Revista Negócio Rural - Edição 20

FAZENDA MINEIRA É REFERÊNCIA MUNDIAL EM REDUÇÃO DE CARBONO

COLHEITA DE CAFÉ DIFERENTE DEVIDO À PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

MUDANÇAS EM REGRAS DEVEM IMPULSIONAR ABATES DE ANIMAIS NO BRASIL

Edição 20 Valor: R$ 11,90 Julho/Agosto • 2020 Circulação Nacional

Do campo para a cidade

Agricultores e cooperativas encontram no delivery e no drive-thru a saída para a venda de produtos agrícolas durante a pandemia. Seja por sites ou por aplicativos de conversa, as encomendas são feitas pelo consumidor diretamente com o produtor.

EDITORIAL

ÍNDICE

QUASE TUDO NORMAL

04 APICULTURA

Com a pandemia do novo coronavírus, muito tem se falado sobre o novo normal. Entretanto, apesar de adequações, o novo normal no campo está muito parecido com o antigo normal, já que a produção agrícola não parou e o setor foi o único que cresceu no Brasil. E, para muitos segmentos agrícolas, a pandemia ajudou na ampliação de mercados, principalmente internacionais.

Outro avanço foi a implementação de tecnologias, como mostra a nossa matéria de capa, sobre os agricultores que precisaram se adaptar rapidamente aos tempos do Covid-19. Famílias e cooperativas passaram a fazer delivery e drive-thru de hortaliças, e tem dado muito certo.

Nesse período de pandemia tivemos que dar uma pausa em nossa edição impressa, mas acompanhamos o meio rural diariamente, produzindo conteúdos diários para nosso portal (www.revistanegociorural.com.br).

Esse é o endereço do mais novo portal do agronegócio brasileiro.

Com esta edição, marcamos o reinício da circulação impressa, mas diariamente publicamos algumas das mais importantes informações do agro. Agora, aliamos o impresso ao on-line, e também estamos acompanhando todas as tendências mundiais. Seja em matérias escritas, seja por meio de podcast ou em matérias de vídeo, não deixe de acompanhar todos os dias as informações que preparamos para você.

Associação une produtores de mel no Espírito Santo

06 PECUÁRIA

Fazenda mineira se torna referência mundial em preservação

08 CAPA

Delivery de produtos agrícolas se torna realidade entre agricultores

12 CAFEICULTURA

Produtores de café adaptam a colheita devido à pandemia

16 CARNES

Novas regras para abate prometem impulsionar o setor

Julio Huber e Bruno Faustino

Revisão: Sidney Dalvi Editores de jornalismo: Bruno Faustino - JP - 1375/ES Julio Huber - JP - 2038/ES Reportagem: Bruno Faustino Julio Huber Fotografia: Bruno Faustino Julio Huber Foto de capa: Freepik

Colaboradores: Anderson Percílios Diagramação: HM Propaganda (27) 3361-4163 (27) 99276-9848 Periodicidade: Bimestral Julho e Agosto Com reportagens apuradas até 10/08/2020

Endereço e assinaturas: Avenida Presidente Vargas, nº 590, Sala 305 B Centro - Domingos Martins ES - Cep: 29.260-000 (27) 99988-7860 (27) 99996-1288 revistanegociorural@gmail.com

revistanegociorural

Circulação Nacional A Revista Negócio Rural é uma publicação da empresa Nova Comunicação. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização dos editores.

Impressão: Grafiisana

NEGÓCIO RURAL | 3

A P I C U LT U R A |

TEXTO: BRUNO FAUSTINO | FOTOS: DIVULGAÇÃO – ESPÍRITO SANTO

Quilombolas, pescadores, agricultores familiares, ribeirinhos e assentados de reforma agrária se unem, formam associação e melhoram de vida por meio da produção de mel no norte capixaba

O

mel é um alimento apreciado desde a antiguidade. Os registros mais antigos datam de 8 mil a.C.. Pinturas rupestres em Cuevas de Las Arañas, sítio arqueológico na Espanha, mostram o alimento sendo consumido pelas antigas civilizações. Hoje, o mel está presente em nosso dia a dia, seja no café da manhã acompanhando torradas, seja no almoço, no jantar ou em variadas preparações doces e salgadas.

Mas, nada disso seria possível sem o trabalho das abelhas. Elas coletam o néctar das flores e o armazenam no abdômen. No caminho para a colmeia, o néctar passa por reações enzimáticas que quebram seu açúcar.

Logo depois, a abelha deposita essa substância nos favos, onde o néctar passa pelo processo de regurgitação e remoção do excesso de água, até formar o mel.

Ao longo dos anos, o homem conseguiu domesticar as abelhas, aumentar a produção de mel sem causar danos às colmeias e transformar a atividade numa profissão: a apicultura.

A China é o país que mais produz mel no mundo, responsável por 29,2% do volume total. O Brasil vem

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em 11º lugar, com 2,2% da produção, algo próximo de 41.500 toneladas.

Os Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Piauí, São Paulo e Minas Gerais são os maiores produtores brasileiros de mel, mas a atividade vem se desenvolvendo também em outras regiões do país.

No Espírito Santo, há em torno de 1.200 produtores envolvidos na atividade, que recebem assistência técnica do Instituto Capixaba de Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). A produção anual de mel no Estado é de mil toneladas. A produtividade média capixaba de uma colmeia é de 25 a 30 quilos de mel.

Ao todo, existem 19 associações capixabas de apicultores. Uma delas fica em Conceição da Barra, norte do Estado, próximo da divisa com a Bahia: a Associação de Apicultores Barrense (AAPIB). Formada em 2014, a associação reúne quilombolas, pescadores, agricultores familiares, ribeirinhos e assentados de reforma agrária.

“Conhecemos a apicultura por meio de um projeto de uma indústria de celulose que atua aqui no norte capixaba, uma vez que o município de Conceição da Barra tem um potencial

muito grande para o desenvolvimento da atividade. Aqui temos eucalipto, café, o mangue, ou seja, uma vegetação nativa bem diversa e apta para a criação de abelhas e a produção de mel”, conta Marcílio Carvalho Campos, fundador da associação.

CAPACITAÇÃO - Reunir o grupo foi apenas o primeiro passo, mas os “futuros apicultores” precisavam aprender sobre a criação de abelhas na teoria e na prática. Afinal, este era um universo novo para eles.

“Nós começamos a trabalhar com a turma assim que a associação foi formada. E, vendo agora, percebo que foi um processo de crescimento. Primeiro fizemos uma capacitação básica de conhecimento de apicultura, como mexer com abelhas, caixa de mel e roupas apropriadas”, conta Arno Wieringa, que é presidente da Federação Capixaba das Associações de Apicultores (Fecapis).

Ele contou que só depois foi colocado tudo em prática. “A prática, que nada mais é do que aplicar o conhecimento em campo. E eles aplicaram bem. Hoje, prestamos assistência técnica a eles.

Porque a parte produtiva eles já desempenham sozinhos”, relata Arno.

“Aqui temos eucalipto, café, o mangue, ou seja, uma vegetação nativa bem diversa e apta para a criação de abelhas e a produção de mel”.

Marcílio Carvalho Campos - Fundador da associação A produção de mel está relacionada à preservação do meio ambiente e, no norte capixaba, ela acontece no meio do manguezal, ou seja, as abelhas dividem espaço com os caranguejos e guaiamuns nativos da região. Em cinco anos, a associação aumentou quatro vezes a produção de mel na região e dobrou a quantidade de colmeias.

Para beneficiar a produção e agregar valor ao mel produzido, os apicultores de Conceição da Barra montaram uma agroindústria e conquistaram o registro do Serviço de Inspeção Agroindustrial de Pequeno Porte (Siapp), possibilitando a venda do produto em todo o território capixaba.

