Plurale em Revista - Edição 75

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ano quatorze | nº 75 | setembro / outubro 2021 R$ 10,00

AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE w w w. p l u r a l e . c o m . b r

ano nove | nº 52 | julho / agosto 2016 R$ 10,00

AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

PLURALE EM REVISTA – JUL/AGO 2016 – N°52

CORUJAS NO CAMPECHE - FLORIANÓPOLIS –FOTO DE RONALDO ANDRADE

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CAMPECHE, PARAÍSO ECOLÓGICO EM FLORIPA ARTIGOS INÉDITOS

ano oito | nº 51 | março / abril 2016 R$ 10,00

FESTAS POPULARES, EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PALESTINA

AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

MARIANA, MEMÓRIAS DA TRAGÉDIA ARTIGOS INÉDITOS ILHAS VANUTA E MÉXICO

FOTO DE LUCIANA TANCREDO – MORRO DO PAI INÁCIO – CHAPADA DIAMANTINA (BA)

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A INCRÍVEL CHAPADA DIAMANTINA

SILVIO TENDLER, O MENINO QUE NÃO QUERIA CRESCER AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

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ARTIGOS INÉDITOS

LIÇÕES DA TRAGÉDIA DE

MARIANA

FOZ DO RIO DOCE - REGÊNCIA - LINHARES (ES) - FOTO DE FRED LOUREIRO (SECOM -ES)

ano oito | nº 50 | novembro / dezembro 2015 R$ 10,00

ESPECIAL OITO ANOS: ARTIGOS INÉDITOS, BELAS, FAMOSAS E ENGAJADAS

CAUSA ANIMAL GANHA FORÇA

JOVENS: GUARDIÃES DA SUSTENTABILIDADE




/pretinhasleitoras

ACERVO CODEMGE

30.

DIVULGAÇÃO

Contexto

/influência digital literária

Jovens guardiães da sustentabilidade, por Nícia Ribas

Sobre

FOTO DE DIVULGAÇÃO

40.

O Pretinhas Leitoras é uma iniciativa que promove a discussão antirracista a partir do protagonismo negro, feminino e infantil. Criado pelas irmãs Eduarda Ferreira, Helena Ferreira e Elisa Ferreira em 2018 promove conversas sobre a vida, o território no qual as crianças vivem e maneiras de garantir o bem-viver através de diálogos mediados pela literatura negra. Reúne crianças para discutir a vida através da literatura em encontros presenciais e digitais. Eduarda e Helena são gêmeas, 11 anos, Elisa, 6 anos; negras, alunas da Rede Pública Municipal de Ensino no Rio de Janeiro, oriundas do Morro da Providência, Gamboa, hoje moram em São Cristóvão, Rio de Janeiro- RJ. A co-criação do Projeto é de Elen Ferreira (Pesquisadora em Educação, Professora e mãe das Apresentadoras).

Mais do que nunca, é hora de relaxar em um bom banho de banheira, por maria augusta de carvalho

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Seguidores nas redes sociais

Artigos inéditos – por adriano pires,

o cineasta dos sonhos interrompidos, por maria helena malta

+300

prêmios

Crianças em encontros presenciais

troféu ubuntu 2019 Prêmio MultiRio 2019

FOTO DE MARIANNA VICENTE – PERTH/ AUSTRÁLIA

Uma história muito especial, por Maurette Brandt

48 Nova Iorque póspandemia em festa, por Viviane Faver

54 Cinema verde, por Isabel Capaverde Pelas empresas, por Felipe Araripe

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Alcance| Instagram

maria elena pereira johannpeter

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+60k

C o n thenrique a t o : p r e t i braun n h a s l e i teo r a s @ g m a i l . c o m

Estudos de casos ESG; Neoenergia, Ball e COPAPA

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Perth, Austrália: cidade ensolarada e cercada de muita natureza, por Marianna Vicente

FOTO DE GABRIELA NEHRING

34.

+80k

Silvio tendler,


E ditorial FOTOS DE AMÉRICO VERMELHO (A DE MARIA HELENA MALTA) E DE ARQUIVOS PESSOAIS

Destaques nesta Edição (da esquerda para a direita): a escritora e jornalista Maria Helena Malta preparou, especialmente para os leitores de Plurale, um incrível perfil do cineasta Silvio Tendler. Nossa repórter especial Nícia Ribas conta como as crianças estão participando da reconstrução de um "novo" planeta; de Poços de Caldas (MG), a jornalista Maria Augusta de Carvalho conta que os banhos medicinais estão em alta; a jornalista Viviane Faver revela como está o "despertar" de Nova Iorque (EUA) e, do outro lado do planeta, a jovem engenheira Marianna Vicente, nos apresenta a ensolarada Perth, no Oeste da Austrália.

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'Festa' virtual dos 14 anos de Plurale: artigos inéditos, entrevistas, histórias, viagens e reflexões POR SÔNIA ARARIPE, EDITORA DE PLURALE

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stamos comemorando 14 anos de Plurale justamente em meio à pandemia. Não era o que tínhamos previsto. Gostamos de fazer eventos presenciais nestas datas importantes e, assim como já realizamos nos 10 e nos 12 anos, faríamos mais um seminário inspirador. Fica para a frente, quando tudo passar. Mas preparamos uma “festa” virtual! Esta é uma Edição pensada especialmente para estes dias mais reflexivos, quando – mesmo vacinados - ainda não devemos sair desbragadamente pelas ruas; é essencial seguir todas as regras sugeridas pelos cientistas. A chamada “imunidade de rebanho” ainda não foi atingida e temos variantes que assustam, como a Delta, que já chegou ao Brasil. Assim, preparamos uma edição muito especial.

Artigos inéditos – de Adriano Pires, Henrique Braun e Maria Elena Johannpeter – e estudos de casos de ações sustentáveis praticadas por empresas – Ball, COPAPA e Neoenergia – são alguns dos destaques. Não é só. Nossa Nícia Ribas, intrépida repórter sempre engajada nas grandes pautas, nos conta como crianças estão fazendo a diferença na semeadura por um “novo” planeta. Maria Augusta de Carvalho revela que banhos medicinais estão em alta na região sul de Minas Gerais. A entrevista é com o procurador do Ministério Público Federal Marco Antônio Delfino, sobre os direitos ameaçados dos povos indígenas, para os jornalistas João Vitor Santos e Ricardo Machado, da IHU On-Line. Os leitores de Plurale também terão o prazer de ler um texto emocionante da escritora e jornalista Maria Helena Malta, especialmente para esta edição. Ela revisitou

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toda a obra do consagrado cineasta Silvio Tendler – de Jango e Sonhos interrompidos - e conseguiu entrevista exclusiva contando fatos antes não narrados. Na seara cultural, Maurette Brandt traz a linda história de uma musa muito especial e seu autor, em livro e em audiolivro. Não é só. Pedimos para a jornalista Viviane Faver nos relatar como está o “despertar” de Nova Iorque (EUA) após a maior parte da população local ter sido vacinada. E, do outro lado do planeta, a jovem engenheira engajada nas causas ambientais, Marianna Vicente, nos traz um roteiro dos melhores segredos da famosa Perth, no oeste australiano. Tudo isso e muito mais, como as colunas de Isabella Araripe (Ecoturismo), Isabel Capaverde (Cinema Verde) e Felipe Araripe (Pelas empresas). Boa leitura! Que venham mais anos de reflexões e inspirações!

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Quem faz

Diretora e Editora-Chefe Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Fundadores Carlos Franco e Sônia Araripe Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter, facebook e instagram: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale @revistaplurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte Amaro Prado e Amaro Junior Fotografia Fotografia Luciana Tancredo (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Felipe Araripe (Estagiário), Hélio Rocha, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, João Victor Araripe, Lília Gianotti e Nícia Ribas. Colaboradores internacionais Elisabeth Cattapan Reuter (Hamburgo/ Alemanha),Mariana Guedes (Itália), Viviane Faver (EUA). Colaboraram nesta edição: Adriano Pires (CBIE), CODEMGE (Fotos), Fernando Alvarus (Infográfico/ CCB) Gabriela Nehring (Foto de Silvio Tendler), Foto de Racismo Ambiental, Henrique Braun (Coca-Cola Brasil), Instituto Akatu, João Vitor Santos e Ricardo Machado (IHU On-Line), KarlScholz (Fotos de NYC), Léo Aversa (Foto/ Divulgação CCB) Maria Augusta de Carvalho, Maria Elena Johannpeter, Maria Helena Malta, Maurette Brandt, Nespresso (Foto de Chiara Ferragni), Patrícia Médici (Foto/ Pesquisadora do IPÊ), Tânia Fusco (Foto de Silvio Tendler), Viviane Faver (NYC) e WWF Brasil. Os artigos são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

Impressa com tinta à base de soja Plurale é uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: Imprimindo Conhecimento Editora e Gráfica

Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos e®outras fontes controladas certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista

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Cartas

c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r

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"O IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) cumprimenta a Revista Plurale pelos 14 anos de trabalho jornalístico de excelência, com foco nos aspectos ASG (Ambientais, Sociais e de Governança)." Bruno Salem Brasil, Diretor-Presidente do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores)

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"A Apimec Brasil saúda a Revista Plurale pelos seus 14 anos. Os conteúdos publicados nas suas edições ajudam a disseminar os princípios ASG (ESG) relativos a boas práticas ambientais, de responsabilidade social e governança, que devem ser seguidos e verificados por todos os participantes do mercado de capitais". Lucy Sousa, Presidente Executiva da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) Brasil. “Tem sido um prazer enorme poder contribuir - ainda que forma menor e humilde - para o êxito da Revista Plurale há 14 anos. Liderada pela extraordinária jornalista Sônia Araripe, a revista ganhou o respeito e a admiração fiel de seus leitores. Parabéns a todos em seus 14 anos!” Henrique Luz, membro independente de conselhos de Administração e membro do Conselho de Administração do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). “Plurale é pioneira no Brasil na abordagem de questões relacionadas ao meio ambiente. Tem dado uma contribuição importante e desempenhará papel de grande destaque no futuro próximo, em que a mudança climática se torna cada vez mais ameaçadora. Parabéns e uma longa vida para a Plurale.” Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras e Conselheiro da Vale “Plurale representa obstinação e dedicação com um tema tão relevante e essencial

para nosso país e para o mundo.” Daniely Gomiero, Diretora de Comunicação e Responsabilidade Social da Claro e vice-presidente de Projetos do Instituto Claro.

“A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) parabeniza Plurale e sua equipe, comandada pela jornalista Sônia Araripe, pelos 14 anos de atuação na linha de frente da defesa do meio ambiente. Plurale, tanto no formato impresso quanto no digital, foi uma das pioneiras em tratar de assuntos da agenda ambiental, como as mudanças climáticas, a Amazônia e os demais biomas brasileiros, os desafios para compatibilizar desenvolvimento econômico e preservação da natureza.” Paulo Jerônimo de Sousa Presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) “Plurale é, hoje, uma das maiores referências na cobertura de temas relacionados ao meio ambiente. Tem sido fundamental no debate para que o país não abra mão de seus compromissos para a preservação do planeta. Tudo sob a liderança de Sonia Araripe, profissional completa, que não se intimida. Parabéns, Plurale! Que muitos e muitos anos venham pela frente. Vocês nos representam.” Vicente Nunes, jornalista, Editor de Economia do Correio Braziliense “A construção de uma sociedade mais consciente sobre a relação com o meio ambiente passa pela formação de comunicadores cidadãos. Há 14 anos, a Plurale provê informação de qualidade e de confiança, matéria-prima de uma comunicação empresarial também cidadã. A Aberje parabeniza a equipe da Plurale e deseja longevidade à publicação!” Hamilton dos Santos, Diretor-Geral da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje)

LEIA MAIS CARTAS E MENSAGENS PELOS 14 ANOS DE PLURALE NA PÁGINA 51.



Estante A dama de branco, de Sérgio Sant´Anna. Editora Companhia das Letras, 192 págs, R$ 59,90 No Rio de Janeiro do início da quarentena, o narrador passou a observar uma vizinha que saía de madrugada para dar uma volta no estacionamento, a céu aberto. Embora ela não soubesse que estava sendo acompanhada, uma estranha cumplicidade se estabeleceu entre os dois, e sua presença simbolizava a promessa de um encontro arrebatador, ao mesmo tempo em que representava a morte pairando ao redor. Assombroso e revelador, A dama de branco (Editora Companhia das Letras) foi o último texto publicado por Sérgio Sant'Anna, que faleceu em 2020, durante a brutal pandemia de coronavírus. Além da narrativa que dá título ao livro, o volume é composto por outros dezesseis contos – que tratam da solidão, da memória, do desejo e da própria escrita – e uma novela, que estava em vias de ser terminada. “A dama de branco” atesta que a prosa de um dos principais escritores brasileiros contemporâneos se manteve vigorosa e afiada até os últimos dias.

Um longe perto: histórias de um jornalista nesse mundo que dá voltas, de Marcelo Lins. Editora Agir, 240 págs, R$ 49,90 Verdadeiro cidadão do mundo, o jornalista Marcelo Lins nasceu em São Paulo, passou parte da infância em Genebra, vive há anos no Rio de Janeiro e sempre se considerou um recifense de coração. E vem se dedicando, há quase três décadas, à cobertura do noticiário internacional. Decidido a compartilhar as experiências marcantes que teve em algumas das muitas cidades que conheceu, Lins lança pela Editora Agir o seu primeiro livro, Um longe perto. Na obra, mistura reminiscências pessoais e memórias de viagens, convidando o público a passear com ele por lugares tão distantes quanto Hanói (Vietnã), Sharm el-Sheikh (Egito), Bangalore (Índia), Skopelos (Grécia) e Amsterdã (Holanda). E, conforme lança o seu olhar afiado sobre esses territórios, estabelece conexões surpreendentes, mistura referências diversas e traz para perto do leitor esses muitos longes. Ao longo das páginas, o autor reúne informações sobre a história, a língua, a política e a cultura de cada local e narra situações inusitadas em que se viu metido.

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PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2021

POR FELIPE ARARIPE

Silicone XXI, romain noir futurista, de Alfredo Sirkis. Ubook, 199 págs, R$ 59,90 (para não assinantes) e R$ 29,95 (para assinantes) No dia 10 de julho fez um ano que faleceu Alfredo Sirkis, jornalista, escritor, ex-parlamentar, ambientalista e roteirista de cinema brasileiro. Para homenagear o autor de nove livros e manter vivo seu legado, a Ubook, o maior aplicativo de audiotainment da América Latina, lança uma nova edição do livro Silicone XXI, romain noir futurista. A única história de ficção escrita por Sirkis traz, de forma divertida, reflexões e questionamentos sobre assuntos importantes e atuais na sociedade. A obra estará disponível nas versões audiobook e e-book, pelo site ou aplicativo, e na versão impressa, disponível na Ubook Store. A trama, futurista à época, se passa no ano de 2019 - e foi bastante criticada nos anos 1980, por conta dos clichês usados por Sirkis propositalmente. Definida como "pornofuturista" ou mesmo "precursora do cyberpunk", a história passa a se desenrolar com o assassinato de um robô. O crime acontece em um quarto de hotel, localizado no Morro Dois Irmãos, no bairro do Vidigal, no Rio de Janeiro – a mesma cidade onde, anos após publicar o livro, Sirkis protagonizou uma história importante na vida real. O escritor foi o primeiro Secretário do Meio Ambiente do Rio e, na época, atuou fortemente nas negociações que evitaram a construção de um grande hotel no mesmo local. Reflorestou toda a área, idealizou e inaugurou o Parque Municipal Penhasco Dois Irmãos.

O anatomista e outros contos, de Adir bem Kauss. Editora Outras Letras, 120 págs, R$ 34,74 O anatomista e outros contos (Editora Outras Letras) reúne trinta histórias que transitam pelos desamores e esperanças de homens e mulheres comuns, protagonistas de dramas urbanos - com quem, sem perceber, cruzamos nas grandes cidades. O conto que dá título ao livro contém uma tentativa insana do protagonista de mudar o curso da vida e da morte, como consequência natural. Não é um livro sombrio e amargo. Ao contrário. Seus personagens caminham destemidos, no sentido de viver como sujeitos e não objetos de suas próprias existências. Assim, é possível observar uma certa dose de luz, representada pela crença na aventura humana. Adir ben Kauss é carioca, arquiteto por formação e ficcionista por vocação. É autor do livro de contos O domador, lançado em 2019.


ENA - Encontro Nacional de Anunciantes 22/09 - das 09h00 às 11h00 // virtual Co-curadoria: Edmar Bulla, CEO & Founder Grupo Croma

ABA Summit 11/11 - das 09h00 às 11h30 // virtual Co-curadoria: José Saad, Head of Insights, GoAd Media

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Entrevista

“INDÍGENAS BRASILEIROS VIVEM SEU PIOR MOMENTO NA HISTÓRIA RECENTE” MARCO ANTONIO DELFINO DE ALMEIDA FOTO DE RACISMO AMBIENTAL

POR JOÃO VITOR SANTOS E RICARDO MACHADO, DA IHU ON-LINE

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esde que o primeiro europeu, o dito homem branco, pisou nas terras brasileiras, os povos indígenas começaram a ser atacados. De lutas físicas e massacres até a contaminação em massa por vírus aos quais não havia resistência, a verdade é que a morte esteve sempre presente nessa relação entre índios e não índios no Brasil. Veio a Independência e depois pelo menos duas grandes fases de República, e nada parece ter mudado. Ou, o que é mais horrível ainda, piorou. Para o procurador do Ministério Público Federal Marco Antonio Delfino, não restam dúvidas: esta é a pior fase para os indígenas na história recente. “As políticas territoriais, por exemplo, nunca foram cumpridas; sempre tivemos deficiências estatais muito claras no cumprimento dos mandamentos constitucionais. Os governos Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma falharam no cumprimento da Constituição, no que diz respeito aos povos indígenas. Mas o que estamos vendo no governo atual é muito mais do que uma omissão nesse dever constitucional”, aponta, em entrevista concedida via Zoom ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU. Nessa conversa, o procurador recupera sua experiência na luta pela defesa dos Direitos de Povos Originários e analisa outros casos que trazem em comum a perpetuação de lógicas coloniais. “O que efetivamente se tem, há muito tempo, é uma política absolutamente colonial. Tratam-se os povos indígenas como se eles fossem colônias, como se houvesse algum tipo de insurreição colonial”, observa. E completa: “Desde o início do século passado, o Estado

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trata os povos indígenas dentro dessa dimensão colonial, de modo que todo e qualquer questionamento por parte dos indígenas deve ser reprimido, pois a reclamação estaria vindo de um ‘súdito’ que deve obediência ao colonizador ou à ‘metrópole’ ”. Sobre o atual momento, Delfino destaca as ações de destruição do governo Bolsonaro e sua visão distorcida sobre o que são Direitos Constitucionais. “O que me parece é que o governo federal acha que a Constituição é um livrinho em que você vai e marca as páginas que lhe parecem interessantes. Vários apoiadores do governo gostam muito do artigo 142, que fala da intervenção militar. A Constituição não pode ser lida aos pedaços, ela tem que ser cumprida do artigo 1º ao 250º”, dispara. Felizmente, o procurador destaca que há um horizonte, uma transforma-

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ção que passa pelos próprios indígenas - que têm assumido, seja nos tribunais, seja no parlamento, diante do Executivo ou em atos nas ruas, o protagonismo de suas lutas. “Até do ponto de vista dos parâmetros ocidentais, as lideranças indígenas possuem títulos que a sociedade envolvente valoriza, como doutorado ou mestrado”, completa. Confira os principais trechos da entrevista. IHU – O senhor trabalha há muito na luta pelos direitos de povos indígenas, passando por muitas situações difíceis. Pela sua experiência, esse é o pior momento pelo qual estamos passando ou já houve períodos piores, de mais ataques aos povos originários? Marco Antonio Delfino – O pior momento, com certeza, é o atual. A vida nas comunidades indígenas nunca foi tranquila, sempre foi algo extremamente complicado; nunca tivemos uma política que contemplasse plenamente os direitos dos povos indígenas. As políticas territoriais, por exemplo, nunca foram cumpridas; sempre tivemos deficiências estatais muito claras no cumprimento dos mandamentos constitucionais. Os governos Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma falharam no cumprimento da Constituição, no que diz respeito aos povos indígenas. Mas o que estamos vendo no governo atual é muito mais do que uma omissão nesse dever constitucional: o art. 65 do Estatuto do Índio determinava o prazo de cinco anos para a demarcação de todas as terras indígenas. Logo, em 1978 esta meta do Estado deveria estar cumprida. Não o foi. Este mesmo dispositivo foi colocado no art. 67 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT da Constituição. Em 1993, deveríamos ter todas as ter-


FOTO DO CIMI (CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO)

ras indígenas demarcadas. No entanto, como sabido, ocorreu novo descumprimento, que perdura até os dias de hoje. Os governos anteriores atribuíram esta grave omissão a uma grande série de fatores. No entanto, buscavam, ainda que sem o empenho necessário, a sua implementação. A gravidade se altera a partir do momento em que se manifesta a intenção de não cumprimento de uma determinação constitucional expressa. Isso muda o patamar do descumprimento, o qual vira comissivo, que é muito mais grave que omissivo. Insistência no que já não deu certo O segundo aspecto é a utilização de uma série de políticas que falharam nos Estados Unidos. Por exemplo, essa política de utilização “produtiva” de terras indígenas foi implementada no final do século XIX nos Estados Unidos, pelo Dawes Act. Esta legislação determinou uma política de loteamento das terras indígenas que foi um fracasso. O denominado Relatório Meriam (Meriam Report), em 1928, apontou o fracasso da política porque os almejados “ganhos econômicos” para os povos indígenas não aconteceram. Apenas os produtores rurais que arrendavam as terras indígenas obtiveram vantagens econômicas significativas. Uma experiência fracassada há mais de cem anos é novamente tentada, agora no Brasil. Ou seja, tenta-se reproduzir mecanismos de desenvolvimento de uma forma não dialogada com os povos indígenas. O desenvolvimento está lá na convenção da Organização Internacional do Trabalho - OIT, artigo 7, Direito ao Desenvolvimento. Agora, como a própria convenção estabelece, deve ser um desenvolvimento feito de forma dialogada e não imposta aos povos indígenas. O que estamos fazendo não é cumprir a Convenção 169, estamos repetindo uma política colonial. A aplicação do famoso brocardo “eu sei o que é bom para você”. Em paralelo a este quadro, a discussão no Congresso sobre demarcação de terras indígenas mostra, efetivamente, que este talvez seja o pior momento pelo qual os povos indígenas já passaram.

