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POLÊMICA MÃO ÚNICA

Desde o dia 20 de março, as duas principais vias da Granja Viana passam por um teste de adequação viária. A rua José Félix de Oliveira segue mão única até a Avenida São Camilo, que por sua vez está mão única até a Raposo Tavares.

Isso faz parte de um estudo que está sendo feito para melhorar o fluxo viário causado nas vias e o objetivo é avaliar se dará mais fluidez ao congestionamento no período da manhã, no sentido da Raposo, e no período da tarde, no sentido bairro.

A medida rendeu polêmica, dividindo as redes sociais entre moradores que aprovaram a mudança e outros que fizeram duras críticas. Enquanto defensores da medida afirmam que a implantação da mão única é necessária para melhorar o fluxo de trânsito e que o tempo de teste foi curto para avaliar o impacto, outros afirmam que a readequação viária causou congestionamentos ainda maiores do que antes, além de dificultar o acesso a residências e comércios locais. Alguns argumentam que a medida afetou a qualidade de vida da região, uma vez que as ruas ficaram mais barulhentas, e que a medida foi tomada sem estudos prévios e diálogo com a comunidade, principalmente os comerciantes.

Estes últimos, inclusive, formaram um comitê para representar os empreendedores junto ao poder público. Alegam que o reflexo no padrão de consumo para o comércio foi imediato e, com quedas significativas nas vendas, perderam estoques de perecíveis e isto impactou diretamente no faturamento.

O comitê preparou um formulário para que os lojistas, donos de consultórios, salão de beleza, centros comerciais, pequenos negócios, entre outros, pudessem inserir os dados de impacto do teste de readequação viária.

A pesquisa apontou, em média, 30% de queda do faturamento desde o início da operação e alguns comércios chegaram a 60%.

Eles afirmam que “é importante ressaltar que o problema de mobilidade na Granja Viana e na rodovia Raposo Tavares impacta todas as pessoas que moram, trabalham, estudam ou precisam transitar pela região. No entanto, é preciso buscar soluções que gerem o menor impacto possível, já que mudanças causam desgastes, mas não podem ser negativas para o dia a dia da cidade”.

Diante da polêmica, Prefeitura e representantes da comunidade têm se reunido para discutir se as vias deverão permanecer como mão única ou voltam à configuração original.

As Secretarias de Transportes e Mobilidade e de Indústria, Comércio e Empreendedorismo realizam um levantamento para ouvir os usuários da via a respeito das mudanças em avaliação.

O teste vai, a princípio, até 9 de abril. Vamos continuar acompanhando!

E AS OBRAS DA RAPOSO: A QUANTAS ANDA O PROCESSO?

Desde o primeiro semestre de 2019, quando o Plano de Mobilidade da Raposo Tavares foi apresentado, ressurgiu a esperança por obras que tragam melhorias para a rodovia. Em agosto de 2021, o então governador João Doria esteve em Cotia e anunciou a liberação de R$ 96 milhões em investimentos para o projeto. Com a verba, seriam realizadas, em até dois anos, intervenções entre os km 21,8 e 27,6. A notícia foi comemorada por toda a comunidade. Porém, quase dois anos depois, as obras não começaram e a dúvida paira no ar: ainda se tornarão realidade? Os projetos já foram aprovados em todas as instâncias estaduais, dando origem ao processo administrativo DER 916330/2021, que gerou o processo de licitação DER Concorrência 298/2022.

A novela ganhou mais um capítulo, ou melhor, reforço nas últimas semanas.

O vereador Sergio Folha, de Cotia, solicitou audiência com presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado André do Prazo, e também com o Governador Tarcísio de Freitas. Ele, que fez parte do grupo que elaborou os projetos e os aprovou nos órgãos estaduais competentes, quer reunião para definir cronograma e prazos das obras da Rodovia Raposo Tavares. Lideranças de outras cidades da região, como prefeitos e presidentes dos Legislativos de Vargem Grande Paulista, São Roque, Mairinque, Ibiúna, Osasco, Embu, Taboão da Serra e Carapicuíba, também foram convocados a participar. “Se houver essa mobilização, temos certeza que obteremos êxito, solucionando mais rapidamente esse problema que aflige muitas pessoas diariamente”, ressaltou o parlamentar.

