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Pedagogia do Afeto e Pedagogia do Cidadão Ecumênico, da LBV Educação que abre portas

Conheça histórias de mulheres que, na LBV, tiveram suas

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vidas transformadas graças ao acesso ao ensino

WELLINGTON CARVALHO DE SOUZA

Marcele Helena de Souza é grata à LBV pelo acesso ao estudo que sua família tem recebido no Centro Educacional da Entidade no Rio de Janeiro/RJ. Três de seus filhos a acompanham na foto: Laís Eduarda (E), Lara Gabriela e Jean Flávio.

Em 2 de março de 1996, diante de uma multidão de mais de 110 mil pessoas, no bairro de Del Castilho, no Rio de Janeiro/RJ, o educador José de Paiva Netto, presidente da Legião da Boa Vontade, inaugurava, após inúmeros desafios, o Centro Educacional que leva seu nome. Em discurso feito de improviso, ele assim se expressou na ocasião: “Conseguimos, conforme prometemos, erigir esse monumento à Educação e à Cultura iluminadas pela Espiritualidade Ecumênica — porque o ser humano não é somente corpo, é também Espírito. (...) Hoje levantamos aqui, em nome de Deus, do Cristo, do Espírito Santo, em nome de todas as coisas mais elevadas, espirituais e humanas, um monumento em que nós veremos passar, com toda certeza, muitas genialidades do Brasil que estariam esquecidas, estariam perdidas, se não houvesse a Legião da Boa Vontade (...)”.

Naquele momento, ele abria as portas da Educação a centenas de famílias em situação de vulnerabilidade social para uma nova oportunidade que as ajudasse a vencer sua

“Reclama-se de que crianças e jovens na rua assaltam, matam, invadem as casas, aborrecem as outras crianças e jovens que têm meios mais fartos de viver. Elas, porém, somente estão devolvendo o que lhes proporcionam. Se lhes oferecem lixo, como iriam retribuir? Então por que reclamar? Esse assunto da infância e juventude na rua merece séria reflexão, para que sejam postas em prática medidas acertadas.”

Trecho do discurso de Paiva Netto durante a inauguração do Centro Educacional da LBV, na capital fluminense, em 2 de março de 1996, diante de mais de 110 mil pessoas, conforme noticiou a mídia à época.

Conforme noticiaram a revista IstoÉ e a Rádio Globo do Rio de Janeiro/RJ, mais de 110 mil pessoas acompanharam o pronunciamento de Paiva Netto durante a inauguração do Centro Educacional da LBV, na capital fluminense, como mostram as imagens, com vista parcial para a Estrada Adhemar Bebiano (antiga Estrada Velha da Pavuna) e para a Av. Dom Hélder Câmara (antiga Av. Suburbana).

João Preda

Arquivo BV Arquivo BV

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LIGAÇÃO HISTÓRICA (1) O programa Hora da Boa Vontade, transmitido pela Rádio Globo do Rio de Janeiro, a partir de 4 de março de 1949, foi o embrião da LBV no rádio. Esse fato histórico sempre foi lembrado com carinho por dirigentes das duas instituições, a exemplo de quando o saudoso dr. Roberto Marinho (19042003) e Paiva Netto cordialmente conversaram durante homenagem na ABL, em 23 de março de 1994, ocasião em que o acadêmico e então presidente das Organizações Globo recebeu do Sindicato Nacional dos Editores de Livros o prêmio “Personalidade do Ano de 1993”. (2) A construção do Centro Educacional da Legião da Boa Vontade, no bairro de Del Castilho, no Rio de Janeiro/RJ, recebeu o apoio de diversas personalidades, entre elas a da sempre lembrada Lily de Carvalho Marinho (1921-2011), que foi patronesse de evento realizado no Copacabana Palace, no dia 18 de outubro de 1995, prestigiado pela sociedade carioca, cujos recursos foram destinados à iniciativa. A escola da LBV foi inaugurada meses depois, em 2 de março de 1996.