Com a promulgação da Constituição, em 1988, esperava-se um avanço de direitos, o rompimento com uma política assimilacionista e tutelar. O momento atual caminha em sentido inverso, em um quadro de evidente retrocesso. O Estado que se omite em demarcar é o mesmo em que somente terras indígenas homologadas serão consideradas nos processos de licenciamento. Isso é um desastre, com gigantescas possibilidades de condenação nas instâncias internacionais pelo descumprimento de convenções internacionais de proteção de povos indígenas. Princípios do Equador Hoje, vários bancos brasileiros têm que observar, para o financiamento de médios e grandes projetos, os chamados Princípios do Equador. É um comprometimento em cumprir as normas do Grupo do Banco Mundial (World Bank Group) sobre investimentos. E nessas normas está muito claro que se deve respeitar direitos de povos indígenas. Os princípios estabelecem, expressamente, a observância do Padrão de Desempenho - PS 7 para Povos Indígenas. Ele estabelece que o “(...) cliente identificará, por meio de um processo de avaliação de riscos e impactos socioambientais, todas as comunidades de Povos Indígenas localizadas dentro da área de influência do projeto que possam por este ser afetadas (...)”. O Congresso caminha, ao regrar o atual processo de licenciamento, no sentido de incrementar o ônus dos bancos, visto que terão de assumir um papel que deveria ser do Estado: de identificar os efetivos riscos socioambientais do empreendimento, uma vez que se comprometeram com um padrão mais garantidor. Isso mostra

o nível de loucura em que se está, que gera uma insegurança enorme para o financiador. Relembrando que, de forma contrária ao atual cenário, os Princípios do Equador foram recentemente revisados (julho de 2020) para uma maior observância dos Direitos Humanos e dos impactos das mudanças climáticas. É importante ressaltar ainda que esta alteração legislativa é igualmente contrária à Resolução 4327/2014 do Banco Central, que estabelece diretrizes que os bancos devem observar na implementação das suas políticas de responsabilidade socioambiental. O curioso é que a origem dos parâmetros de desempenho pode ser atribuída à tentativa de minoração de impactos negativos de projetos de desenvolvimento, como os derivados do Polonoroeste [Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil]. Este projeto de desenvolvimento, realizado em Rondônia na década de 1980, se provou um desastre. Muito do atual caos fundiário existente em Rondônia deriva dos estímulos econômicos desse projeto, financiado pelo Banco Mundial. O Banco mensurou os gigantescos impactos negativos e mudou os parâmetros. E hoje, por aqui, se promove exatamente o contrário, como se não tivéssemos a capacidade de aprender com a história. Desproteção territorial Outro ponto a ser observado é a desproteção territorial promovida pela Fundação Nacional do Índio - Funai. Houve um tempo em que o problema eram as certidões negativas de terras indígenas fornecidas pela Funai. O interessante é que este diagnóstico consta de um documento da própria Fundação:

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Entrevista

o documento base da 1ª Conferência Nacional de Política Indigenista de 2015 [“Dois períodos foram particularmente importantes: a desestruturação do SPI, a partir de 1955, que culminou com a extinção do órgão e a criação da Funai, em 1967, e o período da ditadura civil-militar (1964-1985). O primeiro foi marcado tanto pela inação do Estado (que deu margem para que a força se tornasse o principal meio de resolução dos conflitos fundiários envolvendo povos indígenas), quanto por sua cumplicidade ativa com o esbulho territorial (pela via da emissão de certidões negativas fraudulentas, do arrendamento de terras indígenas e da exploração de recursos para a geração da renda indígena)”]. De forma contrária ao diagnóstico, a Funai, por meio da edição da IN 09/2020, incrementou a desproteção ao normatizar a Declaração de Reconhecimento de Limites. O referido documento “(...) se destina a fornecer aos proprietários ou possuidores privados a certificação de que os limites do seu imóvel respeitam os limites das terras indígenas homologadas, reservas indígenas e terras dominiais indígenas plenamente regularizadas”. Logo, a proteção repousa apenas em terras indígenas plenamente regularizadas. As terras que estão em estudo e em processo não são consideradas terras indígenas. Isso gera uma inédita possibilidade de uma gigantesca grilagem de terras indígenas. Por tudo isso, este é um momento muito, muito, muito mais complicado. Realmente, talvez um dos momentos mais difíceis que já se teve em relação aos povos indígenas, porque são ataques de todos os lados. O interessante é que, em uma decisão da Suprema Corte Americana, proferida no Caso Kagama, os inimigos mais mortais dos povos indígenas são apontados como sendo os governos estaduais. Sempre houve uma tensão muito grande, especialmente no século XIX, entre os estados americanos que queriam se apossar das terras indígenas e o governo federal. E no papel de tutor/guardião, o governo federal sempre atuou contra os interesses dos estados. [Cândido] Rondon declarou há muito tempo que, para que os órgãos indí-

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genas funcionassem, era preciso três fatores: um corpo técnico qualificado, recursos econômicos e apoio político, justamente para se contrapor aos arranjos locais, porque, via de regra, a atuação da Funai sempre foi contrária aos interesses locais. Veja que esse era um diagnóstico que Rondon – sobre o qual tenho minhas reservas, pois entendo que sua política protetiva era mais uma figura de linguagem – apontava esses três fatores como essenciais para uma eficiente política indigenista e, hoje, não temos nenhum deles. Não temos mais um corpo técnico, notadamente na direção do órgão indigenista. Também não há recursos e o apoio político é contrário aos interesses indígenas. Pegando essa lógica do Caso Kagama, hoje, no Brasil, talvez o maior inimigo dos povos indígenas seja o governo federal. IHU – A Polícia Federal abriu inquérito, a pedido da Funai, para investigação de lideranças indígenas Waimiri Atroari que, supostamente, estariam atrapalhando a implementação das linhas de transmissão de energia elétrica no Norte do país. O que esse episódio pode revelar sobre os tempos que temos vivido? Marco Antonio Delfino – É importante, em primeiro lugar, colocar que eu não conheço o caso de forma específica. Se pegarmos do ponto de vista histórico, há um episódio muito interessante que é a participação do Mario Juruna, que depois foi deputado e liderança indígena, no Tribunal Russell, nos anos 1970. Como ele gravava todas as conversas, há uma conversa dele com o então presidente da Funai, o general Ismarth Araújo de Oliveira. A gravação revela que as preocupações da Funai nos anos 1970 e hoje são as mesmas. Entende-se que o fato de um indígena denunciar o governo em um tribunal internacional caracteriza algum tipo de ameaça à segurança nacional. JURUNA - (...)o senhor vai conseguir o passaporte, o recurso vem de lá, então ninguém tem a responsabilidade(...) PRESIDENTE – Eu só espero que você se lembre disto, que você é um ho-

PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2021

mem brasileiro, e que o governo brasileiro lhe defende sob todos os aspectos e que você deve fazer lá um trabalho para o Brasil e não contra o Brasil; (…) o que você tem é que defender o Brasil (...) JURUNA - Eu posso defender o Brasil, posso defender a terra, mas não defendo o povo. PRESIDENTE - Então você não é brasileiro, (...)não quer defender o Brasil, vá para a Bolívia(...) JURUNA – Por quê? Então eu tenho que defender os pistoleiros, aquelas pessoas que já mataram índios/ PRESIDENTE – Um momento, Mário. Você está sendo contrário a um Governo que está lhe defendendo (…) Você não pode fazer isso lá fora, caso contrário você vai ver o que vai acontecer a você quando voltar. (…) Eu estou te aconselhando como tutor de você que sou(...) (JURUNA, HOHFFELDT & HOFFMANN. O gravador do Juruna Apud LACERDA, Rosane Freire. Diferença não é incapacidade: Gêneses e Trajetória Histórica da Concepção da Incapacidade Indígena e sua Insustentabilidade nos Marcos do Protagonismo dos Povos Indígenas e do Texto Constitucional de 1988. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília. UnB. Faculdade de Direito. 2007, p. 101-102). Isso é algo especialmente contraditório em relação ao atual governo, pois nos governos militares havia um quadro de censura - e, nesse aspecto, uma limitação da liberdade de expressão era algo coerente com o quadro de violação sistemática de direitos. O atual governo, porém, utiliza e defende uma interpretação extremada da liberdade de expressão. Já as lideranças indígenas não poderiam se manifestar e fazer uso da mesma liberdade de expressão, que, conforme o artigo 13 da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos, tem relação com o direito que a pessoa tem de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda natureza, sem consideração de fronteiras, de maneira livre. A liberdade de expressão não inclui qualquer apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao cri-


FOTO DO DOCUMENTÁRIO “FERIDAS DO GARIMPO” EM TERRA YANOMANI (RR), DO INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL

me ou à violência. Estes parâmetros são violados rotineiramente em declarações do governo federal. Recentemente, o governo foi condenado em São Paulo, na primeira instância, no que se refere às declarações discriminatórias em relação a mulheres e meninas por seus representantes. Há uma ação, igualmente em curso, por palavras proferidas por membros do governo federal em face dos povos indígenas. É neste contexto que eu vejo estes inquéritos como algo absolutamente datado: a mesma mentalidade de mais de 40 anos atrás. Tutela É preciso entender primeiro que a tutela – que também havia nos anos 1970 – não significa que as pessoas tuteladas sejam incapazes de pensar e de falar por si próprias e que, portanto, estariam sendo usadas por ONGs internacionais. Há todo um discurso preconceituoso que já conhecemos. Ou seja, é uma ladainha de quatro décadas, que não se sustenta. Até do ponto de vista dos parâmetros ocidentais, as lideranças indígenas possuem títulos que a sociedade envolvente valoriza, como doutorado ou mestrado, mas continuariam marionetes das malfadadas ONGs. Política colonial O que efetivamente se tem, há muito tempo, é uma política absolutamente colonial. Tratam-se os povos indígenas como se fossem colônias, como se houvesse algum tipo de insurreição colonial. Um dos pontos bem claros, na relação colonial é que o colono não

tem os mesmos direitos que o “cidadão”, pois o primeiro tem um plexo de direitos muito limitado e o segundo tem um conjunto mais amplo. Parece-me que, desde o início do século passado, o Estado trata os povos indígenas dentro dessa dimensão colonial, de modo que todo e qualquer questionamento por parte dos indígenas deve ser reprimido, pois a reclamação estaria vindo de um “súdito” que deve obediência ao colonizador ou à “metrópole”. É importante recordar, neste sentido, a redação da alínea do art. 5º do Decreto nº 17.684, de 26 de janeiro de 1945: e) propor ao diretor, mediante requisição do Chefe de Inspetoria competente, o recolhimento à colônia disciplinar, ou na sua falta ao posto Indígena designado pelo diretor, e pelo tempo que este determinar, nunca excedente a 5 anos, de Índio que por infração ou mau procedimento, agindo com discernimento, for considerado prejudicial à comunidade indígena a que pertencer, ou, mesmo, às populações vizinhas, indígenas ou civilizadas. IHU – Como o senhor avalia a legislação brasileira no que tange à proteção de povos originários? Marco Antonio Delfino – Nós temos um resquício da ditadura, que é a Lei 6.001 de 1973. Esse resquício permanece e o mais complicado é que temos uma deficiência no sistema de ensino. Os direitos humanos foram inseridos muito recentemente na grade curricular das escolas de Direito - e com isso temos, especialmente para pessoas que têm formação jurídica mais antiga, uma deficiência de base. Essas pessoas entendem

que o que vale é a lei. Não fazem uma leitura constitucional da legislação. Parece coisa antiga, mas quando me formei em Direito, isso em 2004, era considerado uma novidade você falar em Direito Civil Constitucional, Direito Penal Constitucional etc. Ou seja, a leitura do Direito Penal, do Direito Civil à luz da Constituição, era vista como uma novidade. Hoje, tranquilamente já se faz a leitura do Direito Civil, Penal, à luz da Constituição, e não o contrário. Mas em relação aos povos indígenas, as pessoas continuam fazendo isso. Continuam lendo o Estatuto do Índio como se fosse algo dissociado da Constituição, não o lendo à luz da Constituição. Portanto, ainda temos muitas dificuldades. É importante mostrarmos os avanços, e esses avanços vêm igualmente por parte do Judiciário; é importante ser honesto em relação a isso. É elogiável a edição, pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, da Resolução 287. Igualmente importante é a Resolução 13 do Departamento Penitenciário Nacional - Depen. Ambas são resoluções que fazem uma leitura constitucional, à luz das normas internacionais, com relação à legislação penal. Mas vocês podem me questionar: você não disse que o sistema de Justiça é um sistema que reproduz essa visão da sociedade? Sim, são as contradições inerentes a qualquer sociedade. IHU – O senhor está dizendo que há duas coisas: o avanço da lei e a interpretação, a cabeça das pessoas, que ainda opera de outra forma no uso e acionamento das leis? Marco Antonio Delfino – Sim, é isso. É um processo que esperamos que avance - e que obviamente vai avançar, com os próprios indígenas participando desse processo. Tal como nos Estados Unidos e em outros locais, a intenção é que cada vez mais os indígenas participem dessas batalhas, para que essas não sejam batalhas das ONGs ou do Ministério Público, mas dos próprios indígenas.

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA EM PLURALE EM SITE. 13


Colunista Adriano Pires

RISCOS IMINENTES NO SETOR ELÉTRICO

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resce o risco da ocorrência de apagões e, até mesmo, da necessidade de racionamento de energia no país. Mais uma vez, o contexto de baixa do nível dos reservatórios das principais usinas hidroelétricas, em decorrência da seca, é preocupante. O nível de armazenamento dos reservatórios do subsistema Sudeste/ Centro-Oeste (que concentra 70% da capacidade de armazenamento dos reservatórios do país) encerrou junho no mais baixo percentual já verificado para o mês na série histórica do ONS (29,1%), com exceção de 2001 (28,6%). Para tentar evitar essa situação, a solução imediata foi o acionamento de todas as usinas que não são hidroelétri-

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cas, para dar suporte ao fornecimento energético. Além disso, é preciso deixar que os preços reflitam, de fato, o custo da geração de energia elétrica no atual contexto: a reduzida geração hidroelétrica e o aumento da produção termoelétrica. A bandeira vermelha no patamar 2 só foi acionada em junho, quando já deveria estar vigorando desde fevereiro. O valor atual do acionamento máximo da bandeira tarifária é de R$ 6,243 para cada 100 kWh consumidos, mas esse valor precisa ser ajustado de forma a refletir o real custo da energia. O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que valora a energia vendida no mercado de curto prazo, já deveria estar no teto. Atualmente, são estabelecidos dois limites máximos do PLD: um limite

máximo estrutural e um limite máximo horário, cujos valores para 2021 foram estabelecidos em R$ 583,88/MWh e R$ 1.197,87/MWh, respectivamente. Somente com os preços em alta temos um sinal para o consumidor reduzir o consumo e estímulos para despachar o máximo possível de térmicas, preservando o nível de água dos reservatórios. Apesar do atraso, o governo começou a tomar algumas atitudes, como a movimentação para a criação da Medida Provisória (MP) que cria um comitê, presidido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com as atribuições de mexer na vazão de rios e reservatórios de usinas hidroelétricas. O problema é que essa MP gera insatisfação em outros setores, em decorrência do uso múltiplo da água. Quando se dá a exclusividade da água para a geração de energia, outras atividades são prejudicadas, como abastecimento humano, manutenção de hidrovias, piscicultura, turismo e lazer. É importante destacar que todas essas ações e medidas realizadas até agora são paliativas - e acabam onerando o consumidor. O setor precisa de um efetivo planejamento de longo prazo. Até porque a previsão para o regime de chuvas de 2021/2022 será afetada por dois fenômenos meteorológicos combinados: o La Niña, no Oceano Pacífico, e o aquecimento do Oceano Atlântico, ao longo do próximo verão. Ainda que ambos tenham efeitos diferentes, o resultado será a redução das chuvas na região Centro-Sul do Brasil ao longo do próximo período úmido, previsto para começar a partir de novembro, quando


FOTOS DE DIVULGAÇÃO

a crise hídrica atual começaria a aliviar. A matriz elétrica brasileira tem a maior parte da geração baseada na fonte hídrica (65%), o que torna o setor extremamente vulnerável às condições climáticas, sobretudo às chuvas. De modo geral, quando há previsão de períodos de seca, o planejamento conta com usinas termoelétricas, que são acionadas para compensar a menor oferta de hidroeletricidade. No entanto, a perda da capacidade de regularização dos reservatórios das hidroelétricas, dada a prioridade às usinas a fio d’água, e também a forte expansão das fontes renováveis intermitentes, estão tornando a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) cada vez mais complexa, dependente do clima e com baixa confiabilidade. Isto significa que o modelo atual já não reflete as novas condições do sistema elétrico - e que as alterações feitas nos últimos anos tentaram apenas equacionar problemas de curto prazo, sem alterar as formas de remuneração/ tarifação do despacho. A falta de flexibilidade no modelo atual não corresponde à nova realidade. O resultado disso é que a energia hidroelétrica foi e continua sendo despachada na base, mesmo com reservatórios baixos nos últimos anos - e que as usinas termoelétricas, concebidas para entrar na ponta, também vêm operando na base. As termoelétricas a gás natural cumprem quesitos necessários para acompanhar e garantir uma expansão segura do sistema elétrico. As usinas a gás podem localizar-se próximas às áreas de maior crescimento da carga; têm a possibilidade de suprir energia nos períodos em que o sistema mais precisa, pois possuem capacidade de modulação diária (acionamento rápido) e independem das condições climáticas. Além disso,

são as de menor impacto ambiental dentre as fontes fósseis e têm curto prazo de implantação. Térmicas a gás natural inflexíveis na base do sistema elétrico podem funcionar como uma espécie de bateria virtual, de modo a permitir um melhor gerenciamento do nível de reservatório e a expansão das outras renováveis. Com esse gerenciamento, a volatilidade do PLD será reduzida, o que eliminaria a necessidade do acionamento das térmicas mais caras e mais poluentes – que, na prática, é o que vem ocorrendo. Além disso, o Brasil conta com recursos para tal, dada a viabilidade de exploração e de produção de gás natural onshore e offshore no país, com custos operativos perfeitamente compatíveis com os atributos que as usinas termoelétricas fornecem ao sistema elétrico brasileiro. A oferta de gás natural é ampla, pois temos o gás do pré-sal e a possibilidade de importação do Gás Natural Liquefeito (GNL), cujos preços estão bastante competitivos. As reservas de gás no pré-sal têm um grande potencial. O gás é uma indústria de rede e, como tal, precisa de escala para virar protagonista. Para tanto, há a necessidade de infraestrutura, ou seja, da construção de gasodutos que levem o combustível até os grandes consumidores, como é o caso das térmicas inflexíveis. Para que haja concorrência e os preços se tornem competitivos é preciso, em primeiro lugar, que haja muitos produtores e importadores, e que esses encontrem mercado. A maior oferta de gás natural vindo do pré-sal depende do fim de gargalos de infraestrutura logística e de processamento. O GNL, por sua vez, já chega tratado nos terminais da costa brasileira – e pode ser a opção de uso, até que se desenvolva toda a infraestrutura neces-

sária para o escoamento do gás nacional. O GNL pode, dessa forma, desempenhar o importante papel de âncora no desenvolvimento do mercado de gás nacional. Uma de suas principais vantagens é o preço competitivo, uma vez que o produto é comercializado no mercado internacional. Ao contrário do que muita gente pensa, o gás natural e o GNL não competem; são complementares, ou seja, o uso depende do setor de aplicação. O GNL é importante para o suprimento de gás natural em áreas que não são atendidas por gasodutos. O futuro do setor elétrico exige um equilíbrio entre as fontes distantes, sazonais e intermitentes, e as fontes de geração constante e próximas aos centros consumidores, de modo a garantir a segurança no sistema. As fontes próximas aos centros consumidores aumentam a confiabilidade da rede; proporcionam economias, devido ao menor valor dos investimentos necessários para ampliação e reforço da rede de transmissão. E reduzem, também, as perdas no sistema. Além disso, fontes intermitentes e sazonais demandam, por parte do sistema elétrico, uma geração despachável sob demanda e com capacidade de acionamento rápido, como as usinas termoelétricas. As térmicas a gás natural e nucleares conferem maior confiabilidade ao sistema, pois garantem segurança para que as renováveis continuem crescendo na matriz elétrica brasileira. Para o futuro, portanto, deve-se pensar em uma matriz mais equilibrada, mais diversificada e com mais confiabilidade. (*) Adriano Pires, Colunista de Plurale, é sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). É Doutor em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII, atua há mais de 40 anos na área de energia. Sua última experiência no governo foi na Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Desenvolve atividades de pesquisa e ensino nas áreas de economia da regulação, economia da infraestrutura, aspectos legais e institucionais da concessão de serviços públicos e tarifas públicas.

