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LUCINHA TURNBULL um perfil de uma lenda

Por Lucas Vieira

A HISTÓRIA DA PRIMEIRA MULHER GUITARRISTA DA MÚSICA BRASILEIRA

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LUCINHA TURNBULL

Uma grande história não se faz só de protagonistas. Não se pode esquecer dos coadjuvantes, que complementam enredos e são parte fundamental do desenvolvimento dos outros personagens. Na história da música brasileira, Lucia Maria Turnbull desempenha com excelência os dois papéis. Cantora, compositora, violonista e considerada a primeira mulher a tocar guitarra no Brasil, a artista é figura fundamental da MPB, tendo feito parte de bandas como Tutti-Frutti e Made In Brazil, além de ter participado de álbuns históricos de Erasmo Carlos, Gilberto Gil e muitos outros cantores e cantoras nacionais. Aos 68 anos, Lucinha tem muitas histórias para contar. Viu a beatlemania chegar ao Brasil, assistiu Ten Years After em Londres nos anos 1960, cantou com Moraes Moreira no trio elétrico em Recife, emprestou sua voz para quadros inesquecíveis do humorístico Casseta e Planeta e segue presenteando o Brasil com seu talento. Com a pandemia, alguns de seus projetos mais recentes foram adiados, como o show em que comemoraria os 40 anos de seu primeiro álbum solo, Aroma (1980). Aproveitando esse momento em que esteve mais reclusa, compôs novas canções para seu próximo álbum, ainda sem data prevista. Em 2020 também foi lançado o documentário “Lucinha Turnbull”, dirigido por Luiz Thunderbird e Zé Mazzei, um resumo de sua carreira com depoimentos emocionantes de artistas como Guilherme Arantes, Alzira E e Tulipa Ruiz. Em atividade desde os anos 1960, a artista não deixa dúvidas: seu tempo é o agora e ela sabe aproveitá-lo. Filha do escocês Ronald Turnbul com a brasileira Maria Helena Arantes Negro, Lucinha é a terceira dos cinco irmãos deste casamento, nascida em 22 de abril de 1953. Com a casa sempre preenchida pelas canções francesas e italianas e trilhas sonoras de musicais, a paixão pela música veio cedo: “minha mãe me contou que eu chorava emocionada ouvindo os discos de gaita de fole”, relembra a artista. Através de um compacto de Lonnie Donegan, trazido por seu pai da Escócia, Lucinha teve ainda nos primeiros anos de vida, contato com o skiffle, ritmo popular entre a juventude britânica na década de 1950. “O primeiro grupo do John Lennon era de skiffle. Eu com 4 anos estava ouvindo a mesma coisa que os Beatles na adolescência”, comenta a artista.

UMA ETERNA BEATLEMANÍACA

Segundo Lucinha, sua primeira paixão musical foi Ray Charles, quando tinha nove anos. Mas tudo mudou quando aos 11 ela escutou Beatles na rádio - “quando ouvi ‘I Wanna Hold Your Hand’ eu paralisei”, relembra. “Meu irmão disse que tinha visto um disco da banda na [loja] Hi-Fi e eu fui correndo comprar”. O amor pelo fab four se tornou tão presente na vida da jovem que mudou tanto seu comportamento quanto norteou seus caminhos artísticos. Pouco tempo depois, quando tinha entre 12 e 13 anos, Lucinha foi trabalhar na mesma loja em que havia comprado seu disco dos Beatles: “a Hi-Fi ficava na Rua Augusta, e depois eles tiveram uma outra loja no Shopping Iguatemi, que era imensa. Lembro que tinham cabines para as pessoas ouvirem os discos e decidirem se iam comprar ou não”, recorda. O motivo de ter começado a trabalhar tão cedo foi a sua rebeldia: “Minha mãe