“A AAPIB foi a primeira associação a entrar com o pedido do registro do Siapp para legalização da sua produção. Para nós, do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), isso foi muito importante porque tivemos a oportunidade de mostrar a importância deste trabalho e, com isso, proporcionar aos associados agregação de valor ao mel produzido por eles e melhoria de renda também”, diz Anderson Teixeira Baptista, da gerência de Agroindústria de Pequeno Porte do Idaf.

As conquistas dos apicultores do norte capixaba já refletem no cotidiano da comunidade. Hoje, o sustento das famílias vem das abelhas.

“Falar de abelha é muito fácil. Produzir mel é muito prazeroso. A gente quer agradecer a Deus por ter chegado até aqui”, conta o apicultor Gerson Graças Santos.

E os planos para os próximos anos são desafiadores. Pensa que eles irão desistir? Não mesmo! “Eu vejo a nossa associação com um futuro bem promissor, uma vez que nossos associados são bem comprometidos e engajados na causa. O que esperar daqui pra frente? Queremos aumentar nossa produção e se tornar referência na produção de mel na nossa região.

Este é o nosso objetivo”, finaliza Douglas Conceição Lopes, presidente Associação de Apicultores Barrense.

MAIORES PRODUTORES DE MEL NO MUNDO 1º • CHINA - 29,2% 2ª • TURQUIA - 6,2% 3ª • ARGENTINA - 4,1%

“Eu vejo a nossa associação com um futuro bem promissor, uma vez que nossos associados são bem comprometidos e engajados com a causa” Douglas Conceição Lopes - Presidente Associação de Apicultores Barrense

4ª • IRÃ - 3,7% 5ª • EUA - 3,6% 11ª • BRASIL - 2,2%

MAIORES PRODUTORES BRASILEIROS DE MEL 1ª RIO GR. DO SUL - 15,2% 2ª PARANÁ - 14,9% 3ª PIAUÍ - 12,3% 4ª SÃO PAULO - 9,8% 5ª MINAS GERAIS 9,6% NEGÓCIO RURAL | 5

PECUÁRIA |

TEXTO: BRUNO FAUSTINO | FOTO: DIVULGAÇÃO – MINAS GERAIS

TUDOJUNTO&MISTURADO Projeto de Pecuária Neutra e Regenerativa concilia a criação de gado com árvores, melhora a biodiversidade e propriedade rural mineira se torna referência mundial

Q

uem chega à Fazenda Triqueda, em Coronel Pacheco, região das Matas de Minas, em Minas Gerais, logo percebe uma propriedade cercada de árvores e de gado também. Eles convivem em plena harmonia e essa integração entre gado e florestas é um dos objetivos do Projeto de Pecuária Neutra e Regenerativa, uma forma de compensar as emissões de gases de efeito estufa do animal, além de preservar a água e o solo.

Hoje, a propriedade é referência no assunto. Mas, nem sempre foi assim. "Minha mãe tinha esta fazenda que estava ‘meio decadente’, como outras na região. Mas, nós tínhamos um diferencial: estávamos do lado da Embrapa Gado de Leite que é uma fazenda média para pecuária, em torno de 400 hectares, sendo que tem muita área de reserva legal, o que daria para 300 cabeças de gado. E a gente foi procurar uma atividade para aumentar a renda e aí veio a transfe-

rência de tecnologia da Embrapa com o Sistema Silvipastoril. Depois disso, tudo mudou", conta Leonardo Resende, proprietário da fazenda.

A intenção era trazer mais dinheiro, mas, junto veio um grande pacote de serviços ambientais com os ensinamentos da Embrapa. "As árvores melhoraram o clima, aumentaram a produtividade dos animais, diminuíram a temperatura, aumentaram a quantidade de carbono no solo e, com isso, tivemos ainda uma absorção maior de água pela terra, o que beneficia o lençol freático", frisa Leonardo.

ILPF - O Sistema Silvipastoril foi o pontapé do Projeto Pecuária Neutra da Fazenda Triqueda. A Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) foi uma grande ferramenta e houve grandes avanços por meio desta tecnologia.

“A gente costuma dizer que subimos degraus numa escala evolutiva

até chegarmos ao sucesso na Pecuária Neutra: o plantio direto é um deles – a gente parou de remover solos -, a aplicação de herbicida feita de forma mais eficiente (sem excessos), e o ILPF é outro passo nessa escala. Ao conciliar o aumento da produtividade com a fixação de mais carbono no solo, você evolui nesta caminhada" ressalta.

Conciliar pecuária e sustentabilidade não é uma tarefa fácil, mas é possível. O gado é responsável pela liberação de gás metano no ambiente. E o metano é um dos gases que causam o efeito estufa.

"Existem duas maneiras do herbívoro quebrar a molécula do capim e tirar o nutriente para a vida. Alguns têm estômago e, igual ao homem, possuem um ácido no sistema digestivo para ajudar na digestão.

Já os bovinos e os caprinos têm o rúmen: um estômago primata, que não se desenvolveu. Ele é como uma câmara de gás, uma espécie de autoclave”, conta o pecuarista.

Na fazenda Triqueda os animais são criados em meio as árvores de eucalipto

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“As árvores melhoraram o clima, aumentaram a produtividade dos animais, diminuíram a temperatura, aumentaram a quantidade de carbono no solo e, com isso, tivemos ainda uma absorção maior de água pela terra, o que beneficia o lençol freático” Leonardo Resende - Produtor

Leonardo explica como tudo funciona. “Entra o capim, libera o gás metano, que quebra a molécula do capim em proteína e, como o capim vai e volta na boca, o gás é exalado como subproduto da digestão, assim como todos nós, seres humanos, exalamos CO2 como subproduto da respiração”, detalha.

Segundo Leonardo, quando se fixa carbono adicional no solo, suficiente para compensar as emissões de gases de efeito estufa dos animais, está se neutralizando essa emissão.

“A pegada ecológica da emissão de gás de efeito estufa da pecuária, através do metano entérico – que é o gás de efeito estufa da digestão – é muito elevada. É a segunda do setor, perdendo somente para desmatamento e queimada. Só que a gente tem oportunidade de compensar isso", afirma o pecuarista.

RECONHECIMENTO E MERCADO Recentemente, a Fazenda Triqueda foi indicada por uma renomada publicação especializada como uma das 28 mais inovadoras e que estão moldando o futuro das proteínas no mundo. "Estamos nessa 'pegada' ecológica há 15 anos, sendo os últimos dez voltados para sustentabilidade. Foi uma surpresa, uma grata surpresa", comemora.

Carne, leite e lenha. Tudo o que é produzido na propriedade tem um mercado consumidor certo. "Colo-

camos a carne no mercado com selo de certificação, em 2016. Em 2018, o leite e a madeira. Nossa produção é toda exportada. Esta é uma grande possibilidade de discutir se a sustentabilidade agrega valor ao produto. E eu digo que, só o marketing que a gente ganha já vale cada esforço", ressalta o proprietário.

Além disso, o local é fonte de pesquisa. "Nós já melhoramos a produtividade e a renda por hectare na fazenda e conseguimos uma harmonia na biodiversidade. Realizamos uma pesquisa para contar quantos indivíduos a gente teria a 20 centímetros abaixo do solo até a altura da forragem. Na pecuária degradada, que é a realidade da região, encontramos dois: cupim e formiga. Na pecuária produtiva, em monocultura, encontramos cinco insetos, como a minhoca e o besouro. Já no Sistema Silvipastoril encontramos nove, entre eles, joaninha e borboleta”, relata Leonardo.

Por mais simples que seja, a união da braquiária com o eucalipto trouxe uma biodiversidade quatro vezes maior que a média da região. “Se a gente vê a fazenda como um todo, você tem área para que as aves possam voar e parar no meio do vôo, para que o pequeno roedor possa ter um caminho livre de um predador. Então, você passa a ter uma ambiência mais favorável para toda essa microbiologia", conta.

