempre hidratar-se (ingerir água com mais frequência), uso de óculos escuros que funcionem como barreira para vento ou irritantes ambientais, ingestão de alimentos ricos em ômega 3 ou cápsulas, acompanhamento clínico periódico (semestral) ou durante a intensificação dos sintomas nos períodos de mudança de estação/clima e contato com alérgenos, uso de colírios lubrificantes sempre prescritos pelo oftalmologista.

O tratamento tem por objetivo o alívio dos sinais e sintomas, com conseqüente melhora na qualidade de vida dos pacientes, além da modificação no curso da doença a fim de que as seqüelas sejam evitadas ou minimizadas.

Atualmente temos novas opções de tratamento, a tecnologia nos proporcionou isso através da termoterapia com o I-lux (que usa o led e a luz infravermelha) ou da Luz Pulsada para tratar as pálpebras. Estamos muito animados com estes novos tratamentos e observamos resultados impactantes nos nossos pacientes. Sabemos e tratar as pálpebras e as glândulas de meibômio ajudam muito no controle dos sintomas, pois devolvemos o componente lipídico (meibum) e estabilizamos a lágima, este é o primeiro grande passo. Após isso o manejo de cada paciente deve ser individualizado.

Os pacientes podem não apresentar sintomas ou até se queixarem de importantes limitações nas suas atividades diárias, com piora na qualidade de vida devido irritação ocular, por isso a avaliação periódica é fundamental. A dissociação entre sinais e sintomas é grande na Síndrome do Olho Seco e nosso objetivo é o diagnóstico e tratamento precoce.

O impacto econômico mais severo provavelmente resulta de custos indiretos relacionados à diminuição da produtividade do trabalho.

A medicina deve ser integrativa, deve haver interação entre as diferentes especialidades. Hoje na clínica temos uma relação direta com colegas de diversas especialidades, como Reumatologistas, Dermatologistas, Ginecologistas, Psiquiatras, Dentistas, Gastroenterologistas, não podemos esquecer que o corpo humano é um só e esta avaliação deve ser multidisciplinar.

DR. GUSTAVO GUBERT

CRM 16064 | RQE 19096 | Médico Oftalmologista

CURRÍCULO

• Referência Nacional em tratamento da Doença do Olho Seco • Membro da Sociedade Européia de Olho Seco – EUDES • Live Speaker (Palestrante Oficial da ALCON – Líder mundial em cuidados com a Visão).

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