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Colunista Maria Elena Pereira Johannpeter

O “Q” QUE FAZ TODA A DIFERENÇA

Q

uem nunca se deparou com determinado tema que gostaria de conhecer, de aprofundar, mas não sabe por onde começar? Ou, ao ouvi-lo, teve a sensação de que é algo muito difícil ou de recebê-lo até com certos melindres? Pois é, o assunto QI + QE + QS, talvez para alguns, esteja dentro desse quadro. Mas, é claro, como qualquer tema ou ação, é necessário, em primeiro lugar, nos abrirmos para ele, baixar a nossa guarda, ter vontade sincera e honesta, e dizer: "Vou me dar esta oportunidade, mergulhando de coração e de mente. Vou deixar de lado os PREconceitos." O QI (Quociente de Inteligência) e o QE (Quociente Emocional) já são palatáveis para nós. Porém, o QS (Quociente Espiritual), ainda mais somado aos outros dois anteriores, pode dar a ideia que se está misturando alhos com bugalhos, uma vez que, em nossa trajetória de Formação, esse QS, muito pouco ou quase nunca, nos foi apresentado fora de conotações religiosas; aliás, um alto QS não mantém, necessariamente, uma conexão direta com religião. Como nos diz Danah Zohar em QS - Consciência Espiritual - O "Q" que faz a diferença (Editora Record), embora tenhamos sido programados pelas regras do que aprendemos e pelos hábitos profundos formados por associações de toda a vida, conservamos o LIVRE ARBÍTRIO. Podemos assim mudar, por livre esco-

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lha, as regras do jogo ou elevar as balizas de nossas decisões, em qualquer momento de nossas vidas, pois somos jogadores infinitos, diferentes das máquinas que são finitas. O Livre Arbítrio constitui um aspecto essencial de nossa Consciência. É ele que nos conduz para o nosso QS ou Inteligência Espiritual. É minha intenção trazer-lhes o quanto os três Quocientes, juntos, reforçam a “Integridade do Ser”, ao trazerem sustentação, expansão e aprimoramento para cada um de per si. Todavia, é o QS - Quociente Espiritual, que nos diz em que nível estamos ligados, submissos à nossa Alma, à nossa Consciência. Convido você à leitura do quadro abaixo, com as características básicas dos QI, QE e QS. O que é a Alma: É o princípio animador ou vital; aquilo que dá vida ao organismo físico, em contraste com seus elementos materiais; o hálito da

vida. (Dicionário Webster). O que é Consciência: É como um sensor, que nos sinaliza se o que estamos fazendo nos afasta ou não do Propósito de nossa Alma. Avisa se está havendo “descolamento” entre o Propósito da Alma e as nossas ações. Nos avisa se estamos vivendo no modo "piloto automático". Aqui acredito ser importante, para maior clareza do texto, que seja introduzida a expressão Planejamento Espiritual, que talvez não seja familiar a muitos. Todos estamos acostumados a ver a palavra Planejamento associada às esferas Profissional, Carreira, Familiar, Financeira e tantas outras. Todos esses planejamentos, porém, são apenas um desdobramento do essencial, que é o PLANEJAMENTO EXISTENCIAL. Se anteriormente dissemos que a Consciência é o sensor o sinalizador, que nos avisa se está havendo descolamento entre o Pro-

Quociente Intelectual QI Escala Binet-Simon 1905

Quociente Emocional QE Daniel Goleman 1995

Quociente Espiritual QS Danah Zohar & Marshall - 2000

Razão

Emoção

Intuição, Insights

Lógica

Pensamento e Aprendizagem Associativa

Pensamento Criativo

Pautado por regras

Afetado por hábitos

Revogador de Padrões e Regras

Prudência, Zelo, Assertividade

Afetado por hábitos

Contextualiza Transforma, Extrai Sentido, Significado

PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2021


pósito de nossa Alma e as nossas ações, então creio que a resposta à pergunta não feita é, sim, o Planejamento Existencial, feito para responder ao PROPÓSITO que é da nossa Alma. É ela que veio buscar, nessa existência, fazer o seu aprendizado. Tudo que aqui fazemos, poderíamos, usando a linguagem empresarial, dizer que são os OBJETIVOS para atingir nosso PROPÓSITO. Assim sendo, os Quocientes de Inteligência e de Emoção estão a serviço dos OBJETIVOS. E o Quociente Espiritual potencializa sobremaneira esses dois. E como potencializa? Pela assertividade com que entregamos os RESULTADOS QUALIFICADOS onde quer que estejamos. Potencializa positivamente nossos relacionamentos, nossas buscas, nos dá insights, intuição, sincronicidade em todas as situações. Nossos caminhos são azeitados, facilitados. Quando estamos com os três Quocientes muito alinhados, podemos dizer que estamos em sintonia fina com a Vida. Essa sintonia é primordial sempre, para qualquer um de nós, mas para quem está em situação de LIDERANÇA, porém, essa sintonia é primordial. Faz a

gente entender que o título de LÍDER não é um privilégio e sim uma grande responsabilidade, uma vez que a Liderança tem a seu encargo Seres Humanos, outras Almas que também têm os seus próprios Propósitos a serem desenvolvidos. O Líder não as vê somente como colaboradores que servem apenas para a entrega de resultados ou de metas a serem atingidas. Para facilitar a busca do QS – Quociente Espiritual - algumas reflexões são sempre facilitadoras: quem sou eu, realmente? E, principalmente, para que estou nessa existência? Em qual quociente estou muito mais forte, apegado? Sentir fortemente que quer mudar, se for o caso. Refletir sobre onde está o seu centro e quais as suas profundas motivações. Ao identificá-los, tentar eliminar obstáculos que possam dificultar a jornada. Examinar numerosas possibilidades de progredir. Comprometer-se com um caminho, permanecendo consciente de que são muitos os caminhos; todavia, a escolha é sempre sua. A Humanidade inteira está na nova Era de Aquarius, está num novo Milênio, está num novo Século, está numa nova Década, está

num novo Desafio, portanto estamos no NOVO-NOVO (não Novo-Normal). A resposta para o NOVO-NOVO é a expansão de nossa Consciência. É sair da cultura da multidão, da cultura do pensamento monitorado, guiado por apegos e interesses que nada têm a ver com o PROPÓSITO INDIVIDUAL DE CADA ALMA. Sei que fazemos parte de uma Consciência Coletiva, mas sei quem EU SOU, e vivo os anseios do PROPÓSITO DE MINHA ALMA. E também sei que essa ferramenta chamada QS – Quociente Espiritual - pode me dar Indicadores, e que posso transformá-los em Metas para a minha Evolução. Convido você, que me acompanhou até aqui, a me dizer: esse assunto já lhe é palatável ou ainda lhe causa melindres? Sejamos felizes, sejamos éticos, sejamos bem realizados, sejamos fiéis à nossa Essência Maior. (*) Maria Elena Pereira Johannpeter é Colunista Plurale, Fundadora e membro do Conselho de Administração Da ONG Parceiros Voluntários. É colunista da Revista Plurale. Idealizadora e Produtora do canal YouTube.com/travessia

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Artigo

O DESAFIO DE RETORNAR PARA ALGO MELHOR

S

Por Henrique Braun

FOTO DE LÉO AVERSA

No início de 2018, reafirmamos nosso compromisso por “Um Mundo Sem Resíduos”, uma visão global pela qual nos propusemos a oferecer produtos em embalagens 100% recicláveis e a coletar e reaproveitar ou reciclar o equivalente a 100% das embalagens que colocamos no mercado até 2030 - além de garantir, até 2025, 50% de material reciclado em nossas garrafas e latas. E continuamos trabalhando para contribuir com soluções sustentáveis para o uso de embalagens. Temos a responsabilidade de ajudar a resolver o problema em torno das embalagens, assim como todas as empresas. HENRIQUE BRAUN

Presidente da Coca-Cola para a América Latina 18

PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2021

e há algo que aprendemos com o passar dos anos é que, das crises — pessoais e coletivas —, nunca se sai da mesma forma. Podemos ser derrotados ou seguir mais fortes. Na Coca-Cola Company ficamos com a última opção, uma perspectiva que vê em cada tombo uma oportunidade. É com esse espírito que decidimos reestruturar a estratégia da empresa e reforçar o nosso propósito. Assim nasceu, no fim de 2020, “Abertos pro melhor”, um movimento de comunicação no qual as ações do primeiro semestre de 2021 da marca Coca-Cola têm se sustentado - um chamado a estarmos abertos a algo diferente. Inspirado num poema escrito especialmente para a Coca-Cola e, no Brasil, narrado pelo rapper Djonga, “Abertos pro melhor” nos diz que “o que importa é aproveitar o momento”, e nos convida, entre outras coisas, a tornar “inesquecível um momento do cotidiano”. E em se tratando de deixar a normalidade para trás, outra proposta que trazemos com a marca Coca-Cola é deixar no passado coisas que não contribuem para um mundo melhor. No início de 2018, reafirmamos nosso compromisso por “Um Mundo Sem Resíduos”, uma visão global pela qual nos propusemos a oferecer produtos em embalagens 100% recicláveis e a coletar e reaproveitar ou reciclar o equivalente a 100% das embalagens que colocamos no mercado até 2030 - além de garantir, até 2025, 50% de material reciclado em nossas garrafas e latas. E continuamos trabalhando para contribuir com soluções sustentáveis para o uso de embalagens. Temos a responsabilidade de ajudar a resolver o problema em torno


INFOGRÁFICO DE FERNANDO ALVARUS/ COCA-COLA BRASIL REPRODUÇÃO/COCA-COLA BRASIL

Por meio de uma campanha na América Latina, mostramos aquelas “Coisas que devem retornar vs. aquelas que devem ficar no passado” e buscamos inspirar as pessoas a ter orgulho das suas escolhas e a incorporar- a seus hábitos de compra alternativas que contribuam não só para a economia familiar, mas também para a economia circular, que estimulamos a partir do nosso propósito. No ciclo das retornáveis, a pessoa devolve uma embalagem vazia ao ponto de venda para levar uma nova bebida. Uma garrafa PET retornável pode ser reutilizada, em média, 15 vezes, e uma garrafa de vidro retornável 35 vezes. Ao perderem sua vida útil, são recicladas e podem ser utilizadas na fabricação de outros produtos. Sem dúvida, na Coca-Cola Company acreditamos que, juntos, podemos construir um mundo melhor. Ao estarmos presentes à mesa dos nossos consumidores, nós os convidamos a desfrutar de seus entes queridos, transformando cada refeição num momento especial - e fazendo isso de forma responsável com o nosso meio ambiente. Este é o caminho que seguiremos rumo ao novo normal. das embalagens, assim como todas as empresas. Este ano reforçamos, a partir da marca Coca-Cola, a aposta nas embalagens retornáveis, pilar fundamental deste compromisso rumo

ao "Mundo sem Resíduos”. E estamos fazendo isso através de um novo chamado, com o qual damos um forte impulso à incorporação de hábitos que possam ter um impacto positivo no meio ambiente.

(*) Henrique Braun é presidente da Coca-Cola para a América Latina Artigo originalmente publicado no LinkedIn, em português e espanhol.

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Pelo Brasil Dia da sobrecarga da Terra: um novo normal não tão novo assim INFOGRÁFICO DO INSTITUTO AKATU

O

Do Instituto Akatu

Dia da Sobrecarga da Terra chegou. Após um cenário global de recessão econômica, ainda que mantido um alto nível de desemprego, a produção e o consumo começaram a dar sinais de recuperação e o dia voltou a cair exatamente na mesma data de 2019 — 29 de julho —, ano anterior ao coronavírus. Em 2020, com a chegada da pandemia, o dia atrasou significativamente para 22 de agosto, um alento em meio a tantas notícias ruins. Mas veio 2021 e a data regrediu novamente. Isso quer dizer que voltamos a consumir 74% mais recursos naturais do que o planeta tem condições de regenerar em um ano. Quer dizer também que a corrida para recuperar a economia global trouxe de volta os níveis anteriores de emissões de gases de efeito estufa e de uso de recursos naturais. Esses dados mostram a necessidade de se pensar em um desenvolvimento econômico pautado por novos modelos de produção e de consumo, que gerem menos impactos negativos ao meio ambiente e à sociedade – e que, idealmente, gerem impactos positivos. “Faltando ainda (quase) meio ano, já esgotamos a nossa cota de recursos naturais da Terra para 2021”, alerta Susan Aitken, líder da Câmara Municipal de Glasgow, na Escócia, e conselheira da Global Footprint Network, entidade responsável pelos cálculos de sobrecarga da Terra desde 1970. Traduzindo: a data indica que precisamos de 1,7 planeta para manter nossos padrões atuais de produção e de consumo. Mas, obviamente, só temos um. Helio Mattar, diretor-presidente do Akatu, destaca que a data precisa ser levada a sério por todos. “O adiantamento do Dia da Sobrecarga da Terra de 2021 ilustra a importân-

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cia das ações coletivas e a urgência na revisão dos nossos modelos de produção e de consumo. A recuperação econômica global frente ao coronavírus precisa levar em conta aspectos socioambientais e oferecer respostas à Crise Climática”, afirma. Com muitas indústrias paradas e pessoas usando menos automóveis por causa da pandemia, o mundo reduziu em 14,5% sua pegada de carbono no ano que passou: queimamos menos combustíveis fósseis e, consequentemente, emitimos menos gases de efeito estufa (GEE). Em paralelo, a baixa demanda industrial poupou recursos naturais, o que fez com que o Dia de Sobrecarga da Terra regredisse de forma significativa pela primeira vez em 50 anos! Em 2021, mesmo ainda em um cenário de pandemia, diversos países retomaram suas atividades econômicas com ritmo de produção igual ou até maior que o anterior ao coronavírus. A pegada de carbono aumentou 6,6% em relação a 2020, em função de uma maior queima de combustíveis fósseis, e o mundo perdeu 0,5% de sua biocapacidade global (quan-

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tidade de recursos que a Terra pode regenerar em um ano), tendo o Brasil como mau exemplo: 1,1 milhão de hectares de florestas foram perdidos no país só em 2020 - e as estimativas indicam aumento de até 43% no desmatamento este ano. Diante desses dados, precisamos refletir sobre nossa forma de viver e nos mobilizar para pôr em prática a mudança desejada e necessária de padrões de produção e de consumo. Segundo a Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2020, realizada por Akatu e GlobeScan, boa parte dos consumidores percebem essa necessidade. O estudo mostra que 71% dos brasileiros entendem que, ao recuperar a economia pós-covid, a prioridade deveria estar em reestruturar a economia para lidar melhor com outros desafios, como a desigualdade e as mudanças climáticas, e não em simplesmente recuperar a economia o mais rápido possível. Confira no site do Instituto Akatu algumas dicas de como consumir de forma mais consciente - e contribuir para que o Dia da Sobrecarga da Terra volte a regredir em 2022.


D. Gilda Vieira de Mello, mãe de Sergio Vieira de Mello, faleceu no Rio, aos 103 anos FOTO DE ANDRÉ SIMÕES

Por Sônia Araripe, Editora de Plurale

Faleceu no Rio, no dia 2 de agosto, Gilda Vieira de Mello - mãe do Alto-Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, Sérgio Vieira de Mello, morto em 2003, em atentado terrorista da Al Qaeda, que explodiu a sede da ONU em Bagdá, Iraque. Gilda Viera de Mello faleceu de morte natural, aos 103 anos, lúcida, em casa, em Ipanema, cercada do carinho da família. Tivemos o privilégio de ter convivido com Gildinha (como era conhecida pelos parentes e amigos) e sua família após a publicação da última entrevista de Sérgio, poucos dias antes do atentado de Bagdá. Em 2007, ela esteve no lançamento de Plurale com o neto – André Simões (afilhado de Sérgio) – e sempre fazia questão de ler a revista. Recentemente, André me mandou de presente uma foto, da avó com Plurale, lendo SEM ÓCULOS

D. Gilda, 103 anos, fazia questão de ler Plurale em revista - sem óculos.

perto da janela. Sempre muito bem arrumada, colar e brinco, vaidosa que sempre foi. Que privilégio tê-la como amiga e leitora.

Sinceros sentimentos para a família. Siga na luz, querida Gildinha. Gratidão. Leve o nosso abraço para o Sergio.

A biodiversidade brasileira perde uma de suas defensoras: a jornalista ambiental Liana John FOTO DE PATRÍCIA MÉDICI – PESQUISADORA DO IPÊ

O jornalismo ambiental sofreu, no dia 23 de julho, mais uma grande perda. Liana John - jornalista e autora de mais de dez livros - faleceu em decorrência de um câncer, contra o qual lutava há seis anos. Deixou uma mensagem de despedida que emocionou a todos, na qual agradece as bênçãos da vida e as experiências vividas. Ao longo da carreira, Liana foi contemplada com importantes prêmios para a categoria. Entre eles estão o Prêmio de Reportagem sobre Biodiversidade da Mata Atlântica, o Biodiversity Reporting Award, Latin American Category (2009),

da Conservation International, e o Prêmio Embrapa de Reportagem. Seu trabalho foi parte de veículos de comunicação como a Revista Terra da Gente, na qual atuou por seis anos, e a Agência Estado, na qual foi responsável pela editoria de Ciência e Meio Ambiente por 15 anos. Outras empresas em que atuou foram: National Geographic Brasil, Horizonte Geográfico, Veja, Planeta Sustentável, Rádio Eldorado e Revista Pantanal. Deixa o marido, o pesquisador Evaristo de Miranda; os quatro filhos, Tiago, Íris, Melissa e Daniel; e o neto Nico.

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Pelo Brasil Desmatamento da Amazônia cresceu 17% no primeiro semestre Do WWF Brasil

Os alertas de desmatamento para a Amazônia em junho mostraram um crescimento de 17% em relação ao primeiro semestre do ano passado, com uma área de 3.610 km2 desmatada em 2021. Foram 1.062 km2 apenas em junho, o que faz deste montante o maior valor aferido no sexto mês, pelo menos desde 2016. Apenas o estado do Pará, que perdeu 438 km2 de florestas, responde por 41% de todo o desmatamento na região durante o mês de junho. O ritmo de desmatamento da Amazônia em 2021 indica que, pelo terceiro ano consecutivo, a floresta perderá em torno de 10 mil km2. Esse patamar é

60% superior à média da década anterior ao atual governo (2009-2018), que era de 6,4 mil km2. A meta apresentada pelo General Hamilton Mourão para a nova fase de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia não altera esse cenário. A redução de 12% em relação a 2020, proposta pelo vice-presidente, permitiria apenas retroceder ao nível alcançado em 2019, quando o desmatamento havia crescido quase 30% em relação ao ano anterior. Com o Cerrado, a situação não é diferente: a destruição do segundo maior bioma do Brasil - considerado a caixa d’água do país, devido ao grande número de bacias hidrográficas que nascem nele -, cresceu 16,9% em ju-

nho e 6,3% no acumulado do primeiro semestre, na comparação com 2020. A área natural perdida em junho e nos primeiros seis meses deste ano é de 511 km2 e 2.638 km2, respectivamente. “É rápido desconstruir. O governo Bolsonaro perdeu duas décadas de combate ao desmatamento em dois anos. Provavelmente precisaremos de outras duas para recuperar o legado desse desmonte”, ressalta Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil. “A destruição da Amazônia e do Cerrado coloca em risco a segurança hídrica do país e, por consequência, nossa segurança energética, com sérias consequências para toda a economia. Essa provavelmente será a herança deste governo”, completa.