E o que podemos esperar? Será que o futuro da pecuária é este? Leonardo Resende diz não ter dúvidas quanto a isso. "Ainda estamos engatinhando. São poucas pessoas que atuam nesse tipo de pecuária. O nosso maior desejo, quando a gente olha para os Estados Unidos, Europa, África, é que seja diferenciada a carne de pasto da carne confinada. E, junto com o rótulo carne a pasto, a gente possa entender que este é um sistema produtivo mais harmônico, mais eficiente e mais equilibrado”, acredita.

Segundo o pecuarista, toda vez que se coloca muito ‘input’ na agricultura, ou seja, fertilizante, maquinário, confinamento e silagem, está se trazendo mais subsídios fósseis para o produto.

“Se você faz isso num campo aberto e com um manejo correto, você está conseguindo ter serviços prestados ali. Então, acho que o futuro é evoluir essa Pecuária Neutra a pasto. O sonho seria ter na carne um rótulo igual tem na geladeira de consumo de energia, com uma tabela A, B e C e um gradiente de cores, onde a gente teria o produto mais eficiente e menos eficiente do ponto de vista do consumo de energia e uma classificação ambiental, o que ficaria uma legenda fácil para o consumidor entender, para indústria comprar e para a cadeia produtiva se estabilizar", finaliza.

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T E C N O LO G I A |

JULIO HUBER – DOMINGOS MARTINS E SANTA MARIA DE JETIBÁ (ES)

Delivery leva o campo para a cidade A pandemia do coronavírus fez surgir mais oportunidades no meio rural, Agricultores passaram a fazer delivery de produtos do campo para a cidade

H

á cerca de 15 anos, ter um telefone fixo na propriedade rural era considerado um luxo, apesar de ser um serviço essencial para a compra e venda de mercadorias, ou até mesmo para falar com parentes e amigos. Os anos foram passando, e a tecnologia se tornou algo cada vez mais presente no meio rural. Vieram os aparelhos de celular e os computadores, e a internet deixou de ser apenas uma ostentação, mas sim, algo fundamental para o dia a dia do campo.

Um exemplo da importância da telefonia e da internet são as 134 Estações Rádio Bases (torre de telefonia móvel) instaladas em regiões rurais do Espírito Santo, nos últimos anos. E, segundo informações da Secretaria Estadual da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), foi realizado um estudo técnico com critérios socioeconômicos para que o Programa Campo Digital possa ser implementado em mais 30 localidades rurais nos próximos anos.

Esse é um exemplo da importância da tecnologia em todas as áreas, mas foi só um vírus atingir todo o mundo, para que as mudanças que já vinham acontecendo, avançassem ainda mais rápido e fizessem mudar, da noite para o dia, a vida

no campo. Em Domingos Martins, na região de montanhas do Espírito Santo, bastou dois meses da pandemia do novo coronavírus para que agricultores passassem a entregar seus produtos via delivery, após os pedidos serem feitos via site de e-commerce, criado por uma cooperativa.

O delivery, serviço comum nas grandes cidades para pedir um lanche ou até um remédio em casa, passou a ser uma palavra muito usada por agricultores nas mais diversas regiões do Espírito Santo. Em Santa Maria de Jetibá, também nas montanhas capixabas, o delivery, com pedidos feitos pelo WhatsApp, também foi a saída para os agricultores que viram as feiras serem proibidas em diversos municípios, principalmente na Grande Vitória.

Antes da pandemia, os agricultores associados à Cooperativa de Empreendedores Rurais de Domingos Martins (Coopram) entregavam a maior parte da produção para escolas estaduais e também municipais de Vitória, Vila Velha, Serra e Domingos Martins. A comercialização ocorria por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

“Nós já estávamos pensando, antes da pandemia, em criar um site para a venda dos produtos.

Uma equip e da Coopra m busca o produtos n s as lavoura s e entrega aos consum idores da R egião Serrana e da Grande Vitória

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Mas, quando surgiu o coronavírus e os contratos de entrega às escolas foram suspensos, resolvemos colocar a ideia do e-commerce em prática. No dia 17 de abril fizemos as primeiras 14 entregas na Grande Vitória, de vendas feitas pelo WhatsApp. Quinze dias depois o site já estava ativo e iniciamos a entrega dos pedidos”, contou Simone Hollonder, responsável pelo e-commerce da Coopram.

Desde então, os pedidos foram crescendo. Até o final de julho, a cooperativa realizava de 30 a 40 entregas semanalmente, para clientes da Grande Vitória e da Região Serrana. A meta é chegar a 100 pedidos por semana, conforme informou Simone. Cada compra deve ser no valor mínimo de R$ 30,00.

Nos pedidos acima de R$ 50,00, não há cobrança de taxa de entrega. Abaixo desse valor, é cobrado R$ 5,00 para levar até o cliente.

VARIEDADE DE PRODUTOS – Além da produção de verduras, legumes, frutas, café e outros itens produzidos pelos cooperados da Coopram, é possível encontrar, no site, produtos adquiridos de outras cooperativas, como é o caso dos laticínios da Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves (Clac), e as maçãs e mamões que são adquiridos por

“Há produtos maravilhosos, como: a linguiça caseira, licores, biscoitos, um café arábica de excelente qualidade.

São mercadorias que não encontramos nos supermercados” Carlos Alberto Tiussi – Morador de Vila Velha e cliente da Coopram

meio de parceria com outras cooperativas capixabas. Ao todo, são mais de 120 itens disponíveis.

“Essas ações intercooperativas são importantes para que possamos oferecer produtos de pequenos agricultores”, disse Simone.

Ela contou que com o sistema de delivery, os funcionários que antes atuavam nas entregas dos produtos às escolas, foram remanejados e não foi preciso demitir ninguém.

Os pedidos semanais são feitos até as quartas-feiras. Os cooperados recebem a demanda, colhem e entregam no dia seguinte, quando os funcionários da Coopram preparam as cestas a serem entregues às sextas-feiras. O cliente acessa ao site (www.coopram.com.br), escolhe os produtos, faz o pagamento e recebe em casa na mesma semana. A intenção é que o site continue ativo e as entregas via delivery permaneçam mesmo após o fim da pandemia.

QUEDA NAS VENDAS – Mesmo implementando a venda online, a comercialização total dos produtos dos cooperados literalmente despencou durante a pandemia. De acordo com Simone, se comparado com a quantidade que era entregue às escolas, as vendas atuais são de apenas 30% para as folhagens e legumes. Para alguns produtos, como os citrus, a queda é de quase 100%.

Simone contou que os valores

pagos pelos produtos entregues às escolas eram menores em relação aos praticados atualmente, já que pela venda on-line, os preços são atualizados de acordo com o mercado. Entretanto, como a quantidade de produtos era muito superior, as vendas para a merenda escolar era mais lucrativa e agregava mais produtores cooperados.

Entretanto, os agricultores que estão tendo seus produtos comercializados pela plataforma on-line estão satisfeitos com a iniciativa da cooperativa. É o caso de Juldario Stein, de Rio Claro, em Santa Maria de Jetibá. Toda semana ele colhe as verduras e um carro da cooperativa vai até sua propriedade para recolher a produção.

“A quantidade que entregamos agora é bem menor que a de antes da pandemia. Porém, é uma renda a mais a venda on-line, e foi excelente a iniciativa da cooperativa. Se não fosse isso, seria muito complicado vender nessa época”, afirma.

CLIENTES SATISFEITOS – O delivery dos produtos agrícolas da Coopram tem agradado aos clientes da Grande Vitória. O industriário Carlos Alberto Tiussi, 64, morador de Santa Mônica, em Vila Velha, faz seus pedidos desde quando o site entrou no ar e elogiou a diversidade de produtos oferecidos.

Segundo ele, a entrega é feita pontualmente às sextas-feiras.

“Quando um amigo me falou do site da Coopram, eu gostei e logo fiz os meus pedidos. Há produtos maravilhosos, como: a linguiça caseira, licores, biscoitos, um café arábica de excelente qualidade e um filé de tilápia que não é como aqueles que compramos em supermercados, que quando descongelamos, parte do peso é água.