me colocou para trabalhar porque eu era muito rebelde, e lá eu fiquei feliz, ouvia música o dia inteiro. Eu usava o cabelo igual o John Lennon, tinha uma camisa com um desenho dele que eu mesma fiz”. Na loja, Lucinha acompanhou o lançamento de discos de Françoise Hardy, Chris Montez (que atendeu pessoalmente na Hi-Fi) e do clássico Rubber Soul, dos Beatles. Também foi por causa do quarteto britânico que Lucinha optou por aprender música na adolescência. Com a ajuda de amigos que a ensinaram a afinar e fazer os primeiros acordes em seu violão Del Vecchio - apelidado de “Horácio”, a artista formou sua primeira banda, a CAPOPs (sigla para Cagando e Andando Para a Opinião Pública). Na forma de cantar e tocar de Lucinha, a influência dos garotos de Liverpool também é clara. A artista executa as notas com clareza e precisão únicas. Quando toca o instrumento (seja a guitarra, o violão ou a craviola) cada som é ouvido com distinção. A influência é declarada: John Lennon. “O John sempre teve uma coisa de fazer os solos dentro da base, ‘I Feel Fine’ é um exemplo disso. Eu fui para a guitarra rítmica por sempre gostar desses lances”, explica. Com o canto o caminho foi o mesmo. Através dos vocais ouvidos nos LPs dos Beatles, Lucinha encontrou sua principal referência estética. Porém, tanto para a voz principal quanto para os coros, a artista afirma que a intuição é essencial: “A voz tem uma questão muito intuitiva. No coro, é preciso entender que a projeção tem que ser em um plano mais baixo, e ainda muito presente, não dá para botar muito gás”. Hoje, 54 anos após ouvir “I Wanna Hold Your Hand”, Lucinha segue uma beatlemaníaca. Às vésperas do lançamento de “Get Back”, documentário dirigido por Peter Jackson a partir de um acervo de mais de 50 horas de gravações inéditas do Fab Four, a artista está ansiosa. “Já assisti ao trailer umas trezentas mil vezes, estou mais adolescente do que nunca. O que me transpareceu no vídeo foi o quanto que eles gostavam de tocar e estar juntos, ali tinha muito amor. Espero que o filme tenha um ritmo diferente do ‘Let It Be’, que faz os Beatles parecerem tediosos, coisa que eles nunca foram”.

A PRIMEIRA GUITARRISTA DO BRASIL

Em 1969 Lucinha se mudou para Londres com a família, onde viveu por dez meses. A ida para a capital inglesa ficou marcada pela viagem de barco com trilha sonora dos Rolling Stones. Era 5 de julho, data em que a banda realizava o histórico show no Hyde Park, dois dias após o falecimento do guitarrista Brian Jones. A jovem artista ouviu tudo pelo rádio. Na Inglaterra, participou de uma banda com os amigos do colégio onde estudava, chamada The Solid British Hat Band. Com eles, se apresentou na Folk Evening, evento semanal promovido pela escola. “O Alan Wakeman, letrista do conjunto, tinha umas músicas relacionadas ao meio ambiente, falavam da loucura dos carros, do movimento gay, assuntos que eu ainda não era ligada”. Ainda nessa passagem, a artista assistiu ao Ten Years After e ao Deep Purple ao vivo. Porém, em 1970, Lucinha precisou voltar ao Brasil e saiu da banda. Na volta, se aproximou dos Mutantes, banda que já conhecia antes de sua mudança para a Inglaterra e que assistiu diversas vezes no programa O Fantástico Mundo de Ronnie Von. Andando com os roqueiros da Pompeia, a cantora fez sua primeira gravação profissional, cantando no álbum Hoje É O Primeiro Dia do Resto da Sua Vida (1972), creditado a Rita Lee e último LP que reuniu a formação original da banda paulista. Meses após a gravação do disco, Lucinha voltou à Londres com o produtor Liminha, a fotógrafa Leila Lisboa Sznelwar e Rita Lee. Nessa viagem comprou sua primeira guitarra, uma réplica japonesa da Gibson Les Paul. No passeio à Inglaterra, a artista reencontrou-se com os parceiros da The Solid Britsh Hat Band. Junto a eles, que agora se chamavam Everyone Involved, Lucinha e o então baixista dos Mutantes gravaram “Either/Or”, LP que contou também com a participação de Ritchie e trazia em seu selo a seguinte frase: “Não pague por esse disco! Ele é gratuito…”. De volta ao Brasil, Rita Lee recebeu o convite para abrir o show d’Os Mutantes no Phono 73, festival realizado pela Philips Phonogram para promover seu catálogo de artistas - que incluía os principais nomes da MPB, entre eles Gal Costa, Chico Buarque, Elis Regina, entre outros. Para acompanhá-la na apresentação, a artista convidou Lucinha e, assim, formaram a dupla As Cilibrinas do Éden. Segundo relato da eterna mutante em sua autobiografia, no show, as artistas se vestiram a caráter: ela com antenas de joaninha, e Lucinha com asas de anjo. A dupla apresentou, em formato folk rock, as novas canções que Rita havia composto após sair de sua antiga banda, com ambas cantando e tocando violão. A recepção, porém, não foi calorosa: os fãs dos Mutantes, ansiando pelo som do rock progressivo da nova formação,

