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Como combater a cigarrinha

DAS PASTAGENS

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CIGARRINHA DAS PASTAGENS

Elas poderão aparecer já nas primeiras chuvas

PATRÍCIA MAIA

Todo ano a história se repete; começam as chuvas e algumas áreas de pastagens, principalmente brachiarias, não se desenvolvem. O produtor vê as plantas daninhas crescerem, as árvores trocarem o amarelo pardo pelo verde intenso, mas alguns pastos continuam sem vigor e com manchas amareladas. Um cenário desesperador para muitos produtores, mas que pode ser facilmente resolvido com o mínimo de atenção para as pastagens já nas primeiras chuvas. Esse cenário é comum em muitas áreas de pastagens pelo Brasil, e em geral, quando o produtor observa a revoada das cigarrinhas, o problema já está instalado de tal forma que as perdas podem ser percebidas aos olhos do produtor. O desespero aumenta quando ao abrir as moitas de capim o produtor nota as pequenas poças de espuma, característico da presença das cigarrinhas nas pastagens. Esses são indicativos de que as cigarrinhas chegaram com

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toda força, provenientes dos ovos que ficaram em diapausa no período da seca e emergem já nas primeiras chuvas, quando a umidade do solo aumenta e o ambiente fica favorável para a sua eclosão e, consequentemente, a multiplicação dos insetos. Se engana quem pensa que as cigarrinhas atacam somente as Brachiaria decumbens, B. ruziziensis e B. brizantha, já que foram observados ataques de cigarrinhas em culturas, como na Brachiaria humidicula, Panicun e Napier. As cigarrinhas observadas nas revoadas são as adultas, que ficam na parte aérea das plantas. As ninfas (cigarrinhas jovens) se abrigam na base do capim, envoltas em uma espuma que mantem o ambiente úmido e protegido. Os ovos são colocados no solo e durante o período de estiagem permanecem inativos; e, quando ocorrem as primeiras chuvas e o capim começa a rebrotar, eles eclodem e dão sequência ao ciclo da praga. Assim como os carrapatos, as cigarrinhas também têm três ou mais gerações, e a observação na eclosão de cada um desses ciclos é crucial para o combate e controle dessa praga especialmente a primeira geração, momento mais apropriado para combatê-las. O pecuarista deve ficar atento aos primeiros sinais de presença das cigarrinhas em suas pastagens, devendo iniciar o tratamento químico e, posteriormente, o tratamento biológico, que dará mais segurança contra essa praga. O ponto de alerta é o de não deixar para controlar as cigarrinhas somente quando observar o descontrole populacional (“nuvens” de insetos e/ou pastagem secando), isso pode até dar resultados, mas não evita o prejuízo. Uma ou outra cigarrinha ainda pode ser tolerada, no entanto, jamais esperar pelas revoadas ou o amarelamento do capim para iniciar o combate, pois quando o amarelecimento é plenamente visível, já decorreram de duas a três semanas que a pastagem vem sendo ataca pelos insetos adultos. Vale destacar que a presença de 25 cigarrinhas por metro quadrado de pastagem pode a causar redução de até 30% da massa de forragem produzida na área.

As previsões climáticas que anunciavam a antecipação das chuvas se confirmaram e, com isso, o surgimento das cigarrinhas também poderá ser antecipado. O produtor também deve se antecipar e manter na sua propriedade um volume mínimo de produtos químicos para o combate emergencial dessa praga. O tempo de buscar o produto na cidade e voltar para aplicar, pode comprometer grandes áreas de pastagem, e em tempos nos quais a falta de produtos químicos se tornou comum, melhor prevenir que chorar o leite derramado. Porque se faltar produto, não vai ter como remediar. Além da cigarrinha, o produtor deve ficar atendo para as lagartas, que podem surgir com bastante intensidade também nesse primeiro período de chuvas, com o rebrote do capim.

Rafael Mazão Marcus Rezende é médico-veterinário e consultor de empresas para o agronegócio. É colunista da revista Pecuária Brasil para saúde, produção, bem-estar animal e mercado.