Além disso, a parceria da Coopram com outras cooperativas, como a de Alfredo Chaves, nos proporciona comprar uma manteiga que dificilmente encontramos na Grande Vitória, assim como, a deliciosa banana passa”, destacou.

Outra cliente que passou a fazer pedidos semanais é a gerente da Ecopousada Meu Cantinho, Hélvia Salgado. A pousada fica na região de Pena, distante 12 quilômetros de Paraju, em Domingos Martins. Antes do site, as compras semanais da pousada eram feitas na Grande Vitória.

“Fico muito feliz por poder comprar dos produtores locais e fazer o recurso girar na cidade. Eu até tentava comprar na região, mas nenhum produtor entregava na pousada. Agora, por meio da cooperativa, consigo comprar tudo pelo site e os produtos são entregues na pousada. Eu moro de segunda a quarta-feira em Vila Velha, e levar toda semana os produtos era um transtorno, e as verduras não chegavam tão frescas como agora”, destacou.

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Agricultores fazem drive-thru de alimentos orgânicos Como já dizia o grande físico e pensador Albert Einstein: “no meio da dificuldade encontra-se a oportunidade”. Einstein nasceu na Alemanha, país de origem da família Tesch, que se destaca na produção de alimentos orgânicos em Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo.

E colocando em prática o que disse Einstein, foi durante a dificuldade de realizar as vendas das mercadorias agrícolas, em meio à pandemia do coronavírus (Covid-19), que a família vislumbrou uma oportunidade: realizar delivery e drive-thru de alimentos orgânicos.

Com os moradores permanecendo em suas casas, o movimento nas feiras caiu. Além disso, por meses os comércios em todo o Espírito Santo ficaram proibidos de funcionarem, inclusive os shoppings centers capixabas, onde são realizadas algumas feiras agroecológicas. Ao todo, 24 feiras desse modelo foram impedidas de funcionar.

“Quando começamos a perceber o aumento dos casos de coronavírus no mundo e tivemos a informação que os shoppings seriam fechados, pedi para meus filhos e para outros agricultores fazerem um mini cadastro e pegar os contatos dos clientes”, contou a agricultora Selene Tesch, de Santa Maria de Jetibá.

E deu tão certo, que a família Tesch precisou pegar produtos de outros agricultores para dar conta da demanda. “O trabalho aumentou muito, porque precisamos pegar a encomenda do cliente, separar tudo em caixas ainda na propriedade, e levar para a Grande Vitória”, conta.

Semanalmente, a família Tesch chega a entregar cerca de 550 encomendas. Além de Selene e o marido, na propriedade também trabalham os três filhos, a filha e noras.

“Cada um tem sua plantação, mas todos se ajudam. Está dando muito certo”, afirmou a agricultora.

E ela reforça a importância de manter a produção e a comerciali-

zação agrícola. “A saúde entra pela boca e começa no campo, isso precisa ser reconhecido. A saúde vai do campo para a cidade”, enfatiza.

E esse também é um pensamento da militar Gabriela Klein, de Domingos Martins, que passou a consumir os produtos orgânicos da família Tesch. “Com a busca por uma alimentação mais saudável, veio a preocupação com a origem dos produtos. Foi aí que recebi a indicação dos orgânicos da Hammer Tesch por meio de uma amiga, que me informou que eles haviam iniciado as entregas em Domingos Martins”, contou.

Gabriela contou que o processo de compra é muito prático. “Eles enviam a lista de alimentos disponíveis com os valores por WhatsApp. Eu escolho o que quero, faço o pagamento por meio de um aplicativo e recebo tudo fresquinho, em sacola retornável, na porta de casa. Não posso deixar de elogiar o tratamento sempre carinhoso e atencioso da Patrícia, que é quem sempre me atende. Virei cliente fiel”, afirmou.

Drive-thru na Grande Vitória Filho de Selene, Thiago Tesch contou como funciona o sistema drive-thru de orgânicos criado por eles, outra inovação para contribuir com a redução do número de contágios pelo coronavírus no Espírito Santo.

“Em razão da situação atual, precisamos realizar algumas adequações nas entregas. As embalagens não serão mais retornáveis. Estamos fazendo entregas em sacolas de papel ou em caixas de papelão descartáveis. Cobraremos um adicional pela embalagem, mas não aumentaremos os valores dos produtos”, explicou Thiago Tesch.

No sistema drive-thru, o cliente pede por telefone ou aplicativo de mensagem, a família separa tudo em casa, o cliente vai até o local e não precisa nem sair do carro. “Eu coloco no porta-malas e acertamos via O drive-th ru é feito n transferência bancária ou aplicativo de a Grande V itória pagamento, tudo isso tomando todas as medidas de higienização possíveis. Após cada entrega, é feita a esterilização das mãos com o álcool em gel antes de passar para a entrega do próximo cliente”, afirmou.

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Delivery deve mudar a história das feiras orgânicas “Não vai ser tão cedo que as feiras voltarão a ser como antes. A história das feiras orgânicas será outra. Cada vez mais pessoas estão solicitando entregas em suas casas, por ser mais cômodo”. Esse depoimento é do agricultor de produtos orgânicos Vanildo Waiandt, de Santa Maria de Jetibá. Ele sempre participou da feira semanal em Barro Vermelho, em Vitória, mas relata que entregar produtos nas casas dos clientes foi a saída durante a pandemia.

Os pedidos dos clientes são feitos durante a semana. No dia da colheita, os produtos são lavados, higienizados e separados. “Como nossa produção tem certificação de orgâ-

nico, temos as áreas próprias para a limpeza dos alimentos. No depósito, separamos os itens e montamos as cestas dos pedidos”, explicou.

Outra produtora que aderiu às encomendas é Jeruza Schmidt Reink, de Santa Maria de Jetibá. Ela e a família fazem a feira do Barro Vermelho, em Vitória, aos sábados.

Jeruza informou que faz de 30 a 40 entregas via delivery por semana.

A produtora Jeruza produz verduras orgânicas em Santa Maria de Jetibá

Sebrae cria site com contatos de feirantes do Estado Também visando aproximar os feirantes dos consumidores, o Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) criou um ambiente virtual para contribuir com a comercialização. Na plataforma Feira na Internet (feiranainternet.com) é possível selecionar feirantes por região e comprar diretamente desses profissionais sem qualquer intermediário. Já são centenas de feirantes cadastrados.

A proposta é colaborar para que o feirante mantenha seu negócio funcionando de maneira remota. De forma fácil e intuitiva, o cliente vai encontrar os feirantes que fazem entrega em seu bairro. Na busca, é possível selecionar feirantes por cidade, bairro, tipo (convencional ou orgânico), em categorias como: açougue, aves, frutas, laticínios, peixes, temperos, verduras e legumes, entre outros. Tudo simples e de graça.

“A ideia é que os feirantes de rua possam vender por essa plataforma. É muito simples: quando o cliente clica para fazer um pedido, ele conversa via WhatsApp diretamente com o feirante para combinar entrega, forma de pagamento e tudo mais”, explica o analista do Sebrae/ES, Samuel Graciolli. Na aba “Seja um feirante”, os profissionais podem cadastrar seus produtos e serviços para figurar na plataforma.

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C A F E I C U LT U R A |

TEXTO: BRUNO FAUSTINO | ES E MG

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FOTOS: CARLOS PEREIRA / EVERALDO GARCIA

COLHEITA DIFERENTE A máscara se tornou item obrigatório na lavoura durante a colheita do café deste ano

Cafeicultores adotaram medidas para garantir a segurança dos trabalhadores durante a colheita do café, devido à pandemia do novo coronavírus

É

tempo de colheita nas lavouras de café de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Bahia e Rondônia. Para a safra 2020, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta um volume entre 57,2 milhões e 62 milhões de sacas de 60 kg em todo o país. Mas, a pandemia do novo coronavírus deixou os cafeicultores brasileiros apreensivos, afinal, como colher café mantendo todas as medidas necessárias para garantir a segurança dos trabalhadores?

