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APÊNDICE: Projeto Experimental

APÊNDICE

A SAÚDE DA MULHER E O DESCASO DA MÍDIA: A Saúde da Mulher na Rede Pública e na Rede Privada.

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Área: Televisão

Formato: Documentário

Sinopse:

O documentário ''A Saúde da Mulher e o Descaso da Mídia na Rede Pública e na Rede Privada'' tem como intuito mostrar as vertentes que o tema desperta. O ponto de partida desta produção é: a saúde é um direito da população feminina e o acesso à informação é o único meio para alcançá-lo.

Descrição do projeto:

O projeto é feito em forma de documentário com entrevistas com especialistas na área da saúde e jornalistas. Também entram como convidados mulheres que sofrem dificuldades com a utilização da rede pública e privada.

Linguagem:

Linguagem Documental Televisivo.

O projeto será em formato de documentário, com reportagens aprofundadas e narradas com objetivo de chegar a uma linguagem simples e informativa junto ao público feminino.

Produção e Edição:

Responsáveis pela elaboração e montagem do projeto - Caroline Mirela e Kimberly Ferraz.

Planejamento Visual:

Responsável pelo planejamento de identidade do documentário. - Kimberly

Ferraz.

Responsável pela adaptação de textos e imagens para auxiliar no planejamento visual. - Caroline Mirela

Revisor:

Responsável pela revisão do conteúdo antes da publicação. - Caroline Mirela e Kimberly Ferraz.

Linha editorial

O projeto tem como objetivo em sua linha editorial apresentar tópicos relacionados à saúde da mulher e a comunicação televisiva. Essa linha editorial tem o objetivo de informar sobre a saúde feminina no SUS e nas redes privadas, através de um documentário.

A proposta é noticiar ao público feminino o direito à saúde, dando livre acesso ao documentário via internet: plataformas digitais.

Duração: 27 minutos 13 segundos

Visual/ Identidade sonora/ Outros itens:

Clean e detalhado/ melodrama, canção de animação.

Formato/Modalidade: Documentário

O projeto foi escolhido de acordo com um formato de fácil entendimento para o público alvo, sendo utilizadas imagens, entrevistas, dados e relatos.

Função individual

A equipe está composta por duas pessoas que desenvolvem grande parte das funções em conjunto, dividindo tarefas, inspecionando e organizando projetos. As funções foram determinadas conforme habilidades e preferências de ambas, com intuito de desenvolver um documentário que dê visibilidade a um tema tão importante que é a saúde feminina. As duas partes ficarão responsáveis pela produção, edição e revisão; separando apenas a diagramação e o planejamento visual. Este projeto será documentado por duas mulheres que querem mostrar e evidenciar o descaso criado há tantos anos pela mídia e o Estado.

Pauta:

A SAÚDE DA MULHER E O DESCASO DA MÍDIA:

A Saúde da Mulher na Rede Pública e na Rede Privada.

O tema conta a falta de informação sobre a saúde da mulher no meio jornalístico televisivo e mostra como isso pode afetar a falta de autonomia da mulher sobre o seu próprio corpo. O enfoque principal é apresentar onde essas falhas se encontram e de quais maneiras elas podem ser corrigidas. Contudo esse projeto tem como objetivo só dar visibilidade a esse tema tão negligenciado pela mídia, mas também levar de forma clara e coesa, onde e como as mulheres podem se informar sobre seu corpo. Com o público alvo sendo o gênero feminino, os principais possíveis entrevistados são mulheres que no seu dia a dia encontram diversos obstáculos durante suas consultas médicas ou até mesmo para chegar a ter uma consulta, seja na rede privada ou na rede pública; jornalistas especializados em política e saúde pública e profissionais da saúde que trabalham tanto no setor público como no setor privado.

Pauta:

A SAÚDE DA MULHER: E O DESCASO DA MÍDIA

Caroline Mirela e Kimberly Ferraz - 25/08/2021 02:22

Tema:

A falta de visibilidade para a saúde feminina nos meios de comunicação.

O tema irá abordar de maneira ampla e objetiva como a saúde da mulher sofre com a precarização de informação nos veículos de comunicação e como isso de modo indireto afeta a vida de milhares de mulheres que não têm acesso a um sistema de saúde de qualidade ou acesso a informações básicas sobre seu corpo.

Enfoque:

Contar como a falta de informação inexplorada pela mídia pode afetar a vida de muitas mulheres.

Sinopse:

A limitação midiática em aspectos informativos não só existe como também ocorre o tempo inteiro, com tudo um assunto pouco abordado mas como total e clara importância é a saúde feminina. Dado a escassez de informações sobre o corpo da mulher e das inúmeras doenças que podem ser desenvolvida pela mesma é notável que a contribuição dos veículos de comunicação são mínimas senão inexistentes, pois, contando que é através da informação que a curiosidade é causada os principais meio informativos deveriam causar essa intrigante curiosidade no espectador para que ele possa ir atrás e ter mais acesso e conhecimento sobre seu próprio corpo e saúde.

Possíveis Entrevistados:

Mulheres que são atendidas tanto pela rede pública quanto pela rede privada, jornalistas especializadas na área da saúde (não é um critério) e ginecologistas.

Perguntas:

● Se fosse para você citar hoje sua maior dificuldade para poder realizar um exame ou consulta, qual seria? (Mulheres da rede privada e da rede pública, será elaborado um jogo de entrevistas comparativas)

● Você tem conhecimento da importância do check up ginecológico? (Mulheres da rede privada e da rede pública, será elaborado um jogo de entrevistas comparativas)

● Quantos anos você tinha quando foi ao ginecologista pela primeira vez e o que te motivou a ir? (Mulheres da rede privada e da rede pública, será elaborado um jogo de entrevistas comparativas)

● Onde se encontra a principal deficiência nos veículos de comunicação para que não haja tantas notícias ou reportagens sobre a saúde feminina quando estamos fora de mês de campanhas como outubro rosa? (Jornalistas mulheres)

● Você acha que existe muito do patriarcado e do machismo quando se trata de notícias informativas sobre as mulheres? (Jornalistas mulheres)

● Como médica ginecológica, onde você acha que está a maior falha na falta de acesso à informação à saúde da mulher? (Ginecologista)

● Você acha que os veículos de comunicação e todo o meio midiático tem um dever a cumprir quando se trata da saúde da mulher? Você acredita que com as informações certas sendo passadas na hora certa melhoraria a atual situação sobre a saúde ginecológica? (Ginecologista)

Fontes:

https://acervodigital.ufpr.br/ (Des) informação sobre saúde da mulher: investigar a imprensa é preciso

Cicera Nathalie Ferreira de Sousa, 23 anos - Auxiliar Administrativa, usuária da Rede Privada e Pública

Maria Isabela Moreira de Oliveira, 21 anos - Bailarina, usuária do SUS

Josefa Gilvania Ferreira, 47 anos - Dona de casa, usuária da Rede Privada e Pública

Gabrielly Oliveira, 20 anos - Estudante de Psicologia

Katharyn Tamara Passos Callado, 29 anos - Desempregada

Profissionais:

Claudia Ferraz - Médica Mariella Oliveira - Jornalista

ROTEIRO

Produção: Documentário Título: Eu Não Sou Apenas Um Mês: A Saúde da Mulher e o Descaso da Mídia Tempo estimado: 30 minutos Status: Edição Revisado por: Caroline Mirela/ Kimberly Ferraz Apresentação: Dezembro/2021

VÍDEO CENA ÁUDIO

Vídeo de aberturaRelógio

GC 1: RELÓGIO BARULHO DE RELÓGIO

GC 2: TÍTULO DOCUMENTÁRIO

VIDEO ILUSTRATIVO:

TV CHIANDO

VÍDEO ILUSTRATIVO

MULHER NO ALTO FALANTE

CLIPE COM TRILHA

EU NÃO SOU APENAS UM MÊS: A SAÚDE DA MULHER E O DESCASO DA MÍDIA BARULHO DE

RELÓGIO INICIAL 00:09 FINAL: 00:24 INICIAL: 00:26 FINAL: 00:36

SEM TRILHA SONORA

BARULHO CHIANDO

MUDO

INICIAL: 00 SEGUNDOS FINAL: 00:07 SEGUNDOS

GC 3: GAIVOTA

VÍDEO ILUSTRATIVO:

MUSEU

VIDEO ILUSTRATIVO:

MULHERES COM CARTAZES MANIFESTANDO

VÍDEO ILUSTRATIVO:

METRÔ

GC 4:

APRESENTAÇÃO DAS ENTREVISTADAS FALANDO A PRIMEIRA VEZ INDO AO GINECOLOGISTA

VÍDEO ILUSTRATIVO:

MARCAS OUTUBRO ROSA

GC 5: CÍCERA NATHALIE

NARRAÇÃO

SOBE TRILHA 1

PASSAGEM

SOBE TRILHA

PASSAGEM SOBE TRILHA

SOBE TRILHA

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PASSAGEM

SONORA 2: VOZ DE DEUS INICIAL: 00 SEGUNDOS FINAL: 01:20 SEGUNDOS

INICIAL: 00:00 SEGUNDOS FINAL: 00:06 SEGUNDOS

INICIAL: 00:00 SEGUNDOS FINAL: 00:09 SEGUNDOS

INICIAL: 00:00 SEGUNDOS FINAL: 00:09 SEGUNDOS

INICIAL: 0 SEGUNDOS

FINAL: 00:30 SEGUNDOS

SONORA: CÍCERA NATHALIE

INICIAL: 00:01 SEGUNDOS FINAL: 00:49

GC 6: MARIELLA

“Se tivesse mais visibilidade, mais coisas na mídia, na televisão, na rádio, não só em outubro, mas o ano inteiro para as mulheres procurarem o clínico, procurarem a ginecologista em si pra cuidar da saúde, teria muito mais visibilidade e diminuiria muito os casos de câncer de mama quando é descoberto pra lá de avançado. Acredito que muitas das empresas que fazem campanha do outubro rosa elas querem se sobressair com a campanha, então não tem tanta visibilidade fora do outubro , de outubro no caso, então quando chega o mês de outubro você vê aquela maré de publicidade, de empresas, você vê até empresas de roupas, né no caso e passou outubro já não tem mais nada, então eles querem se sobressair como se fosse uma marca.”

INÍCIO: 0:01 FINAL: 1:08

“Bom, é preciso entender os critérios de noticiabilidade da imprensa, porque nem tudo o que a gente considera que é

OLIVEIRA VÍDEO 4106

IMAGEM DAS REVISTAS

VÍDEO ILUSTRATIVO:

IMAGEM OUTUBRO ROSA

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importante vai ser importante para um veiculo de comunicação. Todos os veículos eles têm sua linha editorial própria, eles têm os seus valores, eles têm os valores de seus anunciantes. Eu fiz meu mestrado em 2008 na Unicamp e na minha dissertação uma coisa que observei, analisei há três revistas generalistas Veja, Época e IstoÉ; e como a saúde da mulher aparecia nessas revistas. E eu observei que nessas revistas havia pouco espaço para saúde da mulher e quando aparecia, a maior parte do senso de saúde da mulher o foco era em saúde reprodutiva, seguido do foco de beleza e estética, em detrimento de outros temas que são importantes para saúde da mulher, se a gente for pegar os indicadores epidemiológicos nacionais, do que as mulheres mais morrem, doença cardiovascular, câncer. Esses temas não eram tão tratados nessas revistas de generalidades.” INICIAL: 0 SEGUNDOS

GC 7: EU SOU UM MÊS?

GC 8: JOSEFA GILVANIA

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GC 8: JOSEFA GILVANIA

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FINAL: 00:06 SEGUNDOS SONORA: JOSEFA GILVANIA INICIAL: 00 SEGUNDOS FINAL: 00:43 SEGUNDOS ‘’Meu nome é Josefa Gilvania Ferreira, eu tenho 46 anos; profissão, eu sou dona de casa, do lar né. A primeira vez ao ginecologista eu já tinha uns 19 anos, foi quando eu fui mãe pepela primeira vez. Minha experiência no SUS no começo, num foi.. era ótimo, eu não tenho nem o que dizer, entendeu? Era boa, eu fiz pré-natal, eu fiz acompanhamento, eu tive a minha filha no SUS, eu não tenho do que reclamar, só que dai ao passar do tempo a coisa piorou. Tem casos na minha familia de uma pessoa com cancer e eu tenho certeza que se ela tivesse ido pra rede pública ela não tinha sobrevivido. Eu acho que mídia tem um descaso com a saúde da mulher.‘’ SONORA: CICERA NATHALIE

GC 9: CÍCERA NATHALIE

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GC 9: CÍCERA NATHALIE

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INICIAL: 00:49 SEGUNDOS FINAL: 01:00 MINUTO E 00:45 SEGUNDOS Oi, meu nome é Cicera Nathalie, eu tenho 23 anos, sou auxiliar administrativa, e usuária da rede pública e agora atualmente da privada do setor de saúde. A primeira vez que eu fui no ginecologista foi quando eu tinha 14 anos pra começar a fazer o uso do anticoncepcional e outros métodos preventivos contra grávidez, DST’s e afins. Então, a primeira vez que eu fui foi como se fosse um exame de rotina né, uma consulta de rotina pra saber sobre métodos contraceptivos, pra fazer exames, pra entender sobre a saúde feminina. A primeira vez que eu passei foi no SUS, depois eu realizei procedimentos na rede privada porque a demora do SUS estava grande pra saber qual anticoncepcional eu deveria usar, fui pro setor privado, peguei a receita do remédio que eu deveria usar e depois tornei a voltar pro SUS, no caso eu paguei consultas

GC 10: MARIA ISABELA

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GC 10: MARIA ISABELA

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particulares, ainda não tinha convênio nessa época.

SONORA: MARIA ISABELA INICIAL: 00 SEGUNDOS FINAL: 05 MINUTOS E 56 SEGUNDOS

‘’Oi, meu nome é Maria Isabela, eu tenho 21 anos e eu vim contar um pouco da minha experiência no SUS na questão ginecológica. E Aí ele me falou ‘’Você prefere injeção?‘’e eu falei que preferia e aí ele me passou uma injeção e eu achei estranho porque eu achei que faria alguns exames antes, aí não fiz nada, tomei a injeção e comecei a menstruar de 15 em 15 dias, no mês eu ficava 10 dias menstruada, minha menstruação vinha muito e eu falei, meu, isso aqui não tá me fazendo bem, vou ver se consigo uma consulta novamente; a eu mais três meses na fila… Passei com ele, expliquei, ele falou: Quer trocar pra

GC 10: MARIA ISABELA

INICIAL: 00:00 SEGUNDOS FINAL: 00:05 SEGUNDOS IMAGEM ILUSTRATIVA SUS

FONTE: portalgn1.com

GC 10: MARIA ISABELA INICIAL: 00:00 SEGUNDOS

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pílula?, e eu falei, ‘’Mas a gente não tem que fazer nenhum exame pra tentar entender?’’ e ele falou, ‘’Não, às vezes seu corpo não se adaptou, vamos… vamos trocar para a pílula’’.Troquei para a pílula e também não me adaptei, vomitava muito, fiquei muito inchada, e… sentia muitas dores e eu sempre tive cólica mas era uma cólica muito maior do que eu tinha, aí eu olhei e falei assim: ‘’Ó mãe, eu passei no médico pra tomar anticoncepcional e não tô me adaptando ‘’ - ai ela falou - ‘’Mas você fez algum exame?’’ e eu falei que não, não realizei nenhum exame, então falou ‘’vamos cortar e entender porque você não pode ta usando, porque era o que ele deveria ter feito.’’. Depois disso a gente simplesmente desistiu, eu comecei a namorar e tinha relações com camisinha e eu optei não passar novamente, é que às vezes a gente acha… acha que não é

FINAL: 00:05 SEGUNDOS IMAGEM ILUSTRATIVA SUS

FONTE: perfeitos online.com

GC 10: MARIA ISABELA IMAGEM BARRIGA

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importante, né?. Eu sempre realizei muita atividade física e aí de repente quando eu parei minha barriga incha de uma forma anormal, cresce muitas estrias em mim, eu fiquei com muito medo e falei, vou para o hospital, aí eles me encaminharam para a parte ginecológica, falaram que eu tinha que falar com o ginecologista porque é, nos exames não deu nada que eu tinha que passar com ele. Quando eu passei com ele, ele me passou uma ultravaginal, ai a gente descobriu que eu tinha um acúmulo de hormônio porque eu não produzo o hormônio que quebra gordura, e antes eu fazia atividade física e eu conseguia fazer esse sistema funcionar, com eu nunca fiz exame eu não sabia disso, eu fazia muita atividade física eu não que também eu não podia tomar anticoncepcional por causa disso, porque eu

MARIA ISABELA não quebrava gordura, tudo virava energia ou tudo virava gordura e eu ficava com sono o dia inteiro, tinha época que eu achava até que era um sintoma da depressão, era muito confuso é… você não ter informação, e aí ele me passou pra mim repor hormônio só e falou que ia dar certo, eu repuz esse hormônio sozinha, refiz o exame no particular de ultra, porque foi uma experiencia muito ruim fazer ultravaginal no sus porque era muitas pessoas, uma atrás da outra… é, tinha gente na sala e um incomodo… pra mim é um incomodo, é uma vergonha assim, alheia, porque a gente faz teste de urina carrega aquele potinho fechado, enrolado no plástico, mas você tem que vir com um copinho, enrolado em nada, passar na frente de todo mundo, aí você chega na sala de medicação eles falam o resultado na frente de todo mundo, tinha uma vez que tinha um