Sesc Pantanal recebe honraria por ações durante os incêndios florestais em 2020 FOTO DE DIVULGAÇÃO

De Cuiabá (MT)

O Polo Socioambiental Sesc Pantanal recebeu em 11 de agosto a Medalha Mérito Engenheiro Domingos Iglesias Valério, concedida pelo governador do Estado de Mato Grosso, Mauro Mendes. Personalidades civis e militares foram homenageados, pelos relevantes serviços prestados ao Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil, entre eles representantes de instituições que atuaram durante os incêndios florestais no Pantanal, em 2020. Além da superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano, também foram agraciados pela atuação no combate aos incêndios o presidente do Sindicato Rural de Poconé – MT, Raul Santos Costa Neto, o coordenador de Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC), José Antônio dos Santos Filho e a Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato

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Grosso, Jusciery Rodrigues Marques. O secretário-chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho Junior, estava presente na cerimônia. De acordo com o secretário-adjunto de proteção e Defesa Civil do Estado de Mato Grosso, César Brum, o destaque nesta edição foi para pessoas que contribuíram para minimizar o impacto dos incêndios na fauna, flora e saúde das pessoas."É o caso do Sesc Pantanal que teve atuação fundamental no

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apoio aos órgãos de segurança e Defesa Civil para debelar os incêndios no Pantanal mato-grossense. Esse apoio, como um grande sistema de proteção e defesa conjunto, motivou indicarmos os homenageados ao governador para a concessão da medalha, entregue sempre no dia 11 de agosto, data natalícia do saudoso Doutor Iglesias. Parabéns a todos os agraciados", concluiu. Para a superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano, a medalha é o reconhecimento do trabalho feito pelos brigadistas e funcionários da instituição. "Todos os funcionários estiveram envolvidos no trabalho de combate aos incêndios em 2020, desde brigadistas e guarda-parques, que estavam na linha de frente, aos funcionários que dão suporte para toda a estrutura poder ser utilizada. Essa medalha, portanto, é de todos nós e também demonstra a importância da união de cada um que faz parte do Pantanal", completou.


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Estudo de caso

Neoenergia

apoia o esporte feminino Patrocínio da empresa reforça a importância da igualdade de oportunidades e a sustentabilidade

N

uma ação inédita no País, a Neoenergia se tornou a primeira empresa a patrocinar exclusivamente a Seleção Brasileira de futebol feminino, dando nome também à competição nacional de clubes, que passou a se chamar Brasileirão Feminino Neoenergia. O apoio reforça a premissa da gigante do setor elétrico brasileiro em ampliar a participação da mulher no contexto social e profissional, reforçando o compromisso com a equidade de gênero. A Neoenergia conta atualmente com 43% de mulheres nas suas equipes corporativas, sendo que na Dire-

toria Executiva a proporção é de 44% de presença feminina. O objetivo é que os percentuais sejam ainda mais expressivos nos próximos anos. A independência financeira é uma das principais formas de empoderamento das mulheres; por isso mesmo, promover a igualdade no acesso ao mercado de trabalho é essencial. A empresa possui um programa de diversidade que tem como foco promover um ambiente de trabalho de inclusão, respeito às diversidades, empoderamento e combate ao preconceito. Dentro da estratégia, a Neoenergia revisou os processos de Recursos Humanos e passou a atuar em recrutamento e seleção para promover processos

seletivos mais inclusivos, formar sua liderança para gestão da diversidade e seguir fomentando ações para empoderamento e combate ao preconceito. “Apostamos no apoio ao esporte feminino com a convicção de que lutamos pela igualdade de oportunidades. Acreditamos na igualdade em todos os campos e compartilhamos com essas jogadoras os mesmos valores, como esforço, superação, profissionalismo, trabalho em equipe. Essas esportistas são o espelho em que se miram muitos homens e mulheres, são exemplos para tantas outras que veem no esporte uma janela de oportunidades de mudança social. Além de ser um direito primordial, a igualdade também é um dos fundamenFOTOS DE THAIS MAGALHÃES - CBF/ DIVULGAÇÃO

Em ação inédita no País, a Neoenergia se tornou a primeira empresa a patrocinar exclusivamente a Seleção Brasileira de futebol feminino, dando nome também à competição nacional de clubes, que passou a se chamar Brasileirão Feminino Neoenergia. O apoio reforça a premissa da gigante do setor elétrico brasileiro em ampliar a participação da mulher no contexto social e profissional, reforçando o compromisso com a equidade de gênero.

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FOTO DA NEOENERGIA/ DIVULGAÇÃO

O Estádio de Pituaçu (BA), localizado em Salvador, foi pioneiro na América Latina em aderir à energia elétrica fotovoltaica para abastecimento próprio de energia. Com capacidade para 32 mil pessoas, começou a gerar energia em 2012, com o projeto Pituaçu Solar, e, atualmente, a usina conta com 2.302 módulos fotovoltaicos, gerando cerca de 630 MWH/Ano e garantindo autossuficiência elétrica para o estádio.

tos essenciais para construir um mundo mais próspero para todos”, afirma Mario Ruiz-Tagle, CEO da Neoenergia. Além disso, a Neoenergia mantém uma Política de Igualdade de Oportunidades e Conciliação: não admite qualquer tipo de discriminação por raça, cor, idade, sexo, estado civil, ideologia, opiniões políticas, nacionalidade, religião, orientação sexual ou qualquer outra condição pessoal, física ou social entre seus profissionais. As iniciativas estão em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente com o número 5, Igualdade de gênero. Sustentabilidade em pauta Por ser uma paixão nacional, o futebol mobiliza multidões e eleva significativamente o consumo de energia em partidas e transmissões. Essa também é uma das preocupações da Neoenergia, que reforça a importância de iniciativas que possibilitem ao futebol ser um esporte sustentável, no Brasil e no mundo. Neste cenário, o Estádio de Pituaçu (BA) foi pioneiro na América Latina em aderir à energia elétrica fotovoltaica para abastecimento próprio de energia. Localizado em Salvador e com capacidade para 32 mil pessoas, começou a gerar energia em 2012, com o projeto Pituaçu Solar; atualmente, a usina conta com 2.302 módulos fotovoltaicos que geram, aproximadamente, 630 MWH/Ano - o que garante autossuficiência elétrica para o estádio. A usina fotovoltaica de Pituaçu foi a primeira a usar a tecnologia para

instalações deste porte no Brasil. A iniciativa faz parte do projeto da Coelba, distribuidora da Neoenergia que atende o estado da Bahia, por meio do Programa de Eficiência aprovado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), em parceria com o Governo do Estado da Bahia. O estádio tem ainda um modelo moderno e eficiente, com projetores dotados de design mais apropriados à aplicação em estádios abertos, por meio de ótica de precisão e alta tecnologia, além de 112 projetores de vapor metálico 2000 Watts, que oferecem maior luminosidade e são mais eficientes do que os 192 projetores anteriormente instalados. Com o apoio da Neoenergia à Seleção Feminina de Futebol e ao Brasileirão Feminino Neoenergia, também está prevista a instalação de placas solares na Granja Comary, centro de treinamento das seleções no Rio de Janeiro. A estratégia está em linha com a postura adotada pela Iberdrola, controladora da companhia, que firmou uma parceria com a Federação Real Espanhola de Futebol para promover a primeira cidade do futebol sustentável nas instalações de concentração das seleções espanholas de futebol, na localidade de Las Rozas, em Madrid. O complexo esportivo contará com sistema de autoconsumo integrado por 110 placas solares, que iluminará os jogos das seleções com energia renovável. Além disso, instalará 20 pontos de recarga para veículos elétricos, com o objetivo de incentivar a mobilidade sustentável entre atletas e torcedores.

Escola de Eletricistas – Reconhecida pela ONU Mulheres O apoio à igualdade de oportunidades também está presente nos projetos voltados para o setor elétrico, que vêm sendo desenvolvidos pela Neoenergia. A Escola de Eletricistas promove a inserção de profissionais com conhecimento técnico especializado no mercado de trabalho. Criada em 2017, a Escola de Eletricistas já capacitou mais de 1.300 profissionais. Em 2019, ganhou uma versão exclusiva para mulheres, o que possibilitou impulsionar a participação feminina por meio de uma iniciativa inédita, que promove a igualdade de gênero em uma profissão antes dominada por homens. A iniciativa foi reconhecida internacionalmente em um estudo de caso, publicado pelo WeEmpower, programa da ONU Mulheres junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e à União Europeia, para estimular boas práticas das empresas. O documento aponta o projeto da Neoenergia como exemplo de um dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs, na sigla em inglês); o de promover educação e desenvolvimento profissional para as mulheres.

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Redução de emissões

Ball anuncia meta de reduzir 55% de suas emissões de gases de efeito estufa até 2030 e alcançar 90% de taxa de reciclagem global DE PLURALE FOTOS DA BALL/ DIVULGAÇÃO

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eduzir 55% de suas emissões de gases de efeito estufa até 2030 e 16% da cadeia de fornecimento. Zerar as emissões até 2050 ou antes. Alinhar a indústria para alcançar um índice de reciclagem global de 90% de latas para bebidas, garrafas e copos de alumínio. Estas são as metas globais que a Ball – líder mundial de embalagens sustentáveis de alumínio – acaba de anunciar para suas operações mundiais. A operação no Brasil, que começou em 2016 com 10 fábricas, está empenhada neste esforço gigantesco e tem tudo para ficar bem na foto: temos índices de reciclagem do alumínio que são recordes mundiais - e o uso de energia limpa também serve como exemplo para outros países, mesmo os mais desenvolvidos. “São metas bastante robustas, sim, mas factíveis. Estamos todos muito empenhados em bater estas metas e inspirar e trazer junto toda a cadeia produtiva”, explica à Plurale Estevão Braga, Gerente de Sustentabilidade da Ball no Brasil e América do Sul. Os objetivos também incluem garantir que todo o alumínio utilizado pela empresa seja comprado de fontes sustentáveis certificadas, e converter ainda 80% do volume global de latas para bebidas da Ball para seus designs STARcan, de peso otimizado. O compromisso foi aprovado pelo Science Based Targets, iniciativa internacional que estabelece metas para a redução de Gases de Efeito Estufa nas indústrias, formada pelo Carbon Disclosure Project (CDP), United Nations Global Compact, World Resources Institute (WRI) e World Wide Fund for Nature (WWF).

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Gestão responsável dos produtos - As metas – destaca Estevão Braga estão focadas em aprimorar a gestão responsável dos produtos e em aumentar o impacto social, para criar valor para seus diversos públicos de interesse – explica. E apresenta um desenho no qual fica bem claro como isso funciona na prática: o que a Ball faz e persegue vai impulsionando todo o ciclo da produção. A companhia divulgou uma visão que envolve toda a indústria, com o objetivo de garantir uma economia verdadeiramente circular para a cadeia de embalagens de alumínio. Os planos de ação – diz o Gerente de

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Sustentabilidade da Ball no Brasil e na América do Sul – já estão em curso. E o Brasil tem apresentado uma boa performance não só na América do Sul, mas comparado com a performance global, como na melhoria do conteúdo reciclado na lata de alumínio. As latas da Ball (no Brasil/América do Sul) são fabricadas com 78% de alumínio reciclado, com o alumínio primário; e as latas recicladas podem voltar para as prateleiras em apenas 60 dias, como uma nova lata. A Ball, em suas operações em diferentes regiões do mundo, trabalha para aumentar esse número: alinhando a indústria para alcançar um índice de reciclagem global de 90%


FOTOS E ILUSTRAÇÕES DA BALL/ DIVULGAÇÃO

de latas para bebidas, garrafas e copos de alumínio. E no caso das unidades brasileiras, este indicador chega perto do número recorde mundial da reciclagem de alumínio verde-e-amarelo, de 97,4%. - Importante lembrar - observa o executivo - que, ao reutilizar o alumínio, está-se deixando de gastar não só energia, mas com outros insumos em toda a cadeia circular da lata, como a bauxita e água. Circularidade - Para desenvolver e promover os melhores métodos, políticas e ações em toda a cadeia, a Ball vai intensificar sua troca com os principais stakeholders de todo o setor de embalagens de alumínio para bebidas. O objetivo é chegar a um sistema totalmente circular. Estevão conta que todos os fornecedores já sabem que, para continuar a comercializar com a companhia, também precisam ser certificados e perseguir metas sustentáveis. “Queremos ajudar e inspirar toda a cadeia produtiva.” Com critérios rígidos, em que não é permitido apenas neutralizar as emissões, mas sim reduzi-las de fato, o Science Based Targets acompanhará a evolução da Companhia em seu compromisso. Uma indústria que já emite pouco lança agora um compromisso ousado - e único no setor de embalagens. “A Ball foi a primeira empresa do mundo no setor a ter suas metas aprovadas pelo Science Based Targets; e esperamos que outras organizações sigam com esse comportamento, com o objetivo de controlar o aquecimento global; afinal de contas, só temos um planeta e todos precisamos contribuir”, afirma Estevão Braga, Gerente de Sustentabilidade da Ball.

América do Sul cita o caso da questão da energia. “Nossa meta é que 100% da energia elétrica usada em nossas operações venha de fontes renováveis, como solar e eólica. Vamos gerar energia em parques eólicos e solares até 2030, tornando nossa matriz ainda mais renovável”, diz. No quesito economia de água a meta é reduzir em 30% o consumo para as fábricas atuais. Para as novas, como a de Frutal-MG, essa redução deve ser de 50% até 2030, com base no consumo de 2020. E no caso das resinas e tintas – utilizadas para “colorir” e imprimir, como se fossem rótulos das latas de alumínio – utilizadas na impressão e acabamento das latas, a Ball está trabalhando com seus fornecedores para que consigam a certificação Cradle to Cradle (C2C), onde são avaliadas as "receitas de bolo" de cada tinta e verniz, garantindo que os mesmos cumpram os critérios da certificação C2C, que começou na Califórnia (EUA) e que visa não somente proteger o meio ambiente, mas também garante que os materiais usados são seguros para a saúde dos consumidores. A meta de acidentes, frisa Estevão Braga, é zero. “Hoje temos uma performance muito boa, de 0,02 acidentes para cada 100.000 horas trabalhadas. Mas queremos chegar a zero”, diz.

Diversidade - Não é só. Comprometida com vários ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU), a Ball no Brasil também tem avançado na direção da diversidade e da parceria com populações locais. Em Frutal, uma pacata cidade do Sul de Minas , onde está sendo construída nova fábrica da Ball, dos 110 colaboradores, 80 vão para a linha de produção – e, deste total, 48% são mulheres. Para atingir este número, a Ball investiu em cursos, em parceria com o SENAI, capacitando gratuitamente as mulheres em três turmas: Operadoras de Máquina, Controle de Qualidade e Técnicas de Impressão. Mais de 500 inscrições foram realizadas e, das 75 vagas oferecidas, 32 alunas foram contratadas para a nova operação. A Ball tem agora, no Brasil, uma Gerente de Diversidade e Inclusão, Suellen Moraes. A Ball Embalagens para Bebidas América do Sul também se comprometeu a aumentar a diversidade racial em novas contratações, de 31% para 47%. Sobre a Ball Corporation A Ball fornece soluções inovadoras e sustentáveis de embalagens de alumínio para clientes de bebidas, cuidados pessoais e produtos domésticos, bem como ao setor aeroespacial e outras tecnologias e serviços, principalmente para o governo dos EUA. A companhia e suas subsidiárias empregam 21.500 pessoas em todo o mundo e registraram vendas líquidas de US$ 11,8 bilhões em 2020. Para mais informações, acesse www.ball.com e siga o @vadelata – movimento em prol da lata de alumínio, a embalagem mais amiga do meio ambiente – no Instagram e no Facebook.

Energia renovável - O Gerente de Sustentabilidade da Ball no Brasil e na

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Premiação

COPAPA recebe o Prêmio Firjan Ambiental 2021 com case de economia circular do Carinho Eco Green Empresa do Noroeste Fluminense - que há mais de sete anos pontua entre os maiores players do segmento tissue, se destaca pela modernização do parque fabril e preocupação com o meio ambiente e gestão de pessoas.

A

DE PLURALE

aprazível cidade de Santo Antônio de Pádua, no noroeste do Estado do Rio de Janeiro, tem não só um povo cordial e orgulhoso de sua história, mas também uma forte atividade econômica. Além da produção de rochas e da agropecuária, o município é sede da COPAPA (Companhia Paduana de Papéis). Ao completar 61 anos, a companhia tem mais um motivo para se orgulhar: acaba de conquistar o cobiçado Prêmio Firjan Ambiental 2021 na Categoria Relação com Partes Interessadas, com o Carinho Eco Green – um papel higiênico baseado na economia circular, lançado em 2020. “Esse prêmio veio coroar um trabalho de muitos anos de dedicação, com todas as equipes da COPAPA, todos os setores da empresa. Também é um reconhecimento do esforço dos acionistas, que acreditam nessa gestão executiva para colocar a COPAPA em ponto de destaque”, afirmou Fernando Pinheiro, diretor-presidente da COPAPA, na solenidade virtual de anúncio da premiação. Nesta oitava edição, a premiação da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro elegeu os melhores projetos socioambientais de empresas e instituições do setor produtivo, em cinco categorias. O objetivo foi difundir e destacar as ações bem-sucedidas em

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Fernando Pinheiro, diretor-presidente da COPAPA

prol do desenvolvimento sustentável das empresas no Estado do Rio, com foco na proteção ambiental, no equilíbrio econômico e no bem-estar social. Além da COPAPA, também receberam o Prêmio na edição 2021: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), vencedora na categoria Resíduos Sólidos, com o Projeto Síntese; Aretê Búzios, do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário, na categoria Água e Efluentes; Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE), na categoria Biodiversidade e Produtos Ecossistêmicos, com o Projeto de Recuperação Produtiva da Juçara; e Concessionária Águas de Juturnaíba, com o Projeto Revivendo Águas Claras, na categoria Gases de Efeito Estufa e Eficiência Energética. “O prêmio é o momento de prestigiar as ações que o setor produtivo do Rio de Janeiro promove. Isso reafirma ainda mais o valor desta premiação,

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visto que a Firjan faz questão de ressaltar a proatividade e a responsabilidade de nossas empresas. As iniciativas vencedoras devem ser premiadas não apenas pelo legítimo merecimento, mas também porque servem como exemplo e inspiração para outras empresas”, ressaltou Isaac Plachta, presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente. Economia circular – Hoje a COPAPA conta com uma capacidade de produção de 160 toneladas por dia, o que representa 4.800 toneladas por mês. Isso deu à empresa, em 2020, a posição de 10ª maior produtora de papéis tissue do Brasil – ou seja, papéis de baixa gramatura, como o lenço de papel, o papel-toalha e o papel higiênico. Ao longo dos últimos anos, a companhia vem investindo no fortalecimento da sua governança, na modernização de processos e na promoção de uma gestão comprometida com o crescimento dos negócios e com a responsabilidade socioambiental. Fernando Pinheiro – executivo profissional contratado no mercado – conta à Plurale que descobriu em uma viagem à Itália, há 12 anos, o conceito do papel higiênico sustentável e começou a estudar sobre o assunto. Em 2020, para comemorar os 60 anos da companhia, foi feito o lançamento do Carinho Eco Green, em grande estilo, com evento no Museu do Amanhã, no Centro do Rio. “O mercado tem recebido muito bem este primeiro papel higiênico do Brasil que é sustentável em todas as etapas do seu ciclo de vida. Tudo foi pensado para


FOTOS DA COPAPA/ DIVULGAÇÃO

O mercado tem recebido muito bem o Carinho Eco Green, e primeiro papel higiênico do Brasil sustentável em todas as etapas do seu ciclo de vida. Ao longo de 10 anos foram investidos R$ 10,2 milhões em pesquisas e pelo menos R$ 47 milhões em novos maquinários.