Governos, sindicatos e entidades ligadas ao agronegócio brasileiro se uniram para encontrar respostas para esta pergunta, uma vez que o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo - na safra 2019/20, o país exportou 39,9 milhões de sacas de 60 kg, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

No Espírito Santo, a cafeicultura é a principal atividade agrícola e está presente em 60 mil propriedades rurais. Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), existem 131 mil famílias produto-

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ras em terras capixabas. O Estado é o 2º maior produtor brasileiro de café, com as produções dos tipos arábica e conilon.

Para garantir a colheita dos grãos da safra 2020 com segurança, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca criou uma cartilha com recomendações de prevenção e estratégias para evitar a contaminação e transmissão do novo coronavírus (Covid-19). E os cafeicultores capixabas estão seguindo à risca as orientações. A primeira delas: o atraso para o início da colheita dos grãos no Estado.

“O café demorou um pouco mais a ser colhido porque os fatores climáticos, a partir de outubro, foram muito positivos para que isso ocorresse. O produtor que colheu um pouco mais tarde teve mais rentabilidade, porque o grão cresceu mais, teve um peso maior, uma peneira maior, como a gente diz. Além disso, o grão ficou mais tempo na planta, e a qualidade desse café é maior, com certeza”, explica Abraão Carlos Verdin Filho, coordenador técnico de cafeicultura do Incaper.

Na propriedade do cafeicultor Luciano Zanotti, no distrito de Patrimônio do Quinze, em Nova Ve-

nécia, noroeste capixaba, antes de entrarem no ônibus para iniciar a lida na roça, é realizada a medição de temperatura corporal dos trabalhadores. Já durante a colheita, assim como no refeitório e nos banheiros, todos mantêm a distância mínima de um metro e usam máscaras o tempo inteiro. Além disso, o pagamento é realizado em etapas, evitando aglomerações.

"A cartilha foi fundamental para nos orientar no momento da colheita. Acredito que se todos os produtores seguirem as recomendações, a colheita será segura e com qualidade", afirma o produtor.

Para o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Paulo Foletto, a cartilha foi importante para garantir uma colheita segura este ano.

"Em um ano atípico em que uma pandemia tomou conta do mundo, ver os produtores adotando as medidas de prevenção contidas na cartilha é a esperança de que passaremos por esse momento de forma segura. O trabalho no campo não pode parar, mas é necessário que todos continuem seguindo as orientações", pontuou.

QUEBRA NA SAFRA DE CONILON NO NOROESTE CAPIXABA As previsões eram animadoras e as perspectivas otimistas. O Espírito Santo, maior produtor de café conilon do Brasil, deveria colher 9,8 milhões de sacas de café robusta na safra 2020, segundo estimativas da Conab. Mas, os cafeicultores capixabas registraram perdas grandes nas lavouras na hora de colher os grãos. A quebra da safra, em algumas propriedades, chega a 50%. “Já esperávamos uma quebra da safra, mas não deste tamanho”, conta o cafeicultor Paulo Roberto Oliare, em Marilândia, noroeste capixaba.

A propriedade dele tem 22 hectares plantados com café. A expectativa era colher 70 sacas por hectare, mas só conseguiu 45 sacas por hectare. “Já estamos terminando a colheita na semana que vem.

Prevíamos uma queda de 20 a 30% na safra 2020, mas estamos vendo

que os prejuízos na lavoura foram bem mais altos”, diz Oliare.

Já o cafeicultor Aguinaldo Colombi, de São Gabriel da Palha, berço do café conilon no Espírito Santo, registrou num vídeo os prejuízos provocados pela ventania na lavoura da propriedade. “Nesta área, onde o vento pegou de frente, as flores foram todas para o chão.

No geral, a minha quebra será de 30%”, relatou o produtor.

Em Colatina, região do Vale do Rio Doce, o cafeicultor Guttieres Garozzi produz café na localidade do Córrego Santa Fé. Devido à ventania, não sobraram flores nos pés. Ele esperava colher 90 sacas por hectare, mas só conseguiu 40.

“A minha propriedade é pequena, mas, em propriedades vizinhas, o prejuízo foi grande, chegando a 70%”, relata.

Em ano de pandemia do novo

coronavírus, com o retardo para o início da colheita dos grãos e a falta de mão de obra no campo, esses seriam bons motivos para explicar a situação. Mas o problema foi outro: mudanças climáticas.

“Vários fatores, positivos em alguns pontos e negativos em outros, influenciaram colheita do conilon no Espírito Santo. Após a colheita do ano passado, estávamos num período de seca, com temperaturas elevadas e precipitações baixas.

Isso fez com que as lavouras não conseguissem florescer adequadamente. Paralelamente a isso, tivemos um período com fortes ventos na região noroeste do Espírito Santo, onde é produzida a maior parte do café robusta capixaba. Esse vento provocou queda de folhas e queda de flores e isso refletiu diretamente na produção”, explica Abraão Carlos Verdin.

“O produtor que colheu um pouco mais tarde teve mais rentabilidade, porque o grão cresceu mais, teve um peso maior, uma peneira maior, como a gente diz” Abraão Carlos Verdin Filho -Coordenador técnico de cafeicultura do Incaper

A quebra da safra, em algumas propriedades, chega a 50%

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Na região das Matas de Minas, a Cooperativa dos Cafeicultores de Lajinha orientou os produtores a usarem equipamentos de proteção e cooperarem de casa

MINAS GERAIS E SÃO PAULO SEGUEM COLHENDO DENTRO DO ESPERADO A colheita do café no Brasil já havia ultrapassado a metade prevista para a safra 2020 no final do mês de julho, de acordo com dados das cooperativas associadas ao Conselho Nacional do Café (CNC) e também da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Os frutos colhidos apresentam qualidade muito boa e, principalmente, não se observa a incidência de broca.

Segundo o presidente do CNC, Silas Brasileiro, esse cenário é resultado dos cuidados empregados pelos produtores no processo de colheita em ano de pandemia. “Temos a cafeicultura mais sustentável do mundo e isso é reflexo do profissionalismo e do zelo dos cafeicultores nos processos que vão desde a pré até a pós-colheita. Este ano, com o advento da pandemia, elaboramos materiais de prevenção aos produtores, que seguiram as recomendações e otimizaram ainda mais os trabalhos de ‘panha’, o que evitará a incidência de broca para a próxima safra”, explica.

Maior produtor de café do país, o Estado de Minas Gerais, deve colher entre 30,7 milhões e 32 milhões de sacas este ano. Em Varginha, no sul do Estado, a colheita do café na região ultrapassou a metade, mas os grãos devem chegar aos armazéns da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha somente em agosto.

Já a colheita em Matas de Minas, onde atua a Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), segue em ritmo acelerado.

“Esperamos uma safra boa, já que a maturação dos grãos está excelente”, conta o cafeicultor e cooperado da Coocafé Roger Fonseca.

A região é formada por peque14 | N E G Ó C I O R U R A L

nos agricultores e, por isso, não há necessidade de buscar mão de obra de fora. Por isso, durante a pandemia, os cafeicultores não encontraram dificuldade para colher os grãos de café, mas nem por isso as medidas de segurança foram deixadas de lado. Além das luvas, da peneira e do boné, agora, o uso da máscara é obrigatório. “O uso da máscara é bom pra mim e pra segurança dos ‘companheiros’ que estão trabalhando comigo na colheita”, explica a trabalhadora rural Rosana Silva.