GC 10: MARIA ISABELA

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GC 10: MARIA ISABELA

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conhecido lá e eu olhei pra cara dele ‘’ai que vergonha’’ e ele tipo ‘’Ah deu negativo’’ e eu tipo, gente, é uma coisa tão íntima, que é exposta pra todo mundo que tá ali no hospital, e ele falou ‘’Ó não é gravidez, tá tudo bem’’ ai eu falei ‘’Tá, não tá tudo bem, ta 45 dias atrasados, se não é grávidez é alguma coisa’’, aí ele falou ‘’Não, mas cê não queria saber se não ta grávida?’’ É tipo, como se o único problema fosse eu engravidar, só que se eu não tô grávida eu tô com alguma outra coisa né, aí ele ‘’Tá bom’’ aí ele encaminhou o exame que foi todo aquele problema que eu tive lá no ultravaginal, que eu fiquei com vergonha, ai eu levei o exame e descobri, repor o hormônio, o hormônio foi embora, depois eu descobri que eu tenho que fazer essa reposição de tempo em tempo, mesmo fazendo atividade física para

não encher dnv a barriga, ou voltar esse cisto, e assim, foi muito vergonhoso pra mim todas essas experiências que eu tive na questão ginecológica, tanto que eu passei 5 vezes no máximo e as 5 vezes eu falei, gente, eu tenho 21 anos e nunca fiz um papanicolau, eu fiz um ultravaginal mas eu nunca fiz um papanicolau, pra mim era uma coisa assim, eu to passando no ginecologista, eu vou ter que fazer, minha mãe me ensinou desse jeito, ela fazia desse jeito. Só que é tanta mulher, a gente fica na fila horas até chegar a nossa vez que ele não tem tempo de atender a gente direito, de entender nosso caso, de dá atenção pra gente e também não é culpa do médico, e tanta gente que passa lá que a preocupação deve ser grávidez que ele não tava me entendendo, que eu queria saber o que tinha acontecido comigo. Hoje eu

GC 11: DRA. CLAUDIA FERRAZ

VÍDEO ILUSTRATIVO: MULHER REFLEXIVA

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engordei 30 quilos porque eu descobri muito tarde que eu não quebrava esse hormônio, então a maioria tava virando gordura, eu engordei em 2 meses 30 quilos, graças a Deus hoje eu já sei o que é e me cuido direitinho, tenho algumas sequelas, porque a gente engorda, a gente é mulher, a gente cuida da beleza e assim vai.’’ SONORA: DRA. CLAUDIA FERRAZ

INICIAL: 00:01 SEGUNDOS FINAL: 00:44 SEGUNDOS

“Se a saúde da mulher não fosse tratada como um tabu, com certeza hoje a gente não teria incidência tão alta de tantas doenças ginecológicas, como a sífilis que poderia ser diagnosticada no inicio da doença e tratada facilmente. Como também o câncer de colo de útero eu poderia ser prevenido com Papanicolau, muitas mulheres acabam não fazendo

GC 12: TAMARA PASSOS E GABRIELLY OLIVEIRA VÍDEO 194

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ate por divulgação ou ate por uma dificuldade de acesso, vai ao posto de saúde que deveria ser a porta de entrada do sus, ela não tem esse acesso fácil, então acaba perdendo esse diagnostico e tendo que tratar depois um câncer já disseminado em mulheres jovens.” INICIAL:00:01 SEGUNDOS

FINAL: 01:00 MINUTOS 00:22 SEGUNDOS

Tamara: Então Gabi, a minha maior dificuldade para eu conseguir marcar uma consulta com o ginecologista é pela demora, quando tem demora, quando não tem a demora você tem que tem que tentar u ma vaga de encaixe isso torna o processo tão mais dificultoso assim, por não conseguir, aí hoje não tem vaga, não tem o

GC 12: TAMARA PASSOS E GABRIELLY OLIVEIRA VÍDEO 194

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ginecologista, as vezes demora um prazo de seis meses. Aí eu prefiro as vezes deixar pra lá, eu acabo deixando de lado a situação de não passar no ginecologista, infelizmente por essa demora.

Gabrielly: Também tem o caso de que as vezes não tem ginecologista mulher, você não se sente à vontade com um homem, é muito difícil. Na UBS que eu passo demora messes para poder marcar e quando marca só tem um homem lá e a última vez que eu fui atendida o atendimento não foi bom, não rendeu.

Tamara: Já no meu caso, eu prefiro ser atendida por homem do que por mulher pelos simples foto que eu acho o homem mais cuidadoso, ele tem uma

VÍDEO ILUSTRATIVO: VÍDEO DAS ÁRVORES

PASSAGEM / SOBE TRILHA NOVA

GC 13: DR. CLAUDIA FERRAZ VÍDEO 068

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cautela maior por medo de se a paciente se sinta, sei lá, invadida de alguma forma. Então eu acho um pouco mais cauteloso com o homem. INICIAL: 00:00 SEGUNDOS FINAL:00:05 SEGUNDOS

INICIAL: 00:00 SEGUNDOS

FINAL: 00:43 SEGUNDOS

“Um outro ponto importante é que mídia social, ela deve acompanhar a evolução médica. Um grande exemplo disso é a PrEP, que a gente chama que é as drogas antirretrovirais para prevenir o HIV, desenvolvidas a pouco tempo e hoje muito utilizada em alguns grupos sociais, como garotos e garotas de programa e isso deve ser divulgado, não para ser utilizado de forma banal, tem os seus critérios de utilização, mas deve ser informado, principalmente na mídia social.”

VÍDEO ILUSTRATIVO:

EXAME

GC 14: RESULTADO DE PESQUISAS E VOZ DE DEUS

GC 15: MARIELLA OLIVEIRA VIDEO 07

GC 15: MARIELLA OLIVEIRA VIDEO 07

SOBE TRILHA

MUDA PARA TRILHA 2 VOZ DE DEUS VOLUME MÉDIO

INICIAL: 00:01 SEGUNDOS FINAL: 00:12 SEGUNDOS

INICIAL:

FINAL:

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INICIAL: 1 MINUTOS 10 SEGUNDOS

FINAL: 2 MINUTOS 25 SEGUNDOS

“E a imprensa é muito importante porque ela faz circular ideias que vão influenciar de alguma maneira nas conversas, no cotidiano das pessoas, a imprensa é um dos espaços onde se produtos sentidos sobre saúde e se constrói versões sobre o que é a boa saúde. Atualmente, a gente tem com advento das redes sociais, a gente não tem mais o monopólio da imprensa, existe uma série de profissionais da saúde, médicos, ginecologistas, profissionais das diversas áreas da saúde que estão conversando diretamente com as suas pacientes, com as usuárias do sistema de saúde online e tentando trazer outras visões que trazem uma ideia de saúde integral das mulheres, entendo que é muito interessante o papel dessas

GC 16: Dr. CLÁUDIA FERRAZ Vídeo: 1:29

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pessoas que funcionam quase como que influenciadores de saúde, exatamente porque a partir do discurso deles a gente consegue ter uma circulação de ideias diferentes e não só as ideias pautadas pela indústria farmacêutica, pela indústria medica, indústria de nutrição.” INICIAL: 0:45 SEGUNDOS

FINAL: 1 MINUTOS 25 SEGUNDOS

“Outra doença também que a mulher é tratada como banalidade é a cólica menstrual que de grande intensidade e eu pode ser realmente uma doença, como a endometriose, muitas mulheres só descobrem quando deseja gestar já em maior idade e aquela dor intensa e ela não procurou o ginecologista porque para ela era natural sentir a cólica menstrual. Então varias doenças poderia usar como exemplo, se a saúde da mulher não fosse vista como algo que não pode ser conversado naturalmente, poderia se prevenido, ser tratado de forma muito mais fácil e

GC 17: MARIELLA OLIVEIRA VIDEO: 09 - 10

IMAGENS ILUSTRATIVAS:

REMÉDIOS

Fontes:

BBC.com.br drogariaminasbrasil.com.b r fazfarmarnet.com.br

ILUSTRAÇÃO DE:

Fonte: tuasaude.com.br ADENOMIOSE E ENDOMETRIOSE traria maior qualidade de vida mulher.”