vaiaram e jogaram bolinhas de papel no palco, encurtando a apresentação. Depois da estreia, Rita resolveu seguir caminho por um som mais elétrico e Lucinha apresentou para a parceira o Lisergia, uma banda de rock do bairro da Pompeia, de São Paulo, que tinha entre seus integrantes Lee Marcucci (baixo), Luis Carlini (guitarra) e Emilson Colantonio (bateria). Com os novos integrantes, o conjunto entrou no estúdio e gravou um LP que originalmente se chamaria Tutti-Frutti, que também se tornou o nome do grupo, que passou a acompanhar a autora de “Mamãe Natureza”. Porém, por seu caráter experimental e pouco comercial, o disco foi cancelado pela gravadora e só se tornou conhecido pelo público de forma não oficial. Em 2008, a gravação foi editada em vinil e lançada como um suposto disco das Cilibrinas do Éden. Lucinha participou do Tutti-Frutti até o ano de 1975. Com eles, cantava e tocava guitarra e participou da gravação do primeiro disco lançado oficialmente, Atrás do Porto Tem Uma Cidade. Nessa empreitada, assumiu a posição de primeira mulher guitarrista do Brasil. Sua despedida da banda aconteceu no ano seguinte, no

festival Hollywood Rock. Realizado no Estádio de General Severiano, no Rio de Janeiro, o evento teve público estimado de 10 mil pessoas. Entre as pessoas na plateia do festival estavam Eric Clapton e sua então namorada, Pattie Boyd. Em uma reunião após o show, Lucinha e o guitarrista se encontraram e aquele foi um momento marcante para a artista: “a gente se encontrou no camarim e depois em uma festa, tocamos juntos rapidinho e ele falou que eu poderia ser filha do John e da Yoko, eu pensei: ‘nossa, ele me conhece’. E ter esse momento com ele foi muito legal, porque os músicos não me davam muita bola e eu estava ali tocando com o Eric Clapton”. Comentários como “para tocar guitarra tem que ter culhão” e tentativas de comprar seus equipamentos como se a artista não entendesse do assunto eram comuns nessa época, porém Lucinha nunca se amedrontou com o machismo. “Eu nunca fiquei apavorada, nem mal humorada com isso, eu só não esquentava a cabeça”, revela. Lucinha ainda se reuniria com Rita e também com o Tutti-Frutti diversas outras vezes, como nos discos Refestança (1977), Babilônia (1978) e Saúde (da fase com Roberto de Carvalho, em 1981). Em 1975 a artista participou da montagem brasileira de The Rocky Horror Show, em São Paulo. No ano seguinte, se apresentou no Festival de Saquarema com o Made In Brazil, com quem gravou o álbum Pauliceia Desvairada (1978). Em 1977 Lucinha estava, em suas palavras, “de saco cheio do Brasil”, e juntou um dinheiro para sair do país. Porém, antes de partir, resolveu conhecer o carnaval da Bahia e, como mistério sempre há de pintar por aí, encontrou-se com Gilberto Gil, que a convidou para gravar seu próximo álbum, Refavela, que se tornaria um grande clássico da MPB. “O Gil me convenceu a ir pro Rio gravar com ele e eu fui ficando, ficando… Fizemos mais de cem shows nessa turnê”. Lucinha não só gravou o LP como também fez parte da banda Refavela, cantando e tocando guitarra ao lado de Moacyr Albuquerque (baixo) e Djalma Corrêa (percussão), entre outros músicos. Com o grupo, gravou também em 1977 o disco Refestança, que reuniu Gil e Rita Lee (ainda acompanhada pelo Tutti-Frutti) no palco. “Na música ‘De Leve’ eu faço um solo mas como era mulher tocando meu volume ficava escondido, aí quando a Rita grita ‘de leve, Lucinha’ você ouve a minha guitarra chegando”, relembra. Com Gil, a cantora também gravou Luar (1981), um LP que, segundo relata, “é uma glória, tão oposto ao que estamos vivendo hoje”. O ano de 1979 foi intenso para Lucinha. Gravou com Paulinho Nogueira o álbum Nas Asas do Moinho, que considera uma de suas melhores gravações. “Não foi tão natural porque eu gravava com Rita, Gil, que eram de universos parecidos com o meu. Eu conheci o Paulinho através da filha dele, a Julia Nogueira, que era minha amiga, também cantou no Made In Brazil. Eu frequentava a casa dele, tomava café com ele vestido de pijama. Um dia ele me chamou pra gravar, eu fui meio apavorada, mas acho que gravei 92% bem”, recorda. Cinema Transcendental, de Caetano Veloso, é outro álbum importante de 1979 que traz a voz de Lucinha, que gravou nas faixas “Beleza Pura”, “Oração Ao Tempo” e “Lua de São Jorge” - “eram arranjos primorosos de vocal, maravilhosos”, comenta. Também neste ano, a artista iniciou uma longa parceria com Moraes Mo-