Durante a pandemia, a Coocafé prestou um serviço de orientação aos cooperados e seus colaboradores. “Nós criamos um comitê para gerenciar esse momento atual, mostrando aos produtores o que deveria ser feito. Os nossos atendimentos foram priorizados a distância. Colocamos os nossos técnicos a disposição para atendimento on-line e fizemos uma campanha muito grande para que o produtor cooperasse de casa”, diz Fernando Cerqueira, diretor presidente da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha SÃO PAULO - A região da Alta Mogiana, no interior de São Paulo, tem o hábito de começar a colher o café mais tardiamente. Mas, este ano, o cafeicultor Ismar de Oliveira, proprietário da fazenda Cascata da Prata, em Cristais Paulistas, preferiu antecipar os trabalhos na lavoura. “Estamos evitando ao máximo o contato entre os trabalhadores. Cada um na sua rua (fileiras do cafezal) e, em alguns casos, até alternando as ruas para evitar aglomeração”, relata.

A Cooperativa de Cafeicultores

e Agropecuaristas (Cocapec) tem seguido as recomendações da Organização Mundial de Saúde e da Secretária de Saúde do Estado de São Paulo. “Estamos usando nossos canais de comunicação para passar as orientações necessárias de distanciamento social, o uso do álcool em gel durante as atividades, uso da máscara para proteção e segurança dos cooperados e colaboradores. Tudo para conseguirmos uma colheita tranquila”, enfatiza Saulo de Carvalho Faleiros, diretor comercial da Cocapec.

O Governo do Estado de São Paulo também lançou uma cartilha com as orientações a serem seguidas no meio rural pelos produtores.

“A área rural é o local onde você usa muito o corpo, fisicamente, então, as mãos nem sempre estão limpas.

Mas, os produtores precisam ter a consciência de que, se elas não estão limpas, você não deve tocar os olhos, nariz e boca. Então, o uso da luva e da máscara é essencial. E tudo isso está na cartilha”, explica Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Seja em São Paulo, Minas Gerais ou Espírito Santo - os três Estados que mais produzem café no Brasil a pandemia do novo coronavírus não tirou o otimismo dos cafeicultores.

“Eu tenho 14 mil pés de café, mas todo ano estou renovando. Este ano, espero colher 60 sacas de café. Tenho muito trabalho pela frente. O cafezal está bonito, carregado e os grãos de arábica estão chegando por igual para colher. Será uma boa safra aqui na região”, finaliza o produtor Cesar Pedro Huber, cafeicultor em Marechal Floriano, nas montanhas capixabas, em entrevista no mês de julho.

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C A R N E | T E X TO : J U L I O H U B E R / FOTO S : D I V U LG AÇ ÃO

Os frigoríficos poderão programar abates em horários e dias mais flexíveis

NOVAS REGRAS DEVEM IMPULSIONAR O AUMENTO DE ABATES

U

ma mudança na legislação federal deve contribuir com o crescimento do setor de abates em frigoríficos brasileiros.

O Decreto nº 10.419, publicado no Diário Oficial da União no último dia 08 de julho, regulamenta o artigo 9º da Lei nº 1.283 e altera o Decreto nº 9.013, que dispõe sobre a inspeção ante mortem e post mortem de animais em frigoríficos.

Na prática, o decreto autoriza os órgãos de vigilância de todos os Estados brasileiros e do Distrito Federal, a credenciarem empresas para que médicos veterinários que não são funcionários públicos acompanhem os abates de animais em frigoríficos. Nos Estados do Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná, essa prática já acontecia.

Entretanto, os animais abatidos sob fiscalização de veterinários de empresas privadas só poderiam ser vendidos no mercado interno dos três Estados. Agora, com o reconhecimento do governo federal e a autorização para esse serviço, as carnes podem ser vendidas para todo o

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Brasil e também serem exportadas, se o frigorífico tiver a autorização sanitária para esses tipos de comércios.

Até então, apenas auditores fiscais federais agropecuários, com formação em Medicina Veterinária, poderiam acompanhar os abates de animais, o que limitava muito o funcionamento dos frigoríficos.

De acordo com o diretor-presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) e presidente do Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Agropecuária (Fonesa), Mário Louzada, o novo decreto irá promover aumento na produtividade dos frigoríficos, mantendo a segurança dos alimentos.

FALTA DE SERVIDORES - Um dos principais motivos para a mudança na legislação é a falta de servidores públicos para dar conta de acompanhar os trabalhos de abate nos frigoríficos. Além disso, conforme contou o diretor-presidente do Idaf, há limitação de dias e horários para que os servidores fiscalizem os abates.

“Muitos frigoríficos preferem fazer

abates durante a madrugada, em finais de semana e até em dias em que são decretados pontos facultativos pelo governo estadual. Por ser um serviço público, os servidores do Idaf e dos demais órgãos de vigilância sanitária precisam obedecer aos horários legais de trabalho. Com essa mudança, os frigoríficos passam a ter maior flexibilidade em agendar os procedimentos, pois os médicos veterinários ligados a essas empresas privadas podem combinar os melhores dias e horários”, informou Louzada.

Ele ainda destacou que apesar de os abates serem acompanhados por profissionais de empresas credenciadas, todos os trabalhos serão fiscalizados por servidores públicos dos órgãos de vigilância. “Realizar concursos públicos para contratar mais profissionais é oneroso para o Estado. E, mesmo se houvessem servidores suficientes para toda a demanda dos frigoríficos, haveria um engessamento nos abates, já que só seria possível a fiscalização nos dias úteis e em horários úteis”, enfatizou o presidente do Idaf.

Custo será pago pelos frigoríficos Para realizar abates de animais para o consumo interno, para vender a outros Estados ou até para a exportação, é obrigatória a presença de um médico veterinário acompanhando o processo. Esse serviço era feito exclusivamente por agentes públicos. Nesse caso, uma taxa era paga ao governo estadual, para a disponibilização do serviço.

No Espírito Santo, que já possui o serviço terceirizado e autorizado pelo Estado, a taxa foi retirada, mas cabe ao frigorífico o pagamento da empresa que executa o serviço de fiscalização de abate. Para o diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves) e da Associação de Suinocultores do Espírito Santo (Ases), Nélio Hand, o custo onera os segmentos, mas ele comenta que há vantagens nesse modelo de serviço.

“Sempre vimos que há deficiência no quadro de funcionários do governo estadual e do governo federal. Pelo fato de não existir servidores, as empresas estavam no ponto de não conseguir trabalhar. A partir do momento em que foi liberada a concessão ao serviço privado, os frigoríficos passaram a ter possibilidade de aumentar a produção.

Entretanto, o custo para esse serviço obrigatório passou a ser maior para os frigoríficos”, comenta Hand.

Nélio destaca que desde que o serviço particular passou a ser adotado no Espírito Santo, as plantas de abate ganharam eficácia no processamento dos produtos e foi sanada a deficiência de pessoal por parte do Idaf. “Entendemos que no Brasil o efeito será o mesmo. A tendência é a possibilidade de aumentar a produção de carnes”, reforçou.

Nélio Hand acredita que a mudança vai contribuir com o aumento da produção

Decreto traz segurança jurídica ao setor Para o advogado Ricardo Costa Bruno, que é sócio do Martinelli Advogados e atua em assuntos ligados ao agronegócio e ao cooperativismo, a mudança na legislação irá resolver um problema prático do setor. Segundo ele, o decreto também equalizou questionamentos jurídicos quanto ao acompanhamento de abates por empresas privadas.

“O Brasil produz uma grande quantidade de boi, suíno e frango, e não há servidores suficientes para acompanhamento dos abates.

O Brasil tem um destaque mundial no setor de proteína. Havia insegurança jurídica antes do decreto, quando se abatia com o acompanhamento de profissionais contratados por empresas privadas. Agora, não há mais esse problema”, afirmou.

O advogado reforçou que o decreto está de acordo com as normas legais brasileiras e respaldado pela Constituição Federal. “Agora, temos segurança jurídica para as coopera-

tivas e empresas, que poderão planejar o aumento da produção. Vale lembrar que todo o processo de abate continua sendo supervisionado pelos órgãos federais”, destacou.

O especialista ainda ressaltou que o decreto veio no momento em que o mundo vive uma pandemia, e que a procura por segurança alimentar está ainda mais evidente.