Em nota enviada recentemente à nossa redação, o DER - Departamento de Estradas de Rodagem informou que o edital para contratação das obras de melhorias na Rodovia Raposo Tavares (SP-270) está em processo de análise de propostas das seis empresas que se candidataram e a licitação deve ser concluída ainda no primeiro semestre deste ano.

Personalidade

Gente que faz e acontece

Feito inédito

A banda Planta & Raiz foi uma das atrações do Lollapalooza Brasil 2023

No palco, o grupo - que foi nossa capa em fevereiro de 2014 - celebrou 25 anos de carreira, trazendo como convidados os baianos do Olodum, e se tornou a primeira banda de reggae brasileira a tocar no tradicional festival.

Na terra do Tio Sam

ACADEMIA BRASILEIRA

O quadrinista Mauricio de Sousa, que já foi capa da Circuito, se candidatou para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele disputará a vaga da cadeira 8 com o filólogo Ricardo Cavaliere em eleição que ocorrerá em 27 de abril. Estamos na torcida!

Mostra em Nova York tem vídeo com personagem clássico de Marcelo Tas, Ernesto Varela. Ele ficou conhecido por fazer perguntas incômodas e ácidas para personalidades na época da abertura política do país, além de abordar temas comportamentais. O diretor Fernando Meirelles, cocriador do personagem, o acompanhava interpretando o câmera Valdeci. Intitulada Signals: How Video Transformed the World, a mostra no MoMA examina as maneiras pelas quais artistas defenderam e questionaram o vídeo como um agente de mudança social. Na foto, Luc Athayde-Rizzaro, filho de Marcelo Tas e da figurinista Cláudia Kopke, posa na abertura do evento, com a imagem do jornalista brasileiro em tela.

Mudança de ares

Depois de duas temporadas como piloto em outra categoria, Caio Castro deu início a um novo desafio no automobilismo pela Copa Truck. O primeiro evento do brasileiro foi realizado em Goiânia, no Autódromo Internacional Ayrton Senna, correndo pela ASG Motorsport, lutando para seguir o caminho vitorioso que trilhou nos últimos anos em que esteve no esporte.

Produção premiada

O cineasta Marcos Jorge está trabalhando na montagem de seu mais novo filme, Estômago 2, sequência da elogiada e premiada produção que lançou seu nome como um dos principais diretores de cinema do paísvencedora do Festival do Rio 2007 e do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2009, entre outros troféus.

Experimento social

No SXSW - South by Southwest, a neurocientista Carla Tieppo esteve à frente de um painel que tratou de um experimento para o Paris Olympic Games, medindo o engajamento das pessoas no momento em que estiverem participando, a fim de avaliar se as ações com a audiência estarão sendo efetivas. Utilizando pulseiras, os participantes tiveram seus dados biológicos, pressão arterial, frequência cardíaca, entre outros, lidos por um software que estuda o tipo de experiência que engaja. A partir desse experimento, a ideia é escalá-lo para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024 a fim de criar maior conexão.

Politicamente correto

Estreou no SBT, em março, a segunda temporada do Esquadrão da Moda com o novo elenco. Apresentado por Renata Kuerten e Lucas Anderi e com a participação do hair stylist granjeiro Rodrigo Cintra, o programa está focando no “politicamente correto”, trazendo diversidade e propondo alternativa sustentável para roupas antigas das participantes.

DE VOLTA!

Lenda do futsal, Falcão volta aos gramados e assina com um dos maiores clubes do futebol brasileiro.

Aposentado desde 2018, o histórico camisa 12 do futsal fará sua segunda passagem pelo FUT do Imortal e vai defender o time de FUT7 da equipe.

Relação entre pais e filhos

Inspirados na canção Pais e Filhos, Mario Sergio Cortella e seu filho Pedro Mota Cortella buscam explicar A Grande Fúria do Mundo no Amazon Music. O serviço de streaming lançou o podcast intitulado com o trecho da canção da Legião Urbana. Na produção, os jornalistas trazem para a conversa debates entre gerações. Além de filosofia, alguns dos principais temas são arte, literatura, psicologia e muito mais.