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Liderança no agronegócio:

um desafio para você produtor de genética

Eduardo Muniz de Lima e Miguel Cavalcanti

O agronegócio brasileiro é pujante, produz seis vezes aquilo que consome, além de ser muito promissor. Mas precisa de pessoas competentes, que buscam melhorar a cada dia, que têm orgulho de quem são e não pedem desculpas por fazer aquilo que acreditam. O agro brasileiro precisa de líderes.

Liderança é ter uma visão audaciosa de futuro, é nutrir, viver, falar e dar exemplos sobre essa visão. Essa é a definição de Miguel Cavalcanti, CEO do BeefPoint e do AgroTalento. Para ele, o líder é a pessoa que traz a certeza, que dá um jeito, independentemente dos desafios que esteja enfrentando, visando seguir em frente e fazer o que acredita ser o mais valioso.

Essa visão é complementada por Eduardo Muniz de Lima, sócio proprietário da Central Minerembryo de receptoras, em Alfenas, Minas Gerais. Para ele, a liderança parte do autoconhecimento e do autoentendimento, visando tornar-se aquilo que você é em sua essência e conseguir passar esse exemplo para os demais à sua volta de uma maneira natural.

Miguel e Eduardo traçaram caminhos distintos até 2015, quando a trajetória dos dois encontrou um ponto de intersecção.

Miguel se formou em Agronomia na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP) em 2001 e se desafiava em como contribuir para a pecuária brasileira de maneira efetiva. Iniciou no site BeefPoint, com artigos, e-mails, vídeos, eventos, viagens ao exterior, sempre com o objetivo de encontrar, documentar e compartilhar o que há de melhor de informação no mundo sobre pecuária para o mercado brasileiro, compartilhando o que gera valor de verdade para o pecuarista.

Buscando desenvolver sua liderança, começou em 2008 a participar de um grupo de empreendedores, em São Paulo, que se reuniam para trocar experiências de negócio, informações e aprendizados. Além de funcionar como um conselho consultivo para cada um dos membros.

No final de 2014, Miguel foi convidado para grupos de mastermind, nos EUA e no Brasil, mais focados no tema de marketing. Percebeu que havia uma maneira de gerir estes grupos muito mais efetiva e com mais comprometimento, levando as pessoas a serem mais engajadas, gerando muito mais valor para cada um dos membros do grupo.

Foi assim que, em abril de 2015, após a primeira turma do AgroTalento e seu evento ao vivo, nasceu o grupo de mastermind, Aliança AgroTalento, com o objetivo de reunir pessoas do agro brasileiro para trocar experiências, compartilhar vitórias, derrotas e aprendizados.

O grupo, com propósito de fazer a diferença, conta hoje com dezenas de membros, do Acre ao Rio Grande do Sul e até do exterior, fazendo uma grande diferença no negócio de cada membro e servindo de exemplo e inspiração para outras pessoas, desafiando-as e instigando-as a serem melhores.

Eduardo conheceu Miguel Cavalcanti após a crise que pairou sobre o mercado de genética no país ao final de 2014. Naquele momento, devido a questões políticas e econômicas, todos estavam receosos nos investimentos. Então, percebeu que o que o levou até ali não o levaria adiante. Focado em receptoras de embrião, percebeu que precisaria mudar seu negócio para continuar prosperando. Entrou para o AgroTalento em 2015 e, no ano seguinte, passou a fazer parte do grupo Aliança AgroTalento, onde participa até hoje.

Filho de professores, Eduardo sempre teve uma visão empreendedora. Com apenas oito anos de idade, já empreendia com a venda de “chup-chup” na rua, além de criar frangos e galinhas e vender na feira.

Fez Veterinária na UNESP-Jaboticabal-SP, onde nasceu o primeiro bezerro de proveta da América Latina, logo depois surgiu o primeiro laboratório de Fertilização In Vitro comercial do mundo. Foi nesse ambiente onde também nasceram todos os primeiros laboratórios de FIV do Brasil. Eduardo participou do nascimento da FIV comercial no Brasil.