Julio Cesar Guimarães

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dura realidade, caracterizada pela pobreza, pela violência, pela fome, entre tantas outras questões presentes nas comunidades que integram, no entorno do colégio. Muitos já passaram por aquele local nesses 26 anos, vivenciando a proposta educacional da Instituição — formada pela Pedagogia do Afeto e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico, criadas pelo fundador dessa unidade de ensino —, que apresenta como diferencial em seu planejamento de aulas aliar valores da Espiritualidade Ecumênica, que impulsionam os indivíduos à vivência de princípios como a ética, a solidariedade e a empatia, aos conteúdos pedagógicos. Lá, assim como nas demais escolas e Centros Comunitários de Assistência Social da Entidade, os estudantes desenvolvem seus talentos e a própria autonomia e são impulsionados à busca de melhor qualidade de vida para si e para a coletividade, fortalecidos pela “visão além do intelecto”, que Paiva Netto conceitua como caminho de êxito do educando não só por suas notas acadêmicas, mas também pelo desenvolvimento de um olhar fraterno e mais alargado de mundo, que lhes fortaleçam na superação de dramas de ordem social, emocional ou espiritual que se apresentem em seu caminho.

Ana Carolina Tuguia, 20 anos, moradora do Complexo da Penha, foi uma das alunas que concluíram o Ensino Fundamental II na referida unidade. Quando ingressou no Centro Educacional da LBV, em 2014, sua mãe estava desempregada. “O que mais ajudou na época foi a alimentação, todo o suporte social e econômico que a escola acaba dando. Foi uma grande ajuda em todos os âmbitos da vida”, explicou à equipe da revista BOA VONTADE. Mesmo sendo tão jovem, ela já teve várias conquistas graças ao desenvolvimento alcançado ao longo de sua trajetória escolar, a exemplo do excelente resultado no Exame Nacional do Ensino Médio CURIOSIDADES E BREVE HISTÓRICO

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LOCALIZAÇÃO: Av. Dom Hélder Câmara (antiga Av. Suburbana), 3.059, em Del Castilho.

COMUNIDADES DO ENTORNO: Águia de Ouro, Parque União de Del Castilho, Complexo do Alemão, Nova Brasília, Comunidade de Escol, Parque Evereste, Guarda, Jacarezinho e Manguinhos.

FATO QUE INSPIROU E DEU URGÊNCIA AO SURGIMENTO DA

ESCOLA: Chacina da Candelária, ocorrida em 1993, que vitimou crianças e adolescentes moradores de rua.

INÍCIO DAS OBRAS:

Contenção das encostas: 10/6/1994 Construção propriamente dita: 16/2/1995

Na máquina escavadeira, Paiva Netto dá início, em 1994, à construção do Centro Educacional da LBV, no Rio. Como de costume em suas vistorias no terreno, acompanhou passo a passo o andamento das obras.

SOBRE O CENTRO EDUCACIONAL DA LBV

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DATA DA INAUGURAÇÃO: 2/3/1996

Arquivo BV

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Divulgação

“A maior creche do Brasil.” Assim o saudoso colunista social Ibrahim Sued (1924-1995) definiu o que viria a ser o Centro Educacional José de Paiva Netto, da LBV, no Rio de Janeiro/RJ.

PERSONALIDADES PRESENTES NA INAUGURAÇÃO:

Várias personalidades estiveram juntas de Paiva Netto na inauguração do Centro Educacional da LBV na capital fluminense. Entre elas, constam: (1) O saudoso fundador da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão (Band), dr. João Jorge Saad (1919-1999), à esquerda; e o escritor Arnaldo Niskier, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL); (2) A renomada radialista e atriz Daisy Lúcidi (1929-2020); (3) A cantora Alcione; (4) A partir da esquerda, a atriz e apresentadora Suzy Camacho; a atriz, cantora e modelo Isabel Fillardis; a veterana Legionária da Boa Vontade Antonieta Baccari; e o ator Lúcio Mauro (1927-2019); (5) O radialista José Carlos Araújo e, à direita, o acadêmico da ABL Murilo Melo Filho (1928-2020).

(Enem), quando alcançou 980 pontos na redação, de mil possíveis — fato repercutido no programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, em 2019 —, bem como o ingresso no curso de Pedagogia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Em 2022, outra vitória dessa aluna egressa foi divulgada por ela mesma no Facebook, ao realizar um grande sonho: “Sempre tive vontade de trabalhar na Escola da LBV desde quando comecei a estudar nela, cujo ambiente é leve e me traz boas memórias e alegria”. Agora, ela atua como auxiliar de desenvolvimento infantil com crianças do 4o ano do Ensino Fundamental I. “(...) No dia em que me ligaram avisando que eu tinha sido aprovada no processo seletivo, fiquei muito, muito, muito feliz. Só sabia chorar e estava ciente de que a responsabilidade de ocupar aquele lugar era gigante. Sou ex-aluna e, por reconhecer a importância do papel de um educador da LBV, me senti extremamente desafiada, pois tenho certeza do quão decisivo é o lugar que ocupo. Já fui transformada pelo trabalho de profissionais da Entidade e hoje estou do lado de quem transforma para o Bem”, falou com orgulho a jovem.