Deixou Saudade

DECIO DAVINO chegou à Granja Viana em 1979, onde foi pioneiro ao fundar a Davino Outdoor, primeira exibidora de outdoor da região. Amava o que fazia e, sobretudo, o lugar onde morava e sua família. Era casado há 52 anos com Berenice, pai de Catia, Daniela e Erika e avô de Victória, Nathalya e Giovanna. Granjeiro por natureza, deixou muitas saudades aos familiares e amigos desde 23 de fevereiro, quando partiu aos 76 anos.

Assist Ncia T Cnica Perto De Voc

Cotia e toda região podem contar com os serviços da Assistência Técnica Master Service, especializada na manutenção e venda de peças para toda a linha de eletrodomésticos das marcas Brastemp, Consul, Electrolux, Samsung, LG e Panasonic. Conta com equipe técnica altamente treinada e capacitada, reparos com peças originais, preço justo e garantia de serviço. Além de consertos, auxilia ainda na instalação e manutenção dos aparelhos. É só agendar uma visita via WhatsApp (11) 4613-3400, que um técnico especializado vai até você!

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Outlet Para Casa

A Stocking Outlet escolheu Vargem Grande Paulista para uma loja da marca, que tem como propósito ser um outlet de eletro e móveis com produtos novos e de logística reversa, ou seja, com pequenas avarias estéticas, mas que possuem garantia funcional completa, com preços abaixo dos praticados no mercado quando novos. São TVs, geladeiras e aparelhos de celular a móveis e opções de cama, mesa e banho. Produtos previamente selecionados e que passam por uma rigorosa triagem feita pela área de compras da loja.

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 Patricia Aragão Morello

CRP 06/48628-0

Psicologia Clínica e Orientação Vocacional

 Paula Alexandra da Fonseca Canas

CRP 06/31987-8

Psicologia clínica

 Sandra Gonçalves

 Ana Carolina Sallum

CREMESP 113097 | RQE 95934

Otorrinolaringologia adulto e pediátrica

 André Minchillo

CREMESP 51660 | RQE 37484

Cirurgia Geral e Esclerose de Varizes

 Andrea Santucci

CREMESP 101369 | RQE 36888

O almologia

 Cida Zanetti Passos CRN 0950

Nutrição na Infância e Adolescência

 Claudia Zanetti Moura

CREMESP 80175 | RQE 37706

Neurologia Clínica

 Fernanda Erci Bauer

CREMESP 97620 | RQE 72858

Ginecologia e Obstetrícia

 João Paulo Lian Branco Martins

CREMESP 51925 | RQE 12379

Psiquiatria, Psicanálise

 Luciana Bamonte

CREMESP 115653 | RQE 71310

Cardiologia e Clínica Médica

 Luiz Augusto Andreoli

CREMESP 105.303 | RQE 72869

Pneumologia

 Marcia Gomes Corrêa

CRP 61720

Psicologia Clínica, Terapia Cognitiva Comportamental

 Marcio Ferraz

CREMESP 89357 | RQE 105119

Urologia, Saúde do Homem, Vasectomia, Medicina Preventiva

CREMESP 117.515 | RQE 96075

Nutrologia, Fitoterapia e Nutrição Clínica

 Úrsula Castelo Branco

CREMESP 145398 | RQE 106573

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Fones: 4702-0626 / 4777-9333

Av. São Camilo, 980 Granja Viana Centro Comercial Granjardim doutoresdagranja.com.br doutoresdagranja_