Após dois anos em Cambuí-MG dando assistência em rebanhos e transferindo seus primeiros embriões, voltou para Alfenas-MG, começou a transferir nas fazendas de clientes no Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, com grandes volumes pela técnica transcervical. Montou parcerias para atender a demanda crescente de receptoras e, assim, surgiu a Minerembryo, primeira central de receptoras para embriões FIV do Brasil e do Mundo.

Pioneira há 22 anos e líder de mercado com mais de 200 mil embriões transferidos e um banco de receptoras com mais de 7 mil animais em cio natural que maximizam seus resultados. Com o tempo, a empresa foi fazendo parcerias, arrendando fazendas, comprando novilhas, adquirindo propriedades, montando uma equipe de excelência com um trabalho focado nos resultados dos embriões de seus clientes.

Em 2008, com a empresa deslanchando, fez um MBA na FGV em Gestão Empresarial. Um curso excelente, de alto custo, com profissionais muito bem-conceituados e competentes, mas com foco mais geral, sem especificidade no agro.

Em 2015, veio o encontro com Miguel como um divisor de águas, fazendo realmente a diferença com o AgroTalento, programa de educação este, muito mais focado no Agro.

Além de um custo bem menor, havia facilidades, como ser totalmente on-line. Aplicou os conceitos e o preparou para tornar a Minerembryo uma empresa líder e disruptiva, focada em inovação e a criação de novos modelos de negócio.

A entrada em 2016 no Mastermind Aliança foi um avanço ainda maior. Percebeu que algumas de suas estratégias não estavam avançando na crise e que o lucro do passado com altos volumes de embriões, encobria algumas ineficiências do negócio.

A empresa começou a entregar bezerros desmamados fazendo uma série de alterações e investimentos. Transferiu 14.000 embriões com esta finalidade e chegou a ter mil bezerros de várias raças em um mesmo momento, mas sem o resultado financeiro esperado.

E foi através do AgroTalento e, principalmente, do mastermind, que começou a enxergar outras possibilidades. O apoio do grupo e o resultado de várias cabeças pensando fizeram a diferença em seu negócio.

Em 2017, montou um grupo de mastermind em Alfenas-MG com foco em novos negócios e inovação chamado GX Inovações, reunindo amigos empreendedores, trabalhando em novos “cases” de pessoas com boas ideias, mas sem ter como alavancar.

Em 2018, fez uma viagem técnica do BeefPoint para a Austrália onde conheceu trabalhos experimentais de monitoramento e cerca virtual de rebanho. Daí, nasceu o Inova Farm, uma empresa disruptiva de monitoramento, rastreabilidade e segurança.

A tecnologia, já disponível comercialmente, consiste em um brinco com uma placa fotovoltaica que manda um sinal individual para uma antena central na fazenda e desta para a nuvem e daí para qualquer dispositivo móvel, em qualquer lugar do mundo. Com isso, é possível saber na palma da mão onde está cada animal. Caso haja alguma não conformidade, o dispositivo avisa a fazenda para tomar a providência necessária. A empresa recebeu recentemente duas grandes rodadas de investimentos para o desenvolvimento da cerca virtual que irá revolucionar a pecuária mundial muito em breve.

Deste grupo de mastermind também surgiu a Bravo Agropecuária e Construções Ltda, focada em construção civil com um pé na liquidez da pecuária. A empresa começou com casas populares, parcerias em prédios residenciais e hoje se especializou no mercado de construção de casas de alto padrão, se espalhando para a região Sudeste.

Todas essas experiências mostraram a Eduardo a importân-

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cia de estar junto de pessoas de alto gabarito, com know-how, que têm empresas e que passaram por desafios semelhantes aos seus, como acontece em grupos de mastermind. Essa união de cabeças permite enxergar muito mais longe, além de dar uma visão mais ampla sobre outros pontos de vista que, sozinho, é praticamente impossível ter.

Ele cita Napoleon Hill na obra “A Lei do Triunfo”, que após entrevistar 14 mil pessoas bem-sucedidas nos EUA e Europa para entender o motivo do sucesso, concluiu que elas estavam sempre se reunindo e compartilhando ideias com outras pessoas brilhantes. Essas cabeças reunidas tornaram o campo fértil para o “novo”, e é exatamente isso que o mastermind Aliança AgroTalento faz.