“Depois que entrei na LBV, passei a ser feliz todo dia e a todo instante. Não tem um momento em que eu olhe para algum canto daquele lugar e não me sinta extremamente satisfeita de estar ali. (...) Considero-me uma menina muito nova e abracei essa oportunidade [de estudar e trabalhar na Instituição] com todas as forças para poder entender e transformar o espaço onde vivo e para mostrar às crianças que estão ali que a educação salva e que só ela devolve o tempo gasto.”

ANA CAROLINA TUGUIA

Ex-aluna da LBV e educadora no Centro Educacional da LBV Rio de Janeiro/RJ

CURIOSIDADE: torrenciais chuvas desabaram sobre o Rio de Janeiro/RJ em fevereiro de 1996 e trouxeram transtornos à obra. Na noite anterior e na própria madrugada do dia 2, um mutirão de limpeza, que contou com a ajuda de muitos voluntários, deixou pronto o local para o início imediato das atividades.

COMPOSIÇÃO DO PRÉDIO:

Mais de 5 mil m² de área construída, dividida em 4 pavimentos. 21 salas de aula, berçário, lactários, solário, biblioteca, brinquedoteca, 4 refeitórios, sala de apoio escolar e inclusão, sala de estudo dirigido, salas de enfermagem e de pediatria, centro odontológico, laboratórios de Informática e de Ciências, salas de música e de dança, sala de judô, quadra poliesportiva e auditórios.

“A LBV foi determinante na minha educação”

Ainda no Centro Educacional da LBV na capital fluminense, encontramos outra história que chama a atenção, pois ilustra o fato de nunca ser tarde demais para aprender. É o caso de Marcele Helena de Souza, que reside com o marido e os cinco filhos em uma invasão na Comunidade do Guarda, num barraco à beira dos trilhos da linha férrea. Três dos seus filhos estudam no Centro Educacional José de Paiva Netto, onde a mãe de família encontrou bem mais do que segurança para eles. Na LBV, passou a ver a esperança brilhar no próprio horizonte.

Ao ficar grávida do primeiro filho ainda aos 14 anos, Marcele precisou interromper os estudos, sem iniciar o Ensino Médio. Tempos depois, durante a gestação de Jonathan de Souza Teixeira, conheceu a Entidade graças à indicação de amigas para que participasse do serviço Cidadão-Bebê*. Esse primeiro contato com a Legião da Boa Vontade, no qual a Instituição pôde constatar a necessidade da família, propiciou que Jean Flávio Helena Batista, Layza Leandra e Laís Eduarda Helena Maciel ingressassem na escola da Entidade. O relacionamento da família com a LBV foi amadurecendo cada vez mais ao longo do tempo, melhorando diretamente a vida de Marcele.

“Principalmente durante a pandemia, a Instituição tem ajudado muitas famílias, não só a minha, com cestas básicas. Mas não foi esse o apoio decisivo na minha vida, porque a gente come o que tem na cesta, e ela acaba. A LBV foi muito determinante na minha educação. Por tanto conversar com a assistente social, com a coordenadora pedagógica, que abriam os meus olhos e falavam da importância de eu concluir os estudos, que independentemente da idade eu poderia voltar a sonhar, voltei a estudar. E esse, sim, foi o fator decisivo da minha vida. De tudo o que tenho recebido da LBV, o apoio para voltar a estudar foi o melhor que ela me deu”, explicou a beneficiada.

* Cidadão-Bebê — Nesse serviço da LBV, gestantes e mulheres que já deram à luz são empoderadas para vivenciar a experiência da maternidade, de modo que tenham fortalecida a função de proteção da família e possam enfrentar eventuais vulnerabilidades pessoais e sociais, entre estas a descontinuidade dos estudos, a pobreza, a violência, o abandono e o sentimento de incapacidade. Ao fim do serviço, todas as mães ganham um enxoval completo para elas e para o bebê, e aquelas que não têm condição financeira estável recebem mensalmente cestas de alimentos enquanto participam das atividades.

LIÇÕES PARA TODA A VIDA

Em 2018, Marcele concluiu o Ensino Médio em uma escola regular, assistindo às aulas enquanto os filhos também estudavam no Centro Educacional. Em sua turma, foi considerada aluna destaque em virtude da alta resiliência que demonstrou para conciliar os estudos com a maternidade, que exige integral dedicação aos filhos. Foi, inclusive, oradora na formatura. Agora, o objetivo de Marcele é conseguir uma boa pontuação no Enem, para que consiga ingressar em alguma faculdade pública e cursar Serviço Social, o primeiro de outros cursos, pois, conforme ela afirma, “não quero parar de estudar”.