DoutoresDaGranja

ESTUDAR, TRABALHAR, COMPRAR, FAZER amigos e até mesmo namorar. Estas são apenas algumas das inúmeras possibilidades das tecnologias digitais atualmente. Mas qual o limite entre o uso moderado e aquele prejudicial à saúde? Aqui entramos na seara do psicólogo Cristiano Nabuco. Ele é criador de uma unidade pioneira no país para o atendimento de pacientes dependentes em tecnologia, desenvolvendo modelos de intervenção em psicoterapia. E isso bem antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificar Internet Disease Disorder como doença da área da saúde mental. Além disso, foi consultor técnico do Governo Federal para o Programa Reconecte e, junto a ONU, Consultor Técnico do Escritório do Alto Comissariado dos Direitos Humanos para o Projeto Digitalização da Educação. Era um fim de tarde de início de outono, quando Nabuco recebeu a Circuitopara um bate-papo sobre saúde mental e tecnologia. Encontrou tempo em sua atribulada agenda para sentar com nossa equipe no sofá de sua aprazível casa tipicamente granjeira, enquanto a gatinha Manu pedia colo e atenção, e revelar suas inquietações. Acaba de completar 60 anos, sendo 38 de profissão e mais de 20 livros publicados em vários países. Queria ser piloto de avião, mas abortou a ideia e se formou em Psicologia, tornando-se um dos maiores especialistas em dependência tecnológica do Brasil. Tem Pós-Doutoramento pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, onde coordena o Grupo de Dependências Tecnológicas do PRO-AMITI do Instituto de Psiquiatria - HC/FMUSP. Está no ar na novela global Travessia, interpretando a ele mesmo e comparti lhando conhecimento a respeito dos riscos do consumo excessivo de telas digitais. Para ele, há uma linha tênue que separa o equilíbrio do prejudicial e isso merece atenção. Por isso, estão nos seus planos, em um futuro bem próximo, a criação de uma fundação de bem-estar digital. É quase como que um propósito de vida, ainda mais para alguém que acredita que o objetivo maior do ser humano é florescer. Florescer para o que realmente importa, o que para Nabuco é transformar e afetar o meio positivamente.

Psicólogo e palestrante, dono de uma vasta experiência clínica e acadêmica. Como definiria o Cristiano Nabuco?

Um entusiasta sempre atrás de algo que possa fazer sentido. Os antigos gregos diziam que o objetivo central da vida era ser feliz. Já outra linha fala que isso não é um objetivo em si e pega emprestada uma palavra da botânica: florescimento. Isso quer dizer que o objetivo maior do ser humano é florescer, ou seja, conseguir transformar as coisas, colaborar e afetar o meio positivamente. Então, posso dizer que meu grande objetivo é florescer.

Quando se descobriu psicólogo?

Estava tirando carteira para ser piloto e já voando, mas comecei a notar que, a cada vez que eu saía de avião, queria voltar logo para casa. Assim, percebi que não ia funcionar ter rotinas diferentes a cada dia. Abortei a ideia, decidi seguir outra carreira e acabei me deparando com a questão da subjetividade humana. Estou há quatro décadas acompanhando nossa evolução e posso dizer que estamos entrando no século da saúde mental.

E da tecnologia também.

Sim. Alguns autores vão dizer que o que vivemos hoje, em termos de desenvolvimento tecnológico, seria equivalente a descoberta do fogo. Estamos sendo movidos a essa florescência tecnológica, só que a própria sociedade não avalia o outro lado. Eu parei para pensar nisso exatamente no momento em que montei, há 18 anos, um grupo (Grupo de Dependências Tecnológicas do PRO-AMITI do Instituto de Psiquiatria - HC/FMUSP, no qual ele é coordenador) no Instituto de Psiquiatria para atender pacientes dependentes de tecnologia.

Foi, inclusive, o primeiro serviço do tipo no Brasil. Como enxergou, naquela época, que a tecnologia poderia tornar-se um tipo de dependência?

No consultório, pacientes já relatavam que a interação deles com a tecnologia era mais prazerosa do que com pessoas. Chamava atenção isso, até que viajando para uma apresentação em um congresso mundial, li uma matéria, na revista de bordo do avião, que apontava que o Brasil era o país líder de tempo gasto, a partir das conexões domésticas. E olha, estamos falando de uma época de computador com Internet discada. Passados quase 20 anos, continuamos no top 3 de países com maior tempo de uso de telas digitais. (para e pensa)

Qual o impacto das telas para as novas gerações?

Em crianças de 0 a 2 anos, o primeiro efeito é o atraso no desenvolvimento da linguagem. Uma pesquisa francesa mostrou que o uso por apenas 50 minutinhos ao dia que seja representam nada menos do que 240 mil palavras não aprendidas, ao final de dois anos. Até os 5 anos, sabemos que as circuitarias do cérebro estão sendo desenvolvidas e, então, quando você dá um dispositivo para essa criança, deixa de auxiliar o cérebro no processo de consolidação e expansão. Outra pesquisa apontou que, quanto mais recebem e assistem vídeos customizados, maior o descontrole e regulação emocional entre 9 e 10 anos de idade. Governo e sociedade ainda não entendem a situação e, quando nós tratamos deste tema, falamos na contramão e somos taxados de cavaleiros do apocalipse. Mas quando chegam no hospital jovens que ficam até 50 horas ininterruptas conectados, sem comer, sem beber, sem tomar banho, urinando e evacuando na calça, para não parar de jogar, percebemos que isso é, de fato, uma doença, um vício, uma dependência.

