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Dourados: A cidade celebração da tocha olímpica

A chama aqueceu o coração dos douradenses e percorreu quase 16 quilômetros

Dourados viveu um momento histórico. Recebeu a Tocha Olímpica. Além disso, foi escolhida pelo comitê do Rio 2016 para ser Cidade Celebração. O título tem tudo a ver com nossa revista, não é mesmo? Apenas 83, dos 300 municípios por onde o revezamento passou, tiveram essa nomeação. Em Mato Grosso do Sul, o revezamento aconteceu em nove cidades. A Revista Celebrar acompanhou o percurso em Dourados. Foram momentos de muita emoção, adrenalina e alegria. Por onde passou, a tocha deixou acesa uma memória única. Dava para sentir o clima de ansiedade e satisfação dos condutores, familiares e de todos aqueles que pararam para ver a Tocha passar.

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CONDUTORES DA TOCHA

Rocleiton Flores foi o primeiro a abrir a cerimônia. O terena é estudante de enfermagem e faz estágio no posto de saúde da aldeia Jaguapiru, onde mora. Rocky, como gosta de ser chamado, também é atleta. Pratica arremesso de lança. Foi vice-campeão dos Jogos Mundiais Indígenas, em 2015.

Na aldeia, o jovem de 21 anos virou celebridade. Quando ele chegou ao ponto de partida da Tocha, adultos e crianças gritavam seu nome, pediam para tirar foto e o abraçavam com muito carinho.

“Foi um momento de orgulho muito grande! Uma honra representar os povos indígenas. Fiquei mais feliz ainda por estar dentro da minha comunidade, mostrando que nós somos atletas, somos capazes. Foi inesquecível. Vai ficar marcado pra sempre”, declarou Rocky.

CONDUTOR DE 97 ANOS

“Seo” Paulino é conhecido em Dourados. O senhor que corria pelas ruas da cidade com uma bandana na cabeça sempre foi admirado por todos. Agora, mais um motivo de orgulho. Em seu vasto currículo como atleta, pode acrescentar que é um dos condutores da Tocha Olímpica.

Francisco José Paulino tem 97 anos, um dos mais velhos condutores da Tocha no Brasil. Ele já ganhou centenas de medalhas por suas corridas, participou várias vezes da São Silvestre e só parou por causa de problemas de saúde. Quando recebeu o convite para carregar a chama olímpica, aceitou na hora. Mesmo debilitado, começou a treinar, caminhando em frente de casa. Mas, estava com di culdades. Então, amigos conseguiram uma cadeira de rodas para ele.

Chegou o grande dia. A cadeira de rodas estava no ônibus. Porém, não saiu de lá. “Seo” Paulino fez questão de carregar a Tocha andando com as próprias pernas. Os olhos dele brilhavam de alegria. E os olhos de quem estava perto se encheram de lágrimas. A emoção de vê-lo conduzindo a Tocha não dava para ser contida.

“Eu tenho muito orgulho de Dourados. Dourados é linda! Por causa de Dourados eu segurei ela. Eu posso morrer feliz; carreguei a Tocha”, afirma

Você conhece a história da Chama Olímpica?

Essa é uma história de quase três mil anos. Na Grécia Antiga, os gregos consideravam o fogo um elemento divino e mantinham chamas acesas em frente a seus principais templos – como o santuário de Olímpia, palco dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Para assegurar sua pureza, as chamas eram acesas por meio de uma “skaphia” - espécie de espelho côncavo que converge os raios do sol para um ponto especí co.

Para manter a tradição, esse ritual é realizado até hoje. De 90 a 100 dias antes de cada edição dos Jogos, a chama Olímpica é acesa nas ruínas do Templo de Hera, na cidade de Olímpia, na Grécia. O cenário original é recriado para a solenidade, com mulheres caracterizadas como "sacerdotisas" para acender a chama.

Uma vez acesa, a chama é conduzida por meio de tochas, em um grande revezamento, até a cidade-sede dos Jogos. O revezamento termina com o acendimento da pira Olímpica na cerimônia de abertura.

QUEM ACENDEU A PIRA

A última a conduzir a Tocha foi a atleta pro ssional, Camila Gebara Nogueira, 21 anos. Ela é faixa preta em Judô e tem centenas de títulos. Os mais recentes são: 1º lugar - Brasileiro Regional IV - sênior / aberto (pesado) e 1º lugar - Desa o Internacional Korea x Brasil - sênior / aberto (pesado). Já viajou o mundo representando Dourados, Mato Grosso do Sul e o Brasil no esporte. A família de Camila acompanhou o trajeto. Todos orgulhosos de ver a jovem carregando a Tocha pelas ruas da cidade. Foi a judoca que teve a honra de acender a pira olímpica.

“Eu nem acredito que isso aconteceu comigo. Foi muito emocionante. Me deu mais garra para competir nas próximas olimpíadas e trazer o título para Dourados”, exclama Camila.

O porquê da chama olímpica?

A Chama Olímpica é um importante símbolo dos Jogos. Representa a paz, a união e a amizade. A tocha, por sua vez, é usada para passar a chama de um condutor para o outro durante o revezamento até o acendimento da pira na cerimônia de abertura.

Cada condutor leva a chama por cerca de 200 metros – vale lembrar que o que é passado no revezamento é a chama Olímpica, acesa na Grécia, e não a tocha. A parada nal da chama é a cerimônia de abertura, no Maracanã, onde a pira Olímpica foi acesa, dando início aos Jogos. Ao longo de 95 dias, doze mil pessoas participaram do revezamento da Tocha Rio 2016.

A tocha passou por 300 cidades, nos 27 Estados do país. Um total de vinte mil quilômetros em terra e dez mil milhas aéreas em trechos das regiões Norte e Centro-Oeste, entre Teresina e Campo Grande – sem que o fogo se apagasse.

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