O Prêmio Firjan Ambiental tem como objetivo difundir e destacar as ações bem-sucedidas em prol do desenvolvimento sustentável das empresas no Estado do Rio, com foco na proteção ambiental, no equilíbrio econômico e no bem-estar social.

que pudesse ser sustentável do começo ao fim”, explica. Foram investidos R$ 10,2 milhões em pesquisas e pelo menos R$ 47 milhões em novos maquinários. Ao longo de 10 anos, todos os detalhes passaram por estudos, pesquisas e testes. Era preciso que o ciclo de vida do produto fosse realmente concluído. Assim, todas as partes são totalmente compostáveis: o plástico da embalagem é feito à base de milho e o tubete (aquele rolinho no meio do papel) com cola à base de fécula de mandioca; ambos viram adubo quando descartados junto a resíduos orgânicos, em locais próprios para compostagem. Certificação da ABNT - O Carinho Eco Green foi o primeiro produto brasileiro deste segmento tissue a receber o rótulo ecológico ABNT Ambiental, que

certifica a sustentabilidade dos produtos nas fases de extração de recursos, fabricação, distribuição e descarte. “Esse prêmio vem também coroar este grande esforço de investimentos realizados nos últimos dez anos, em pesquisa e desenvolvimento. Há 10 anos identificamos uma oportunidade de trilhar o caminho da sustentabilidade - um projeto gigantesco que fizemos em todos os caminhos possíveis: no ambiental, no social e na governança corporativa”, destaca o presidente da COPAPA. Na extração da matéria-prima, a celulose selecionada para produzir o Carinho Eco Green é 100% virgem e certificada pela FSC® (Forest Stewardship Council), uma organização internacional independente, não governamental, sem fins lucrativos, criada para promover o manejo florestal responsável ao redor do mundo. O selo FSC® garante que a celulose é proveniente de florestas plantadas, extraída em conformidade com as leis ambientais internacionais, sem desmatamento de matas virgens, com respeito ao ecossistema e a garantia da preservação da floresta para as futuras gerações. A produção do Carinho Eco Green é feita com produtos químicos de baixo impacto ambiental. Não leva alvejantes adicionais em sua composição, ao contrário do que a maioria das marcas do segmento fazem, para deixar o papel ainda mais branco. A COPAPA pratica reuso de água no processo produtivo e emite 25% menos toneladas de carbono equivalente em seu processo de fabricação, em comparação à fabricação de um produto de qualidade similar. Além disso, todo o carbono emitido na fabricação é neutralizado com plantio de árvores na região Noroeste do Estado, realizado em parceria com a ONG SOS

Mata Atlântica. A marca é certificada pelo selo PRIMA neutro em carbono. Na distribuição, a COPAPA também neutraliza todas as emissões de carbono da logística com plantio de árvores. Além disso, tem a meta de substituir combustível fóssil por energia renovável na distribuição. No prazo de três anos, além de adotar empilhadeiras elétricas em seus processos, a companhia substituirá a frota atual para transporte rodoviário por veículos híbridos ou 100% elétricos. No descarte, o Carinho Eco Green inova ao embalar o produto em plástico produzido com polímero compostável, feito à base de milho. Se descartado com resíduos orgânicos em plantas de compostagem, em até 180 dias o material vira adubo. O tubete do rolo é feito com cola à base de fécula de mandioca e sem utilização de químicos que poluem, por isso também pode ser compostado. Já o plástico que embala os fardos que chegam aos pontos de venda é feito com matéria-prima renovável (cana-de-açúcar) e destinado à reciclagem por meio de logística reversa. Para garantir a reciclagem do mesmo volume de plástico que utilizou, se necessário, a empresa destina o equivalente à Cooperativa de Catadores de Santo Antônio de Pádua. A COPAPA também participa do programa de logística reversa em parceria com o programa de geração de renda “Dê a mão para o futuro”, da ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.

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Sustentabilidade

Crianças ativistas, esperança de um mundo melhor POR NÍCIA RIBAS, DE PLURALE FOTOS DE ARQUIVO PESSOAL E DIVULGAÇÃO

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oi-se o tempo em que as crianças só brincavam de casinha e jogavam bola. Nos anos sombrios em que vivemos, elas vêm ocupando espaço na luta por um mundo melhor. Na esfera internacional estamos assistindo às performances de Malala Yousafzai e Greta Thumberg. Por aqui, a menina Lua (Luara de Oliveira), 12 anos, montou uma biblioteca na comunidade da Ladeira dos Tabajaras. Nas redes sociais, cresce o número de seguidores de Brunna Sachs e das Pretinhas Leitoras. O ponto comum entre essas crianças/adolescentes é o ativismo por causas mais que saudáveis: a preservação do Planeta, leitura para todos, combate ao racismo e defesa das minorias. Em Manaus, as irmãs Tainá Wahnfried, 10 anos, e Maia Wahnfried, oito anos, fundaram o Clube da Natureza, juntamente com seus amigos Martin Cornelius Vicentini, sete anos, Simara Silva,12 anos, e a babá de origem indígena, da tribo Baré, Joana d’Arc Rodrigues da Silva. O objetivo do Clube da Natureza é proteger a floresta e sua fauna. Em 2017, quando fundaram o Clube, sua principal atividade era recolher e reciclar lixo nas caminhadas pela reserva florestal onde moram. Tainá e Maia não precisam mais de babá, mas a amizade floresceu e as mantém unidas na luta pela floresta viva: “Temos que evitar o desmatamento e as queimadas, proteger nossos

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rios e igarapés, e levar a sério a reciclagem do lixo”, diz Joana. Hoje, além do cuidado com o lixo, eles plantam árvores, criam animais para depois soltá-los e, principalmente, não maltratam a natureza. Além dos seus três cachorros muito amados (Lito, Clara e Cangue) e de um gato (Tinho), Tainá mantém um tanque com girinos e depois solta os sapinhos no quintal. “Temos que preservar as florestas e proteger os animais. Espero que, no futuro, a gente ainda possa tomar banho nos rios, mas o que precisa melhorar mesmo é o amor dos humanos pela natureza”, diz Tainá. Sua irmã Maia oito anos, completa: “Natureza é vida!” Seu amigo Martin alerta para o perigo do desmatamento e diz: ”Só com a preservação teremos, no futuro, mais ar e menos Co2!” A maioria das escolas mantém, em sua programação, eventos sobre sustentabilidade, que incenti-

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Em Manaus, as irmãs Tainá e Maia criaram o “Clube da natureza” com os amigos Martin e Simara (foto abaixo), contando com a ajuda da babá de origem indígena, Joana d`Arc.


FOTOS DE ARQUIVO PESSOAL

PATÊ DE GRÃO-DE-BICO MARINHO RECEITA DE BRUNNA SACHS

2 xícaras de grão-de-bico cozido Suco de um limão Meia xícara de aipo picado Meia cebola roxa Uma pitada de sal 1 colher de chá de mostarda 1 folha de alga nori picada Meia xícara da maionese vegana de sua preferência Triture metade dos ingredientes sólidos até formar uma pasta; Adicione a outra metade e processe mais um pouco (eu gosto de deixar alguns pedacinhos pequenos); Sirva no seu pão favorito, com alface e tomate. BOM APETITE!

Brunna Sachs é vegana

Gabriel Le Glas, de Florianópolis

vam os alunos à preservação. Muitas vezes, é a criança quem leva para dentro de casa esse conhecimento – e exige dos pais uma mudança de hábitos no que se refere à correta destinação do lixo, por exemplo. Em Florianópolis, a Escola da Ilha fez, em junho, um evento com plantio de mudas. Gisela Camargo, mãe do aluno Gabriel Le Glas, oito anos, lembra os temas recentes abordados pela escola, localizada numa cidade-ilha: “Costumam falar sobre a poluição dos mares, mas também já abordaram reciclagem e alimentação saudável.” Vegana desde os quatro anos O amor aos animais fez de Brunna Sachs uma vegana radi-

cal aos quatro anos de idade. Sua mãe, Sandra, conta que a filha, ainda bebê, com menos de dois anos, já perguntava o que estava comendo - e que acabou seguindo a filha no veganismo. “Amo muito

os animais, por isso não como sua carne e nem os derivados deles, ovos e leite”, diz Brunna. Aos três anos, no colégio, ao aprender a pirâmide de alimentos, Brunna descobriu que frango era galinha e parou de comer. Hoje, aos 12 anos e aluna do 7º ano, mantém seus seguidores do Instagram informados sobre o cotidiano de uma pessoa vegana: “Podemos levar uma vida normal como veganos”, diz ela, que também não usa nada de couro ou lã e não visita zoológicos ou aquários. Legumes, grãos e verduras são os ingredientes principais das refeições. Entre seus pratos preferidos estão o strogonoff de grão-de-bico, o bobó de palmito e o macarrão. Na cantina da sua escola tem sempre opções

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/pretasleitoras

Sustentabilidade

/pretinhasleitoras

e

/influência digital literária

As gêmeas Helena e Eduarda - mais conhecidas como as famosas influencers pretinhas leitoras são um sucesso nas mídias sociais e também em quadro no Encontro com Fátima e já estão lendo para a irmã caçula Elisa também.

para veganos. solar, promove dióxido de carbono, nitro- saram a ler para elas aseus livros do has Leitoras é uma iniciativa que a discussão antirracista partir Em seu blog, Brunna dá dicas gênio e fósforo. Isso além do fato preferidos, buscando formas atranismo negro, e infantil. Criado pelas irmãs tivas Eduarda Ferreira, Helena Fer de prender a atenção dos outotalmente sustentáveis, de receitasfeminino e esclarece seus se- de serem guidores, com informações como com pegada neutra em carbono. vintes. O sucesso foi tamanho que reira em promove conversas o território no qual asPretinhas crianças viv esta:2018 “Ao consumirem fitoplâncsua mãe criou o projeto As algassobre capturamaovida, gás carbônico tons que seo alimentaram de miLeitoras, que conquistou patrocida atmosfera e, assim, diminuem s de garantir bem-viver através de diálogos mediados pela literatura negra. Re croalgas, ou as próprias algas, os os efeitos do aquecimento global. nadores e hoje está atraindo cada peixes acumulam em da vez mais seguidores no eFacebook, Incrível, não é?” em encontros para discutir a vidaÔmega-3 através literatura presenciais digitais. seus tecidos. Faz mais sentido no Youtube e no Instagram. e Helena são ômega-3 gêmeas, 11 anos,Pretinhas Elisa,leitoras, 6 anos; negras, alunas da Rede Mun um sucesso! Alunas do sétimo ano Pública da Rede consumir diretamente As Morro gêmeas Helena e Eduarda, Pública Municipal, as gêmeas têm da fonte, seja, das algas, evitano no Rio de ou Janeiro, oriundas do da Providência, Gamboa, hoje moram em do assim a toxicidade e os poluen- hoje com 12 anos, incentivadas sido destaque na mídia. Em dezemtes dos peixes. Uma triste bro do ano passado foram ao Fanpela mãe, a professora Elen o, Rio de JaneiroRJ. A reflexão co-criação do Projeto é Ferreide Elen Ferreira (Pesquisadora em sobre o estado dos oceanos. Devi- ra, desde muito cedo tornaram-se tástico, contaram sua história e eso, Professora e mãe Apresentadoras). do à poluição marinhadas e à pegada leitoras. A irmã caçula, Elisa, sete tão ficando cada vez mais famosas

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industrial, os peixes acumulam os poluentes presentes na água, com potencial para introduzir compostos, como metais pesados, na cadeia alimentar humana. As algas são uma fonte vegana confiável desse nutriente. Além disso, as algas são bastante simples e baratas de cultivar: exigem apenas a luz

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anos, também já é leitora. Ao perceberem a dificuldade das crianças do seu entorno (são oriundas do Morro da Providência e hoje moram em São Cristóvão) - o que inclui amigos, vizinhos e até os alunos de sua mãe -, que não tinham incentivo para a leitura, decidiram pôr a mão na massa. Pas-

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com seus vídeos e rodas de leitura, sempre com o objetivo de difundir o gosto pela literatura, principalmente de autores negros. Este ano, estrearam um quadro de sucesso no programa Encontro com Fátima, dando dicas de leitura. As rodas de leitura presenciais, sua principal atividade, estão suspensas devido

prêmios

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FOTOS DE DIVULGAÇÃO

Raíssa Luara de Oliveira, a Lua, criou a biblioteca comunitária “O mundo da lua” para a comunidade do Tabajara, na zona sul do Rio.

à pandemia. No entanto, as meninas costumam participar de lives e passar o seu recado. Pregam o antirracismo a partir do protagonismo negro, feminino e infantil. Com seu projeto de leitura, as Pretinhas fogem da violência no Rio e levam consigo uma legião de fãs. Mundo da Lua Desde outubro de 2019, funciona na Ladeira dos Tabajaras,

em Copacabana, Rio de Janeiro, a biblioteca comunitária Mundo da Lua. Sua idealizadora, Raissa Luara de Oliveira, mais conhecida como Lua, 12 anos, sentiu vontade de levar o hábito da leitura para o seu entorno. A mãe, Fátima, conta que a filha sempre pedia para visitar a Bienal, em São Paulo, mas a viagem e o ingresso custavam caro. Finalmente, em 2019, as duas

ganharam os ingressos de um casal de amigos e foram. Na volta, Lua começou fazendo uma vaquinha e conseguiu, através de doações, montar a biblioteca na sede da Associação de Moradores. Seu projeto teve ampla repercussão na mídia; hoje já são 22 salas de leitura em comunidades do Rio – e já enviaram doações de livros para Minas Gerais, Piauí e Espírito Santo. Com a pandemia, a biblioteca só abre para pequenos grupos, faz empréstimos e, quinzenalmente, promove um lanche literário. Em setembro terão início cursos online de japonês e de inglês para os frequentadores da biblioteca, além de aulas de artesanato, ministradas pela artesã Fátima, a mãe da Lua. Para saber mais sobre o Mundo da Lua, procure no Instagram @luaoliveiraoficiall. Quem quiser doar livros pode ligar para 21-99662-3332. Lua aceita qualquer livro, mas no momento o que mais precisa é de literatura infantil. No município de Irecê, no sertão da Bahia, Clara Beatriz, 12 anos, criou e mantém o Projeto Casinha de Livros, com o objetivo de levar o maior número de pessoas a ler. A menina promove lives para conversar sobre livros e autores; seu projeto foi destaque, recentemente, na mídia baiana. Por lá também vigora o projeto Rede Autoestime-se, da Mariana Nunes, de Conceição do Almeida. As duas foram eleitas Jovens Empreendedoras Sociais pela Ashoka Brasil, junto com mais 13 brasileiros. Essas crianças e tantas outras, que já se preocupam com preservação da natureza, com a vida saudável e com a cultura, são a esperança de um povo mais consciente e proativo nas próximas décadas, com capacidade para lutar por seus ideais e combater os malfeitos que assistimos hoje.

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Bem-estar

Mais do que nunca, é hora de relaxar em um bom banho de banheira POR MARIA AUGUSTA DE CARVALHO, DE POÇOS DE CALDAS / MG FOTOS: CODEMGE / DIVULGAÇÃO E MARIA AUGUSTA DE CARVALHO

Q

ue tal chegar em casa, depois de um dia estressante, e tomar um banho com sais de lavanda e chá verde na banheira? Ou misturar pitanga com alecrim em água quentinha e borbulhante? E ainda, neste momento por que passa a humanidade, que tal esquecer que existe uma pandemia lá fora? Uma delícia relaxante. Melhor ainda se isso for feito em uma banheira de hidromassagem – ou, caso queira, em um autêntico ofurô. Após 20 minutos numa imersão assim, todos os problemas vão embora, quase que literalmente pelo ralo. Além de proporcionarem uma sensação gostosa de relaxamento e de bem-estar, banhos como esses limpam, hidratam e perfumam o corpo por mais de 24 horas. Mas onde encontrar estas e outras possibilidades preciosas, à base de sais, água natural e quentinha? Na famosa e turística Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, águas sulfurosas e alcalinas jorram das diversas fontes termais espalhadas pela cidade. É lá que, além de outros atributos turísticos, estão as Thermas Presidente Antônio Carlos, o primeiro estabelecimen-

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FOTO DO ACERVO CODEMGE

fontes com carrancas em caras de leões, em vários tons de azul. Mas depois de conhecer o que há dentro das salas de banho, nenhum mortal sai dali do mesmo jeito que entrou. Desde 2018, quando assumiu a administração do prédio, o governo de Minas Gerais, através da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais - CODEMGE, ampliou o cardápio de serviços: para além de ser um balneário, o local ganhou status de um completo spa - e passou a oferecer procedimentos de saúde, beleza e bem-estar, com o diferencial das águas termais. Hoje, as Thermas têm à disposição mais de 60 tipos de serviços e atrativos, como banhos termais, duchas, limpeza de pele, massagens, shiatsu, barra de access, ofurô, pilates, acupuntura, hidroginástica, spa das sobrancelhas, depilação, manicure e pedicure, além de pacotes Day Spa. No final de 2019, a CODEMGE realizou uma licitação para que empreendedores regionais assumissem a comercialização de espaços dentro do prédio. Com isso, funciona no local a Casa do Colono, uma loja de produtos alimentícios, que oferece cafés, chás, sopas e choco-

FOTOS DE MARIA AUGUSTA DE CARVALHO

to termal do Brasil, que oferece uma série de serviços e tratamentos corporais. Foi inaugurado em 1931, em um imponente prédio de três andares - de estilo eclético, porém mais puxado para o art-déco - que ocupa um quarteirão inteiro, bem no centro da cidade. É nesse lugar mágico que diversos tipos de banhos, massagens e outras atividades de lazer são oferecidos à população e aos turistas. O empreendimento, que completou 90 anos no final de março último, ainda não conseguiu comemorar a data à altura, em função da pandemia. Desenhado pelo famoso arquiteto Eduardo V. Pederneiras, no final dos anos 1920 do século passado, o conjunto das Thermas ainda mantém o mesmo estilo art-déco da época de sua construção. O prédio, com sete mil metros quadrados de área construída em concreto armado, possui linhas retas e bem marcadas, pé direito alto, pisos de azulejo hidráulico, amplas janelas de madeira e longos corredores. No espaçoso hall de entrada, um belo mosaico no teto, em formato oval, com 16 metros de comprimento e 8,5 metros de largura, invoca as

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Bem-estar

Humberto Ribeiro Peixoto é Diretor de Patrimônio da CODEMGE

late. Há ainda duas lojas localizadas no hall de entrada e um salão de beleza no andar superior. A Flora Cosméticos comercializa produtos dermocosméticos, veganos e ortomoleculares; a Olisoft comercializa produtos artesanais à base de óleo de oliva, como sabonetes artesanais e outros; e o Salão Vaidade Máxima Studio Hair oferece os serviços típicos de um salão de beleza. Segundo o diretor de Patrimônio, Humberto Ribeiro Peixoto, apenas dois funcionários da CODEMGE administram o local; todos os demais, que estão em torno de 60, são terceirizados. O prédio dispõe de uma nascente de reserva exclusiva, localizada ao lado da edificação, de onde são bombeados, mensalmente, 4,1 mil metros cúbicos de água sulfurosa. Por hora, as caldeiras das Thermas processam oito quilos de vapor para as saunas e piscinas. Na parte de banhos termais, são oferecidas as modalidades de imersão, aromáticos e de pérolas, todos em banheiras de porcelana inglesa, de 2,20 metros

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FOTO DO ACERVO CODEMGE

Ensaio por 80 centímetros. Além disso há o ofurô, espécie de banheira de madeira típica do Japão, onde cabem até quatro pessoas. Em todos os espaços, a água é mantida a 37 graus centígrados, apesar de sair da fonte a 45 graus. São oferecidos aromas à base de flores, ervas e frutas, como pitanga, alecrim, chá verde e lavanda, ao gosto do freguês. Quanto às duchas, o cliente pode escolher entre a escocesa, a circular e as Vichy, com esfoliação corporal ou com massagem relaxante. As saunas oferecidas são as tradicionais, seca e a vapor. O cardápio de possibilidades oferece muitas outras opções, como acupuntura, shiatsu, barra de access (massagem específica em 32 pontos da cabeça), vários tipos de desenho de sobrancelha, micropigmentação, depila-

FOTOS DE CODEMGE MARIA AUGUSTA DE

CARVALHO, DE POÇOS DE CALDAS, MG ções, manicure e pedicure. O cliente ainda pode escolher entre tratamentos especiais: limpeza de pele (com ou sem diamante), hidratação facial, hidromassagem e microagulhamento. Isso sem falar nas atividades, como Pilates, agility (aula de condicionamento cardiorrespiratório), karatê, kung fu, natação, ginástica, hidro-sports e dança, de salão ou cigana. As massagens são outro ponto alto: a oferta vai desde um escalda-pés até a reflexologia podal ou uma quick-massage, passando por ventosas, drenagem linfática e a chinesa tuiná (massagem no corpo inteiro, com técnica chinesa de movimentos constantes e rápidos) e a gomagem corporal (com esfoliação no corpo inteiro). São maravilhas dignas dos deuses.