Vale realçar que o incentivo que Marcele recebeu à continuidade da carreira acadêmica reverberou em uma consciência mais ampla acerca do conhecimento. De acordo com ela, “a Educação abre portas. Hoje, consigo lutar por direitos básicos, como saúde. Se tenho algum problema na família, sei que posso ligar no 1746 [Central de Atendimento ao Cidadão] para relatá-lo, pois vão tentar me ajudar. A LBV me ensinou a ter muito diálogo com meus filhos. Agora sei ouvir mais, ter outro olhar para muitas coisas. E [esse aprendizado] não é uma jornada que acabou. Todo dia aprendo com eles, e eles, comigo. Com tantas conversas e palestras na escola, aquilo [que ouvimos] vai ficando guardado dentro da gente, [indicando] que podemos melhorar”. Ela completa: “A Educação abriu portas, para mim, inimagináveis. Para muita gente, ainda não cheguei a lugar algum; mas, para mim, eu cheguei a um lugar melhor dentro de mim mesma. Consegui me achar como pessoa. Consigo hoje valorizar o meu eu, pois já me senti perdida. A LBV cuida do corpo, da Alma, da mente e do coração”.

“A Educação abriu portas, para mim, inimagináveis. Para muita gente, ainda não cheguei a lugar algum; mas, para mim, eu cheguei a um lugar melhor dentro de mim mesma. Consegui me achar como pessoa. Consigo hoje valorizar o meu eu, pois já me senti perdida. A LBV cuida do corpo, da Alma, da mente e do coração.”

MARCELE HELENA DE SOUZA

Mãe de alunos do Centro Educacional da LBV Rio de Janeiro/RJ

O público feminino na Educação

No mundo 62 milhões 2/3

de meninas não vão à escola dos 758 milhões de adultos analfabetos são mulheres

40%

dos países não conseguiram dar chances iguais para meninos e meninas na educação primária

118 mil

meninas não têm nenhum ano de estudo concluído estudantes não sabem ler ou escrever a mais que as professoras é o que ganham os professores. No entanto, elas representam 81% dos docentes do país

321 mil

estudantes brasileiras estudam em escolas que não possuem banheiro em condições de uso

No Brasil 135 mil 12%

Pobreza menstrual 1,24 milhão

de meninas, 11,6% do total de alunas no Brasil, não têm papel higiênico à disposição nos banheiros de seus colégios

652 mil

garotas não dispõem de pias ou lavatórios adequados

3,5 milhões

de meninas estudam em escolas que não disponibilizam sabão nos banheiros. Dessas, 2,25 milhões são pretas ou pardas

CURIOSIDADE: Com a campanha Pela Proteção da Mulher, a Legião da Boa Vontade intensifica sua atenção ao público feminino atendido pela própria Instituição e por entidades parceiras. Por meio dessa iniciativa, entrega kits Ser Mulher, contendo itens de higiene íntima descartáveis e sustentáveis, além de uma cartilha informativa para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Fontes: “Censo Escolar 2020”, produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação; “Pobreza menstrual no Brasil — Desigualdades e violação de direitos”, relatório publicado em maio de 2021 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/14456/file/ dignidade-menstrual_relatorio-unicef-unfpa_maio2021.pdf

“A Educação com Espiritualidade Ecumênica é transformadora”

Assim como muitas outras colegas de trabalho, Daniela Santos Oliveira faz parte dos alunos egressos do Conjunto Educacional Boa Vontade que nele cursaram a Educação Básica e voltaram, após a conclusão do Ensino Superior, para atuar como educadores. Ao todo, essa unidade escolar da Legião da Boa Vontade, formada pela Supercreche Jesus e pelo Instituto de Educação José de Paiva Netto, em São Paulo/SP, conta com 202 profissionais, dos quais 70 foram estudantes do local.

