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Artigo: O Arco - íris e o casamento

O ARCO-ÍRIS E O CASAMENTO

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Segundo a Bíblia, qual é a relação entre os dois?

por: Pastor Edson Augusto Rios

reio que não exista nenhum ser humano, de qualquer idade e de qualquer lugar do planeta, que não tenha se encantado ou que não admire o lindo arco-íris. Suas cores, seu posicionamento no céu e seu aparecimento inesperado fazem desse evento uma magní ca atração.

Trata-se de um fenômeno natural que aparece no céu, normalmente num dia de chuva, quando o sol volta a brilhar. O que acontece é que a luz do sol brilha acima das gotas de água suspensas no ar, provocando o efeito de um lindo arco-íris com sete camadas, nas cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.

A história deste arco, porém, encontra-se nos anais bíblicos e nos remete aos tempos antigos do patriarca Noé. Após a destruição de todos os seres vivos pelo dilúvio, tendo sido preservados apenas a família de Noé e um par de animais de cada espécie embarcados na arca, Deus fez uma promessa de que nunca mais destruiria os seres vivos daquela maneira. E, como sinal para lembrar essa aliança que assumiu por perpétuas gerações, o Senhor colocou o seu arco nas nuvens.

Então, além de ser um fenômeno natural, o arco-íris abarca signi cados espirituais que envolvem a relação do Deus criador com a sua criação, sendo o arco o sinal desta aliança. A Bíblia, na verdade, registra muitas alianças e é, por si mesma, um livro de aliança, de pacto, de concerto. Na maioria das alianças registradas nas Escrituras Sagradas, encontramos coisas comuns em sua constituição, além do sinal, que são as partes, os termos e a duração.

Considerando que o arco-íris é o sinal de uma aliança realizada entre Deus e Noé e que o casamento, em sua essência, nada mais é do que uma “aliança” entre um homem e uma mulher, podemos apreciar essas duas alianças, paralelamente, tirando algumas aplicações especí cas para a aliança conjugal.

No que se refere às partes de uma aliança, a aliança sinalizada pelo arco-íris é entre Deus e todos os seres vivos. Em uma aliança conjugal, as partes envolvidas são um homem e uma mulher, um macho e uma fêmea. Qualquer aliança de casamento fora dessa con guração proposta pelo Criador é um arranjo, uma aberração e foge completamente da ideia bíblica de constituição familiar. E, diga-se de passagem, esta união deve ser entre duas pessoas “inteiras” e “bem resolvidas”, que se tornam uma só carne.

A palavra hebraica utilizada na Bíblia para aliança é “barith”. Seu signi cado está relacionado a acordos, compromissos e promessas que de nem os termos de uma aliança. Na aliança de Deus com Noé, os termos estabeleciam que a terra não seria mais destruída com água.

Importante destacar a diferença entre contrato e aliança. No contrato, uma parte se obriga condicionada ao cumprimento dos compromissos pela outra parte. Na aliança, todavia, aquele que assumiu o compromisso se propõe a honrá-lo, independentemente do cumprimento pela outra parte.

Na aliança conjugal, denominamos estes termos de “votos”, que são aquelas promessas que o casal declara um para o outro numa celebração de casamento.

O sinal público utilizado por Deus para comunicar a sua aliança com todos os seres vivos de não mais destruir a terra com dilúvio é o arco-íris no céu. E o sinal público para comunicar a aliança entre um homem e uma mulher é um anel que se coloca no dedo anelar do casal. O anel sinaliza, exterioriza, comunica, evidencia e publica o compromisso de aliança entre um casal. É um selo que autentica uma decisão de amar.

Um último componente da aliança que quero destacar é a sua duração. Na aliança com Noé, ca evidente que o compromisso assumido por Deus é de não destruir o mundo com água, enquanto o mundo existir.

Quanto à durabilidade da aliança conjugal, vamos encontrar, nas Escrituras Sagradas, que se estende até a morte de um dos cônjuges. Este conceito está implícito na abordagem feita pelo apóstolo Paulo, que escreveu à igreja de Roma informando que, enquanto o cônjuge viver, estará ligado ao outro, cando desobrigado da lei conjugal somente quando o cônjuge morrer (Rm 7:2). De sorte que a expressão “até que a morte vos separe” encontra respaldo bíblico.

Uma compreensão adequada dos conceitos de aliança acima destacados resgata o valor do casamento, bem como da cerimônia que celebra a aliança. Nos tempos modernos, não se tem dado a devida importância ao momento de celebração da aliança, até mesmo entre a comunidade evangélica. Talvez porque os noivos normalmente esperam realizar uma cerimônia bonita, num lugar devidamente decorado e com uma recepção básica para os convidados; porém, com a situação econômico- nanceira desfavorável, a maioria descarta tal possi- bilidade, abolindo, inclusive, o momento da bênção conjugal.

A ênfase não deve ser numa cerimônia pomposa e requintada, mas na celebração da aliança sob a bênção do Senhor. E isso pode acontecer de forma simples, com a presença apenas das famílias e de um celebrante religioso. Enfatizo que, na perspectiva bíblica, é salutar marcar o início da vida conjugal com a celebração desta aliança, na qual a bênção do Senhor é invocada. Tal momento se reveste de real importância, pois, conforme o profeta Malaquias, o Senhor é testemunha desta aliança realizada na mocidade (Ml 2:14).

Quando, efetivamente, a aliança conjugal é formalizada? No cartório? Não! A aliança conjugal é formalizada no momento em que um homem e uma mulher verbalizam seus compromissos conjugais, trocam os anéis e recebem a bênção por meio do celebrante, tendo a participação do Senhor como testemunha.

Uma aliança assim, com a predisposição do casal em honrar o compromisso assumido com delidade e lealdade, será segura, estável e abençoadora. Olhe para o céu e contemple o arco-íris! Perceba o sinal da lealdade do Criador no cumprimento de uma aliança que há muito tempo foi celebrada. Que tal exemplo seja inspiração para a aliança conjugal dos casais, trazendo a bênção do Senhor para suas vidas e para sua descendência! Edson Augusto Rios

Pastor da Igreja Presbiteriana Independente de Dourados (MS)

Formado em curso técnico de DCC (Desenho de Construção Civil) no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e em Teologia. Sua formação teológica deu-se através de dois anos pelo IBB (Instituto Bíblico do Brasil – atual Faculdade Ibebense), três anos no STBAW (Seminário Teológico Batista Ana Wollermann – Dourados/MS) e pelo processo de revalidação de curso na IPIB pelo STSP (Seminário Teológico de São Paulo). Casado com Néia desde 21.02.87 e tem um filho, João Gabriel, nascido em 20.02.90, atualmente cursando universidade em Florianópolis (SC). De berço presbiteriano independente, foi membro na IPI do Tucuruvi – São Paulo (SP), IPI de Alterosa (MG) e IPI de Dourados (MS), sempre de forma atuante.

Desde 1990, está à frente da IPI de Dourados (MS) como pastor titular. Manifesta sua gratidão a Deus pelo privilégio de servi-lo e reconhece a dependência da graça e da misericórdia do Senhor para o exercício do ministério que lhe foi confiado.

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