Como a digital se compara com outras formas de dependência?

O direito diz que todos são iguais perante à lei. E eu digo que todos são iguais perante a tecnologia. A proporção seria mais ou menos essa: a cada 10 pessoas, 6 acessam a internet, ao mesmo tempo em que, a cada 10, 6 não possuem saneamento básico. As pessoas preferem gastar R$ 1.500 no conserto de um aparelho eletrônico, mas não vão ao dentista. É discrepante.

Na classificação, temos as dependências químicas e as comportamentais. A química pressupõe a ingestão de substâncias. Já as comportamentais, a própria repetição do comportamento. E é aí que entram dependência tecnológica, amor patológico, ciúme patológico, compras compulsivas, compulsão alimentar, entre outras. Estão no mesmo nível e na mesma circuitaria que produz dopamina, substância que transmite a sensação de recompensa, prazer e satisfação.

Você acredita que as empresas de tecnologia têm responsabilidade nisto?

Elas não estão preocupadas em desenvolver a saúde mental, querem apenas que naveguemos, porque quanto mais navegarmos, mais elas valerão. Alguns indivíduos, inclusive, que desenvolveram esses recursos começaram a se desligar dessas empresas de tecnologia, porque entenderam que não seria benéfico. A rolagem infinita foi criada por Aza Raskin para uma navegação mais amigável e, em vários livros, ele diz que se arrepende de sua criação. Tem também o primeiro diretor-presidente de uma rede social, que não recordo o nome, que afirma, em vídeos, que somente Deus saberá o que as redes sociais farão com a cabeça dos nossos filhos. (para e pensa) Não é jogar o equipamento pela janela, mas usar de forma consciente.

Metaverso preocupa?

Terrivelmente. Se os indivíduos conseguem já se abstrair da vida concreta para ficar na tecnologia, imagine quando forem colocados no metaverso com óculos de realidade virtual. Empresas que estão desenvolvendo esses equipamentos sabem, através da reação da pupila, qual tipo de estímulo agrada o usuário e, com isso, deve despejar mais conteúdo que o interessa, reforçando todo esse problema.

E o que mais lhe causa preocupação?

Nossos netos, ou seja, os filhos dos nossos filhos digitais. Ainda estamos aqui, fazendo essa transição e trazendo uma série de valores que consideramos importantes para consolidação da personalidade.

Nós da velha guarda ainda conseguimos alertar sobre o que pode ou não. Mas os nossos netos terão a supervisão de pais que já cresceram nesse mundo digital. Somos testemunhas oculares de uma das maiores transformações da humanidade, que alguns autores chamam de uma nova idade média tecnológica. E eu faço alusão à alegoria da caverna de Platão, que dizia que escravos presos numa caverna que viam sombras projetadas na parede entendiam que elas seriam as melhores descrições da realidade, até que esse escravo pudesse sair, ter outros graus de consciência e descobrir o que de fato era realidade. Qual a diferença dos jovens de hoje com os escravos presos lá? Será que eles sabem que o videogame que mata e atira é só uma alegoria ou aquilo começa a ser um modelo possível?

O USO IDEAL É AQUELE QUE MELHORA A QUALIDADE DE VIDA, E NÃO O QUE NOS APRISIONA E TORNA DEPENDENTES.

O que tem sido feito para minimizar esses impactos?

No ano passado, fui convidado a participar de um grupo para criação de um documento da ONU sobre digitalização da educação. O que seria isso? Utilizar a tecnologia de forma positiva para produzir efeito na aprendizagem. Fizemos um primeiro documento, já disponível em vários idiomas, para que as escolas comecem a discutir não só a utilização, mas aquilo que chamamos de cidadania digital. Quais são os comportamentos que devemos manter e o que é incorreto? Parte da humanidade que conseguir atingir o equilíbrio será beneficiada, enquanto a

