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DICOTOMIA

MARCOS SÁ ESCREVE SOBRE A REALIDADE QUE VIVEMOS, ABSOLUTAMENTE OPOSTA AO QUE SE ESPERA.

SEGUNDO OS DICIONÁRIOS, o adjetivo significa a divisão de duas partes, uma oposta a outra. Exemplos: céu e inferno, amor e ódio, dia e noite, dor e prazer, bem e mal e por aí vai. Essa pequena introdução, explicando o significado da palavra dicotomia, resume claramente o que vivemos em Brasilândia hoje. Em todos os aspectos, vivemos realidades absolutamente opostas ao que se espera. Temos sempre duas vertentes com objetivos antagônicos entre quem deveria entregar e quem deveria receber. No caso, o poder público no céu versus o povo no inferno. Um querendo uma coisa e o outro que só pensa naquilo, sempre distante da realidade de quem trabalha para sobreviver. Enquanto nossos políticos discursam e pregam a discórdia entre nós e eles, discutem qual ministério vai para qual partido, quanto de verba vai para cada deputado, em quanto o teto de gastos vai ser estourado, para qual cargos as digníssimas esposas serão acomodadas com ótimos salários ou qual vai ser o próximo destino turístico que eles irão, a população espera um melhor transporte público, serviços de saúde e educação decentes, pacificação, segurança pública confiável, mais empregos, redução de impostos e outras cositas mais. Aguardada há anos por todos, a famigerada reforma tributária viria para reduzir impostos. Pelo visto com ela, teremos o maior IVA do mundo, imposto que substituirá os atuais ICM, ISS, COFINS e IPI. Mais uma dicotomia das boas. E a prefeitura de Carapicuíba, virou notícia! Pena que a notícia não é boa. Segundo o jornal Estadão apurou, a cidade foi a campeã nos recebimentos de recursos da emenda pix, sem transparência. Ainda segundo o jornal, “foram recebidos R$ 133 milhões em emendas e houve superfaturamento em obras e equipamentos.” Essa dinheirama toda atendeu ou atenderá as demandas reais da população? Provavelmente, mais uma dicotomia. Por falar em jornal, vivemos hoje uma enorme dicotomia na área de informação. Um novo fenômeno. Uma grande quantidade de pessoas está descrente do noticiário tradicional e não assiste mais TV e nem lê jornais. Essas pessoas ficam somente no streaming e nas redes sociais. Por quê? Quem acompanha a grande mídia tradicional, jornais, rádios, TVs e revistas e acompanha as redes sociais, se depara com dois mundos de informações completamente antagônicos. Um lado mostra uma visão totalmente oposta ao outro. Nas redes sociais, a voz do povo e, na grande mídia, a voz sabe-se lá de quem. O fato é que o jornalismo tradicional dos grandes grupos de comunicação vem perdendo credibilidade devido à parcialidade nas notícias ou na ausência proposital das mesmas, quando convém e, consequentemente, perdendo audiência. Mais uma dicotomia, desta vez nas informações. E a Granja Viana? Enquanto esperamos soluções práticas para o bairro, como melhorias para o trânsito, obras da Raposo Travada, metrô até Cotia, mais segurança, fim dos bolsões e preservação da região, o que temos são mais radares, ausência de policiamento, mais empreendimentos imobiliários e abandono das melhorias à circulação viária. Bota dicotomia nisso. Queremos algo totalmente oposto ao que o poder público entrega, ou deixa de entregar. E mais gasolina vai sendo jogada nesse incêndio. Encastelados em Brasília ou nos seus municípios e cada vez mais distante da realidade dos cidadãos que pagam impostos, esses nobres cavalheiros estão pouco se importando com o que deveriam se importar. Dicotomia: no povo, a dor; o prazer fica no andar de cima.