Ser empresário no Brasil é desafiador. Por isso, a formação de liderança e a busca por criar terrenos férteis para novas experiências, assuntos e questionamentos é cada vez mais essencial.

É como disse Margaret Mead: “Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo. De fato, foi sempre assim que o mundo mudou.” Foi essa frase que norteou Miguel Cavalcanti a criar o mastermind Aliança AgroTalento e Eduardo a montar o GX. O que os impedia de mudar o mundo, afinal? Eles perceberam que nada. Se tivessem ideias boas e se unissem aos bons, isso seria possível.

Para Miguel e Eduardo, grupos como estes são maneiras de revolucionar o mundo, onde cada pessoa busca ser sua melhor versão e se une a outras pessoas de mesmo propósito. E aqui vem a diferença, o mínimo potencial é a pessoa desenvolver todas as suas habilidades, competências e talentos. O máximo potencial é essa pessoa se unir a pessoas que aceleram e multiplicam seu crescimento.

Se mais grupos de mastermind fossem criados mundo afora em diversas áreas, como na educação, seria possível ter resultados cada vez melhores, aproveitando os momentos de crise, como a pandemia, como uma oportunidade de crescer e se fortalecer e não de se fechar.

O Brasil é um país muito privilegiado em termos de pessoas, devido à grande miscigenação ocorrida aqui. Se essas mentes brilhantes fossem lapidadas e trazidas para times como esse, seria possível discutir assuntos extremamente relevantes com visões para os próximos cinquenta anos.

Eduardo e Miguel acreditam muito na liderança pelo amor, onde tudo é passado pelo exemplo e pela real disponibilidade do líder de servir. Nesse caso, inverte-se o triângulo tradicional da liderança, que, de ponta cabeça, ele tem o papel de preparar o terreno para todos os outros que vem atrás, poderem exercer suas funções com maestria.

O líder é aquele que está sempre atento aos mercados, aos números e às pessoas, buscando sempre colaborar, servir e compartilhar. Por isso, o principal objetivo para o presente e para o futuro de todo líder deve ser sempre dar o exemplo por meio das ações.

O líder deve ter seu foco em trabalhar, ser dedicado e servir, viver seus valores, dar exemplo, ser um conselheiro confiável dos seus amigos e clientes, buscar audácia no que faz, buscando crescer e se desenvolver todos os dias. O líder deve cada vez mais seguir sendo exemplo e chamar mais pessoas para o desafio, além de continuar estimulando todos à sua volta a seguirem esse caminho.

O mundo está mudando, bem como o mercado e o agro, da mesma forma que os desafios, mas todos têm a capacidade de melhorar e avançar, tornando-se maiores que os desafios.

Para eles, é essencial estar cercado de pessoas do bem que querem crescer juntas e compartilhar, que têm um propósito elevado, harmonia e que agem de acordo com o “carefrontation”, enfrentamento com carinho, ou seja, enfrentar todos os desafios que aparecerem, junto de pessoas comprometidas e com o mesmo objetivo.

Então, pergunto a você, caro leitor: Qual o exemplo que você está dando hoje? O que você tem compartilhado? O que você precisa melhorar em seu negócio hoje?

Como você está usando e multiplicando seus talentos, que são os presentes que recebeu de Deus para servir, evoluir, curtir e semear?

Se você está lendo este artigo é porque faz parte de um público altamente qualificado, de uma revista que atinge um segmento de mercado bem específico que faz a diferença na pecuária brasileira, que é quem produz genética, alimento e PAZ.

O design da carne e do leite de amanhã está sendo feito nas fazendas que produzem genética hoje.

Assim, você tem uma oportunidade e uma responsabilidade gigantes. Abrace essa oportunidade e escolha liderar na sua família, na sua fazenda, na sua equipe, na sua cidade, no seu segmento de mercado para que possa, com isso, evoluir, servir, curtir e semear. Será que não está na hora de você pensar diferente? Qual será sua próxima ação?