1. Em sua casa na Granja, com os seus quase 20 livros publicados

2. Equipe do Instituto de Psiquiatria

3. 2018, quando do lançamento da versão em português do livro "Dependência de Internet em Crianças e Adolescentes", escrito em parceria com Kimberly S. Young

4. Apresentação no Senado Federal, falando sobre escravidão digital

5. Em entrevista para um documentário

6. Durante o 2º Congresso Internacional de Educação Parental, Nabuco mostra dados sobre número de horas que as crianças passam na internet e o equivalente em tempo de estudo

7. Participando do programa "Opinião", da TV Cultura, falando sobre a geração digital e o impacto na inteligência, ao lado do psicoterapeuta Leo Fraiman

8.Dia da inauguração da Casa Tabuba. Sonho em família: uma capela a beira-mar em Alagoas. Para celebrar esse momento, foi realizado um casamento comunitário para 20 casais da comunidade

9. No Bradesco, conscientizando sobre o uso das novas tecnologias

10. Ministrando a última aula do Curso de Especialização em Terapias Cognitivas da Cognitiva Scientia, em Palmas, Tocantins outra será simplesmente consumidora de mídia, o que pode ser muito perigoso, já que aliena.

Falando em cidadania digital, o que é ou não saudável?

Não é saudável desenvolver checagem compulsiva o tempo todo. Nosso cérebro é um órgão feito para resolver problemas e, a cada vez que abro meu telefone e vejo uma notificação, ele lança o alerta: opa! Essas empresas criam sistemas que chamam atenção e faz com que você fique o tempo todo olhando. O que ninguém conta é que, quando sua atenção é interrompida, e uma pesquisa da Universidade da Califórnia mostra isso, você leva nada menos do que 27 minutos para recuperar o mesmo ponto de antes de ser interrompido. Os chineses vão dizer que, hoje, vivemos a epidemia da distração. Embora estejamos vivendo a era da informação, ela não está sendo transportada para memória de longo prazo e, portanto, não se transformando em conhecimento.

Quer dizer que estamos emburrecendo na era digital?

Sim! Vários autores dizem que o QI Mundial deveria aumentar três pontos percentuais a cada nova geração, só que isso não vem ocorrendo. O índice não está mais subindo como acontecia e, em alguns casos, até declinando. Por isso, eles têm chamado essas gerações, a partir de 1996, de perdidas. São pessoas que não terão condições de se aprofundar em material mais denso, tampouco ter capacidade criativa. Outro autor vai chamar essa geração de viciada em dopamina, que precisa se auto satisfazer o tempo todo e reforçando esse processo de que aparecer nas redes sociais é o elemento mais fundamental. A ideia de virar um influencer digital se sobrepõe à vida real.

Para dar luz ao problema, você está auxiliando a escritora Gloria Perez na produção de alguns personagens da novela Travessia e também atuando. Como surgiu a oportunidade?

Antes da pandemia, a Gloria Perez entrou em contato, dizendo que gostaria de incluir numa novela um personagem que fizesse uso abusivo da tecnologia. Conversamos várias vezes, ela participou de encontros com famílias e ficou muito assustada com o que viu. O grau de dependência era muito maior do que ela imaginava. Assim, nasceu não apenas um personagem, mas outros que também costurariam os temas. Passei a ir para o PROJAC (Estúdios Globo) para assessorar e me colocaram para atuar também. E está fazendo sucesso. (risos)

Qual a importância de uma novela trazer este tema à tona?

É uma das melhores formas de conscientizar, porque estamos conseguindo mesclar ficção com realidade, deixando a mensagem de que isso é, sim, um problema urgente para se resolver. A novela tem demonstrado, de uma forma mais vívida, o que verdadeiramente acontece. Eu já estava acostumado a ouvir relatos dramáticos, mas por conta de Travessia, tenho recebido muitos outros. Esses dias uma mãe me escreveu, contando que desligou o computador do seu filho e ele foi atrás dela com uma arma na mão mandando que ligasse imediatamente. Veja, é um assunto bem sério. Esse é o mérito da Gloria: trazer um tema que nunca ninguém abordou e que nós, enquanto grupo de estudos, estamos falando há quase 20 anos. A novela tem ajudado a dar voz a esse problema.

Você usa bastante o Instagram para transmitir dados e mais informações sobre a questão.