O contato com a LBV é longínquo, do tempo em que o avô materno, João Batista dos Santos, acompanhava, de Ituiutaba/MG, o programa radiofônico Hora da Boa Vontade*, conduzido pelo fundador da Instituição, o saudoso Irmão Alziro Zarur (1914-1979). Conhecedores do sério trabalho da Entidade nas áreas da Educação e da Assistência

* Hora da Boa Vontade — O saudoso fundador da LBV, jornalista, radialista, poeta e pregador religioso Alziro Zarur (1914-1979), iniciou, em 4 de março de 1949, o programa Hora da Boa Vontade, na Rádio Globo do Rio de Janeiro, com a pregação do Apocalipse de Jesus. Primeiro programa do gênero no Brasil, conquistou grande audiência, sempre ofertando palavras de conforto e de Esperança. Sua estreia ocorreu sob o lema: “Por um Brasil melhor e por uma humanidade mais feliz”, brado que continua a nortear as ações fraternas da Instituição. O programa ficou também conhecido por ser o prenúncio da LBV, que seria fundada pouco tempo depois, em 1950, no dia 1o de janeiro (Dia da Paz e da Confraternização Universal).

Aluna egressa da LBV, Daniela Santos Oliveira atua no período lúdico com as turmas do Pré-II (5 anos) da Supercreche Jesus.

Daniela Santos Oliveira

Social e de sua ampla capilaridade, assim que chegaram à capital paulista em busca de melhores condições de vida, os pais de Daniela recorreram à LBV como lugar de apoio no cuidado dos filhos. Ela chegou à Supercreche Jesus com pouco mais de um ano de idade, estudando até concluir o Ensino Médio.

Mudar para a maior cidade da América Latina não foi fácil. Daniela conta que ela e seus demais familiares moravam “em uma comunidade da zona norte, onde, mesmo sendo bem pequenos, vimos muita violência. Era um ambiente bem pesado”. Todos acordavam às quatro horas da manhã, para que houvesse tempo para que se arrumassem e fossem levados pela mãe à LBV, e ela própria pudesse seguir para a jornada de trabalho. Dona Deusery fazia questão de que nenhum dos filhos perdesse um dia de aula sequer, pois sabia que a educação que receberiam iria promover a grande mudança em suas vidas. “E assim foi. Hoje, graças a Deus, eu e meus irmãos tivemos um destino diferente daquele que amigos e vizinhos acabaram tendo. A propósito, naquela época, a refeição mais reforçada que fazíamos, por vezes até a única do dia, ocorria na escola. (...) Consigo até

“Sou de uma família que não tem muitos recursos. Graças a Deus, tive a chance de entrar na Supercreche Jesus, com três anos de idade. Minha mãe trabalhava o dia inteiro. Ela me trazia de manhã e me pegava ao fim do dia. A atenção que recebi aqui foi primordial. A LBV é uma instituição que abraça todo mundo. Ela é diferente de todas as outras. A escola da Entidade contribui para a formação integral [dos educandos]. E é maravilhoso trabalhar aqui, onde já estou há 13 anos.”

ARIANE DZIOBA

É pedagoga e ex-aluna da Supercreche Jesus, onde atua como auxiliar na coordenação

pedagógica do Fundamental II e Ensino Médio

lembrar de um prato que gostava muito: arroz amarelo com frango desfiado, milho e ervilha. Eu consigo lembrar do sabor dessa comida de tanto que gostava. Foram tempos bem difíceis, mas, graças ao apoio da LBV, conseguimos superar”, destaca.

Dos momentos que vivenciou enquanto aluna, Daniela não esquece dos preparativos para a feira cultural: “Nós, alunos, éramos os protagonistas, e os professores deixavam em nossas mãos, sempre nos apoiando e instruindo, a missão de montar o nosso evento. Nesse encontro, não só podíamos falar e ser ouvidos, como também aprendemos a ouvir, o que é bastante importante. Cada grupo se posicionava de maneira respeitosa para apresentar seu trabalho. Era tudo muito amigável. Além do mais, eu adorava apresentar o trabalho que havia feito na escola para toda a minha família”.

De acordo com Daniela, estudar na LBV “transformou o lado pessoal, o meu modo de pensar e de agir, a maneira como encaro as adversidades da vida. Toda a instrução que recebemos dentro da escola da LBV se reflete até hoje na minha vida, como olhar para o outro com mais respeito, mais empatia”. Ela se formou em Pedagogia, realizou pós-graduação em Neuropsicopedagogia e está concluindo uma especialização em Educação e Direitos Humanos pela Universidade Federal do ABC (Ufabc). Hoje, atua no período lúdico das turmas do Pré-II (5 anos) da Supercreche Jesus.