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INICIAL: 0:00 SEGUNDOS FINAL: 01:00 MINUTOS 00:24 SEGUNDOS “quando você diz que as grandes mídias investem pouco sobre o tema da saúde da mulher a gente precisa sempre lembrar de estudar mídia e olhar pra mídia nas perspectivas dos seus anunciantes também. A indústria farmacêutica é um grande anunciante, ela lucra muito viciando as mulheres em anticoncepcionais hormonais, viciando as mulheres em promessas que não são garantia de felicidade, você já imaginou se toda a mulher souber seu ciclo, conhecer seu ciclo, respeitar o seu ciclo, respeitar o ritmo do seu corpo e ela não precisar tomar mais remédio para cólica, porque ela não vai ter cólica, ela vai entender o ciclo dela, vai entender que cólica não é normal, imagina se ela não precisar tomar mais

GC 17: MARIELLA OLIVEIRA VIDEO: 09 - 10

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nenhum remédio para bloquear a menstruação, nenhum remédio para dor de cabeça, para enxaqueca que são frutos de um sistema reprodutor desregulado, já imaginou. Então tem muitos interesses por trás dessa medicalização da saúde da mulher e eu entendo que cada vez mais é necessário eu faça pesquisa para gente compreender o que está sendo dito sobre a saúde da mulher, mas em especial também o que não está sendo dito, como eu disse anteriormente porque é que a imprensa fala tão pouco ou não fala de métodos naturais para mulher reconhecer o seu ciclo.” INICIAL: 01:00 MINUTOS 00:08 SEGUNDOS FINAL: 01 MINUTOS 00:44 SEGUNDOS

E o anticoncepcional ele falseia a saúde da mulher, ele mascara possíveis problemas, vejam não é normal que uma mulher sinta dor no período menstrual o que a indústria e o que muitos ginecologista faz é dizer o seguinte, ah toma um remedinho que passa, cólica é normal. Cólica não é normal, e cólica

GC 18: GABRIELLY E TAMARA VÍDEO: 096

GC 18: GABRIELLY E TAMARA VÍDEO: 096

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pode ser um indicio de problemas graves por exemplo, adenomiose, endometriose que se não tratados no início, se não controlados eles podem inclusive dificultar uma gestação no futuro dessa mulher quiser.” INÍCIO: 0:05 SEGUNDOS

FINAL: 4 MINUTOS 57 SEGUNDOS

“Gabrielly: Então, eu fui no ginecologista quando eu tinha 18 anos, eu sempre quis desde que eu tive minha primeira relação sexual, com 16. Mas ai eu ficava com aquela coisa de, ah se eu for eu vou ter que ir com alguém, agora você pode ir com a partir de 16 anos você pode ir sozinha, mas eu não sabia disso. Então eu ficava tendo de levar alguém e eu não tenho coragem, eu tenho medo sabe de a pessoa ver a minha parte intima, eu ficava com muito medo disso. Eu fui, estava com

infecção urinária, fui para poder tratar, foi meu primeiro check up que fiz, foi meu primeiro Papanicolau, fiz um ultrassom, mas fiz esses exames, mas minhas dúvidas não foram sanadas. Fui atendida por um médico que não consegui desenvolver e depois eu acabei voltando no médico para poder ver os exames com outra médica eu nem era ginecologista para poder mostrar os exames, ver se tava tudo certo no final, mas eu me senti mais à vontade com ela do que com medico, talvez pelo fato de ser homem e pela atenção que ela me deu, além de eu era uma pessoa bem mais jovem, tinha vinte e poucos anos, então conversava muito de boa, falava sobre vários tipos de relações e isso foi muito esclarecedor pra mim.

GC 18: GABRIELLY E TAMARA VÍDEO: 096

GC 18: GABRIELLY E

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Tamara: A minha primeira vez foi com 14 anos que eu fui para o ginecologista, para fazer acompanhamento, a minha menstruação veio com 12 anos, eu comecei a ficar um pouquinho com curiosidade. Por esse motivo a minha mãe me acompanhou no ginecologista com 14 anos, para saber se estava tudo bem, para saber como estavam as minhas coisas, se estava tudo certinho. Mas eu sempre tive esse tabu, igual você falou que foi ao ginecologista pelo simples fato que estava com uma infecção urinária, eu tive uma infecção urinária no começo desse ano, eu nunca tive uma infecção urinária, quando tive minha primeira infecção urinária, foi agora com 29 anos, e esse ano, e eu fiquei de uma forma que eu falei assim, isso não

TAMARA VÍDEO: 096 TRILHA pode estar acontecendo comigo porque eu não sou uma mulher suja. Pra mim, a informação de que ter uma infecção urinária é simplesmente pelo fato da mulher não se cuidar. Ai minha primeira vez que fui foi com um homem e ao contrario da sua experiência, a minha foi muito boa, porque eu achei mais tranquila a forma com que ele me tratou, fiquei um pouco assustada porque eu tinha 14 anos e eu não tinha muita malícia em algumas coisas, fiquei assustada, mas a minha mãe ela estava ali do meu ladinho me acompanhando, graças a Deus deu tudo certo.

Gabrielly: Sobre essas doenças, igual a candidíase é muito comum, eu nunca tive, mas eu tenho muitas amigas que tiveram, quem tem. Que é um fungo comum da vagina por

GC 18: GABRIELLY E TAMARA VÍDEO: 096

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causa da flora, de muitos aspectos e tem muita gente que tem, é uma coisa comum e tido com algo sujo, de impureza, de nojo, e tem vários tipos de tratamento. Se fosse mais divulgado, se fosse conversado na televisão, na internet, não importa o meio, seria mais fácil a pessoa buscar o tratamento.

Tamara: É o que eu falei, volto a dizer, infelizmente a saúde da mulher ela não é tão explicita para poder ter um meio de comunicação que possa informar sobre esse assunto, não tem um assunto que fala sim, olha aqui a gente pode ter essa informação sobre a candidíase, sobre a infecção urinaria, que é uma coisa muito comum, é uma coisa super normal. Eu fiquei indignada porque eu fiquei morrendo de

GC 18: GABRIELLY E TAMARA VÍDEO: 096

GC 19: DRA. CLAUDIA

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medo, meu Deus eu tenho uma infecção urinária, como que cuida, até para eu chegar no pronto socorro para passar no médico e ele me dar um remédio, eu fiquei totalmente constrangida porque eu estava sentindo uma ardência na parte intima, eu falei meu Deus, eu não fiz nada, eu não apronto, porque que isso acontece comigo. Porque eu só fui duas vezes no ginecologista e essas duas vezes que fui eu não tive essa informação que isso poderia acontecer.

Gabrielly: Você se puniu pelo fato que estava acontecendo uma coisa que é natural. E poderia ser algo divulgado na sua escola, qualquer meio. Poderia ver a televisão e ter alguém conversando sobre esse assunto porque é uma coisa que acontece todos os dias com a mulher e no mundo inteiro, não é só no Brasil.” INÍCIO: 00:01 SEGUNDOS

FERRAZ

VIDEO: 0:41

GC 19: DRA. CLAUDIA FERRAZ

VIDEO: 0:41

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FINAL: 00:38 SEGUNDOS “A falta de informação hoje, é pela falta de divulgação. A mídia social hoje poderia ser usada como um grande recurso para atingir as mulheres, já que a mídia social está impregnada na nossa realidade, no nosso cotidiano. Só que essa mídia ela não é aproveitada, a gente tem como exemplo como dentro do metro, como alguns locais que você vê algumas informações sendo divulgadas, é um meio que grande parte da população utiliza e poderia ser divulgado mais informações sobre a saúde da mulher. No entanto esses recursos não são aproveitados.”

INÍCIO: 3 MINUTOS 38 SEGUNDOS

GC 20: MARIELLA OLIVEIRA VÍDEO 10

GC 20: MARIELLA OLIVEIRA VÍDEO 10

BAIXA TRILHA

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FINAL: 5 MINUTOS 21 SEGUNDOS

“E pra finalizar acho que é importante que as informações em saúde quando elas são divulgadas de uma maneira adequada pela mídia elas podem contribuir para conscientizar a população, sabe, elas podem promover hábitos de vida saudáveis, podem prevenir doenças, podem informar sobre tratamentos corretos, mas se feito de uma forma equivocada a imprensa pode alarmar a população sem necessidade, pode fazer com que as pessoas busquem caminhos como se fosse caminhos milagrosos. Enfim, busquem ilusões ao invés de buscar a verdade, ao invés de buscar o conhecimento sobre o seu corpo. É muito importante que a gente invista em pesquisas que analisam a saúde da mulher na imprensa e digo mais, não só a saúde da mulher na imprensa, mas saúde da mulher que tem sido veiculada nas redes sociais, acredito que com esse advento dos médicos

CRÉDITOS PROFISSIONAIS: Claudia Ferraz - Médica

Mariella Oliveira Jornalista

ENTREVISTADAS: Cicera Nathalie Ferreira de Sousa - 23 anos

Gabrielly Oliveira - 20 anos

Josefa Gilvania Ferreira - 47 anos

Maria Isabela Moreira de Oliveira - 21 anos

Katharyn Tamara Passos Callado - 29 anos

EDIÇÃO: GABRIEL QUERINO ROTEIRO:

SONORA

influenciadores tem muita coisa boa sendo propagada e que chega até as pessoas sem precisar passar pela imprensa, mas também tem muita ilusão sendo vendida, acho que é importante que os pesquisadores tenham um olhar pra saúde da mulher, porque é um campo muito vasto de pesquisa e que interfere diretamente na vida de todos nós.”