Sim. Gravo, em média, dois vídeos por semana. Leio um artigo e transformo em linguagem mais simples. Tem me surpreendido, porque há vídeos que viralizam muito além do que eu pudesse imaginar. Fico feliz, porque estou fazendo isso com o objetivo de ajudar.

O que destaca da sua carreira?

Minha inquietude para fazer a diferença. Trago das aulas de aviação algo que meu professor sempre dizia: quando estiver pilotando, tem que olhar muito lá na frente, porque um dos maiores perigos são os urubus que podem derrubar o avião. Então, um elemento importante é sempre olhar adiante. Tenho facilidade de farejar e antecipar coisas que podem vir a acontecer. Quando lançamos o grupo de estudos, um psiquiatra me disse, brincando: ‘pois é, Cristiano, agora você vai atender os dependentes digitais, está inventando uma nova doença psiquiátrica’. Passados 20 anos, essa doença figura nos manuais internacionais. Claro que eu não inventei, mas era algo que percebi e senti que precisava engrossar o coro mundial.

Qual o limite entre o uso inteligente e o prejudicial?

O uso ideal é aquele que melhora a qualidade de vida, e não o que nos aprisiona e torna dependentes.

Um Sinal De Alerta Quando Passa

ATIVIDADES OFFLINE PARA PREFERIR AS ONLINE.

Como saber se somos dependentes?

Quando começa a utilizar as telas de uma forma que deixou de ser benéfica. Um sinal de alerta é quando passa a negligenciar atividades offline para preferir as online. Você pode perguntar se isso não é uma tendência natural. Sim, é! Vamos, cada vez mais, nos tornar tecnológicos. Mas precisa existir compasso. O cérebro se desenvolve a partir do olho no olho, da relação, da troca, da frustração, da raiva. É exatamente essa área turbulenta das relações que cria o contorno psicológico da vida adulta. Só que, na Internet, você pode se poupar daquilo que não agrada, fazendo com que perca, progressivamente, sua inteligência emocional e capacidade de manejo das situações de estresse.

Você já afirmou que a dependência é uma doença do cérebro, não uma escolha moral. Explique. As dependências não são determinadas por um único elemento. Isso quem nos ensinou foi a epigenética, corrente que estuda o quanto o ambiente auxilia na manifestação de um problema. O que acontece é que o indivíduo acaba se tornando dependente se ele já tem predisposição biológica e está em um ambiente que puxa o gatilho. Tem quem vai ficar só um pouquinho, enquanto o outro se torna dependente. Você nunca sabe como o indivíduo vai interagir com essa estimulação do meio.

Há algum denominador comum entre os dependentes tecnológicos?

Baixa autoestima, grupo de referência irregular, características psicológicas mais frágeis e famílias desestruturadas. É um combo, onde essa equação tem vários elementos que se somam. Essas pessoas acabam buscando na internet o que não acham nas relações. Sherry Turkle (psicóloga americana e professora do Massachusetts Institut of Technology) diz que a tecnologia entra na vida de uma pessoa quando a relação humana não ocupa seu devido lugar.

O que fazer para se desligar, pelo menos, um pouco?

Achar coisas que entenda como positivas, que te distraiam e, ao mesmo tempo, tragam satisfação e prazer.

Existe uma recomendação a respeito do tempo de tela permitido?

De 0 a 2 anos, zero de tela. De 2 a 5 anos, uma hora, mas longe das refeições. Dos 5 aos 10, pode aumentar um pouco. (para e pensa) Claro que, com a pandemia, essa orientação caiu por terra, já que a tela se transformou na nossa única janela para o mundo. A questão é: nós podemos usar sim, mas desde que façamos uma única coisa. Veja: se vou ler um livro no tablet, não posso deixar o celular ao lado vibrando para me interromper. Devo fazer uma coisa por vez. É exatamente essa atenção fragmentada que prejudica e estressa.

E para adultos, tem algum tempo ideal?

Não dá para mensurar isso. O que pesquisas mostram é que a terceira idade, por exemplo, tem se beneficiado da tecnologia, porque a força a ter contato com novas ferramentas e informações e isso ajuda a oxigenar o cérebro.