Até a pandemia chegar ao sul de Minas, a casa de banhos recebia, em média, quatro mil pessoas por mês, em sua maioria turistas. Uma pesquisa feita entre os frequentadores, em dezembro de 2019, mostrou que 95% deles eram de fora de Poços de Caldas. Segundo Cláudio Fernandes Souza, coordenador da CODEMGE nas Thermas, 65% dos pesquisados eram paulistas, dada a proximidade com o estado vizinho, e 50% do público tinha mais de 45 anos. Além das Thermas, Poços de Caldas dispõe do Balneário Dr. Mário Mourão, na praça D. Pedro II, administrado pela prefeitura da cidade. Desde julho deste ano, o local vem oferecendo onze novos serviços: banho de argila (Detox), banho Dr. Mário Mourão (Aro-

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Bem-estar

materapia + Pérola), massagem de pedras quentes, bambu terapia, gomagem corporal, drenagem linfática, massagem dreno-modeladora, spa para os pés e máscaras faciais de ouro, rubi e argila. Isso sem falar nos serviços tradicionais, que continuam disponíveis: banho de imersão, banho aromaterapêutico, banho pérola, massagem relaxante e quick-massage. História Desde o final do século XVIII, as águas termais de Poços de Caldas são conhecidas por suas virtudes curativas e utilizadas nos mais diversos tratamentos, como problemas circulatórios, de pele e das articulações. As águas raras e com

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poderes de cura foram responsáveis pela prosperidade do município desde os seus primórdios. Em 1886 funcionava na cidade um balneário utilizado para tratamento de doenças cutâneas. O estabelecimento se servia de águas sulfurosas que eram captadas da Fonte Pedro Botelho, no local onde hoje está o Parque infantil Darcy Vargas. Dali, a água sulfurosa subia até os depósitos por pressão natural. O balneário tinha um chalé que foi feito para receber o imperador Dom Pedro II e um hotel denominado “Hotel da Empreza”, ambos construídos pelo engenheiro alemão Carlos Alberto Maywald e pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Pansini, autores também de várias

outras construções no município. Infelizmente o balneário foi demolido no final dos anos 1920 – na mesma época em que foi construído o conjunto arquitetônico de Eduardo Pederneiras, composto pelas Thermas Presidente Antônio Carlos, pelo Palace Cassino e pelo Palace Hotel, ainda hoje considerados os mais belos prédios de Poços de Caldas. O Complexo Hidrotermal e Hoteleiro de Poços de Caldas foi tombado pelo Estado de Minas Gerais em 1989, através do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA). O conjunto se localiza na área onde, ainda em 1826, foram abertos os dois primeiros poços de águas sulfurosas termais, à margem

direita do Ribeirão de Caldas, em terras da Fazenda Barreira. Na época em que foram descobertas as fontes de água térmica e sulfurosa na cidade, o município de Caldas da Rainha, em Portugal - cidade-irmã de Poços de Caldas - já era um importante centro de tratamentos, muito frequentado pela família real. Caldas da Rainha (assim chamada em homenagem à Rainha D. Leonor, esposa de D. João II de Portugal) possui o mais antigo hospital termal em funcionamento no mundo (Hospital Termal Rainha D. Leonor), desde o século XV. E o nome da cidade mineira vem das fontes quentes, que eram poços utilizados pelos animais para hidratação.

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Perfil

d n e l e T r o i v l Si

à N O E U Q O N I N O ME QUERIA CRESCER POR MA MALTA RIA HELENA , ESPEC IAL PAR PLURA A LE

A

Silvio Tendler, por Gabriela Nehring.

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lguns podem não concordar, mas ele continua com 12 anos de idade. O cineasta Silvio Tendler, além de intuitivo, jamais deixou de ser inquieto e avesso a regras. E isso principalmente quando mergulha em sua luta pela transformação do mundo, dentro ou fora do limite de seus filmes históricos, dos debates ou do programa Estados Gerais da Cultura (Youtube/ABI). Em mais de 50 anos de cinema e 75 documentários, vale destacar, entre outros, Os anos JK (1980), Jango (1984/Margarida de Prata da CNBB), Josué de Castro (1994), Milton Santos (2001), Glauber (2003/ Hors Concours em Cannes), Utopia e barbárie (2005), Tancredo, a travessia (2011), Ferreira Gullar (2019) e o novíssimo A bolsa ou a vida (2020/10ª Mostra Ecofalante-SP/estreia 13/8, sobre o desmonte provocado pelo neoliberalismo na área socioambiental, na fase pós-pandemia)*. Em todos eles, Silvio não deixa de lado a tragédia, o

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FOTOS DO ARQUIVO PESSOAL/ ÁLBUM DE FAMÍLIA DE SILVIO TENDLER

Silvio na fazenda do Presidente João Goulart, em São Borja (RS), durante as filmagens de "Jango".

Silvio com os irmãos, o caçula no colo.

riso e, sobretudo, esperança e ternura. Tudo indica que o garoto engoliu um pedaço daquele fragmento de utopia que, segundo Barthes, ainda sobrevive por aí. O filme Os anos JK levou os brasileiros àquele país marcado pelo sorriso otimista de Juscelino, cujas obras, sobretudo Brasília, inspiraram até um movimento artístico: o concretismo. Para surpresa de Silvio, a bilheteria chegou a 800 mil espectadores! Na época, o cineasta soube que Raul Ryff, ex-assessor de Imprensa de João Goulart, tinha filmes das viagens do ex-presidente à China e à União Soviética, e ficou curioso. O gaúcho Ryff logo propôs: “Por que tu não fazes um filme sobre o Jango?” Mas Silvio tinha muitas dúvidas e não tinha dinheiro. Ryff resolveu ajudar e logo marcou um encontro de Silvio com Denise Goulart, a filha de Jango, que mergu-

O pai Adolpho, com os três filhos, Silvio, o do meio, está do lado esquerdo.

lhou de cabeça no projeto: “Ela botou grana do próprio bolso e até viajou comigo ao Uruguai e à Argentina, para o resgate dos arquivos do pai”. Depois, foi só acionar a mágica do cineasta avesso a roteiros, que, como sempre, usou apenas o talento e a cabeça, e colar memórias, entrevistas, fotos de arquivo e imagens novas, que fazem refletir, sorrir e chorar. Conclusão: um dos mais emocionantes documentários de Silvio, Jango: como, quando e porque se depõe um presidente, foi além das previsões e atraiu um milhão de espectadores. Este talento mesclado de rebeldia seria confirmado, se vivo fosse, pelo sapeca Tarzan, um basset hound que foi o primeiro de uma série de cães da família Tendler. Ou, pelo menos, do trio formado por Sergio, o mais velho dos irmãos, Silvio e Sidnei, o caçula. Com dois anos de idade, Silvio mer-

Jantar em família

gulhou nas fezes do pequeno Tarzan, que pareciam massa de brigadeiro. Tão deliciosas quanto os quadrinhos pornôs de Carlos Zéfiro, seu companheiro das mal dormidas noites adolescentes, quando descobriu as duas coisas que mais amaria na vida: cinema e sexo. “Aquele gibi era o meu catecismo!” No início dos anos 50, a família morava num casarão da Rua Alves de Brito, na Tijuca, com direito a quintal e árvores frondosas, que davam até sapoti e abil, frutas raras no Rio de Janeiro. “O melhor de tudo eram as noites em que os morcegos apareciam e meu pai iluminava aqueles ratos voadores com sua lanterna...” O tijucano Silvio Tendler hoje se considera um “copacabanense” por adoção e paixão. “Copacabana é plural, promíscua, maravilhosa!”, define. A mudança se deu em meados da dé-

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OAL/ FOTOS DO ARQUIVO PESS

O TENDLER ÁLBUM DE FAMÍLIA DE SILVI

Perfil

Com o uniforme da escola pública Pedro Álvares Cabral. Silvio, Joris Ivens, o cineasta, com Ana Tendler (filha de Silvio) no colo.

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& Howell, que Silvio depois usaria na favela de Padre Miguel - quando montou o itinerante Cineclube Charles Chaplin - para projetar Os companheiros, de Mario Monicelli, e levar “consciência política” aos cariocas mais pobres. “Como se eles já não vivessem o drama da vida”, ironiza hoje. Os pais, Adolpho e Sarah, com raízes na Ucrânia e na Bessarábia, respectivamente, formavam a primeira geração da família de mascates que chegou à universidade – ele, formado em Direito, mas enriquecendo com o talento para os negócios; ela, recém-saída da Academia de Música, dando aulas de piano para financiar o curso de Medicina. A cada sexta-feira, Adolpho chegava em casa com vários filmes alugados. Era uma festa! “Uma tia também me deu uma câmera simplória e eu fazia as primeiras fotos em filmes 6 x 6”, recorda. Adolpho se preocupava com aquela paixão nascente e temia que seu filho fracassasse. Insistia para que ele estudasse Direito, Silvio tinha 10 anos quando assistiu às primeiras cenas de racismo explícito, como ele define. Um dia, bri-

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gou com um garoto na rua e o outro reagiu: “Você é judeu e matou Jesus!” Estudava na Escola Israelita Brasileira e o ônibus marrom, levando um bando de crianças sardentas como ele, foi logo apelidado de “galinheiro FOTO DE ÁLBUM DE FAMÍILIA/ ARQUIVO PESSOAL DE SILVIO TENDLER.

cada, quando o pai alugou um apartamento na Rua Raimundo Corrêa, onde o garoto logo se viu no “Paraíso dos cinemas”, entre o Metro e o Art Palácio e, mais adiante, o Copacabana e o Roxy, o Rian, o Riviera, o Condor, o Ricamar e, claro, o Alaska, especialista em filmes pornô. Ele ia de japona pesada, ainda que fosse verão, para se esconder dos olhares indiscretos. Com o advento da ditadura e a censura das cenas “impróprias”, um Silvio ainda solitário preferiu ficar em casa com Zéfiro. Ainda pequeno, ele não perdia as matinês de Tom e Jerry na companhia do pai, aos domingos, e tampouco as peripécias de Carlitos e da série O Gordo e o Magro. Só mais tarde passaria a frequentar o Paissandu, no Flamengo, um dos redutos da militância estudantil cinéfila, sem falar na cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) e as sessões da Maison de France, com destaque para os filmes do movimento avant-garde. A família Tendler tinha acesso à tecnologia mais avançada, que o pai escondia em seu guarda-roupa. Eram várias câmeras e um projetor Bell

Mãe, pai, Silvio e o caçula.


Silvio Tendler, por Tânia Fusco

Silvio com o escritor Gabriel García Marquez.

de judeuzinhos”. A essa altura, o pai já estava rico e a família morava num apartamento duplex, de 700 metros quadrados, na Rua Anita Garibaldi. Não faltavam luxos, dos detalhes em mármore de Carrara à escada com seu corrimão forrado de veludo turquesa, tudo decorado pelo famoso marquês Terry Della Stuffa Mas a boa vida durou pouco. Numa noite de sexta-feira, quando todos jantavam, o telefone tocou. Adolpho atendeu e, de repente, ficou lívido: seu sócio, que se endividara com negócios paralelos, havia se suicidado com as cordas da persiana. “Dormi rico e acordei pobre” Tudo virou de ponta-cabeça: depois de vender quase tudo que tinha, inclusive o apartamento, aquele pai pagou todas as dívidas do sócio, trocou o colégio dos meninos e até o Oldsmobile virou uma Kombi. Com o troco, comprou um apartamento de dois quartos na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Silvio percebeu que os colegas do Andrews olhavam para ele com pena, mas jamais reclamou por ter ido para uma escola pública. “Pois é: cheguei da escola rico e acordei pobre.” A mãe, já formada em Medicina, trabalhava o dia inteiro e o pai, que tivera um princí-

pio de enfarte com aquelas perdas, foi obrigado a repousar por uns tempos. Muito politizado pela própria família e moldado pelo chamado “humanismo judaico”, com um leve tempero anarquista, Silvio aproveitava aqueles dias no ar condicionado do pai para ler os inúmeros jornais que o outro comprava. Em 1963, a família voltou para a Raimundo Corrêa. Silvio havia “levado pau” no colégio, mas divertia-se com a vizinhança bizarra, que incluía até um mágico charlatão. O pai conseguiu se recuperar. Comprou terrenos e pequenos prédios baratos no Leblon, que ainda era um areal, e isso o transformou em sócio de uma grande construtora. No fim do ano Silvio descobriu que ficara em segunda época e ficou arrasado. Na volta para casa, viu um anúncio pregado no poste, sobre um tal Colégio Duque de Caxias: “Aqui você passa com média 4”, dizia o panfleto. Chegou em casa eufórico e anunciou à mãe: “Eu trouxe um problema e uma solução.” Ela só quis ouvir a solução. Aquela mãe era o seu orgulho. Ainda nos anos 50, ela já lia Simone de Beauvoir, Erich Fromm e outros pensadores. “Minha mãe estava à frente de seu tempo”, diz. Ela e Adolpho falavam de Sartre, jazz, existencialismo e até dos Beatniks. “Soava engraçado para uma família de classe média em ascensão social curtir os precursores dos Beatles.” E havia a

conversa política, envolvendo assuntos como a Guerra Fria (e as vítimas dos dois lados) e o Macarthismo nos Estados Unidos, que perseguia até astros de Hollywood. No dia 31 de março de 1964, aos 14 anos, em meio ao clima de rumores, Silvio chegou da escola e ligou a rádio transoceânica, que anunciava um certo movimento de tropas em Minas Gerais. No dia 1º de abril, estava no cinema quando ouviu uma gritaria e, ao sair até a rua, descobriu que era a Marcha da Família com Deus pela Liberdade que, segundo o garoto, reunia “todas aquelas mulheres pudicas”. Ele conta: “O golpe estava dado. No dia 2, meu pai me enviou, com meu irmão, pra minha primeira transa, na casa da Dona Dirce, no famoso prédio da Rua Barata Ribeiro 200. Eu não gostei da ideia porque não conseguia gozar e tinha vergonha. Mas meu pai queria ‘filhos machos’!” Chegando lá, Silvio contou seu segredo à Dona Dirce. Ela foi gentil e deixou o garoto por conta de sua melhor profissional. “Eu me deitei, mas não gozei, claro. Mesmo assim, fiquei feliz de pensar que, enquanto marchavam com velas na rua, eu marchava com a Zelinda!” Dias depois, Silvio acordou no escuro de seu quarto, incomodado com o volume que crescia (e doía) no pijama. “Até que, de repente, saiu aquele jorro e eu senti um grande prazer! No dia seguinte, na praia, olhando o horizonte, eu só pensava naquilo. E desejava fazer aquilo pelo resto da minha vida. Nos intervalos, faria cinema.” Quando o garoto lia os jornais de

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TENDLER FOTOS DO AR QUIVO

PESSOAL/ ÁLBU M DE FAMÍLIA DE SILVIO

Perfil

Sobre a paixão pelos filmes “cabeça” de Truffaut, Bresson, Godard ou Richard Lester. “Eles me ajudaram com o conflito ético-étnico: sem abrir mão das raízes judaicas, decidi ser um brasileiro e viver o sonho do internacionalismo e da solidariedade.”

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abril – sobretudo a Última Hora e o Correio da Manhã -, com textos de Cony, Poerner e Sergio Porto (o Stanislaw Ponte Preta), dizia a si mesmo: “Eu quero ser como eles”. Quando a peça Opinião estreou e depois ele viu o “vanguardismo do Rubens Gerchman”, teve certeza: “Eu vivia naquele mundo e queria ser como eles.” Hoje, nas noites silenciosas, ele revê imagens do chope preto do Castelinho, no Arpoador, e da Cinemateca do MAM, na qual ganhara carteirinha permanente do diretor Cosme Alves Netto, fundamental na vida de Silvio. Se ele assistiu ao underground norte-americano e aos clássicos soviéticos, como os de Eisenstein, “foi graças à ousadia do diretor da Cinemateca”, que depois seria preso e barbaramente torturado. No edifício da Raimundo Corrêa 27, “no ano mágico de 1968”, Silvio Tendler fez seu primeiro filme, o curta Fantasia para ator e TV (sobre o impacto da televisão na vida do cidadão comum), com alguns vizinhos

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Com Tancredo

especiais: ele foi assistente de direção de Paulo Alberto Monteiro de Barros (depois Artur da Távola), com produção de Zelito Vianna! Ainda pequeno, apaixonou-se pela ficção. “Minha mãe lia para mim a história francesa d’O elefante Babar, que viajava pelo mundo. “Eu chorava muito...” Mas Silvio também mergulhou nos gibis e, na adolescência, virou um devorador de livros: O pequeno príncipe, claro, além de Oswald de Andrade, “muito Monteiro Lobato”, Isaac Deutscher (O judeu não judeu). Jorge Amado e Graciliano Ramos. Ele jamais se cansaria de ver os filmes de Bergman no Alvorada, tampouco as sessões da meia-noite no Paissandu, com os filmes “cabeça” de Truffaut, Bresson, Godard ou Richard Lester. “Eles me ajudaram com o conflito ético-étnico: sem abrir mão das raízes judaicas, decidi ser um brasileiro e viver o sonho do internacionalismo e da solidariedade.” O primeiro filme, com Paulo Alberto e Zelito, só reforçou os sonhos do garoto. Ele andava irritado com o pai desde a Guerra dos Seis Dias, quando botara na cabeça a ideia de emigrar para Israel. Mas Adolpho não deixou. “Fiquei muito puto na hora, mas acabei entendendo que ele estava sendo sensato.” Em compensação, além do cineclubismo (que adotou com paixão), Silvio participou de todas as manifestações estudantis de 1968.


Silvio com Aninha, filha dele, diante do poster do Glauber Rocha em Cannes

Silvio com a mulher Fabi.

Silvio hoje.

Eu fiquei tetraplégico e negociei com Deus: Vem cá, a cabeça deixa intacta e a fala também, ok?’ Depois, fui recuperando os movimentos. (...) Como eu não pretendo morrer daqui a dois anos, já estou negociando uma nova safra (de filmes) que dure mais uns dez. Porque o que me mantém vivo é o trabalho." Em entrevista a José Carlos Melhy e Zilda Iokol para o catálogo de seus 70 anos

A Manuela de Cuba nos sonhos eróticos Um dia, recebeu uma ligação do amigo Elmar e foi até lá. Mas havia muita gente na casa e o amigo limitou-se a perguntar: “Você gostaria de ir para Cuba?” Silvio, que estava pronto para qualquer lugar mais atraente que o Brasil da ditadura, disse que sim. “Cuba me seduzia mais do que tudo. A língua era mais fácil, o país era mais perto de casa, tudo era mais sexualizado. Adela Legrá (a Ma-

nuela do filme Lucía, de Humberto Solás) virou musa nos meus delírios revolucionários e onanistas noturnos...” Mas a viagem não ocorreu. Em vez disso, ao abrir os jornais do dia seguinte, Silvio descobriu que um Caravelle da Cruzeiro havia sido sequestrado. Na lista dos passageiros, viu que Elmar estava a bordo. Como amigo próximo, assustou-se. “E eu estava certo. A polícia me procurou, abriram processo, foi todo aquele auê. Fiquei clandestino em 69, com

muito medo. Mas dei depoimento na Aeronáutica e fui salvo pelo Afrânio Aguiar, comandante da Base Aérea de Belo Horizonte (MG), que era amigo da família.” Silvio se sentia perdido, “com a cuca fundida”. Já havia largado a Faculdade de Direito, não era hippie e também não gostava de soluções extremistas. Para animá-lo e protegê-lo, o pai colocou-o no Movimento Sionista, onde o menino foi feliz por algum tempo. “Sonhávamos com outro país, sonhávamos com o socialismo! Mas eles eram muito ricos e eu era meio outsider, além de não ser um cara bonito.” Para fugir às escolhas que sobraram para sua geração, Silvio ia para Paraty, a pequenina cidade colonial na Costa Verde do Rio. “Eu não queria entrar nas drogas, nem queria luta armada. Minhas únicas transgressões eram as batidinhas de frutas”, revela. No Rio, frequentava os bares de intelectuais, como o Álvaro’s (Leblon), o Varanda e o Zeppelin (ambos em Ipanema). Só havia um problema: ele não tinha namorada. “Um dia, na banca de jornal da esquina, conheci a lindíssima Fátima (ou Timinha) e me apaixonei. Acho que ela gostou de mim porque também se sentia rejeitada – era negra.” Silvio fez um imenso pôster da namorada e botou no seu quarto. Resultado: Adolpho, o pai, não entrava mais lá. Consequência: Silvio saiu de casa e foi morar numa cabeça-de-porco em Santa Teresa. Até que Allende ganhou

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as eleições no Chile. O garoto decidiu ir para lá e começou a fazer uma vaquinha entre os amigos. Quando o pai percebeu que era inevitável, resolveu ajudar. No fim de 1970, Silvio viajou de avião. No Chile, além de participar de projetos culturais para a população, reencontrou Timinha. Ela chegou ainda em dezembro e, já no táxi, foi contando as travessuras sexuais. “Doía menos o chifre do que o constrangimento diante dos amigos”. Depois de viajar com ela Chile afora, levando e registrando arte e cultura para a população mais pobre, embarcou para a Argentina em julho de 71, para um encontro com os pais. Foi aí que perdeu a namorada, que estivera no Brasil, onde conhecera David, um black panther norte-americano. Quando o tal David chegou ao Chile, Silvio se espantou: “Era mais branco do que eu, alto, louro e de olhos azuis.” Em julho de 73, quando voltou ao país, após mais de um ano estudando em Paris, Silvio assistiu à crescente radicalização política, “com o Chile dilacerado por ideologias e a esquerda se dividindo por dentro”. Na entrada do Palácio La Moneda, presenciou uma áspera discussão de Allende com o ministro da Aeronáutica, Cézar Ruiz Damian, também ministro dos Transportes, sobre a greve dos caminhoneiros, que paralisava o país. Do lado de fora, a esquerda moderada e a radical discutiam aos berros e chegaram a sacar as armas. Silvio ficou arrasado, mas dali tirou algumas lições: primeiro, aprendeu que os extremos se tocam (“Radicais de direita e de esquerda assassinaram a democracia chilena”); segundo, percebeu que existem outras militâncias políticas, além da ação partidária. Ele próprio conclui: “Resolvi ali o meu conflito entre fazer ou narrar. Assumi que minha ação transformadora seria através da cultura e da arte.” Voltou à França “triste, prevendo o pior, mas repleto de sonhos”. Assistiu a inúmeras manifestações contra a guerra do Vietnam, a ditadura brasileira e a espanhola. “Eram os rescaldos de 1968.