“O Brasil tem protocolos importantes e eficientes no quesito de sanidade. Agora, seremos mais uma vez referência com essa medida, que irá contribuir para o aumento de produtividade e, consequentemente, com a balança comercial positiva devido ao aumento de demanda pelos produtos agrícolas brasileiros”, enfatizou.

Segundo Ricardo, os Estados que ainda não se adequaram ao novo sistema, não terão muita dificuldade em atender ao decreto. “O interesse é de todos e as adequações devem ocorrer rapidamente. O frigorífico já é o seu próprio inspetor. Se hou-

ver qualquer problema no produto, a consequência é para ele mesmo. Além disso, o Estado continuará com o poder de polícia e de fiscalização”, lembra.

O advogado Ricardo Costa Bruno é autor de diversos artigos jurídicos e palestrante

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MEIO AMBIENTE

APRENDA A FAZER UM IRRIGADOR SOLAR EM SUA CASA O irrigador solar automático feito com garrafas usadas não usa energia elétrica e pode ser construído em casa Um irrigador automático que não usa eletricidade e ainda pode ser feito com materiais usados.

Essa criação rústica e eficaz de um pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) poderá ajudar desde pequenos produtores a jardineiros amadores na manutenção de seus canteiros irrigados automaticamente pelo método de gotejamento.

Desenvolvido pelo físico Washington Luiz de Barros Melo, pesquisador da Embrapa Instrumentação (SP), o equipamento é baseado em um princípio simples da termodinâmica: o ar se expande quando aquecido. Melo se valeu dessa propriedade para utilizá-lo como uma bomba que pressiona a água para a irrigação.

Uma garrafa de material rígido pintada de preto é emborcada sobre outra garrafa que contém água.

Quando o sol incide sobre a garrafa escura, o calor aquece o ar em seu interior que, ao se expandir, empurra a água do recipiente de baixo e a expulsa por uma mangueira fina para gotejar na plantação.

Escaneie o código e saiba o passo a passo de como construir o seu irrigador solar

"Funciona tão bem que se você sombrear a garrafa, o gotejamento para, e, ao deixar o sol bater novamente, a água volta a gotejar", afirma o pesquisador que apresentou sua invenção na 67ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no mês de julho, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo.

Fazem parte do invento outros dois depósitos de água: uma garrafa rígida também emborcada, que desempenha a função de caixa d'água para manter abastecida a garrafa do gotejamento, e um recipiente maior conectado à “garrafa-caixa-d'água”, que como o próprio nome diz, armazena um volume maior do recurso natural, que será usado por todo o sistema.

"Os tubos que interligam as garrafas podem ser de equipos de soro hospitalar, por exemplo, mas já utilizei até capas de fios elétricos. Retirei os fios de cobre de dentro e funcionou também", conta o pesquisador.

Ele explica que o maior desafio para quem for fazer o equipamento em casa é a vedação. Para o funcionamento do sistema é necessário que as três primeiras garrafas estejam fechadas hermeticamente.

"Isso pode ser obtido com adesivos plásticos, do tipo Araldite, mas exige uma aplicação minuciosa", ensina. Também compõe o sistema, um distribuidor que pode ser construído com garrafa pet, de onde saem as tubulações que farão a irrigação.

ECONÔMICO E ECOLÓGICO - As vantagens do irrigador caseiro são várias, conforme enumera Melo.

Trata-se de um sistema automático, sem fotocélulas e que não demanda eletricidade, pois depende somente da luz solar, tornando sua operação extremamente econômica. Ele promove igualmente uma economia de água, pois utiliza o método de go-

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tejamento para irrigar, o que evita o desperdício do recurso.

"Além disso, é possível construí-lo com objetos que seriam jogados no lixo, como garrafas e recipientes de plástico, metal ou vidro", lembra o especialista. A versatilidade do equipamento também é grande. A intensidade do gotejamento pode ser regulada por meio da altura do gotejador e o produtor pode colocar nutrientes ou outros insumos na água do reservatório para otimizar a irrigação.

GIRO RURAL

Santa Maria de Jetibá é o município que mais produz ovos no Brasil. E, para simbolizar a importância da atividade na cidade, foi inaugurado um monumento em homenagem à avicultura do município: uma galinha gigante. A escultura foi instalada na Praça Emílio Arnholz, na entrada da cidade, para quem vem no sentido Vitória.

A obra foi desenvolvida pelo artista plástico Geruelson Chaves Rodrigues, da cidade de Medina, Minas Gerais. Feito em vidro e cimento sintético, o monumento mede 3,30 por 2,96 metros. Para o transporte foi necessário um caminhão guincho e três homens.

Esta é a segunda galinha que o município ganha em homenagem à avicultura. A primeira está instalada no centro da cidade e já faz parte da história do município.

Ela foi encomendada por avicultores do município em 2018. E desde então é um cartão postal de Santa Maria de Jetibá.

O município da Região Serrana do Espírito Santo é o maior produtor de ovos do país. Diariamente são produzidos 14 milhões de ovos em 162 propriedades ativas. A avicultura responde por 93% da postura comercial de ovos de galinha e 98,43% pela produção de ovos de codorna do Estado.

CERTIFICADO DE CADASTRO DE IMÓVEL RURAL (CCIR) PODE SER EMITIDO PELA INTERNET A liberação para emissão do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural 2020 (CCIR) será liberada a partir da próxima segunda-feira (17). A solicitação de titulares de imóveis rurais pode ser feita por meio de computador, smartphone, tablet, Salas da Cidadania e Unidades Municipais de Cadastramento (UMC).

Para a validação do documento, é necessário que o titular quite a Taxa de Serviços Cadastrais. O pagamento pode ser feito no Banco do Brasil até o dia 15 de setembro. O Certificado de Cadastro de Imóvel Rural atualizado comprova a regularidade da área junto ao Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), base de dados do governo federal, gerenciada pelo Incra.

As informações para emissão do documento estão no site do Sistema Nacional de Cadastro Rural (www. cadastrorural.gov.br). Outra forma de acessar é baixar o aplicativo “SNCR-Mobile” nas plataformas Google Play ou App Store ou pelos telefones: (61) 3411-7370 ou (61) 3411-7378.

Foto: Hildo Drone Imagens

GALINHA GIGANTE É INSTALADA EM SANTA MARIA DE JETIBÁ

A galinha foi instalada na Sede do município

SENAR VOLTA A FAZER ATENDIMENTOS PRESENCIAIS O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Espírito Santo (Senar-ES) está retomandosuas atividades presenciais gradualmente durante o mês de agosto. Os treinamentos de Formação Profissional, Promoção Social e a Assistência Técnica e Gerencial aos produtores rurais estão sendo realizados nos municípios que liberaram as ações, seguindo todas as normas de segurança recomendadas para evitar o contágio pelo coronavírus.

“Todos os nossos instrutores e técnicos de campo credenciados receberam treinamento on-line com um profissional de saúde sobre as medidas de segurança contra o coronavírus. Estamos seguindo as recomendações do Ministério da Saúde, do Governo do Estado e das prefeituras para voltar a atender presencialmente às famílias rurais, que não pararam de trabalhar durante a pandemia e precisam da nossa assistência”, disse a superintendente do Senar-ES, Letícia Simões.

Mesmo durante o período de isolamento social, o Senar-ES continuou realizando suas atividades de forma on-line ou por telefone, com videoaulas e webinar transmitidos pelo canal do YouTube da instituição e ainda manteve o atendimento aos produtores rurais da Assistência Técnica e Gerencial de forma remota. Para participar das ações do Senar-ES, os produtores capixabas devem procurar o Sindicato Rural do seu município.

