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Lendas

Mistérios ao lado

ENTRE A FERVOROSA CRENÇA EM DEUS e os mistérios da natureza, histórias macabras e sobrenaturais ficaram registradas no inconsciente dos que aqui chegaram e fixaram moradia. No isolamento e na tentativa de interpretar o desconhecido, figuras fantásticas surgiram e tomaram forma, fazendo parte do cotidiano dos cidadãos que as preservam, como a resgatar as memórias de seus antepassados. Mas não se iludam! muitas delas ainda estão à espreita e, a qualquer momento, você poderá encontrá-las!

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O Saci-pererê Através dos indígenas das missões do Sul surgiu a figura ilustre do Saci-pererê. Com o passar do tempo, a fama do Saci se espalhou por todos os cantos do Brasil. A personalidade desse personagem varia de região para região. Na maioria delas, ele é brincalhão e gosta de aprontar com os que o avistam. Vive nas matas e tem uma perna só, pois era lutador de capoeira e se machucou profundamente. Aqui em Cananéia, sua presença é marcante, principalmente no bairro do Rocio, onde suas travessuras podem ser vistas nas crinas dos cavalos que amanhecem trançadas, ou nos passeios noturnos, nos quais podemos escutar seus assobios. Mas não se engane! Se você ouvir o assovio perto é porque o danado está longe e se escutar algo ao longe é porque está ele bem perto. Há relatos de um pescador que, ao ouvir o Saci, o homem em sua canoa assobiava de volta, como quem quisesse brincar. Sem perceber, o tal pescador recebeu um soco na cara tão forte que até perdeu alguns dentes. Os mais descrentes diziam que não foi o Saci, e sim, um grande galho de árvore que o abateu!

o centro da cidade. Tal figueira guarda um mistério. Dizem que seu coração é de pedra, pois germinou em meio a ruínas. Porém, há muitos e muitos anos, uma mulher que vestia sete saias de veludo morava no local da árvore. Essa mulher tinha poderes mágicos e seu destino era proteger um tesouro. Quando morreu continuou em sua sina. Abraçou a ruína, protegendo o tesouro da ganância humana.

A Sereia O que seria das cidades litorâneas sem a presença das sereias? Pois é, aqui em Cananéia elas também aparecem. Alguns sitiantes e pescadores contam que na baía Trapandé, em uma noite de luar, uma linda sereia de cabelos longos e loiros foi vista no costão do Morro do São João. Para espanto do pescador, a sereia fez dois pedidos a ele: que trouxesse um pente e uma fita. E assim o fez. O pescador foi para a vila, na casa de um amigo, e contou-lhe sobre o ocorrido. Resoluto, seu amigo o aconselhou a matar a sereia, pois ela é feita de ouro. Dito isso, voltaram juntos ao costão. Para desconcerto do pescador, a bela figura não estava

mais lá. No entanto, os dois resolveram esperar. Não demorou muito e a sereia surgiu do mar e perguntou se o pente e a fita estavam com eles. Capciosos, os dois disseram que sim. De imediato um deles pegou a espingarda e atirou em direção a moça. Esta levantou os braços e gritou a maldição: Cananéia acabou! E sumiu nas águas do mar. Desencantados com a fuga da sereia, os dois amigos contaram o acontecido aos demais e até hoje essa fantástica figura continua aparecendo no costão do Morro do São João.

O Pau da Onça São muitas as lendas que permeiam o imaginário dos habitantes da região de Cananéia. Umas são até fatos verídicos, como a história do Pau da Onça. Era o ano de 1795, uma época em que animais de grande porte eram abundantes e uma grande catástrofe aconteceu: o dilúvio do Mandira. Com a fúria das águas da chuva arrasando o povoado veio na enxurrada uma grande árvore descendo com a correnteza do rio. Agarrada a ela, uma onça pintada tentava fervorosamente não se afogar, porém, quis o destino que ela se afogasse no encontro com o mar...