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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Monitoramento de granjas por IMPULSIONA inteligência artificial antecipa diagnóstico de possíveis problemas e permite AVICULTURA ganhos em produtividade. Por Suellen Santin

Ainteligência artificial chegou para revolucionar o agro- tware e hardware na área agroindustrial, para que os seus negócio. Num momento em que é preciso produzir produtos tenham uma interface cada vez mais interativa, mais mais, com menos recursos, a tecnologia conduz a avi- amigável, permitindo o acompanhamento de indicadores de cultura para um salto em qualidade e produtividade. Softwares desempenho em tempo real e uma tomada de decisão suse algoritmos capazes de coletar, processar e transmitir dados tentada por informações”, explica a JBS. permitem o monitoramento em tempo real das granjas, bene- O sistema ainda está na fase piloto e, por enquanto, tem ficiando o manejo e a gestão. sido implementado em granjas de Santa Catarina. “O projeto

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Um exemplo desta nova etapa da produção avícola no país ainda está em seu início, mas a JBS mantém diversos projetos é uma recente iniciativa da Biocamp Laboratórios, criada para de tecnologia sendo testados e implementados no campo, dar suporte à criação de frangos de corte. O aplicativo para cada um com níveis de desenvolvimento diferentes. Algumas celular Broiler Pro permite usar a inteligência artificial para tecnologias já estão incorporadas no nosso padrão tecnológianalisar a qualidade das fezes das co para construção dos novos galaves, monitoramento que antecipa pões e outras ainda estão em fase o diagnóstico de possíveis altera- de avaliação técnica e de viabilidações intestinais nos animais e propicia a adoção de medidas rápidas SOFTWARES E de. De qualquer maneira, a resposta que vem do campo é extremapara tratar essas disfunções. Tudo isso é possível por meio de imagens armazenadas pela ferraALGORITMOS mente positiva, pois o produtor rural tem aumentado seu nível de profissionalização e sendo protamenta. O técnico responsável pode tirar fotos da granja em tempo real CAPAZES DE gonista em todo esse movimento”. Outro fator destacado pela JBS ou abrir fotos que já estão na galeria do celular no aplicativo e selecionar COLETAR, é a questão da sucessão familiar. Para a companhia, a inclusão desas imagens que devem ser analisadas. “Existe uma quantidade míni- PROCESSAR E sas ferramentas se torna relevante para a permanência das futuras ma de fotos necessárias para que gerações no campo, já que facilita esse processo ocorra, que varia de acordo com o número de aves aloTRANSMITIR DADOS o dia a dia nas granjas. De acordo com a JBS, esse movijadas. Inicia-se a análise e, em menos de um minuto, ele obtém uma PERMITEM O mento traz ao campo a possibilidade de inclusão digital, evolução gerencial resposta que mostra como está o aspecto fecal, se está ótimo, bom, MONITORAMENTO e de controle dos indicadores. “Temos uma expectativa que, nos próregular ou ruim”, detalha o gerente de Negócio da Biocamp Laboratórios, Bauer Alvarenga. EM TEMPO REAL ximos anos, com a inclusão digital do campo e a expansão destas tecnologias para a maior parte dos produtoEle afirma que o aplicativo consegue fazer essa leitura após avaliar DAS GRANJAS, res integrados, possamos criar um ambiente mais automatizado, para especificamente sete características: passagem de ração, descama- BENEFICIANDO O que eles tenham mais comodidade para acompanhar e controlar sua ção intestinal, presença de gases, presença de muco, alterações para MANEJO E A GESTÃO. produção com maior nível de acuracidade, permitindo a conexão direta a cor amarela e alterações para a cor com a agroindústria e com o cliente, verde. “Essas características são fazendo com que a sinergia de toda analisadas de modo individual e esta cadeia seja alavancada e traga existe uma escala de intensidade de ganhos para todos os elos”. 0 a 3. Quanto maior o score, mais significativo é o problema observado. Se o score é 0 significa que não há problema”. DESEMPENHO E RETORNO FINANCEIRO Para Bauer Alvarenga, três palavras definem o papel da tecGRANJA 4.0 nologia na geração de novos impulsos para a avicultura: maOutra iniciativa é o projeto Granja 4.0, sistema que realiza o ximização de resultados. “Hoje, a tecnologia, em qualquer área monitoramento remoto de aviários por inteligência artificial, em que é empregada, seja na genética, na nutrição, na ambiresultado de uma parceria entre a JBS, a F&S Consulting e a ência, ela traz desempenho, traz retorno econômico para a Tim. “As granjas 4.0 são granjas em que o produtor rural tem atividade. Ferramentas como o Broiler Pro são capazes de a gestão completamente automatizada. Nos últimos anos, otimizar o tempo dos profissionais que estão ali trabalhando grande parte dos fornecedores de equipamentos, e até mesmo no dia a dia e, automaticamente, antecipar problemas, faciliempresas de tecnologia, vêm incorporando inovações de sof- tando a tomada de decisão por parte dos técnicos”.

