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introdução

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webgráficas

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introdução

Antes de mais nada, esgueirar-se de relacionar um projeto acadêmico com o seu contexto histórico é uma difícil tarefa. Tendo em vista a pandemia do novo coronavírus, iniciada no final de 2019, e no momento atual mais controlada (em comparação ao seu pico no brasil)1 , a concepção do “novo normal” e a criação de novos cotidianos implicou diretamente na influência da situação no pensamento coletivo e nas ações comuns atuais. No artigo “COVID-19 e ambiente alimentar digital no Brasil: reflexões sobre a influência da pandemia no uso de aplicativos de delivery de comida” , escrita por Laís Vargas Botelho, Letícia de Oliveira Cardoso E Daniela Silva Canella, podemos encontrar na intensificação de uma nova ordem social de distanciamento e das dinâmicas de isolamento o fator que impulsiona a cultura digital e a convivência virtual, que já haviam ganhado destaque com o avanço da acessibilidade tecnológica das últimas três décadas, e que passa a ser usado mais frequentemente para atividades tão básicas quanto escolher onde e o que comer.

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A expansão do acesso à Internet e aos dispositivos móveis inteligentes e a disseminação da cultura digital são fatores apontados como contribuintes para a popularização do uso de aplicativos de delivery de

1 texto escrito em setembro de 2021;

comida no Brasil. [...] O presente momento de distanciamento físico pode estar catalisando a adoção do delivery de comida nas cidades onde esta opção está disponível porque, desde que os serviços de alimentação sigam as orientações higienicossanitárias, usar esta solução tecnológica é mais seguro do que sair para comer. (BOTELHO, CARDOSO, CANELLA, 2020)

Com a entrada quase violenta dessa nova realidade social aliada aos parâmetros digitais, o uso de sistemas de interação virtual, como redes sociais, tiveram um pico enorme, segundo Maria Deslandes e Álisson Arantes no artigo para periódico “Os perigos dos crimes virtuais nas redes sociais”:

[...] pessoas se conhecem e se relacionam pelas redes sociais, em uma velocidade que talvez jamais fosse mensurada há uma década. Neste mesmo contexto e velocidade crescem também os crimes virtuais, principalmente os relacionados às redes sociais. (ARANTES, DESLANDES, p. 175, 2017)

A eficácia então dos crimes virtuais, decorrida do auto isolamento preventivo anuncia uma forma renovada de interação criminosa também aliada à dinâmica tecnológica-social, como discorre Darcianne Diogo em sua matéria para o Correio Braziliense, ainda em 2021:

Aproveitando-se da crise sanitária, criminosos que atuam pela internet intensificaram as ações [...]. Em 2020, houve registro de 17.843 casos, aumento de 87,1% em comparação com 2019. (DIOGO, 2021)

A facilidade encontrada por esse tipo de criminoso reflete também sobre a disponibilidade tão aberta de informações de usuários, já que os crimes ocorrem tendo como base esses dados pessoais vazados. Tanto em decorrência disso, no Brasil surge em 2018 a atualização constitucional com a Lei de Proteção de Dados (LGPD), que prevê (em tópicos específicos e mais resumidos):

- Um cenário jurídico válido por todo espaço nacional e de abrangência extraterritorial; - A necessidade de um consentimento do usuário quanto à exposição de seus dados; - Fiscalização de riscos, falhas, responsabilidade e transparência garantida pela Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD);

Foi pensando no contexto em que nos encontramos diante dessa fragilidade da vida virtual que surgiu a ideia de Sombra. Foi pensando no que seria o medo “atual” e mais derradeiro dos usuários que elaboramos o tema da websérie: Ter sua privacidade atacada. Mais do que um pânico real que já atingia as pessoas (em especial as mulheres, que foram alvo dos crimes virtuais relacionados à uma “evolução” da violência de gênero, tendo que lidar

com ataques virtuais de todo modo, juntamente com o aumento causado pelo problema de pandemia). O terror causado pela pandemia ainda é fator determinante das relações interpessoais atuais, e é sobre isso que a Produtora kiwi novamente2 se debruça durante este semestre, como forma, principalmente, de denúncia.

2 No semestre passado, nosso primeiro projeto “flor de vidro, ” também utilizou-se da realidade da pandemia como tema principal do documentário, e neste, queremos mostrar mais uma faceta deste problema mundial;

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