TRILHA 4 FINAL

CAROLINE MIRELAE KIMBERLY FERRAZ REPORTAGEM: CAROLINE MIRELAE KIMBERLY FERRAZ DECUPAGEM: CAROLINE MIRELAE KIMBERLY FERRAZ

DIREÇÃO DE

GRUPO: CMKF PRODUÇÕES

Folha de Decupagem

Editoria:

Mídia/Saúde Tema:

A saúde da mulher e o descaso da mídia. Assunto:

Apresentar as falhas na comunicação quando trata-se da saúde da mulher.

Tempo in / out Conteúo

Data 05 ______ /10 _____ / 2021

R1: Meu nome é Josefa Gilvania Ferreira, eu tenho 46 anos; profissão, eu sou dona de casa, do lar né. A primeira vez ao ginecologista eu já tinha uns 19 anos, foi quando eu fui mãe pela primeira vez. Minha experiência no SUS no começo, num foi.. era ótimo, eu não tenho nem o que dizer, entendeu? Era boa, eu fiz pré-natal, eu fiz acompanhamento, eu tive a minha filha no SUS, eu não tenho do que reclamar, só que dai ao passar do tempo a coisa piorou. Tem casos na minha família de uma pessoa com câncer e eu tenho certeza que se ela tivesse ido pra rede pública ela não tinha sobrevivido. Eu acho que mídia tem um descaso com a saúde da mulher.

Folha de Decupagem

Editoria:

Mídia/Saúde Tema:

A saúde da mulher e o descaso da mídia. Assunto:

Apresentar as falhas na comunicação quando trata-se da saúde da mulher.

Tempo in / out Conteúdo

Data 05 ______ /10 _____ / 2021

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00:49/ 01:45 R1: Se tivesse mais visibilidade, mais coisas na mídia, na televisão, na rádio, não só em outubro, mas o ano inteiro para as mulheres procurarem o clínico, procurarem a ginecologista em si pra cuidar da saúde, teria muito mais visibilidade e diminuiria muito os casos de câncer de mama quando é descoberto pra lá de avançado. Acredito que muitas das empresas que fazem campanha do outubro rosa elas querem se sobressair com a campanha, então não tem tanta visibilidade fora do outubro , de outubro no caso, então quando chega o mês de outubro você vê aquela maré de publicidade, de empresas, você vê até empresas de roupas, né no caso e passou outubro já não tem mais nada, então eles querem se sobressair como se fosse uma marca.

R2: Oi, meu nome é Cicera Nathalie, eu tenho 23 anos, sou auxiliar administrativa, e usuária da rede pública e agora atualmente da privada do setor de saúde. A primeira vez que eu fui no ginecologista foi quando eu tinha 14 anos pra começar a fazer o uso do anticoncepcional e outros métodos preventivos contra grávidez, DST’s e afins. Então, a primeira vez que eu fui foi como se fosse um exame de rotina né, uma consulta de rotina pra saber sobre métodos contraceptivos, pra fazer exames, pra entender sobre a saúde feminina. A primeira vez que eu passei foi no SUS, depois eu realizei procedimentos na rede privada porque a demora do SUS estava grande pra saber qual anticoncepcional eu deveria usar, fui pro setor privado, peguei a receita do remédio que eu deveria usar e depois tornei a voltar pro SUS, no caso eu paguei consultas particulares, ainda não tinha convênio nessa época.

Folha de Decupagem

Editoria:

Mídia/Saúde Tema: A saúde da mulher e o descaso da mídia. Assunto: Apresentar as falhas na comunicação quando trata-se da saúde da mulher/ SUS.

Data 07/10/2021

Tempo in / out

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Conteúdo

Médica - Dra. Claudia Ferraz

“A falta de informação hoje, é pela falta de divulgação. A mídia social hoje poderia ser usada como um grande recurso para atingir as mulheres, já que a mídia social está impregnada na nossa realidade, no nosso cotidiano. Só que essa mídia ela não é aproveitada, a gente tem como exemplo como dentro do metrô, como alguns locais que você vê algumas informações sendo divulgadas, é um meio que grande parte da população utiliza e poderia ser divulgado mais informações sobre a saúde da mulher. No entanto, esses recursos não são aproveitados.”

“Como exemplo, nós temos a questão do padrão do corpo feminino, como ele é divulgado na mídia. A mulher é divulgada ter aquele padrão que deve ser seguido, a mulher magra, gostosa, que muitas, usando um termo mais informal e há muitas mulheres que incorporam como se aquilo fosse o correto e quando não é adquirido, ela se sente mal. E isso é uma demonstração de como a mídia influencia nos nossos hábitos, e assim a gente poderia aproveitar esse recurso que a mídia tem para influenciar de forma mais saudável na vida feminina.”

“Um outro ponto importante é que mídia social, ela deve acompanhar a evolução médica. Um grande exemplo disso é a PrEP, que a gente chama que é as drogas antirretrovirais para prevenir o HIV, desenvolvidas a pouco tempo e hoje muito utilizada em alguns grupos sociais, como garotos e garotas de programa e isso deve ser divulgado, não para ser utilizado de forma banal, tem os seus critérios de utilização, mas deve ser informado, principalmente na mídia social.”

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00:01/ 1:29 “A falha hoje na falta de informação das mulheres é uma das grandes culpadas é a mídia social. Hoje ela está totalmente impregnada na nossa vida e poderia ser usada com recurso. A gente pode usar como exemplo isso quando eles aproveitam folders ou aquelas divulgações no metrô que coloca comerciais, mas poderia ser mais divulgado sobre a saúde da mulher ou em outras redes sociais como Instagram, Facebook, Twitter que poderiam ser usados para divulgação sobre a saúde da mulher e esses meios hoje ainda não muito aproveitados.”

“Se a saúde da mulher não fosse tratada como um tabu, com certeza hoje a gente não teria incidência tão alta de tantas doenças ginecológicas, como a sífilis que poderia ser diagnosticada no início da doença e tratada facilmente. Como também o câncer de colo de útero eu poderia ser prevenido com Papanicolau, muitas mulheres acabam não fazendo até por divulgação ou até por uma dificuldade de acesso, vai ao posto de saúde que deveria ser a porta de entrada do sus, ela não tem esse acesso fácil, então acaba perdendo esse diagnóstico e tendo que tratar depois um câncer já disseminado em mulheres jovens. Outra doença também que a mulher é tratada como banalidade é a cólica menstrual que de grande intensidade e eu pode ser realmente uma doença, como a endometriose, muitas mulheres só descobrem quando deseja gestar já em maior idade e aquela dor intensa e ela não procurou o ginecologista porque para ela era natural sentir a cólica menstrual. Então várias doenças poderiam ser usadas como exemplo, se a saúde da mulher não fosse vista como algo que não pode ser conversado naturalmente, poderia ser prevenido, ser tratado de forma muito mais fácil e traria maior qualidade de vida à mulher."

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Jornalista - Mariella Silva de Oliveira Costa

“Bom, é preciso entender os critérios de noticiabilidade da imprensa, porque nem tudo o que a gente considera que é importante vai ser importante para um veículo de comunicação. Todos os veículos têm sua linha editorial própria, eles têm os seus valores, eles têm os valores de seus anunciantes. Eu fiz meu mestrado em 2008 na Unicamp e na minha dissertação uma coisa que observei, analisei há três revistas generalistas Veja, Época e IstoÉ; e como a saúde da mulher aparecia nessas revistas. E eu observei que nessas revistas havia pouco espaço para saúde da mulher e quando aparecia, a maior parte do senso de saúde da mulher o foco era em saúde reprodutiva, seguido do foco de beleza e estética, em detrimento de outros temas que são importantes para saúde da mulher, se a gente for pegar os indicadores epidemiológicos nacionais, do que as mulheres mais morrem, doença cardiovascular, câncer. Esses temas não eram tão tratados nessas revistas de generalidades. Uma pesquisa que fiz no inicio do meu doutorado focava nos textos sobre saúde da mulher e no principal jornal do país, principal jornal em tiragem na época, isso foi em 2014/2015 e esse jornal trazia uma saúde da mulher uma vida muito medicalizada, a saúde da mulher muito como mercadoria. Aquela ideia de uma pílula mágica que vai vender benefícios de uma boa saúde, vai vender a perda de peso de uma forma rápida e fácil, sempre atrelada a saúde da mulher a saúde de consumo, o anticoncepcional hormonal para trazer uma certa liberdade. A gente sabe que não é isso que resume a saúde da mulher; a saúde da mulher não é resumida a isso.”