REOVÍRUS UMA AMEAÇA PARA A AVICULTURA Entenda por que ele causa grande preocupação nas granjas de frangos de corte e saiba a maneira mais eficaz de controlá-lo.

Por sua capacidade adaptativa a mudanças de temperatura e sua característica de alta resistência a pH 3 e à desinfecção com formalina 3%, o reovírus aviário (ARV) representa hoje uma enorme ameaça para a avicultura.

A nomenclatura (REOvírus) se deve ao fato de terem sido identificados pela primeira vez no trato respiratório e nas fezes de aves (Respiratory and Entheric Orphan vírus), antes mesmo de conhecermos que patologias causariam.

O ARV está relacionado a diferentes quadros patológicos, como distúrbios entéricos e respiratórios, hepatite, hidropericárdio, miocardite, pericardite e pancreatite. Isso acontece porque o reovírus aviário tem ação imunossupressora, principalmente quando associado a outros patógenos, como os vírus das doenças de Gumboro e de Marek, anemia infecciosa das galinhas, doença de Newcastle, além de interações com micotoxinas. Artrite viral (AV) e síndrome da má absorção (SMA), no entanto, são as principais doenças. "Também conhecida como tenossinovite infecciosa, a artrite viral é um dos maiores responsáveis por condenação de carcaça no abate. A depender da severidade da lesão, as aves afetadas podem ter dificuldade para caminhar, além de piora no crescimento e na conversão alimentar", explica o médico veterinário Antônio Kraieski, Assistente Técnico de Aves da Zoetis.

CONTROLE

"Por seu alto poder de transmissão (em torno de 30%) e de mortalidade (entre 5% e 10%), a maneira mais eficaz de controle do reovírus é a imunização das reprodutoras visando altos níveis de transferência de imunidade passiva para as aves de corte", diz Kraieski. A vacina viva atenuada, Poulvac Reo é indicada para a prevenção da artrite viral em galinhas reprodutoras a partir da 1ª semana de vida. Já Poulvac Maternavac IBD-REO, vacina inativada, é indicada para revacinação de galinhas reprodutoras como medida auxiliar na prevenção da doença de Gumboro e infecções por reovírus. Confere altos níveis de anticorpos maternos, que são transferidos para a progênie das aves vacinadas.

RAIO X DAS DOENÇAS

ARTRITE VIRAL » Causada por diferentes sorotipos de reovírus » Acomete frangos de corte, reprodutoras (leves e pesadas) e perus. » Afeta principalmente frangos de corte, de quatro a oito semanas de idade. » Os machos, geralmente, são acometidos entre 12 e 16 semanas de vida. SÍNDROME DA MÁ ABSORÇÃO » Caracteriza-se, principalmente, por apatia e falta de mobilidade das aves, desuniformidade de lotes, deficiência de pigmentação, problemas ósseos, aves com penas eriçadas e com plumagem molhada, além de intensa diarreia e a presença de alimento parcialmente digerido nas fezes das aves. » Acomete aves jovens, de uma a três semanas

TECNOLOGIA BEM-ESTAR ANIMAL E MELHOR DESEMPENHO NOS INCUBATÓRIOS

Por Eduardo Costa

Médico veterinário e diretor de Produção de Incubatório da Cobb-Vantress na América do Sul.

Todas as pesquisas e novas tecnologias voltadas para os incubatórios seguem o irreversível caminho do atendimento a demandas como bem-estar animal, melhor desempenho e eficiência produtiva no campo. As novas tecnologias ganham cada vez mais espaço para atender essas exigências.

Um dos entraves na produção de pintinhos de um dia está com os dias contados. Nas chamadas incubadoras de estágio múltiplo, ainda bastante populares no Brasil, a mesma máquina é incubada diversas vezes em dias alternados, apresentando ovos de diferentes idades de incubação dentro do mesmo equipamento, impossibilitando fornecer as condições ideais às distintas necessidades de cada fase do desenvolvimento embrionário. Aos poucos, os equipamentos de estágio múltiplo vêm sendo substituídos pelas incubadoras de estágio único, onde toda a carga é incubada em um mesmo momento. Dessa forma é possível atender por completo as exigências dos embriões em cada fase de desenvolvimento até o nascimento.

INCUBADORAS DE ESTÁGIO ÚNICO

Essa tecnologia nos permite controlar aspectos como CO2, temperatura ambiental e dos ovos, além de possibilitar trabalhar perfis de incubação fornecendo estímulos desses parâmetros em determinadas fases do desenvolvimento embrionário a fim de produzir pintos com capacidade de expressar todo o seu potencial genético. Essas e outras cinco fronteiras da avicultura começam a ser ultrapassadas por ciência e muita tecnologia empregada desde o início da cadeia produtiva.