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FOTO DE ARQUIVO PESSOAL DE SILVIO TENDLER.

Perfil

Com seu cachorro, Camarada, após filmagem de ‘A bolsa ou a vida’

O sonho francês da revolução permanente era contagiante”. Procurou a cooperativa de cinema de Chris Marker, que o recebeu de braços abertos, e conheceu Bertolucci e Jean Rouch, que legalizou sua situação na França ao matriculá-lo em seu curso de Cinema aplicado às Ciências Sociais. Além disso, inscreveu-se em Paris VII, em História, e também no curso de Cinema e História dirigido por Marc Ferro, na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, que estava sendo criada por mestres como o próprio Ferro e Jacques LeGoff. Ficou doente e negociou com Deus Tempos depois de sua volta do Chile, Silvio soube que Chris Marker organizava um coletivo para fazer o filme Setembro chileno. E ele foi convidado: “Eu estava com 23 anos e entrava em minha vida profissional pela porta da frente!”, orgulha-se. Marker foi seu grande mestre. “Ali, eu aprendi a pesquisar e mexer com arquivos, conciliar texto e imagem e, sobretudo, pensar cinema”. Aliás, entre seus cineastas favoritos, também estão o brasileiro Wladimir Carvalho, o cubano Santiago Alvarez e o holandês Joris Ivens. Na esfera pessoal, além da mulher, Fabiana Versasi, seus xodós são o neto Ernesto, o Dog Alemão Camarada e, claro, a filha Ana Rosa, hoje sua assistente principal na produtora Ca-

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liban, num grupo que também inclui Maycon Almeida e Diego Tavares. Foi em novembro de 2007, quando filmava no antigo Hotel Sofitel, no Posto 6, que Silvio conheceu a mulher de sua vida: Fabiana, a Fabi, que acabara de se formar em Letras e assistia a uma palestra no mesmo local. Ele pediu uma caneta emprestada, só para se aproximar. Eles se reencontraram em dezembro e estão juntos até hoje. Anos depois de muitos filmes inesquecíveis, o corpo de Silvio Tendler entrou em pane. Paralisado e com estranhas mudanças físicas, ele se sentia “como Javier Bardem em Mar adentro”. Era 2011 e, no hospital de referência, após os exames, concluíram que não dava para operar. Fabi, a mulher, reagiu: “Nem fisioterapia?” O médico, enérgico, afirmou: “Não mesmo!” A situação só ficou clara no Rio, quando Silvio encontrou o Dr. Paulo Niemeyer, um médico “com arte na veia”, que descobriu a compressão causada pela medula. Sete meses depois da cirurgia, de um edema, da fisioterapia diária e 13 filmes novos montados, ele já se sentia bem. “É impressionante a garra do Silvio. Quando eu desanimava, ele é que me fazia sorrir. Eu costumo dizer que “uma vez que você ama o Silvio, vai amá-lo para sempre”, registra Fabi. Em entrevista a José Carlos Melhy e Zilda Iokol para o catálogo de seus 70 anos, o cineasta contou: “Eu fiquei tetraplégico e negociei com Deus: ‘Vem cá, a cabeça deixa intacta e a fala também, ok?’ Depois, fui recuperando os movimentos. (...) Como eu não pretendo morrer daqui a dois anos, já estou negociando uma nova safra (de filmes) que dure mais uns dez. Porque o que me mantém vivo é o trabalho. Já na entrevista à Plurale, logo após liderar a criação de uma das últimas petições do impeachment do presidente Jair Bolsonaro, ele confessou: “É verdade. Eu me sinto um garoto fazendo cinema ou fazendo política. A luta opera milagres.” Peter Pan não definiria melhor.

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA EM PLURALE EM SITE.


Parabéns, Plurale. Há 14 anos revelando histórias e temas fundamentais para a sociedade.

A Walprint dá vida às edições da Plurale com padrões de sustentabilidade e segurança em linha com as melhores práticas do mercado. Afinal, a gente conhece muito bem o papel da impressão num mundo em constante transformação.

assinatura horizontal à esquerda

Estamos prontos para continuar ao seu lado nas próximas publicações! Nunca foi tão importante fazer jornalismo com responsabilidade.

Ideias que não ficam só no papel.


Inclusão

A musa, o autor, a personagem e a voz: pequena história amorosa da audiodescrição POR MAURETTE BRANDT, ESPECIAL PARA PLURALE FOTOS DE ARQUIVO PESSOAL E DIVULGAÇÃO

I

toda a família: o mundo da audiodescrição, que acaba de descobrir. Em imagens com cores bem definidas e texto com fontes sem serifa, que facilitam a leitura, a obra No mundo da audiodescrição, de Felipe Monteiro – lançada em 2020, em pdf inclusivo e em audiolivro – é um verdadeiro símbolo de inclusão. Além de estar

FOTOS DE ARQUIVO PESSOAL

za é uma menina feliz, ativa e espevitada, que vive com os pais, Adélia e Aposto, e o cãozinho Dinâmico. Um dia, a garota chega em casa com uma novidade que alvoroça

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disponível para download gratuito, faz homenagens e ressalta, o tempo todo, detalhes essenciais, que fazem parte do dia-a-dia das pessoas com deficiência. A inspiração para criar a personagem principal – uma menina preta, contagiante e que fala pelos cotovelos – veio da amiga Isadora Cabral Machado, que Felipe conheceu em 2018, na UFRJ, onde os dois foram alunos do primeiro Curso de Especialização em Acessibilidade oferecido pela instituição. De simples colegas para grandes amigos foi um passo. Daí para a parceria, como consultores de Acessibilidade, levou só mais um pulo. - Ah, eu fiquei toda boba quando soube! – comemora a paulista Isadora, 26 anos, abrindo um largo sorriso. – Acontece que, primeiramente, o Felipe me pediu uma consultoria para o projeto. Aí eu falei que queria ler o livro e tudo mais, né? Então, quando eu vi a menina,


FOTO D E DIVULG AÇÃO

falei: “Que legal sua personagem, chama Iza e tal...” Foi aí que ele me contou! “Pô, Iza, então, esta personagem foi inspirada em você!” Aí eu fiquei muito boba mesmo, sabe? Fiquei bem feliz, honrada, porque o Felipe é uma pessoa muito querida, maravilhosa, um grande profissional e amigo. – A emoção foi muito muito grande – confessa Isadora. - A Iza é linda, uma gracinha! E, de verdade, tem muito a ver, porque que ela se parece comigo mesmo – sorri. – Eu amei! - A Isadora é uma pessoa muito divertida, criativa e que vive se movimentando para fazer tudo ao mesmo tempo – diz Felipe. – Logo que tive a ideia de escrever o livro, senti que a Iza tinha que ser ela inclusive no nome, que é o seu apelido de infância. À medida que eu escrevia, isso ficava cada vez mais claro para mim – revela o autor. A cada parágrafo, o livro revela detalhes importantíssimos – que podem até, em alguns casos, passar despercebidos para o leitor comum, mas que são essenciais para quem tem baixa visão, como o Felipe, e também para quem tem outras deficiências. – Já começa pelo fato de Iza ser uma filha preta de mãe branca e gordinha, e de um pai que é cadeirante e bom em português (o nome Aposto não foi por acaso). - O cachorrinho Dinâmico, não sei se você reparou, tem três patas – sorri Felipe. – E o me-

de, porque foi um trabalho muito gostoso de fazer, sabe? Toda a equipe foi maravilhosa. E ver esse trabalho concretizado, nossa! Me deu assim - como posso dizer? Sabe aquela sensação: “Caraca! Como é bom fazer parte disso!”

lhor amigo da Iza? Adivinha quem é? O Braille, nome artístico de um garoto cego que adora dançar! – diverte-se. Podia ficar só no livro digital, mas não: Felipe logo partiu para o áudiolivro – e aí os personagens teriam que ser dublados. – Adivinha quem foi que dublou a Iza? Fui eu mesma!!!! – comemora Isadora. A gravação ficou a cargo de Letícia Schwartz, da empresa Mil Palavras, grande amiga de Felipe. – Eu me ofereci “sutilmente” para o Felipe, “caso ele precisasse de alguém para dublar” – ri Isadora. – Eu não entendia nada de dublagem, mas Letícia me deu um apoio incrível e eu fiquei super à-vontade para criar a voz da Iza, pra combinar com a personalidade dela – conta. – Eu fiquei maravilhada, de verda-

Choque de realidade Músico versátil (pianista, tecladista e flautista) e professor de música há mais de 20 anos, Felipe Monteiro acumula títulos universitários, mestrados e especializações. A baixa visão foi consequência de uma meningite, contraída aos 36 anos. – Foi um choque para mim – relembra Felipe. – Eu achava que nunca mais iria poder trabalhar e nem morar sozinho... “Eu moro sozinho há anos! Como iria fazer?,” eu me perguntava. Natural de Resende/RJ, Felipe passou quase um ano no Hospital São João Batista, em Volta Redonda, entre muitas idas e vindas. – A inflamação da meninge faz pressão e afeta não só a visão, mas também a audição e especialmente o olfato, que perdi completamente – explica. Achei que ia ficar uns dois dias no hospital, mas fiquei pelo menos uns dois meses no corredor – recorda. – Desmaiei na consulta com o neurologista; tive mais de 50 convulsões, usei fraldas, fiquei na cadeira de rodas, tive amnésia. Foi tudo muito difícil – desabafa Felipe, que narra sua forte história pessoal no segundo livro, Do tecla-

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Inclusão

do ao mestrado, lançado em 2021. As duas obras estão disponíveis para download na página pessoal do autor, www.felipemonteiroconsultor.com.br. A partir daí, o músico começou a explorar seu novo universo. – Fiz aulas de Braille, busquei os recursos disponíveis. Foi nesse processo que descobri a audiodescrição, em uma peça teatral que assisti em Goiânia/GO – conta. – Que revelação! Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti participando de um trabalho de arte! Logo quis conhecer melhor aquele universo e me aprofundar, pois isso faria – e fez! – toda a diferença na minha vida e, com certeza, na de muita gente. A partir daí eu me apaixonei por esse trabalho e me envolvi de verdade. Hoje sou consultor, além de músico – resume. Mas afinal, o que é mesmo a audiodescrição? É um recurso que traduz imagens em palavras; assim, permite que pessoas cegas ou com baixa visão consigam compreender conteúdos audiovisuais ou imagens estáticas, como fotografias, filmes, videoclips, peças de teatro, espetáculos de dança e muitos outros, que têm seus detalhes descritos em áudio. – Além de criar um livro bacana, fiz questão que ele tivesse todos os recursos de acessibilidade, sobretudo a audiodescrição – destaca Felipe. – Isto quer dizer que a pessoa com baixa visão pode ouvir a descrição de todos os detalhes de suas páginas, desde a cor do fundo à cor do cabelo, das roupas, o formato das coisas e tudo o mais – detalha. Quem baixar o livro verá que o pdf inclusivo contém, além da obra em si, o texto da audiodescrição – e que este poderá ser ouvido na versão em áudiolivro, também disponível para download.

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A musa e o mundo acessível Isadora deixou Pirassununga/ SP em julho de 2018, onde iniciava uma carreira de terapeuta ocupacional, para abraçar a Acessibilidade. Coordena, atualmente, a Consultoria de Acessibilidade do Projeto UM NOVO OLHAR, uma parceria entre UFRJ e FUNARTE, voltada para Arte e Acessibilidade (www.umnovoolhar.art.br). – A especialização da UFRJ só fez confirmar o meu sentimento de que era aquele o caminho que eu queria seguir – relata. – Então fiquei aqui pelo Rio e me engajei em várias frentes para desenvolver novas competências. Para Isadora, a melhor parte desse trabalho é pensar, o tempo todo, em estratégias e possibilidades para promover a acessibilidade sobretudo nesse mundo virtual que as pessoas vêm vivenciando cada vez mais. - A gente vai encontrando novos desafios – diferentes daquela acessibilidade concebida para um produto cultural, por exemplo, no espaço físico, né? – pontua. – Então, aqui a perspectiva é um pouco diferente. A gente às vezes descobre algumas tecnologias que podem nos ajudar; formulamos, também, orientações que podem ajudar a criar um vídeo acessível, por exemplo – explica. Para quem produz curtas, é importante ter todas essas orientações na própria edição, para que a acessibilidade seja feita de uma forma bem qualificada. No caso de vídeos, informações do tipo “posicione-se no meio da tela”, “fale normalmente, nem muito devagar e nem rápido”, etc., são detalhes fundamentais para garantir a acessibilidade desses conteúdos – avalia. – É bom a gente saber que está contribuindo para que mais e mais pessoas tenham acesso a todo esse conteúdo que vêm sendo produzido recentemente, com o apoio da tecnologia – orgulha-se.


an o s

“Falar de meio ambiente e cuidar do meio ambiente num país como o nosso nunca foi fácil. A Plurale está completando 14 anos de resistência. Certamente um espaço de reflexão mais que necessário. Parabéns a todos os envolvidos nessa luta.” Fátima Bernardes, jornalista e apresentadora

DIVULGAÇÃO

“Parabéns à equipe Plurale e a Sônia Araripe: 14 anos, a caminho dos 15 anos, cobrindo meio ambiente. Não é fácil, demanda muito empenho e resiliência.” Sérgio Abranches, sociólogo, cientista político e escritor.

“Parabenizo a Revista Plurale por seus 14 anos de história; em especial, parabéns a Sônia Araripe por sua liderança e dedicação à frente deste importante veículo. Desejo que venham ainda muitos anos de conquistas.” Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável)

“Plurale faz a diferença em favor de ideias transformadoras, por um mundo melhor e mais justo, ajudando o Brasil a perceber a urgência da sustentabilidade aplicada a todos os setores da sociedade, da economia e da vida!” André Trigueiro, jornalista e escritor

"Os 14 anos de Plurale são a consagração de um projeto visionário, inspirador e absolutamente relevante para o mundo da sustentabilidade. É uma honra ter presenciado seu nascimento e seguir acompanhando sua jornada de sucesso." Sonia Consiglio Favaretto, especialista em sustentabilidade e SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU DIVULGAÇÃO

Fátima Bernardes, jornalista e apresentadora.

FOTOS DE ARQUIVO DE PLURALE

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1 Mensagens recebidas

Especial


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Especial

POR SÔNIA ARARIPE, EDITORA DE PLURALE

A

s estatísticas indicam que mais ou menos a metade dos pequenos e médios negócios no Brasil não costumam passar do terceiro ano. Alguns sobrevivem e seguem adiante. Não sabemos se por sorte, perseverança ou por teimosia, entramos para o lado feliz dos indicadores e chegamos aos 14 anos. Não foi um caminho fácil, mas hoje, estamos certos, colecionamos muitas boas histórias para contar aos leitores e conquistas para compartilhar . Quando começamos a formatar o projeto Plurale, em meados de 2007, tínhamos várias dúvidas e uma certeza. A ideia só daria certo se fosse tão plural e forte quanto o nome de batismo. Seria preciso perseverar, insistir, não desistir. E atuar em rede, contar com a colaboração e com a parceria de todos que também acreditassem ser possível "sim" fazer Jornalismo independente e plural. Chegamos ao significativo número 75 da revista impressa, com 5.100 páginas e o portal - atualizado diariamente consolidou-se como um dos principais do segmento, além de participação ativa também nas mídias sociais. Com a chegada dos 14 anos, tivemos a feliz notícia de que fomos novamente indicados ao Prêmio Comunique-se na Categoria Sustentabilidade. Este é considerado o “Oscar” do Jornalismo e já é o nono ano no qual somos lembrados. Mais importante do que o resultado final, o que vale é a indicação de tantos jornalistas, formadores de opinião e leitores. Recebemos também, em março deste ano, o título “Embaixadores do Turismo do Rio de Janeiro”, concedido por Bayard Boiteaux e Fundação Cesgranrio. Coroando as comemorações, fomos destaque em duas lives: da relevante jornalista Anna Maria Ramalho e do Professor Dario Menezes, na série “Bora falar de branding?”. Estas conquistas se somam às anteriores: prêmios, medalhas e reconhecimentos conferidos por diversas entidades e instituições. Temos procurado sempre inovar, trazendo o que há de mais atual em termos

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an o s

Plurale, 14 anos:

muitas histórias e conquistas para serem compartilhadas LIVES

Conquistas a serem comemoradas nos 14 anos Diretora e Editora de Plurale, a jornalista Sonia Araripe em três destaques em 2021: escolhida como uma das Embaixadoras de Turismo do Rio de Janeiro; entrevista live com a jornalista Anna Maria Ramalho, pelos 14 anos de Plurale e seu trabalho em prol da sustentabilidade; e Plurale mais uma vez indicada ao Prêmio Comunique-se, na categoria Sustentabilidade.

de Sustentabilidade em multiplataformas. Avançamos nas alianças, construímos pontes e procuramos sempre entregar o melhor produto para você, leitor. Apenas para citar algumas destas alianças, Plurale é parceira da ABA, da ABERJE, da ABRASCA, da APIMEC-Rio e de várias ONGs e movimentos, como o de Defesa da Amazônia, da Mata Atlântica, do Cerrado, do Pantanal, dos Povos Indígenas, a Causa da Alimentação Saudável, das Mulheres, dos Negros e tantas outras. Voluntariamente temos ajudado a dar voz para ações relevantes destes parceiros. Gostaríamos de registrar que nada teria sido possível se não tivéssemos a imensa

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sorte de ter uma competente e aguerrida equipe, entre colaboradores, colunistas do melhor naipe e empresas patrocinadoras que acreditaram, desde o início, na revista e no portal. Cumprimentamos também os colegas da Mídia Sustentável, parceiros nesta jornada. Gostaríamos de citar nominalmente um a um, mas, como a lista é grande, e evitando esquecer algum nome, sintam-se todos, por favor, sinceramente homenageados. Não foi fácil, admitimos. Mas tentamos sempre perseverar e acreditar que dias melhores ainda estão por vir. Que há sempre algo mais incrível para ser contado e compartilhado em Plurale. Que novos apoiadores irão se juntar à


EQUIPE

LANÇAMENTO Lançamento em São Paulo com Manoel Carlos

Isabel Capaverde, Isabella Araripe e Nícia Ribas

Luciana Tancredo

Plurale número 1

No Rio de Janeiro com Saturnino Braga e esposa e Arnaldo Cezar Coelho

PRÊMIOS A Jornalista Sônia Araripe, Editora da Plurale, recebe prêmio em dezembro 2014 Prêmio Abraciclo em 2008

Prêmio Aberje de Mídia Segmentada em 2017

Condecoração – pela Alumni- Direito/ Ufrj – ExAlunos da Faculdade de Direito em 2017, com o Jornalista George Vidor e o Artista Plástico Oscar Araripe, da Alumni- Ufrj.

Sônia Araripe recebendo o Prêmio Lagoa Viva do agrônomo Felipe Brasil, em 2019. Conjunto de Medalhas Pedro Ernesto, outorgada pela Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, e concedida pelo Vereador Zico Papera em 2017

EVENTOS

Seminário Plurale 12 anos – em 2019 – com palestrantes.

Evento Plurale 10 anos – em 2017 – com os palestrantes Alfredo Sirkis, André Trigueiro e Sérgio Besserman Vianna.

causa, na intenção de formar melhores cidadãos. Temos colecionado muitas entrevistas, viagens, participado dos mais importantes eventos do segmento, de manifestações, tudo para levar a você, parceiro e leitor, informação de qualidade. Procuramos focar, azeitar o projeto, regar as ideias. Sempre somando, trazendo para a grande Rede Plurale mais e mais nomes, conteúdo de relevância para compartilhar. Esta, acreditamos, foi a grande vitória, que não é nossa, mas de todos, do coletivo. Plural, Plurale.

André Trigueiro no Evento de seis anos da Plurale

Além dos assinantes cativos, temos compartilhado Plurale em rede: com universidades, escolas, bibliotecas, com ONGs, diversos eventos etc. Os leitores enviam mensagens dos mais diferentes pontos – do Brasil e até mesmo do exterior – nos incentivando, comentando, criticando. Todas essas mensagens nos ajuda a construir cada novo número, e a ter sempre uma visão que possa ser conjugada na primeira pessoa do plural. Que não seja apenas a nossa. Mas a da maioria. Agradecemos a generosidade e a

Evento de dois anos na ESPM-Rio

dedicação de cada um da equipe, aos leitores sempre participativos (nossa principal razão de existir), aos colunistas e, especialmente, aos patrocinadores que nos permitiram chegar até aqui. Conquistamos vários prêmios e ainda pudemos realizar quatro eventos com a marca Plurale. Outros virão, aguardem! Esperamos poder comemorar juntos outras realizações nos próximos anos. Continuaremos tentando perseverar. Que possamos continuar a trilhar esta estrada. Por vocês, pelo planeta.