“Bom, na imprensa em geral a gente não encontra de fato pautas, assuntos que apresentem as mulheres como protagonistas da sua própria saúde. Quando eu analisei textos de um jornal brasileiro, lá no meu doutorado, eu percebi que os textos associavam informações de origem cientifica sobre a alimentação, mas associavam muito a dietas, a procedimentos médicos, a procedimentos estéticos, e exemplos estereotipados de beleza, de saúde e de

00:01/ 4:05 estilo de vida; que não condizem com a realidade de todas as mulheres. Assim, tinha uma abordagem jornalística muito baseada na exceção, numa solução instantânea, muito associada ao consumo de um bem, ao consumo de um serviço que vai ser oferecido pela imprensa médica, pela indústria farmacêutica, pela indústria de alimentação, de nutrição. E a imprensa é muito importante porque ela faz circular ideias que vão influenciar de alguma maneira nas conversas, no cotidiano das pessoas, a imprensa é um dos espaços onde se produtos sentidos sobre saúde e se constrói versões sobre o que é a boa saúde. Atualmente, a gente tem com advento das redes sociais, a gente não tem mais o monopólio da imprensa, existe uma série de profissionais da saúde, médicos, ginecologistas, profissionais das diversas áreas da saúde que estão conversando diretamente com as suas pacientes, com as usuárias do sistema de saúde online e tentando trazer outras visões que trazem uma ideia de saúde integral das mulheres, entendo que é muito interessante o papel dessas pessoas que funcionam quase como que influenciadores de saúde, exatamente porque a partir do discurso deles a gente consegue ter uma circulação de ideias diferentes e não só as ideias pautadas pela indústria farmacêutica, pela indústria medica, indústria de nutrição. Acho uma coisa que é importante trazer também para vocês, é que as informações que circulam na imprensa…”

“É importante ter isso em conta, as informações que circulam na imprensa sobre saúde da mulher, sobre alimentação, elas não são isentas, mas elas estão sim atreladas a compromissos e a interesses diferentes de diferentes níveis, diferentes fatores e esse fatores, esses diferentes níveis vão ditar os sentidos sobre saúde, sobre qualidade de vida, sobre feminilidade. Deixa te perguntar uma coisa por exemplo, você já leu em alguma noticia ou algum jornal ou já viu alguma reportagem na tv sobre métodos naturais para se espaçar uma gestação? Mas e sobre anticoncepcionais? Você já leu? Os anticoncepcionais orais, anticoncepcionais hormonais. Em geral, o que a

gente vê na imprensa os anticoncepcionais são algo que liberta a mulher, que dá a ela uma autonomia sobre o próprio corpo sobre o próprio prazer, mas em gral não se fala dos riscos, dos efeitos colaterais dos anticoncepcionais hormonais, pouco se fala. Eu ainda quero investigar um pouco sobre essa circulação de sentidos, de métodos naturais e métodos artificiais de espaçamento de gestação. Por que acho que só agora com esse advento de ginecologista influenciadores digitais, a gente tem visto que mais mulheres estão acessando informações sobre método bilins, método creiton que são dois métodos que têm estudo cientifico mostrando os padrões do período de fertilidade da mulher e do ciclo da mulher, não estou dizendo da tabelinha é um método bastante falho, porque aquela ideia de conta treze dias, no décimo quarto com certeza é o dia que você vai liberar o ovulo, não é disso que eu estou falando, estou falando do método bilins e do método creiton que possibilitam que a mulher observe o seu próprio corpo para identificar o seu período fértil e não é só, acho que a gente tem que ampliar essa ideia, não é só identificar o seu próprio corpo para saber ai que dia eu vou transar para ter filho, que dia não vou transar pra não ter filho se eu não quiser, não, não é pra isso. Na verdade, quando você entende o seu ciclo como mulher você vai entender as mudanças hormonais que alteram o seu humor, que alteram o seu sono, que alteram até sua disposição ao longo do dia e você vai poder lidar com isso. Esse tipo de informação deve ser comunicado às mulheres, elas não podem ser reduzidas só a tome pílula para não engravidar, seja livre, porque a pílula aprisiona a mulher, a pílula castra a mulher. Existem uma serie de estudos que correlacionam o uso de anticoncepcionais oral ao aumento de chance de contrair mais series de doenças, como trombose, câncer e pouco se fala disso. Mas porque pouco se fala disso? claro que existe um interesse da indústria farmacêutica em vender remédio e não em vender saúde. Se a gente for pensar é muito mais simples eu escravizar as mulheres a uma pílula desde a adolescência, prometendo pra ela que ela vai ter uma liberdade sexual. Mas quando os novos problemas surgirem se eu opto pra ela todo risco aumentado que ela tem de uma serie de doenças, a

00:01/ 1:24 indústria vai fazer o que, a indústria traz mais remédio, traz mais medicamento. E assim a saúde da mulher vai sendo medicalizada desde a adolescência quando alguém oferece um anticoncepcional para uma adolescente ao invés de mostrar para ela que ela pode ter acesso ao seu ciclo, o ciclo menstrual dela e ela pode conhecer o corpo dela a partir do momento que ela conhece o ciclo que sabe detectar as fases do ciclo.”

“Quando você diz que as grandes mídias investem pouco sobre o tema da saúde da mulher, a gente precisa sempre lembrar de estudar mídia e olhar pra mídia nas perspectivas dos seus anunciantes também. A indústria farmacêutica é um grande anunciante, ela lucra muito viciando as mulheres em anticoncepcionais hormonais, viciando as mulheres em promessas que não são garantia de felicidade, você já imaginou se toda a mulher souber seu ciclo, conhecer seu ciclo, respeitar o seu ciclo, respeitar o ritmo do seu corpo e ela não precisar tomar mais remédio para cólica, porque ela não vai ter cólica, ela vai entender o ciclo dela, vai entender que cólica não é normal, imagina se ela não precisar tomar mais nenhum remédio para bloquear a menstruação, nenhum remédio para dor de cabeça, para enxaqueca que são frutos de um sistema reprodutor desregulado, já imaginou. Então tem muitos interesses por trás dessa medicalização da saúde da mulher e eu entendo que cada vez mais é necessário eu faça pesquisa para gente compreender o que está sendo dito sobre a saúde da mulher, mas em especial também o que não está sendo dito, como eu disse anteriormente porque é que a imprensa fala tão pouco ou não fala de métodos naturais para mulher reconhecer o seu ciclo.”

“Entendo que toda a mulher precisa assumir o controle da sua feminilidade, e não simplesmente deixar que a indústria farmacêutica dite o ritmo da sua vida, o ritmo do seu corpo. A mulher precisa ser vista pela imprensa na sua

00:01/ 5:22 integralidade, como alguém que é capaz de entender sobre seu corpo. Nós não somos burras, gente, é possível para qualquer uma de nós receber instruções sobre métodos naturais, por exemplo, e optar por eles se ela quiser. Muito mais do que só dizer assim, vou aprender para saber quando eu vou transar, não. É para você viver de uma maneira plena, sabendo que por exemplo se estou no período pré-menstrual, eu estou com hormônios diferentes ali naquele período, e aí por isso eu vou ficar mais sensível mesmo, vou ficar mais frágil mesmo. E nesse período então por exemplo eu tenho que evitar gente chata, eu tenho que respirar antes de explodir com minha família, antes de jogar uma cadeira na cabeça de alguém, se eu sei que estou nesse período eu consigo ter temperança, eu consigo me controlar digamos assim. E o anticoncepcional ele falseia a saúde da mulher, ele mascara possíveis problemas, vejam não é normal que uma mulher sinta dor no período menstrual o que a indústria e o que muitos ginecologista faz é dizer o seguinte, ah toma um remedinho que passa, cólica é normal. Cólica não é normal, e cólica pode ser um indício de problemas graves por exemplo, adenomiose, endometriose que se não tratados no início, se não controlados eles podem inclusive dificultar uma gestação no futuro dessa mulher quiser. Outra questão que também é bastante propagada na imprensa, que muitas vezes faz com que muitas mulheres acreditem que elas vão ser férteis para sempre, isso é um mito. Nós temos prazo de validade para gestar e a imprensa fala pouco disso, mais uma vez porque, sob meu ponto de vista e a partir do que eu observo, a indústria lucrar muito vendendo fertilização em vidro, vendendo inseminação artificial, que são procedimentos invasivos e que requerem muito dinheiro, muita ingestão de recursos físicos, recursos financeiros e muita medicação. Pouco se fala pelo índice baixíssimo de sucesso desses procedimentos, eles são vendidos na verdade como se maternidade fosse pra todo mundo, como se não importa a sua idade, não importa, é só a gente fazer as medicações e quando não tem sucesso a culpa é de quem, da mulher que não ficou na posição que o médico tinha dito, que não fez isso. Há uma grande culpabilização da mulher quando toda essa