reira, gravando no disco Lá Vem O Brasil Subindo A Ladeira. Ao lado do eterno Novo Baiano, Lucinha se apresentou no carnaval do Recife, em cima do trio elétrico, e também gravou outros álbuns, como República da Música e Bahiano Fala Cantando (ambos de 1988). Sobre o amigo, falecido em abril de 2020, Lucinha comenta: “Moraes tinha uma cultura, um entendimento profundo de suas raízes, de uma coisa brasileira que a gente acessa muito pouco. Sabia muito de cordel, de literatura nacional. Ele tinha aquele jeito hippie, festeiro, e era um ser humano de uma profundidade que as pessoas não suspeitavam”.

O AROMA DO SUCESSO

Além de tantos encontros, 1979 marcou o momento em que Lucinha fez suas primeiras gravações em carreira solo. Naquele ano chegou ao mercado seu primeiro compacto, com as canções “Música No Ar” e “Ói Nois Aqui Trá Veis”. O EP foi a porta de entrada para a artista lançar em 1980 seu primeiro disco, Aroma. “A gravadora veio atrás de mim, eu acho que queriam uma Rita Lee para eles, ela estava dando certo sozinha. Mas eu fiz um trabalho completamente diferente”, revela a artista, que teve a faixa título do LP entre as 100 mais tocadas no rádio no ano de seu lançamento. Contando com as orquestrações de Lincoln Olivetti e produção de Perinho Santana, o repertório do disco inclui canções de Lucinha, parcerias com Rita Lee, composições de Gonzaguinha e a faixa título assinada por Gilberto Gil. “Aroma” fez parte da trilha sonora de “Plumas e Paetês”, novela da Globo, e teve clipe no programa Fantástico, dois indicativos de sucesso comercial na época. Sobre a influência do disco, a cantora comenta: “Eu fiquei pasma porque a Preta Gil me revelou recentemente que começou a cantar por causa de ‘Aroma’, que ficava me imitando no espelho. Foi muito emocionante ouvir isso”. Depois de Aroma, Lucinha resolveu deixar a Odeon por conta de uma promessa de outra gravadora, que acabou não se concretizando. “Eu fui bem feliz, mas acabei ficando meio que na rua, eu não tinha noção do lado business, não tinha um produtor ou empresário que me orientasse, fui inocente. Depois não consegui outro contrato, são coisas do mercado. Eu tenho maior preguiça do showbizz, mas faz parte”, explica. Sobre a diferença entre estar no papel de destaque ou acompanhar os artistas em uma gravação, ela comenta: “as pessoas tem mania de querer ganhar o Oscar o tempo todo. É chato estar na mira, as pessoas querendo saber a cor da sua calcinha, quem você pegou na mão. Tem coisa mais gostosa do que fazer coro em ‘Refavela’?”. Lucinha seguiu a década de 1980 como musicista de estúdio, participando de diversos LPs. Sua voz está em Transe Total (1980, A Cor do Som), Corações Paulistas (1980, Guilherme Arantes), Saúde (1981, Rita Lee), Erasmo Carlos Convida (1982), Tubarões Voadores (1984, Arrigo Barnabé) e em Benjor (1989). Sua composição “Bobagem”, em parceria com Rita Lee, também foi gravada pela cantora Cristina Camargo em 1981 e, em 1992, por Cássia Eller. A artista também participou de A Brazilian Love Affair (1980), álbum do músico estadunidense George Duke. A gravação ocorreu de forma inusitada: “No encarte do disco eu estou com um macacão Lee jeans, eu tinha ido assistir ao show Tropical, da Gal Costa, vestida de caipira e lá recebi o convite para gravar os vocais. Eu fui da plateia direto pro estúdio. Eu sou muito fã do Frank Zappa, o Duke e o Kerry McNabb, que foi técnico desse LP, trabalharam com ele”.