Para ela, estar no lugar onde estudou como integrante da equipe de profissionais é uma escolha firmada no que acredita. “Essa decisão partiu da certeza que tenho de que a proposta de Educação com Espiritualidade Ecumênica é transformadora. Vejo isso como uma missão. Procuro passar para os meus alunos e suas famílias tudo o que recebi na LBV e que mudou significativamente a minha vida, contribuindo de alguma maneira para a construção de uma sociedade melhor, mais justa e igualitária.” “Tudo o que a LBV ofereceu e oferece nós abraçamos: o ensino, a alimentação, o uniforme, o material escolar... Minha mãe não tinha condições para pagar essas coisas, sendo que só ela trabalhava, e meu pai ainda era alcoolista. Nossa casa era bem simples, sem reboco. Dormia num sofá. (...) Mas o que mais me marcou como aluna foi a minha gravidez, quando estava no último ano do Ensino Médio. Tive todo o apoio da escola. Fizeram até chá de bebê. Eu me formei no 9o mês de gestação. (...) Acredito que mais de 90% dos que saem da LBV saem com bons valores. São pessoas que valorizam o ser humano. Meu irmão também estudou na Instituição e se formou como fisioterapeuta, tendo se graduado gratuitamente, graças ao que aprendeu na Instituição.”

ERIKA NUNES

Ex-aluna da LBV, é pedagoga e brinquedista na Supercreche Jesus São Paulo/SP

Educação e combate à fome

Campanhas da LBV entregam kits

pedagógicos e cestas de alimentos no enfretamento à pandemia

LEILA MARCO

No dia 22 de fevereiro, a LBV entregou 50 kits de material pedagógico e 50 cestas de alimentos para famílias da Vila Pantanal, localizada no bairro do Boqueirão, em Curitiba/PR.

Se mais de 19 milhões de brasileiros passam fome hoje no Brasil, segundo pesquisa da Rede Penssan, imagine a situação dessas famílias quando precisam de material escolar para suas crianças. A grande maioria dos pais que tem filhos na escola sentiu no bolso o aumento desses itens neste início de 2022, puxado pela inflação e pela alta do dólar. De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), esses produtos ficaram entre 15% e 30% mais caros, dependendo da categoria do material.

Então, para os lares que já enfrentavam outras situações de vulnerabilidade, esse período é ainda mais crítico. Por isso, de janeiro a março deste ano, a Legião da Boa Vontade entregará 20 mil kits de material escolar, dentro de sua tradicional campanha LBV — Educação: Futuro no Presente!, a crianças, adolescentes e jovens, e 40 mil cestas de alimentos. O benefício está sendo entregue aos atendidos

Lilian Cândido da Silva e dois dos seus quatro filhos

nas unidades socioeducacionais da Entidade e também em instituições parceiras que fazem um trabalho sério em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas e em periferias em todo o Brasil.

Outro destaque desta reportagem é a ação emergencial da Entidade com o SOS Calamidades, que tem socorrido cidades onde as fortes chuvas de verão têm levado destruição e a perda de vidas. Nesses difíceis momentos, novamente a LBV se faz presente onde o povo mais precisa!

“MEU ANJO GUARDADOR”

Em todas as cinco regiões do Brasil, o apoio da Legião da Boa Vontade tem chegado em um período crucial. A exemplo de Campinas, no interior do Estado de São Paulo, onde, entre os dias 14 e 17 de fevereiro, cerca de 300 famílias atendidas nas duas unidades da Instituição, localizadas nos bairros de Vila Rica e Jardim Profilurb, receberam kits de material escolar e cestas de alimentos.

Lilian Cândido da Silva, 51 anos, é mãe solo de quatro adolescentes, três dos quais participam de serviços de convivência na Entidade, com idades entre 11 e 13 anos. Desempregada, Lilian conta apenas com a renda fixa de R$ 400,00, do programa Auxílio Brasil, do governo federal.

“Meus filhos não começaram a ir para a escola pelo fato de eu não estar em condições de comprar o material. Esses kits doados pela LBV vão me ajudar muito, assim como tudo o que a Instituição faz por mim e por meus filhos. Com o dinheiro que eu teria de gastar para comprar o material, vou suprir as necessidades de dentro de casa. É um presentão da LBV. Hoje, os meus meninos vão para o colégio!”, afirmou a genitora.

Visivelmente emocionada, ela relembra que nesses quatro anos em que suas crianças são atendidas, a Instituição e seus colaboradores e voluntários têm sido “os meus anjos guarda-

São José dos Pinhais/PR

Belo Horizonte/MG

Pandemia e Educação

A exclusão escolar afetou ainda mais quem já vivia em situação vulnerável. As regiões Norte (28,4%) e Nordeste (18,3%) apresentaram os maiores percentuais de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos sem acesso à Educação, seguidas por Sudeste (10,3%), Centro-Oeste (8,5%) e Sul (5,1%). As populações pretas, pardas e indígenas foram as que mais sofreram, representando 69% do total.