medicalização dá errado. Aí a gente vê mulheres que buscam a maternidade de uma forma até desenfreada, descontrolada, porque para o médico é só mais uma mulher, mas para aquela mulher é uma frustração, uma frustração atrás da outra. Quando ela tem que compreender que na verdade, ela é muito mais, caso ela não consiga engravidar ela não é menos mulher por isso. Se fala muito pouco sobre, como se todas as mulheres tivessem o direito de ser mãe, e maternidade não é um direito. Então, conhecer-se, acho que se a imprensa apresentasse forma das mulheres se conhecerem mais, conhecerem mais a sua saúde, seria um grande serviço que os jornalistas prestaram para nós mulheres e para sociedade. Se a gente for pensar que cada fase do ciclo menstrual tem suas potencialidades, é interessante que a mulher vai organizar a sua rotina com base nos momentos do seu corpo, isso é uma informação, ancestral nas nossas avós, bisavós faziam muito isso. * 3:38 E pra finalizar acho que é importante que as informações em saúde quando elas são divulgadas de uma maneira adequada pela mídia elas podem contribuir para conscientizar a população, sabe, elas podem promover hábitos de vida saudáveis, podem prevenir doenças, podem informar sobre tratamentos corretos, mas se feito de uma forma equivocada a imprensa pode alarmar a população sem necessidade, pode fazer com que as pessoas busquem caminhos como se fosse caminhos milagrosos. Enfim, busquem ilusões ao invés de buscar a verdade, ao invés de buscar o conhecimento sobre o seu corpo. É muito importante que a gente invista em pesquisas que analisam a saúde da mulher na imprensa e digo mais, não só a saúde da mulher na imprensa, mas saúde da mulher que tem sido veiculada nas redes sociais, acredito que com esse advento dos médicos influenciadores tem muita coisa boa sendo propagada e que chega até as pessoas sem precisar passar pela imprensa, mas também tem muita ilusão sendo vendida, acho que é importante que os pesquisadores tenham um olhar pra saúde da mulher, porque é um campo muito vasto de pesquisa e que interfere diretamente na vida de todos nós.”

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Gabrielly Oliveira e Tamara Passos

“Tamara: Então Gabi, a minha maior dificuldade para eu conseguir marcar uma consulta com o ginecologista é pela demora, quando tem demora, quando não tem a demora você tem que tem que tentar uma vaga de encaixe isso torna o processo tão mais dificultoso assim, por não conseguir, aí hoje não tem vaga, não tem o ginecologista, as vezes demora um prazo de seis meses. Aí eu prefiro as vezes deixar pra lá, eu acabo deixando de lado a situação de não passar no ginecologista, infelizmente por essa demora.

Gabrielly: Também tem o caso de que às vezes não tem ginecologista mulher, você não se sente à vontade com um homem, é muito difícil. Na UBS que eu passo demora meses para poder marcar e quando marca só tem um homem lá e a última vez que eu fui atendida o atendimento não foi bom, não rendeu.

Tamara: Já no meu caso, eu prefiro ser atendida por homem do que por mulher pelas simples fotos que eu acho o homem mais cuidadoso, ele tem uma cautela maior por medo de se a paciente se sinta, sei lá, invadida de alguma forma. Então eu acho um pouco mais cauteloso com homem.”

“Gabrielly: Bom, então eu acho muito importante eu tive conhecimento, mas para mim sempre foi uma coisa muito tabu sobre o checkup ginecológico por mais que minha mãe fosse enfermeira e ela me apresentava muito mais coisas sobre doenças do que o autocuidado, sabe, aquilo causou um pouco de medo. Assim acho muito importante deve ser feito anualmente, mas eu acabo por não fazer tanto pela dificuldade, ou às vezes pelo medo de descobrir alguma coisa, é por um receio.

Tamara: No meu caso check up ginecológico tem todo um tabu pela minha opção sexual se tornar um pouco mais difícil. Eu tenho 29 anos hoje e eu não tenho conhecimento total sobre um check up ginecológico, então eu acho um pouco mais difícil para mim eu não consigo entender muito bem como funciona e não tenho curiosidade pelo simples fato de que eu nunca tive uma abertura. A minha mãe, ela sempre deixou muito explícito a questão de como se prevenir de doenças, de gravidez, como se prevenir na situação de escorrimento, alguma coisa que possa acontecer com a nossa saúde, mas nunca tive essa para falar assim, olha o check up quando você vai fazer você tem de fazer isso, exame, aquele outro exame. Essa informação eu nunca tive e eu não tenho curiosidade porque não é uma coisa, como posso te dizer, corriqueira na minha vida. Eu tenho 29 anos e eu só fui duas vezes ao ginecologista. Então pra mim já é um tabu.

Gabrielly: Ah, eu sei da importância, principalmente por causa do câncer de colo de útero, eu sei disso, mas ainda parece que tem algo que me segura, e falta muito para as mídias divulgarem essas coisas. Era pra ser algo comum, era para ter algumas chamadas. Então acho que falta isso no nosso cotidiano, o cuidado com a mulher, o cuidado com a sua sexualidade, independente da opção sexual. Eu acho que deveria ser mais abrangente na mídia em geral sobre como se cuidar, como se prevenir, educação sexual, deveria ser algo comum para todos.

Tamara: Deveria ser algo comum, eu acho que isso devia vir já da escola, porém todas as pessoas, por mais que o mundo ele está ficando cada dia que passa mais moderno, mas infelizmente a saúde da mulher ela sempre mais escondida, eu não sei por qual motivo.

Gabrielly: Acho que é o machismo, aquilo que a mulher tem que ser mais reservada, tem que ser pura, tem de ser virgem, tudo isso é um estiga, o fato de você ir no ginecologista já tem te torna uma pessoa impura, porque aquilo

00:01/ 6:02 caracteriza uma mulher que teve uma relação sexual, na maioria das vezes, entendeu.

Tamara: No meu caso, eu me sinto mal e com vergonha de saber que eu estou indo naquele local para ser examinada, acho que um dos motivos que eu até evito ir.

Gabrielly: Como eu fico tentando estudar algumas teorias feministas, eu me percebo fazendo isso e eu me critico, mas aquele tabu continua ali parece que está enraizado, sabe.”

“Gabrielly: Então, eu fui no ginecologista quando eu tinha 18 anos, eu sempre quis desde que eu tive minha primeira relação sexual, com 16. Mas ai eu ficava com aquela coisa de, ah se eu for eu vou ter que ir com alguém, agora você pode ir com a partir de 16 anos você pode ir sozinha, mas eu não sabia disso. Então eu ficava tendo de levar alguém e eu não tenho coragem, eu tenho medo sabe de a pessoa ver a minha parte intima, eu ficava com muito medo disso. Eu fui, estava com infecção urinária, fui para poder tratar, foi meu primeiro check up que fiz, foi meu primeiro Papanicolau, fiz um ultrassom, mas fiz esses exames, mas minhas dúvidas não foram sanadas. Fui atendida por um médico que não consegui desenvolver e depois eu acabei voltando no médico para poder ver os exames com outra médica eu nem era ginecologista para poder mostrar os exames, ver se tava tudo certo no final, mas eu me senti mais à vontade com ela do que com médico, talvez pelo fato de ser homem e pela atenção que ela me deu, além de eu era uma pessoa bem mais jovem, tinha vinte e poucos anos, então conversava muito de boa, falava sobre vários tipos de relações e isso foi muito esclarecedor pra mim.

Tamara: A minha primeira vez foi com 14 anos que eu fui para o ginecologista, para fazer acompanhamento, a minha menstruação veio com 12 anos, eu comecei a ficar um pouquinho com curiosidade. Por esse motivo

a minha mãe me acompanhou no ginecologista com 14 anos, para saber se estava tudo bem, para saber como estavam as minhas coisas, se estava tudo certinho. Mas eu sempre tive esse tabu, igual você falou que foi ao ginecologista pelo simples fato que estava com uma infecção urinária, eu tive uma infecção urinária no começo desse ano, eu nunca tive uma infecção urinária, quando tive minha primeira infecção urinária, foi agora com 29 anos, e esse ano, e eu fiquei de uma forma que eu falei assim, isso não pode estar acontecendo comigo porque eu não sou uma mulher suja. Pra mim, a informação de que ter uma infecção urinária é simplesmente pelo fato da mulher não se cuidar. Ai minha primeira vez que fui foi com um homem e ao contrário da sua experiência, a minha foi muito boa, porque eu achei mais tranquila a forma com que ele me tratou, fiquei um pouco assustada porque eu tinha 14 anos e eu não tinha muita malícia em algumas coisas, fiquei assustada, mas a minha mãe ela estava ali do meu ladinho me acompanhando, graças a Deus deu tudo certo.”

Gabrielly: Sobre essas doenças, igual a candidíase é muito comum, eu nunca tive, mas eu tenho muitas amigas que tiveram, quem tem. Que é um fungo comum da vagina por causa da flora, de muitos aspectos e tem muita gente que tem, é uma coisa comum e tido com algo sujo, de impureza, de nojo, e tem vários tipos de tratamento. Se fosse mais divulgado, se fosse conversado na televisão, na internet, não importa o meio, seria mais fácil a pessoa buscar o tratamento.

