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Dr. José Luiz Ribeiro
Dr. José Luiz Ribeiro tem 73 anos, nasceu em Muquém, distrito de Mirabela, no Norte de Minas Gerais, onde permaneceu até os 12 anos. De origem humilde, e órfão de pai aos 2 anos, a labuta do Dr. José Luiz para manter a família começou cedo nas lavouras de algodão e, depois, como ajudante de alfaiate, ajudante de padeiro e faxineiro. Com tantas dificuldades, a carreira militar pareceu atraente e ele resolveu se tornar soldado da PM. Enquanto isso, morando em Montes Claros, ele deu sequência aos estudos e se formou em Direito. Em 1971, já graduado sargento, foi transferido para a Cavalaria da PMMG, em Belo Horizonte. Com a conclusão do curso de Direito, veio o incentivo para prestar concurso para Delegado de Polícia. “Naquela época, a PC tinha cerca de 70 Delegados e o curso era feito na Acadepol, na rua 21 de abril, próximo à rodoviária”. Iniciava-se ali uma longa trajetória por Minas Gerais, onde ele conheceu lugares, pessoas e sotaques diferentes. Como Delegado, ele trabalhou em Pedra Azul, Paracatu, Montes Claros, Manhuaçu, Divino do Carangola, Araçuaí, Frutal, Uberaba, Muriaé, Alfenas, Pirapora, Bocaiúva e Ferros, até se aposentar em 1987. “Se por um lado, essa vida meio cigana dificultou a criação dos cinco filhos, por outro, proporcionou à nossa família vivências regionais muito distintas e, com isso, um enorme legado cultural”. Apesar da grande satisfação na Polícia Civil, Dr. José Luiz Ribeiro disse que influiu muito para que nenhum dos filhos almejasse ser Delegado de Polícia, porque “essa é uma carreira muito difícil e, atualmente, as forças políticas manipulam demais a atividade policial”. Dono de
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“EU SEMPRE TIVE grande eloquência, franqueza e um
TRÊS AMORES: espírito crítico, Dr. José Luiz disse MINHA FAMÍLIA, MEU que se decepcionou TIME DE CORAÇÃO, muito com a PC depois que se
AQUI EM MONTES aposentou. “Eu sempre tive três
CLAROS, QUE É amores: minha
A ASSOCIAÇÃO família, meu time de coração, aqui ATLÉTICA CASSIMIRO em Montes Claros, que é a Associação
DE ABREU E A Atlética Cassimiro
POLÍCIA CIVIL.” de Abreu e a Polícia Civil. Contudo, para mim, infelizmente a Polícia Civil sempre esteve doente e, agora, vejo que ela morreu. Depois de atuar 15 anos como Delegado, de ter orgulho de ter servido ao povo de Minas Gerais, de acumular tantas experiências e tantas amizades, vejo com tristeza o caminho tomado pela instituição.” Com a firmeza de sempre e sem receio de criar polêmicas, ele assume: “Sou sim um criador de caso assumido, mas sempre
defendendo minhas ideias e meus direitos. Sou sincero e ardoroso defensor do que é justo, mas não sou rancoroso”. Com a aposentadoria, a vida mudou. Dr. José Luiz trocou um revólver por uma vaca. Nas horas de folga, a mente vigorosa descansa todo dia após o almoço. “Descobri agora que minha vocação é ficar à toa e, por isso, nas minhas horas de folga eu durmo. Leio os jornais todo dia e, após o almoço, tiro uma soneca.” O tempo passa, mas a saudade de alguns amigos permanece viva. “É o caso dos colegas Delegados que já não estão mais conosco como o Zé Karam, o Luigi Freitas, o Edgar Reis, o Braúna, entre outros.” Rodeado sempre pela esposa, filhos e netos, de vez em quando, ele passeia com a família em viagens curtas para a praia. De resto, continua o sonho de um dia ganhar na loteria e poder ajudar as pessoas. Perguntado se pudesse escolher outra profissão, qual seria? Ele responde, sem titubear: “Acho que seria juiz, pra ficar mais perto de Deus.”
A entrevista com o Dr. José Luiz Ribeiro foi publicada na edição número 9 da Revista dos Delegados, em 2014.