Por fim, vamos falar da sua relação com a Granja Viana. Cheguei aqui há quase 30 anos. Me encantei com o local e não havia nada em volta. Na época, a Raposo era uma maravilha. (risos) Fomos assistindo a essa transformação toda e continuo gostando muito. Não sairia daqui, só se tivesse que me mudar para outro estado talvez, ou alguma outra condição. Eu curto essa pegada mais próxima e informal, que em outros locais você não encontra. E tem essa qualidade de vida maravilhosa.

11. Com a atriz Indira Nascimento, que interpreta a mãe de um filho dependente tecnológico

12. No ar, na novela “Travessia”

13. Com Gloria Perez, em 2019, quando começaram as primeiras reuniões de consultoria para a novela

14. Nos estúdios da TV Globo

15. Cristiano Nabuco em família, na Granja Viana

16. Reflorestamento em Tabuba, Alagoas: em junho de 2021, participando ao lado da esposa e filhas de um plantio de 10 castanheiras, 4 coqueiros e 4 palmeiras imperiais

17. Comemoração dos seus 60 anos

Dicas de lugares por aqui para desconectar?

Ah, uma volta no lago do Pallos (residencial Pallos Verdes) e caminhar pelas ruas da Granja.

E o que vislumbra para o futuro?

Pretendo montar uma fundação para atender dependentes tecnológicos, porque o sistema público não dá conta, não está preparado. Assim que terminar a novela, vou começar a montar o projeto e aí, sim, sentir que estou fazendo algo importante.

CANAL CIRCUITO

Leia a entrevista na íntegra revistacircuito.com/especialista-cristianonabuco-fala-sobre-dependenciatecnologica-e-saude-mental/

Gente Nossa

Cotidiano

MARCOS SÁ é consultor de mídia impressa, com especialização em jornais, na Universidade de Stanford, na Califórnia, EUA. Atualmente, é diretor de Novos Negócios do grupo RAC de Campinas.

GRANJEANDO...

MARCOS SÁ ESCREVE SOBRE O VIVER NA GRANJA VIANA, COM SEUS PRÓS E CONTRAS, E O PAPEL DA REVISTA CIRCUITO NESTE “GRANJEAR”

E A NOSSA REVISTA CIRCUITO chega solenemente aos seus 23 anos! Sempre divulgando e defendendo os interesses da região e adjacências, a revista virou sinônimo do estilo de vida dos granjeiros e conquistou os corações e as mentes da nossa gente. Com estilo próprio e na vibe dos moradores, a revista se supera a cada ano, inovando e dando aos seus leitores aquilo que lhes interessa: informações relevantes para quem vive por aqui. Nesses 23 anos, a Revista acompanhou o crescimento do bairro, suas transformações e captou suas tendências. Hoje, a região está configurada com diversos micros bairros e residenciais fechados.

Como o estilo de vida dos moradores daqui é muito peculiar, inventei um verbo para facilitar o entendimento: “granjear”, que significa falar da Granja. Vamos “granjear” um pouco por aqui. O bairro tem sido alvo de disputas municipais, mas é oficialmente administrado pelo município de Cotia, onde ocupa uma área de, aproximadamente, 50 km² com uma população de mais de 30 mil habitantes e se estende por Carapicuíba, Embu das Artes, Osasco, Itapevi, Barueri e Jandira, dependendo da fonte de pesquisa. Pesquisei e não achei nenhum mapa oficial de alguma das prefeituras, que defina claramente a região e seus limites. Devido ao fato de estar dividida em vários municípios, a região carece da falta de planejamento integrado. Lembra o ditado que diz: “cachorro com muitos donos, morre de fome”. Morei numa casa anos atrás no condomínio Peroba, que ficava numa divisa tríplice, Jandira com Barueri e, atravessando a rua, Carapicuíba. Fui contemplado por anos com dois IPTUs e, se não pagasse a ambos, caía na dívida ativa. Coisas do Brasil. Por essas características e devido ao crescimento populacional, vivemos problemas estruturais. Na semana que escrevo, a prefeitura está testando a implantação de mão única em algumas vias. O resultado, por enquanto, é caótico, com reflexos negativos na Raposo Travada em ambos os sentidos, muito por falta de planejamento, orientação e divulgação do teste. Espero que o departamento de trânsito consiga solucionar os gargalos da micro rotatória da Rua José Felix de Oliveira com a Avenida São Camilo e os demais que engarrafam o trânsito. Mas fica claro que o investimento em obras de grande porte