Fonte: Unicef

Glorinha/RS

dores enviados por Deus, porque toda vez que eu estou passando por algum tipo de dificuldade de alimentação chega a cesta da LBV. Na minha vida, a LBV é importantíssima, e agradeço demais”, completa.

“A LBV É UMA FAMÍLIA PARA MIM”

Sentimentos de agradecimento semelhantes foram presenciados em diversas localidades do país, como durante o aniversário de 24 anos da Escola de Educação Infantil Jesus, da Legião da Boa Vontade em Belém/PA, comemorado em 11 de fevereiro, um dia antes da data oficial. Os familiares dos alunos puderam assistir a apresentações culturais e musicais dos pequeninos. Na oportunidade, ainda foram entregues 115 cestas de alimentos, 118 kits escolares e uniformes para os educandos.

Atendendo estudantes vindos de lares que enfrentam vários tipos de vulnerabilidade social, a preocupação da LBV é de oferecer um ensino de alta qualidade, provendo essas crianças de benefícios que ampliem as oportunidades delas, a fim de despertar talentos, por meio da Educação, da Arte e do Esporte, para que sejam incentivadas a ser protagonistas em suas vidas, agentes transformadoras de uma sociedade mais justa.

Sueli da Costa Santos, mãe de Siane Vitória da Costa Santos, 4 anos, que frequenta o Jardim I, na Escola Infantil da capital paraense, diz que “só de estar na LBV as coisas se tornam mais fáceis, porque a Instituição está sempre dando a mão para a gente, ajudando. E este material que recebemos agora é de grande valia”.

A exemplo de outros pais, para Sueli a unidade educacional da Instituição é bem mais que um lugar de ensino: “A LBV representa tudo para mim, é o local que sei que minha filha está bem, ela gosta de estar aqui. Eu sempre digo que a LBV é uma família, só tenho de agradecer a Deus. A cada dia, a minha menina evolui, vem crescendo. Como mãe, eu estou muito grata!”, destacou.

Ana Paula Ferreira

Belém/PA

João Nery

São Paulo/SP

Sueli da Costa Santos e sua filha Siane, 4 anos, aluna do Jardim I, da escola Infantil da LBV em Belém/PA.

Na capital paulista, a LBV entregou kits pedagógicos para que crianças e jovens se sintam motivados e possam brilhar neste ano letivo. Na galeria a seguir, você pode conferir a entrega no Conjunto Educacional Boa Vontade. Além do kit, as crianças e os adolescentes receberam uniforme escolar completo.

Emergência global

Segundo o relatório “A acessibilidade do aprendizado remoto”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), três em cada

dez crianças ficaram sem ensino e aprendizagem durante a

pandemia. O grande número de meninas e meninos cuja educação foi completamente interrompida por meses a fio é uma emergência educacional global.

Lajes Pintadas/RN

São Paulo/SP

ALEGRIA E ESPERANÇA PARA CRIANÇAS E PAIS EM CURITIBA/PR

Festejando também aniversário, neste caso 25 anos de muita solidariedade, o Centro de Educação Infantil José de Paiva Netto, da LBV em Curitiba/PR, aproveitou a alegre ocasião para oferecer aos estudantes dessa unidade todo o apoio para que tenham seus direitos garantidos.

Cerca de 200 alunos ganharam kits pedagógicos e uniformes. Já seus pais ou responsáveis receberam a cesta de alimentos para garantir uma alimentação de qualidade às crianças.

Todo o espaço da escola contou com uma decoração especial, graças à parceria com a empresa amiga L&C Festas e Decorações, além da colaboração do projeto social Amigos Curitiba (que doou cupcakes para a festa), o que deixou o dia desses estudantes ainda mais alegre e com a esperança renovada.

Curitiba/PR

“Eu sou muita grata pela ajuda que estamos tendo com as cestas de alimentos nesses dois anos de pandemia. Na volta às aulas [presenciais] no ano passado, toda a estrutura que a LBV tem dado, de ensinamento, de Educação, tanto aqui como quando foi preciso o ensino remoto... Eu só tenho de agradecer. [O pessoal da LBV] é o segundo pai pra minha baixinha. Obrigada a todos que estão sempre colaborando com a Instituição.”