No começo da década de 1990 Lucinha se mudou para a Europa, onde viveu até o ano de 1993 entre a Escócia, onde sua filha Alice nasceu, e a Alemanha. Nesse período, realizou alguns shows no formato voz e violão e também trabalhou em um curso de alemão. De volta ao Brasil, a cantora gravou jingles, fez traduções e participou do disco Todos Os Sambas (1997), de Paulinho Boca de Cantor.

LUCINHA REVISITADA

A partir dos anos 2000, Lucinha fez gravações e shows eventuais. As apresentações ao vivo foram os principais destaques de sua carreira nos últimos anos, com repertório que inclui suas composições, músicas marcantes em que participou da gravação e covers de Beatles e Bob Dylan. Atualmente, a artista tem um projeto no formato de trio, com Tonho Penhasco na guitarra e Luiz Thunderbird no baixo. Sua apresentação no Festival Psicodália, com uma plateia de seis mil pessoas, em 2019, foi uma enorme emoção para a artista. “Foi a última edição antes da pandemia. Foi muito gratificante, eu via o interesse nos olhos das pessoas. O Mamão, baterista do Azymuth, que tocou comigo no Atrás do Porto… assistiu o show chorando, foi muito forte”. Foi neste mesmo ano que foi realizado o documentário sobre a vida e obra da artista, com direção de Zé Mazzei e Luiz Thunderbird. Parte do projeto “MOV.doc apresenta Diretores Convidados”, da Uol, o filme resume magistralmente a carreira de Lucinha em uma duração de pouco mais de 15 minutos, com entrevistas da cantora e de músicos que fizeram parte de sua história. A ideia do documentário surgiu após Zé Mazzei (da banda Forgotten Boys) ter sido convidado para participar do projeto. “O Zé disse que só toparia se eu pudesse participar com ele”, revela Thunderbird. “E eu disse que só participaria se o documentário fosse sobre a Lucinha Turnbull”. Thunderbird e a artista se conheceram pessoalmente no velório do Kid Vinil, uma grande referência do jornalismo musical e do rock dos anos 1980. Desde então, criaram uma forte amizade que foi estendida para a parceria musical. “Eu conheci o trabalho dela através do Tutti-Frutti, depois vi o show do Refavela. A Lucinha é uma pessoa muito carinhosa e preocupada com as pessoas à volta dela, é um Ser Humano com S maiúsculo e H maiúsculo”, revela

o músico e apresentador do Music Thunder Vision. Ainda sobre o documentário, o diretor revela: “Contar essa história em 15 minutos foi uma arte, é difícil fazer essa síntese em tão pouco tempo. A Lucinha é uma aula de backing vocal e guitarra. Ela é excelente nos dois e faz parte do clube dos heróis da música brasileira, digo isso porque ela vai além do rock. Ela está ativa até hoje, continua fazendo shows, compondo. Ela é incansável, ela ama música. Ainda bem que a Lucinha escolheu ser uma musicista, ela inspira muito”. Para a cantora, a experiência do documentário foi emocionante. “O Zé e o Thunder são maravilhosos. Nós gravamos tudo em um dia e eu só fui assistir em 2020, quando já estava pronto. Foi conduzido com muita delicadeza, eu fiquei super à vontade, não queria que aquele dia acabasse nunca. Eles dois são pessoas que vão estar para sempre na minha vida”. Tendo participado do disco de Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo em 2021 e pronta para gravar com Edgard Scandurra e Silvia Tape no projeto EST, Lucinha está preparando repertório para seu segundo disco solo e afirma: “Eu já me diverti muito e pretendo me divertir bastante ainda”.

REFERÊNCIAS DISCOGRÁFICAS

Alguns discos para conhecer a obra de Lucinha Turnbull. Hoje É O Primeiro Dia Do Resto da Sua Vida (1972) - Rita Lee Either/Or (1972) - Everyone Involved Atrás do Porto Tem Uma Cidade (1974) - Rita Lee e Tutti-Frutti Refavela (1977) - Gilberto Gil Cinema Transcendental (1979) - Caetano Veloso Nas Asas do Moinho (1979) - Paulinho Nogueira A Brazilian Love Affair (1980) - George Duke Aroma (1981) - Lucinha Turnbull República da Música (1988) - Moraes Moreira Todos Os Sambas (1997) - Paulinho Boca de Cantor Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (2021) - Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo

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