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E V E N TO S

Realizada a cada dois anos, a última edição do evento teve mais de 70 expositores

FAVESU ÉCONFIRMADA PARA 2021 A maior feira da avicultura e suinocultura do Espírito Santo será em junho de 2021 O ano de 2020 foi marcado pelos cancelamentos de praticamente todos os eventos ligados ao agronegócio brasileiro que seriam realizados a partir de março, quando foi declarada a pandemia do novo coronavírus. Muitos já têm data marcada para o próximo ano, quando se espera que os acontecimentos passem a ser liberados no Brasil.

A Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba (Favesu) é um dos eventos que serão realizados em 2021. A 6ª edição da Favesu será realizada de 23 a 24 de junho do próximo ano e a organização já iniciou os contatos com possíveis parceiros para diversificar a gama de produtos que são tradicionalmente apresentados durante a feira.

Promovida pela Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves) e pela Associação de Suinocultores do Espírito Santo (Ases), a feira será realizada no Centro de Eventos Padre Cleto Caliman, o Polentão, em Venda Nova do Imigrante. Espera-se a partici20 | N E G Ó C I O R U R A L

pação de dezenas de empresas e organizações que atendem profissionais e produtores dos setores de avicultura e suinocultura do Espírito Santo.

De acordo com o coordenador institucional da 6ª Favesu, Nélio Hand, estão sendo realizados contatos com organizações e empresas – principalmente de Estados vizinhos – com o objetivo de apresentar o evento como uma referência regional, além de atender às necessidades das atividades.

“Nosso foco inicial é manter contato com as representações ou produtores desses Estados vizinhos para colocar a estrutura da Favesu à disposição. E também, para ser um local onde todos possam buscar novidades quanto ao mercado, tecnologias e serviços, além de atualizações de informações técnicas e relacionamento com outras pessoas dos seus respectivos segmentos”, explica.

Desde as primeiras informações divulgadas pelos órgãos de saúde sobre a pandemia do coronavírus

(Covid-19), a organização da Favesu direcionou sua atenção para todas as orientações e ações de prevenção, já as integrando ao planejamento de execução da feira.

“Estamos acompanhando a realidade que está se formando em torno da organização dos eventos. Estamos muito atentos às adequações que forem necessárias para essa nova realidade”, ressalta.

NOVIDADES - O produtor da feira e diretor da empresa Produshow Eventos, Daniel Menendez, adianta que a organização está planejando algumas modificações para ampliar a planta do local do evento e, assim, contar com mais empresas expositoras durantes os dois dias da feira.

“Estamos fazendo algumas modificações na planta para torná-la mais abrangente. Já realizamos vistorias técnicas no local onde será realizada a feira e agora estamos trabalhando na reformulação”, destaca Menendez.

Q U A L I F I C AÇ ÃO

SENAR APOIA PRODUTORES CAPIXABAS EM PARCERIA COM O SEBRAE

C

riado com o propósito principal de contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento sustentável das propriedades rurais do Espírito Santo, atingidas pela crise hídrica e pelo desastre ambiental de Mariana (MG), o projeto Terras Sustentáveis demonstra, após dois anos de trabalho, resultados importantes como a melhora nos índices de sustentabilidade e produtividade em propriedades localizadas em 24 municípios capixabas.

O convênio firmado entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Espírito Santo (Senar-ES) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES) levou o investimento da ordem de R$ 3 milhões para a realização do projeto, que atendeu cerca de 400 produtores rurais na área da bacia hidrográfica do Rio Doce.

“O Senar, com a metodologia AteG (Assistência Técnica e Gerencial), proporciona ao produtor rural informações técnicas e gerenciais com foco na sustentabilidade da propriedade rural. Neste trabalho o produtor rural recebeu mensalmente atendimento de um profissional em sua propriedade. Os resultados apresentados nesses dois anos de projeto já são bastante significativos” conta o analista do Sebrae/ES, Adriano Matos Rodrigues.

A parceria com o Sebrae/ES oportunizou ainda a regularização ambiental de várias propriedades assistidas, e o melhoramento genético do rebanho, por meio das con-

sultorias tecnológicas Sebraetec.

PANDEMIA - Neste momento de pandemia, os produtores rurais têm assistência virtual, com informações e recomendações de gestão e técnica. Os técnicos de campo entram em contato com os produtores, mensalmente, para sanar as dúvidas, seja por aplicativo de mensagens ou videochamadas.

A analista e supervisora geral de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar-ES, Cristiane Veronesi, revela que foram alcançados excelentes resultados pelos produtores assistidos, tanto na produtividade, quanto na lucratividade e na gestão de suas propriedades.

De acordo com Cristiane, pode-se observar o dobro da produtividade na atividade com a pimenta-do-reino, ocasionando uma redução de 52% no custo total da produção.

Houve também um aumento no lucro na produção de leite e de café.

“A visão do produtor rural está mudando quanto à gestão da propriedade. Ele precisa entender que sua atividade agropecuária é uma ‘empresa rural’ e que deve ser administrada como tal, estimulando, assim, a sucessão familiar”.

CAFÉS ESPECIAIS - Por dois anos consecutivos, o convênio realizou uma missão técnica para a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte (MG), o que abriu os olhos dos produtores para a produção de cafés especiais.

Dois produtores ficaram entre os que obtiveram os melhores resultados em todo Brasil (2019), em um concurso que o Senar Central realizou: Geraldo Lamberti, produtor de leite, de Itarana; e Leticia Altoé, produtora de café, de Jaguaré. Eles alcançaram aumento significativo na produtividade, redução do custo de produção e avanços na parte ambiental.

SUSTENTABILIDADE - O Programa de Assistência Técnica e Gerencial, ofertado pelo Terras Sustentáveis, propiciou aos assistidos um diagnóstico ambiental de suas propriedades no início do projeto e a cada 12 meses, sendo possível aferir as melhorias alcançadas pelos produtores. Os resultados apontam um avanço de mais de 60% referente à sustentabilidade ambiental, social e econômica, visto que, além das informações prestadas pelos técnicos nas visitas de campo, o acompanhamento mensal garantiu melhorias nos aspectos gerenciais das propriedades.

Foram beneficiados produtores rurais localizados nos seguintes municípios: Afonso Cláudio, Águia Branca, Alto Rio Novo, Brejetuba, Baixo Guandu, Colatina, Itaguaçu, Itarana, Jaguaré, João Neiva, Laranja da Terra, Linhares, Mantenópolis, Marilândia, Nova Venécia, Pancas, Rio Bananal, Santa Teresa, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha, São Mateus, São Roque de Canaã, Sooretama e Vila Valério.

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R E C E I TA & C A L E N DÁ R I O R U R A L

Calendário Veja os alimentos que estão na safra em AGOSTO

VERDURAS Agrião • Brócolis Couve-flor • Escarola Espinafre • Rúcula

FRUTAS Abacate • Carambola

Uma porção de abóbora cozida e amassada Uma porção de taioba crua e rasgada Sal | Alho | Azeite Noz-moscada (opcional) Água para dar consistência

Refogue a taioba em panela untada com azeite ou outro óleo vegetal. Tempere com sal e alho a gosto.

Reserve. Refogue a abóbora amassada da mesma maneira. Acrescente água até obter a consistência de creme. Tempere com noz-moscada. Ajuste o sal. Tampe e deixe ferver. Desligue. Coloque a taioba misturando-a à sopa ou sirva-a sobre a sopa como sugerido na foto.

Maracujá • Maçã Mamão • Morango

LEGUMES Abóbora • Batata-doce Inhame • Mandioca Pimentão • Rabanete

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A taioba pode ser substituída por couve, mostarda, espinafre e almeirão refogados ou por agrião fresco.

Adicione iogurte natural ou creme de leite para dar uma consistência mais aveludada à sopa. Tampe e deixe ferver.

Desligue. Coloque a taioba misturando-a à sopa ou sirva-a sobre a sopa como sugerido na foto.

Ser cooperativista vai muito além das palavras Trabalhamos de forma colaborativa e justa, em busca de um mundo com melhores oportunidades para todos.

Por isso, os nossos produtos e serviços também são diferenciados.

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