HELAINE CRISTINA DOS SANTOS

Mãe da Mirela, 4 anos, aluna do Pré 1 da escola de Educação Infantil da LBV em Curitiba/PR, umas das beneficiadas com o kit escolar

Leonardo Faustino

Maringá/PR

Pedro Radi

Foz do Iguaçu/PR

Campanha de Educação da LBV é esperança para o Brasil, afirma professora

A educadora Érica Graciele de Oliveira, na foto, com a aluna Clarice Morais Silva, 6 anos, comoveu-se, no dia 18 de fevereiro, ao presenciar o encantamento dos estudantes e, em especial, de Clarice com o material escolar oferecido pela Legião da Boa Vontade. Não era para menos, a menina, ao receber o presente da Instituição, agradeceu entusiasmada: “LBV, obrigada por tudo, eu amei esse material. Vocês ajudam [a realizar] o meu sonho de ser professora”. Érica, que é professora na Escola Municipal Lídia Maria Cunha de Araújo, no assentamento Rio do Feijão, localidade rural da pacata Pedro Avelino, no interior do Rio Grande do Norte, acompanha já há vários anos esse apoio da LBV à esperança em um futuro melhor: “O meu coração fica cheio de orgulho; eu até me emociono em ver que tem uma criança que passou pelas minhas mãos que quer seguir a mesma profissão que a minha. Que os colaboradores da LBV continuem ajudando, porque eles estão trazendo tanto alegria para as famílias como para a Educação do Brasil”. Vale dizer que a Caravana da Boa Vontade saiu da capital potiguar e percorreu cerca de 200 quilômetros, passando por estradas de chão batido, para chegar a essa região central do Estado, como também ao território quilombola Aroeira e à comunidade Trangola, locais que enfrentam grandes vulnerabilidades sociais e onde a Instituição entregou 80 kits escolares para o público infantojuvenil e cestas de alimentos para 80 famílias.

A dona Isabela de Lima Pelegrini foi uma das beneficiadas, no dia 24 de fevereiro, com a entrega de 50 cestas de alimentos que a LBV realizou na cidade de Santo Expedito/SP.

Trabalho que cresce

Ações especiais da LBV levam alimento

em bolsões de pobreza

Tendo em vista as sérias consequências da pandemia do novo coronavírus para a população em vulnerabilidade social em nosso país, a Legião da Boa Vontade, com o apoio de colaboradores e parceiros, tem estendido sua ação para além das 82 unidades que mantém nas cinco regiões do Brasil, entre escolas, Centros Comunitários de Assistência Social e abrigos para idosos. Dentro dessa proposta, leva alimentos frescos e não perecíveis a comunidades distantes, assentamentos, tribos indígenas, enfim, aonde esse amparo é necessário.

Curitiba/PR

Na foto, Daia Rodrigues Chagas, integrante de uma das famílias beneficiadas pela LBV na Associação de Catadores Automotores de Curitiba, no bairro Parolin, na capital paranaense. Com a equipe da revista, ela desabafou que a necessidade em sua casa tem sido grande, pois o esposo está desempregado e a renda que tem conseguido com o material para reciclagem é pouca: “Não tenho nem palavras para identificar o que estou sentindo, porque essa ajuda está chegando quando a gente está mais precisando. Foi achado aqui no serviço [de catadora de resíduos] arroz, só que estava limpinho, e eu levei pra casa, porque estava precisando, mas, agora, com esses benefícios da LBV, estou até com vontade de chorar. Muito obrigada mesmo!”

Em Porto Velho/RO, mais de 50 famílias dos serviços de convivência igualmente receberam cestas de alimentos. Neste momento desafiador, a campanha SOS Calamidades, da LBV, garante o direito à comida a milhares de pessoas que enfrentam a fome diariamente.

Solange Lucas Pedro Radi

Porto Velho/RO Foz do Iguaçu/PR

Curitiba/PR

Natal/RN

Ajuda humanitária da LBV chega ao assentamento Dr. Marcos Dionísio, no bairro Planalto, zona oeste de Natal/RN, onde residem famílias com renda proveniente da coleta de material reciclável e de programas sociais. A maioria desses lares é chefiada por mulheres que, além de várias dificuldades, precisam lidar também com o desemprego, a fome e outros problemas agravados pela pandemia. As ruas são de terra batida, não há água potável nem saneamento básico. As habitações são feitas de lonas e de chapas de madeirite. Com a imprescindível Solidariedade de doadores, a Instituição entregou mais de uma tonelada de cestas verdes e de alimentos não perecíveis e peixes. A LBV agradece às empresas parceiras Teleperformance Brasil, JMT Service, Miro Pescados e Frazão.

K auã R o ger

Nantes/SP

Alex Dias

Guaíba/RS Teresina/PI

Lajes Pintadas/RN

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