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Tom da produtividade

Cresce no Brasil a demanda pelo Nelore de pelagens variadas, mais conhecido como “Nelore Pintado”. Depois de quase 30 anos, ele volta às competições da ExpoZebu

Raça mais selecionada no Brasil, o Nelore vem conquistando ainda mais espaço no mercado pecuário com os animais de pelagens variadas, especialmente os pintados de preto e de vermelho. As médias de preço nos pregões comprovam essa valorização. Na edição de 2022 do “Leilão Nelore Pintado Brasil & Convidados”, as fêmeas PO saíram a uma média de R$147 mil e os machos PO a R$40 mil. O animal mais caro foi a matriz Olinda, vendida 50% a R$485 mil. “É uma realidade bem diferente de quando meu pai começou a formar seu reba- nho, há mais de duas décadas. Na época não tinha opção de touros no mercado”, lembra Fernando Carvalho, da Fazenda São Lourenço, no município de Amambai/MS, responsável pela organização de um dos maiores pregões da variedade.

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Junto com os irmãos Geraldo e Roberto, ele dá continuidade ao trabalho de seleção iniciado pelo patriarca Geraldo Souza Carvalho Júnior, que já era criador de Nelore. Os primeiros animais pintados de vermelho foram adquiridos, há mais de 20 anos, na Fazenda Santa Maria do Apa, no Mato Grosso do Sul, de propriedade do criador Hélio Corrêa de Assunção. Já os pintados

Com a experiência adquirida na seleção do Nelore padrão, a São Lourenço foi aprimorando e multiplicando a genética dos animais pintados. “Assim como no Nelore, a busca tem sido por exemplares produtivos, sempre priorizando características funcionais e raciais, mas aliando à beleza da pelagem. Todo o rebanho é avaliado por dois programas de melhoramento, que são o PMGZ e o Geneplus/Embrapa. Com base nos resultados das avaliações genéticas e fenotípicas, estamos obtendo desempenho similar ao Nelore padrão, em relação ao ganho de peso, rendimento de carcaça e outras características”, informa Fernando Carvalho. A propriedade seleciona Nelore há mais de 50 anos.

Apostando em tecnologias como FIV e inseminação artificial para multiplicar a genética selecionada, a fazenda tem mais de 20 touros em centrais. “Estamos contribuindo para o melhoramento da raça, que a cada ano atrai novos investidores por conta de sua grande eficiência e valorização”, acrescenta o criador. Com um rebanho em torno de mil animais vermelho e preto, a Fazenda São Lourenço ainda comercializa mais de 300 fêmeas e machos registrados em seu leilão anual, um dos maiores do país e que ocorre há dez anos, sempre no mês de outubro, em Campo Grande/MS.

A novidade para 2023 será a participação do criatório na ExpoZebu. Eles concorrerão com 30 animais. “Será um marco para o Nelore pintado, que trará ainda mais valorização para a raça. Há mais de 10 anos participamos da ExpoZebu, mas nunca tivemos acesso ao julgamento. Trabalhamos muito junto à ABCZ para que o Nelore pintado voltasse às pistas. É uma conquista histórica”, conclui Fernando Carvalho.

Novos criadores

Entre os novos investidores do Nelore pintado está Angelo Prata Tibery, que é criador de Sindi, em Três Lagoas/MS. Há dois anos adquiriu a bezerra Estrela, no leilão promovido pelo criatório V3. “A bezerra era diferenciada, com um excelente biotipo, e decidi iniciar com ela meu plantel. Depois, passei a adquirir mais exemplares pintados de preto e de vermelho. Nesses dois anos, já nasceram 50 produtos, já vendemos alguns, e queremos chegar a umas 200 cabeças. Tenho um rebanho pequeno, mas que foi iniciado com o melhor que tem dentro da raça”, diz Tibery, que fará a clonagem da vaca Genebra GC da São Lourenço.

Segundo ele, o trabalho de grandes criatórios, como o São Lourenço e o V3, foram uma inspiração, pois estão conseguindo produzir indivíduos de alta performance, precoces, que mostraram bom revestimento de carcaça, de for ma equili brada.