INTRODUÇÃO

Durante todo o processo de desenvolvimento e amadurecimento do homem como sociedade, a humanidade estabeleceu diversas relações com a natureza e o ambiente ao seu redor. Nesse contexto, a espécie humana, como ser consciente, racional e responsável por suas próprias ações, tem deveres e obrigações na busca por melhores soluções de manejo e conservação da fauna, e preservação da flora, que foi e ainda é fundamental para a nossa sobrevivência, direta ou indiretamente.

"Assim como muitas espécies de animais, o homem também é um ser social e indissociável da natureza, mas sobretudo dotado de razão, o que o diferencia significativamente dos demais. Esta característica única dos seres humanos, ao longo do desenvolvimento das civilizações, das sociedades e das culturas foi, sem sombra de dúvidas, um meio para toda a interferência e transformação da natureza. " (Cidadania, Meio Ambiente e Sustentabilidade, 2016).

Os animais silvestres, selvagens, nunca precisaram do homem para garantir sua sobrevivência, pois possuem uma autonomia natural, genética e estrutural. Porém com o passar dos anos, os impactos da civilização pesaram sobre eles, e um meio eficaz que garanta e dê à eles condições de sobreviver se fez necessário para que esses animais não deixem de existir. Diferente do homem, que desde a pré-história, uma vez inserido no meio natural, sempre dependeu dos frutos e regalias que a mãe natureza o proporcionava.

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O ser humano primitivo e arcaico passa a organizar-se em grupos no período Neolítico (10.000 - 7.000 a.C), a partir daí ele começa a criar e reforçar os laços entre as comunidades de indivíduos da época. Estabelece-se a cultura e a vida em sociedade, estabelece-se também o quê futuramente viria a ser um marco na história da evolução dos seres humanos; a relação entre o homem e o animal selvagem, com o processo de domesticação.

"Sabe-se que a domesticação de animais, incluindo escolha organizada e reprodução seletiva das presas, já se praticava pelo menos há dez mil anos e, em alguns casos, talvez até muito antes. Parece que os primeiros animais a serem assim domesticados foram as cabras, os carneiros e as renas. Mais tarde, com o estabelecimento de comunidades agrícolas fixas, a lista foi aumentada com porcos e bovinos, incluindo o búfalo asiático e o iaque, ou boi tibetano. Sabe-se também que já há quatro mil anos eram criadas várias raças distintas de bovino. Enquanto as cabras, os carneiros e as renas passaram diretamente de presas caçadas a presas arrebanhadas, pensa-se que os porcos e os bovinos estabeleceram as primeiras relações com a nossa espécie na qualidade de assaltantes de colheitas. Mal apareciam colheitas maduras, esses animais invadiam o novo abastecimento alimentar, acabando por serem dominados pelos primitivos agricultores, que os domesticavam. " (Morris, 1996).

Antigamente, os grupos que viviam em sociedade possuiam uma visão totalmente cosmocêntrica de mundo, cultura e valores, e foi mediante à essas concepções que desenvolveu-se a conduta dos homens para com os animais.

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Nessa visão cosmocêntrica, o homem pensava ser parte de um todo que compartilhava o universo com os demais seres que nele habitavam. Sendo assim, nessa relação homem-animal não existia uma sobreposição aos demais. Os povos egípcios cultuavam e divinizavam gatos e serpentes. As sociedades tribais homenageavam os animais em rituais e cultos, na perspectiva de agradecimento e respeito. Contudo, as sociedades da época ainda eram arraigadas de preceitos éticos e de condutas morais falhas que norteavam as ações humanas.

Avançando bastante na história, já no século XVI (1501 - 1600), os valores éticos e morais acerca da natureza sofrem uma grande mudança. Com a revolução científica, que explorava a lógica e a razão, é que a relação homem-animal enfraquece, e a natureza torna-se apenas uma ferramenta para a humanidade. Perdurando pelos séculos seguintes, essa nova concepção de mundo é criada e passa a ditar todas as condutas do homem para com o meio natural.

"O domínio absoluto da natureza pelo homem chega ao seu ápice com a Revolução Industrial. Nesse período, a natureza é tomada como um objeto que pode ser explorado ao máximo em prol do progresso tecnocientífico, econômico e capitalista da sociedade humana. " (Cidadania, Meio Ambiente e Sustentabilidade, 2016).

O crescimento populacional mundial, a globalização e o avanço tecnológico afetaram significantemente os recursos naturais do planeta Terra.

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"A implementação ou a adoção de um determinado modelo de desenvolvimento defronta-se com a necessidade de utilização dos recursos naturais disponíveis, essenciais para a satisfação das necessidades humanas e as diversificadas demandas emanadas do conjunto da sociedade. A preocupação com a sustentabilidade se evidencia especialmente quando as pessoas percebem que, sendo os recursos ambientais, utilizados de forma indiscriminada e sem um rigoroso planejamento, comprometem-se as condições de vida, o necessário equilíbrio da organização da sociedade e suas instituições e a sobrevivência segura das futuras gerações. " (ZAMBAM, 2007).

E foi a partir do século XX (1901 - 2000), que passou a haver um movimento de conscientização da sociedade, devido à preocupação com o meio ambiente. Nesse cenário são criadas organizações e instituições por todo o mundo, de cunho ecológico, político, filosófico e social, legitimados em conferências mundiais.