Tamara: É o que eu falei, volto a dizer, infelizmente a saúde da mulher ela não é tão explicita para poder ter um meio de comunicação que possa informar sobre esse assunto, não tem um assunto que fala sim, olha aqui a gente pode ter essa informação sobre a candidíase, sobre a infecção urinaria, que é uma coisa muito comum, é uma coisa super normal. Eu fiquei indignada porque eu fiquei morrendo de medo, meu Deus eu tenho uma infecção urinária, como que cuida, até para eu chegar no pronto socorro para passar no médico e ele me dar um remédio, eu fiquei totalmente constrangida

porque eu estava sentindo uma ardência na parte intima, eu falei meu Deus, eu não fiz nada, eu não apronto, porque que isso acontece comigo. Porque eu só fui duas vezes no ginecologista e essas duas vezes que fui eu não tive essa informação que isso poderia acontecer.

Gabrielly: Você se puniu pelo fato que estava acontecendo uma coisa que é natural. E poderia ser algo divulgado na sua escola, qualquer meio. Poderia ver a televisão e ter alguém conversando sobre esse assunto porque é uma coisa que acontece todos os dias com a mulher e no mundo inteiro, não é só no Brasil.

Tamara: uma coisa que acho bacana é que se você for nos prontos socorros das unidades básicas de saúde, todos esses prontos socorros sempre tem aquele muralzinho com várias informações sobre essas coisas básicas, mas é único lugar que tem essas informações pelo meu conhecimento, agora você precisa já estar doente para você ir ate esse local para você ver essa informação sendo que essa informação deveria ser passada de uma outra forma.

Gabrielly: isso se você for uma pessoa alfabetizada, se você tiver conhecimento, porque é difícil sabe, no brasil a gente tem muitas pessoas analfabetas e não tem condição de nada, vão na UBS mal conseguem fazer o exame que tem que fazer, as vezes não consegue pegar o remédio para o seu tratamento. Então tem essa dificuldade ainda com as pessoas que são de classe baixa. Então, é difícil porque a informação nunca chega pra todo mundo e quando chega é uma coisa rala, básica.”

Folha de Decupagem

Editoria: Tema: Data 07 ______ /10 _____ / 2021

Assunto:

Mídia/Saúde A saúde da mulher e o descaso da mídia. Apresentar as falhas na comunicação quando trata-se da saúde da mulher.

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00:01/ 05:57 R1: Oi, meu nome é Maria Isabela, eu tenho 21 anos e eu vim contar um pouco da minha experiência no SUS na questão ginecológica.Meu primeiro contato foi com 17 anos quando eu perdi minha virgindade, eu pedi para minha mãe me levar, eu não tinha contato pra ela que eu tinha perdido [...] (risos) aí ela me levou lá, mas ela me preparou, porque eu nunca tinha passado e ela falou ‘’Ò ele vai te olhar, vai… é, não fica constrangida, ele é um médico, tudo‘’, e eu achei estranho porque eu fui morrendo de medo né, tipo nossa, ele… alguém vai me olhar dessa maneira, chegando lá ele perguntou se eu tinha, minha mãe estava junto né porque aí que ela descobriu, porque eu falei ‘’Vou falar na frente do médico, que é mais seguro‘’, ele simplesmente me deu umas dicas, só perguntou se eu tinha me prevenido, é, explicou algumas coisas que eu já tinha escutado em aula e falou ‘’Tudo bem, pode ir.‘’. Ai, eu fui embora, depois disso eu queria tomar anticoncepcional mas aí eu já era de maior e marquei uma consulta sozinha. E Aí ele me falou ‘’Você prefere injeção?‘’e eu falei que preferia e aí ele me passou uma injeção e eu achei estranho porque eu achei que faria alguns exames antes, aí não fiz nada, tomei a injeção e comecei a menstruar de 15 em 15 dias, no mês eu ficava 10 dias menstruada, minha menstruação vinha muito e eu falei, meu, isso aqui não tá me fazendo bem, vou ver se consigo uma consulta novamente; a eu mais três meses na fila… Passei com ele, expliquei, ele falou: Quer trocar pra pílular?, e eu falei, ‘’Mas a gente não tem que fazer nenhum exame pra tentar entender?’’ e ele falou, ‘’Não, às vezes seu corpo não se adaptou, vamos… vamos trocar para a pílula’’.Troquei para a pílula e também não me adaptei, vomitava muito, fiquei muito inchada, e… sentia muitas dores e eu sempre tive cólica mas era uma cólica muito maior do que eu tinha, aí eu olhei e falei assim: ‘’Ó mãe, eu passei no médico pra tomar anticoncepcional e não tô me adaptando ‘’ - ai ela falou - ‘’Mas você fez algum exame?’’ e eu falei que não, não realizei nenhum exame, então falou ‘’vamos cortar e entender porque você não pode ta usando, porque era o que ele deveria ter feito.’’. Depois disso a gente simplesmente desistiu, eu comecei a namorar e tinha relações com camisinha e eu optei não passar novamente, é que às vezes a gente acha… acha que não é importante, né?. Eu sempre realizei muita atividade física e aí de repente quando eu parei minha barriga incha de uma forma anormal, cresce muitas estrias em mim, eu fiquei com muito medo e falei, vou para o hospital, aí eles me encaminharam para a parte ginecológica, falaram que eu tinha que falar com o ginecologista porque é, nos exames não deu nada que eu tinha que passar com ele. Quando eu passei com ele, ele me passou uma ultravaginal, ai a gente descobriu que eu tinha um acúmulo de hormônio porque eu não produzo o hormônio que quebra gordura, e antes eu fazia atividade física e eu conseguia fazer esse sistema funcionar, com eu nunca fiz exame eu não sabia

disso, eu fazia muita atividade física eu não que também eu não podia tomar anticoncepcional por causa disso, porque eu não quebrava gordura, tudo virava energia ou tudo virava gordura e eu ficava com sono o dia inteiro, tinha época que eu achava até que era um sintoma da depressão, era muito confuso é… você não ter informação, e aí ele me passou pra mim repor hormônio só e falou que ia dar certo, eu repuz esse hormônio sozinha, refiz o exame no particular de ultra, porque foi uma experiencia muito ruim fazer ultravaginal no sus porque era muitas pessoas, uma atrás da outra… é, tinha gente na sala e um incomodo… pra mim é um incomodo, é uma vergonha assim, alheia, porque a gente faz teste de urina carrega aquele potinho fechado, enrolado no plástico, mas você tem que vir com um copinho, enrolado em nada, passar na frente de todo mundo, aí você chega na sala de medicação eles falam o resultado na frente de todo mundo, tinha uma vez que tinha um conhecido lá e eu olhei pra cara dele ‘’ai que vergonha’’ e ele tipo ‘’Ah deu negativo’’ e eu tipo, gente, é uma coisa tão íntima, que é exposta pra todo mundo que tá ali no hospital, e ele falou ‘’Ó não é gravidez, tá tudo bem’’ ai eu falei ‘’Tá, não tá tudo bem, ta 45 dias atrasados, se não é grávidez é alguma coisa’’, aí ele falou ‘’Não, mas cê não queria saber se não ta grávida?’’ É tipo, como se o único problema fosse eu engravidar, só que se eu não tô grávida eu tô com alguma outra coisa né, aí ele ‘’Tá bom’’ aí ele encaminhou o exame que foi todo aquele problema que eu tive lá no ultravaginal, que eu fiquei com vergonha, ai eu levei o exame e descobri, repor o hormônio, o hormônio foi embora, depois eu descobri que eu tenho que fazer essa reposição de tempo em tempo, mesmo fazendo atividade física para não encher dnv a barriga, ou voltar esse cisto, e assim, foi muito vergonhoso pra mim todas essas experiências que eu tive na questão ginecológica, tanto que eu passei 5 vezes no máximo e as 5 vezes eu falei, gente, eu tenho 21 anos e nunca fiz um papanicolau, eu fiz um ultravaginal mas eu nunca fiz um papanicolau, pra mim era uma coisa assim, eu to passando no ginecologista, eu vou ter que fazer, minha mãe me ensinou desse jeito, ela fazia desse jeito. Só que é tanta mulher, a gente fica na fila horas até chegar a nossa vez que ele não tem tempo de atender a gente direito, de entender nosso caso, de dá atenção pra gente e também não é culpa do médico, e tanta gente que passa lá que a preocupação deve ser grávidez que ele não tava me entendendo, que eu queria saber o que tinha acontecido comigo. Hoje eu engordei 30 quilos porque eu descobri muito tarde que eu não quebrava esse hormônio, então a maioria tava virando gordura, eu engordei em 2 meses 30 quilos, graças a Deus hoje eu já sei o que é e me cuido direitinho, tenho algumas sequelas, porque a gente engorda, a gente é mulher, a gente cuida da beleza e assim vai.

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