O FRANGO DO FUTURO SERÁ UM ANIMAL MAIS EFICIENTE, TRAZENDO MELHORES RESULTADOS ZOOTÉCNICOS DESDE A CONVERSÃO ALIMENTAR NO CAMPO ATÉ O RENDIMENTO DAS AVES NO ABATEDOURO.

Os incubatórios vivem uma fase de migração de incubadoras de estágio múltiplo para incubadoras de estágio único. Esta tecnologia já vem sendo usada com inúmeros benefícios. Ao trabalhar em estágio único as incubadoras estão trabalhando para atender as necessidades de requerimentos do embrião com benefícios como melhor nascimento, principalmente em lotes mais velhos e também melhor qualidade de pintinho, com impacto em melhor performance desta ave no campo.

SEXAGEM IN OVO

A sexagem in ovo está no campo das novas tendências. Muitas empresas estão investindo bastante no desenvolvimento de diferentes métodos de sexagem in ovo e as primeiras máquinas já começam a aparecer no mercado, focando no segmento de poedeiras comercias com a finalidade de atender a demanda de bem-estar animal, pois com ela se descarta os ovos sem a necessidade de descartar os machos. O avanço dessa tecnologia e o surgimento de novos métodos deve baratear os custos do equipamento, que deve chegar em incubatórios de matrizes pesadas e de frangos de corte em escala comercial. O uso da sexagem in ovo vai trazer uma redução muito relevante de mão-de-obra, além de atender ao bem-estar animal.

AUTOMAÇÃO

No Brasil estamos passando por uma transformação bastante interessante no que diz respeito a automação dos incubatórios. A automação já atua em diferentes frentes, como na vacinação em ovos. No entanto, ainda há desafios.

Quando uma empresa busca a automação, mais do que a redução do quadro de funcionários, ela procura também aumento da produção, padronização, melhor qualidade, redução de erros, maior produtividade e flexibilidade. No final, esses fatores significam redução do custo de produção, maior eficiência e lucro. Outra grande vantagem dos sistemas automatizados é a melhor ergonomia e satisfação dos colaboradores, ou seja, menor rotatividade, proporcionando melhor especialização da equipe.

NUTRIÇÃO IN OVO

A nutrição in ovo está no campo das novíssimas tendências. Temos muitas pesquisas em campo, mas nada concreto no mercado. Trata-se da injeção de micronutrientes in ovo para o embrião já começar com aporte de aminoácidos e vitaminas antes de nascer. O objetivo é melhorar o sistema inume das aves e a performance no campo. Estudos demonstram que a técnica se traduz em uma ave mais robusta e com melhor eficiência produtiva no campo. Uma das barreiras é o volume de nutrientes necessários a ser aplicado no ovo e sua capacidade limitada de comportar esses micronutrientes.

ALIMENTAÇÃO PRECOCE OU EARLY FEEDING

A alimentação precoce também está em destaque entre as novas tendências. A ave passa a ter acesso a água e ração imediatamente após o nascimento. Em alguns países da Europa isso já é uma exigência de clientes (redes de supermercado, fast food, etc) e governos para atender diretrizes de bem-estar animal. A alimentação precoce também pode trazer benefícios zootécnicos. Com o estímulo precoce, o sistema digestivo tem um melhor desenvolvimento, trazendo melhor performance das aves no campo. O fornecimento de água ou alimentos com altos níveis de umidade também ajudam a prevenir a desidratação das aves, impactando a mortalidade de primeira semana.

NASCIMENTO NA GRANJA OU ON FARM HATCHING

O nascimento na granja é uma linha de trabalho que vem ao encontro com a essência da nutrição precoce. No caso desta inovadora forma de criação, ao invés de ir para o nascedouro, os ovos vão diretamente para a granja.

Essa prática traz vantagens de biosseguridade para o incubatório por não ter aves ou plumas dentro da unidade, mas também pode ser bastante desafiadora. Ela vai exigir um con-

trole de ambiência muito mais preciso nos caminhões de transporte desses ovos embrionados e nos galpões, além de aumentar o ciclo de cada lote para o produtor e subir o seu custo com dificuldade de realizar a seleção das aves e o controle preciso do número de aves alojadas em cada aviário, entre outros. Essa é uma tendência que ainda pode demorar um pouco a chegar no Brasil, mas deve chegar.

O bem-estar animal tem papel fundamental nos avanços de tecnologias. Nos avanços e pesquisas de todo o setor, basicamente, as novas tecnologias e automações estão buscando redução de custo, melhor produtividade e bem-estar animal, além de melhor desempenho das aves em nível de campo. Somando todas estas tecnologias com os constantes ganhos genéticos, o frango do futuro será um animal mais eficiente, trazendo melhores resultados zootécnicos desde a conversão alimentar no campo até o rendimento das aves no abatedouro.