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Pelo mundo

Nova Iorque se tornou um playground para os nova-iorquinos POR VIVIANE FAVER, ESPECIAL PARA PLURALE DE NOVA IORQUE FOTOS DE KARL SCHOLZ/ DIVULGAÇÃO

D

e acordo com dados divulgados em agosto pelo Departamento de Saúde do estado de Nova Iorque, pelo menos 61% dos nova-iorquinos receberam uma das doses da vacina contra a COVID-19, enquanto 55,9% receberam ambas as doses. Apesar do aumento da variante Delta em algumas cidades dos EUA, o prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, elogiou recentemente a taxa de vacinação da cidade. “Há 15 meses, nossa cidade foi o

epicentro da crise da COVID-19”, escreveu de Blasio em um tweet. “Hoje, um estudo de Yale mostra que o lançamento da vacina em Nova Iorque mudou literalmente o curso da história, salvou milhares de vidas e interrompeu centenas de milhares de casos de COVID.” A cidade, é claro, não está totalmente de volta do jeito que nos lembramos. Os hotéis estão operando com apenas 50 por cento de ocupação e a Broadway ainda permanece fechada, provavelmente até setembro. Mas e a cultura? A cultura está explodindo. Desde de junho, o governador Andrew Cuomo suspendeu praticamente todas as restrições no estado. Neste verão, Nova York é um playground para os nova-iorquinos. “Nova Iorque nunca mais será assim FOTO DE VIVIANE FAVER/ DO BROOKLYN (EUA)

de novo”, é o que dizem as pessoas nas ruas. “Este verão vai ser uma loucura. Vai ser um filme. Depois do que vivenciamos, este será o melhor verão que a cidade de Nova Iorque já teve.» A cidade está em festa e os convites são praticamente feitos na base do boca-a-boca. Onde é que você dança? O que está aberto até às 4 da manhã? O que está de volta? Que ruas estão fechadas e em que horários? Festas nas ruas - No Brooklyn, as ruas são fechadas ao tráfego de veículos nos fins de semana. Os moradores da área arrecadaram fundos para continuar o programa de ruas abertas para pedestres do ano passado, para que os restaurantes possam se espalhar e os músicos se apresentarem. O engenheiro de som Karl Scholz é o responsável por uma das festas ao ar livre que animam o Brooklyn nos finais de semana, chamada Sweet Kicks (@sweetkicksnyc). “Eu fiz parte da cena de dance music e de eventos DIY ao ar livre enquanto crescia, em São Francisco. Me mudei para Nova Iorque em 2003 e, desde então, tenho estado envolvido com o mundo da arte/música/performance DIY.” Karl e seu grupo, formado pelas amigas DJs Rose Kourts e Miss Alicia, já realizaram 14 eventos nos últimos três meses, todos de graça. Metade deles foram colaborações com outros músicos e artistas; Karl entrou com sua aparelhagem de som.


FOTOS DE KARL SCHOLZ/ DO BROOKLYN (EUA)

“Alicia faz nossos panfletos e Kourtney está bem conectada à comunidade local de DJs. Juntos, temos tudo que é necessário para planejar, promover e realizar uma festa para a comunidade. Sempre precisamos de ajuda para transportar os alto-falantes, por isso costumamos convidar nossos amigos para ajudar.” Segundo Karl, o verão de 2020 foi uma época única em Nova Iorque. Tudo estava fechado, mas os casos da Covid ainda eram poucos e as autoridades estavam muito distantes. Como resultado, as pessoas usaram as ruas e parques para se reunir de uma forma que ele nunca vira antes em Nova Iorque. Agora que a maior parte das pessoas estão vacinadas, bares e clubes estão abrindo novamente; mas algumas das coisas boas do verão passado permanecem, como as festas ao ar livre e as ruas que foram temporariamente fechadas e se tornaram espaços públicos. Karl afirma que algumas das experiências favoritas de sua vida aconteceram por causa de eventos gratuitos ao ar livre como esses. “Durante a pandemia, não havia outro lugar para dançar; então esses eventos surgiram para preencher uma necessidade, mas também para oferecer algo especial: um lugar gratuito para dançar fora das restrições de idade ou até tarde da noite, em clubes ou bares. É uma energia muito saudável, que normalmente não é encontrada nos bares.” Karl Scholz espera que possa continuar fazendo muitos outros eventos ao ar livre, antes do inverno chegar. “Es-

tamos começando a produzir eventos gratuitos à noite durante a semana, além dos fins de semana, enquanto o tempo está bom. Estou procurando um lugar coberto para fazer eventos neste inverno. Eu só quero continuar fazendo isso”, afirma. Festival nos restaurantes - Foi também anunciado, há poucos dias, o retorno do evento NYC Restaurant Week, que será realizado durante um mês inteiro, de 19 de julho a 22 de agosto, no qual os clientes podem comer em alguns dos melhores restaurantes da cidade com tarifas reduzidas e aproveitar ofertas especiais. Serão mais de 500 restaurantes com refeições com preços a US$ 21 ou US$ 39.

O verão costuma ser lento para os restaurantes - e, sem um fluxo de turistas, não será fácil. Mas com refeições custando US $21 ou US $39 em mais de 500 restaurantes, o prefeito Bill de Blasio espera que esse projeto prolongado da Restaurant Week ajude os pequenos empresários. “Esses donos de restaurantes e seus funcionários lutaram, mantiveram os negócios funcionando. Agora a Restaurant Week vai dar a eles mais clientes e muito mais energia”, disse o prefeito Bill de Blasio. Há até uma nova oferta este ano: uma opção gourmet de US$ 125. “Para aqueles que procuram gastar um pouco mais e celebrar o verão depois de muito tempo dentro de casa, estamos oferecendo uma série de jantares exclusivos de US$ 125. Este é um elemento totalmente novo no programa - e que inclui pelo menos três pratos, mas todos esses menus incluem ingredientes de trufas ou bifes de Tomahawk, degustações de vinho, garrafas de vinho e experiência na mesa do chef “, diz Alyssa Schmid, da NYC & Co. Os restaurantes sofreram durante a pandemia. E embora a Lei dos Restaurantes nos EUA tenha oferecido US$ 28 bilhões em concessões, o dinheiro já secou. “O Fundo de Revitalização de Restaurantes precisa ser reabastecido, para que todas as 177 mil empresas que se inscreveram e ainda precisam desesperadamente de ajuda possam obter esse apoio”, explica o premiado chef, escritor e apresentador Andrew Zimmern, defensor dos restaurantes.

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Pelo mundo

Um paraíso que vale a visita é Rottnest Island. Lá é possível encontrar um dos bichinhos mais simpáticos do mundo: o Quokka, que é o único mamífero nativo da ilha.

PERTH

Linda cidade ensolarada, no Oeste da Austrália, encanta moradores e turistas Região se destaca pelas várias ações sustentáveis, como as ecozonas e a gestão de resíduos sólidos TEXTO E FOTOS DE MARIANNA VICENTE, ESPECIAL PARA PLURALE DE PERTH, AUSTRÁLIA

E

leita a sexta melhor cidade do mundo para se viver em 2021, e ainda por ser a cidade com mais de 1 milhão de habitantes mais isolada do mundo, Perth – situada no estado australiano de Western Australia - surpreende pelas belezas naturais e pela infraestrutura. A cidade tem aproximadamente 2 milhões de habitantes (2020) e conteve a pandemia de COVID-19 de maneira extraordinária, com a vida atual muito próxima ao antigo normal pré-pandemia. Basta haver um caso de transmissão local para o primeiro-mi-

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nistro decretar lockdown e fazer o teste em todos que tiveram contato direto ou indireto com o contaminado, que são mapeados através do aplicativo safeWA. Nesse aplicativo, a população faz check-in toda vez que frequenta um lugar público - sejam bares, restaurantes, academias, festivais, museus ou transportes públicos. Os australianos em geral, principalmente os que moram em Perth e têm o privilégio de viver em uma das cidades mais ensolaradas do mundo, gostam muito de atividades ao ar livre. Perth não é uma cidade onde se aproveita a noite, e sim o dia. A maior parte do comércio fecha cedo, às 17h, o que inclui alguns supermercados, mesmo durante os dias de semana. Por outro lado, é muito fácil ver parques e praias lotadas (vale lem-

PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2021

brar que praias “lotadas”, em Perth, nem de longe se parecem com o que acontece no Rio de Janeiro), principalmente durante o verão, que é muito quente e seco - e se inicia, segundo os australianos, no dia primeiro de dezembro. A cidade tem um dos maiores e mais bonitos parques urbanos do mundo: é o Kings Park, um excelente lugar para fazer piquenique - que é um dos programas preferidos dos australianos. Ou então para passear, relaxar ou fazer atividade física. Além disso, no Kings Park não só é possível aprender sobre história aborígene, que é o povo original do continente australiano, e história europeia, mas também sobre cultura contemporânea. Isso além de curtir exposições e festivais, como o Festival das Flores, que acontece durante a primavera. O parque também é referência internacional em pesquisa científica e líder nos quesitos de horticultura e biodiversidade. Abriga também o incrível Western Australian


Outro passeio adorável pelo centro é ir ao Elizabeth Quay, na margem do Swan River.

E n s a i o Botanic Garden, que é a casa de mais de 3.000 espécies de flora do estado de Western Australia. Pelo menos dois terços dos 400 hectares do parque são protegidos como mata nativa, por abrigarem flora e fauna nativas. Os visitantes podem desfrutar de vistas sensacionais dos Rios Swan e Canning, admirar o skyline de Perth City e a cordilheira Darling, ao leste. Lá também podem ser encontradas trilhas acessíveis a todas as pessoas, além de diversos parques, como o Memorial Park ou o Water Garden Pavillion, a Tree Top Glass Arched Bridge e a DNA Tower. O parque também oferece uma variedade de áreas recreativas para crianças; isso sem falar nos cafés, no Centro de Informações ao Visitante (com passeios guiados diários e gratuitos) e na loja da galeria Aspects of Kings Park. Além disso tudo, o acesso ao parque via transporte público é facílimo. Ecozonas - Apesar de o Kings Park

FOTOS DE MARIANNA VICENTE DE PERTH - AUSTRÁLIA ser a maior área verde dentro da cidade, outros bairros têm projetos de sustentabilidade para criar outros parques e reservas naturais. Em fevereiro de 2011, a Prefeitura de City of Vincent introduziu o programa das ecozonas, que consiste em converter áreas antes relvadas e sub-utilizadas dentro da cidade em jardins de plantas nativas. Isso permite um consumo mínimo de água nas áreas renovadas de jardins; isto acontece porque essas mesmas áreas, quando eram gramadas, demandavam grandes volumes de água. Após dois anos de instalação das novas ecozonas, as plantas nativas param de receber irrigação, uma vez que são projetadas para se tornarem autossuficientes. Essa iniciativa de conservação de água faz parte do Plano de Ação de Eficiência Hídrica da cidade e do cronograma de implementação do Plano Ecológico. Perth já sente os impactos do aquecimento global nos recursos hídricos.

Lindo pôr-do-sol em Cottesloe.

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Pelo mundo FOTOS DE MARIANNA VICENTE – PERTH, AUSTRÁLIA

Festival de flores no Kings Park

Em 1960, 88% da água consumida pela população vinham de reservatórios abastecidos pela água da chuva. Hoje, apenas 15% da água da cidade vêm dos reservatórios - e foi necessário criar alternativas para o abastecimento de água, como os lençóis freáticos e as usinas de dessalinização. A previsão é de que o volume das chuvas durante o inverno, em Perth, diminua em até 15% até 2030, o que enfatiza a importância do Plano de Ação. Por isso, projetos como o das ecozonas são importantes, não somente para reduzir a pressão sobre águas subterrâneas para irrigação, mas porque trazem benefícios, como o aumento da biodiversidade a partir da seleção cuidadosa de espécies de plantas nativas. As espécies selecionadas são nativas do próprio estado de Western Austrália – ou seja, são adaptadas ao clima e requerem um mínimo de água, fertilizantes e manutenção. O aumento de áreas verdes dentro da cidade com plantas nativas amplia o habitat e as fontes de alimentos para espécies da fauna local. Projetos como o das ecozonas estimulam a criação de ecossistemas saudáveis e prósperos. Gestão de resíduos sólidos – A cidade também tem outros projetos relacionados à sustentabilidade, no quesito de tratamento de resíduos sólidos. Hoje há dois tipos de lixo nas casas: o lixo do compartimento de tampa amarela, que contém os recicláveis, como garrafas de plástico, papel, latas de aço e vidro; e o lixo do compartimento de tampa vermelha, que seguirá para o aterro sanitário, por conter itens que não podem ser compostados reciclados – as fraldas

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descartáveis, por exemplo. A partir do final de outubro de 2021, City of Vincent incluirá um novo compartimento de tampa verde, que já está sendo implementado em alguns bairros. Esse compartimento é específico para os resíduos orgânicos reunidos sob a sigla FOGO, que significa Food Organic Garden Organics: restos de comida, como frutas e verduras, resíduos de jardinagem e também de animais. No momento, mais da metade do conteúdo do compartimento de tampa vermelha é de material orgânico; com o novo compartimento de tampa verde, a ideia é transformar esse material orgânico em composto de alta qualidade, de modo a favorecer a economia circular. A compostagem reduz a emissão de gases de efeito estufa, como o metano, que é um gás 20 vezes mais potente que o gás carbônico. O metano se forma devido à falta de oxigênio no ar durante a degradação de matéria orgânica. O sistema do FOGO propõe um grande salto na meta de zero envio de resíduos para aterros sanitários até 2028.

PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2021

De acordo com a Estratégia de Resíduos de 2030, recentemente revisada pelo Governo do estado de Western Australia, todos os bairros precisarão mudar para o sistema FOGO, de três compartimentos, até 2025. A Austrália também conta com outros programas de reciclagem, como o REDCycle e o Containers for Change. O programa REDCycle é nacional e envolve a reciclagem de plástico mole, como embalagens de biscoito, sorvete, vegetais congelados, plástico-filme e sacolas plásticas, que não conseguem ser reciclados pelos métodos convencionais e acabam sendo destinados ao aterro sanitário. O programa criado pelo RED Group, que é uma organização de consultoria e reciclagem com sede em Melbourne, Victoria, tem parceria com os principais supermercados da Austrália, o Coles e o Woolworths, entre outras marcas - o que facilita a coleta dos plásticos moles para a população. Uma parcela do material de plástico reciclado é então utilizada na criação de deques, mesas de piquenique, estruturas de sinalização e cercas, entre outros produtos. O Programa REDcycle é um verdadeiro modelo de gestão de produtos, no qual fabricantes, varejistas e consumidores compartilham a responsabilidade na criação de um futuro sustentável. Em outubro de 2020, o programa do Containers for Change foi lançado nos estados de Western Australia e Queensland: recolhe itens para reciclagem, como garrafas PET, latas de alumínio e garrafas de vidro, em troca de 10 centavos por item. O valor final pode ser recebido em dinheiro, transferido para a conta corrente ou encaminhado di-

Cisne negro passeia no Parque que margeia o Swan River.


Rottnest Island

E n s a i o retamente para doação a uma entidade escolhida pessoalmente pelo doador. O estado de Western Australia conta com 219 pontos de coleta; até o momento, foram retornados aproximadamente 318 milhões de itens, desde o lançamento do programa. Rottnest Island - Um paraíso em Western Austrália que vale a visita é Rottnest Island. Lá você pode encontrar um dos bichinhos mais simpáticos do mundo: o Quokka, que é o único mamífero nativo da ilha e pode ser encontrado por toda parte. Os Quokkas são muito amigáveis e conhecidos pelas selfies, mas é importante mencionar que não se deve dar comida ou tocar em nenhum animal selvagem. O passeio por Rotto, apelido dado pelos australianos à linda região, pode ser feito de bicicleta ou de ônibus interno; não é permitida a circulação em carros particulares. Para um dia de passeio, recomenda-se pegar o primeiro ferry da manhã, saindo de Fremantle, e retornar no final da tarde. Já para uma estadia mais longa, que deve ser reservada com antecedência, recomenda-se a hospedagem nas vilas ou em acampamentos, com toda uma estrutura preservada e limpa de banheiro e cozinha. É possível dar a volta na ilha parando nas principais atrações, como o Pink Lake. É um lago rosa, devido à presença de micro-organismos, como as algas vermelhas, que podem sobreviver em ambientes extremamente salinos. Há também pontos de snorkeling, como o Parker Point ou a Little Salmon Beach, onde é possível encontrar uma infinidade de peixes tropicais e corais, devido às águas mais quentes da Cor-

FOTOS DE MARIANNA VICENTE DE PERTH - AUSTRÁLIA rente de Leeuwin. Para os fãs de espor- vas. As águas residuais de banheiros, tes radicais, uma experiência inesquecí- por exemplo, são tratadas na Estação de vel é o skydiving em Rottnest. Ver a ilha Tratamento de Águas Residuais da Ilha, de cima é realmente incrível! Rottnest é pelo sistema cíclico de lodos ativados, realmente muito bonita e bem preserva- usado para decompor os resíduos. Em da. Por isso mesmo é classificada como breve, esse sistema será convertido num BIA, sigla em inglês que designa uma tratamento com membranas, com o obÁrea Importante de Aves e Biodiversi- jetivo de atingir uma melhor qualidade dade. e consistência da água tratada, que será Como a ilha está localizada a 18 km usada para fins de irrigação na própria da costa de Fremantle, deve-se buscar ilha. Rottnest possui também um sistealternativas eficientes de energia e de ma de tampas coloridas, como em Perágua, além de fazer o descarte correto e th, que permite que os resíduos sólidos eficiente do lixo e do esgoto. Atualmen- sejam separados e transportados para o te, 30% da energia da ilha é produzida continente de forma segura, para serem pela turbina eólica localizada no Mon- descartados corretamente. te Herschel, instalada em 2004; a meta é chegar a 45% da energia total proveniente de fontes renováveis, entre as quais a energia solar, que será instalada em breve. O restante da energia é proveniente de usina de geração com diesel de baixa carga e geradores a diesel padrão. A ilha ainda tem uma usina de dessalinização para fornecer a maior parte da água, em vez de extração de águas O Quokka é o único mamífero nativo da Rottnest Island e pode subterrâneas e de- ser encontrado por toda parte: é muito amigável e conhecido vido à diminuição pelas selfies, mas é importante mencionar que não se deve dar da água das chu- comida ou tocar em nenhum animal selvagem.

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Pelo mundo

SERVIÇO Situação das fronteiras devido à pandemia e visto de entrada As fronteiras australianas permanecem fechadas para turistas. Até agosto só podem retornar à Austrália residentes permanentes ou cidadãos australianos. A Austrália possui um sistema de visto universal, ou seja, todos os cidadãos de outros países precisam de visto para entrar ou viver na Austrália. O visto de turista, ou Tourist Visa Subclass 6000, custa 145 dólares australianos e pode ser solicitado no site de Home Affairs do governo australiano. O candidato deve estar fora da Austrália no momento da solicitação; o governo pode conceder vistos com duração de 3, 6 ou 12 meses, com entrada e saída do país em duas categorias: única (em um único local) ou múltipla (em diversos locais). Uma vez concedido o visto, o turista pode permanecer no máximo três meses viajando pela Austrália. Como chegar Em tempos pré-pandemia, Rio de Janeiro e São Paulo tinham voos diários da empresa aérea Emirates para Dubai, nos Emirados Árabes, com duração de aproximadamente 14-15 horas, e de Dubai para Perth, de aproximadamente 11 horas. Esta é a rota que eu prefiro. O tempo de conexão no aeroporto, em Dubai, pode ser de 3, de 6 ou de 12 horas. O cenário mudou um pouco com a pandemia e, no momento, não se sabe quando a grade de voos retornará à normalidade. Outra rota comum para se chegar a Perth é pelo Oceano Pacífico, entrando pela costa leste. É possível sair do Rio de Janeiro ou de São Paulo para Santiago, no Chile, e de lá voar para a Austrália pela

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Western Australia Museum oferece atrações para os visitantes, como a Blue Whale - Baleia azul – chamada de Otto, com 24 metros de comprimento.

muito longo o tempo de conexão no aeroporto: 12 horas.

Qantas. Alguns voos que saem do Chile têm conexão em Auckland, na Nova Zelândia, e depois em Sydney ou Melbourne, na costa leste da Austrália. Vale lembrar que o voo de Sydney ou de Melbourne para Perth tem duração de quatro horas, com fuso horário de duas horas. Outra alternativa pelo Oceano Atlântico é sair de São Paulo para Johannesburgo, na África do Sul, e depois voar para Perth. Eu, particularmente, nunca considerei essa opção, por achar

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Transporte e hospedagem Perth é uma cidade espalhada, que dispõe de algumas opções de transporte público (ônibus, trem ou ferry); porém tudo é conectado pelo centro, o que pode adicionar alguns minutos ao tempo de locomoção. Utilizar o cartão do TransPerth é essencial, pois não só facilita na hora do pagamento, como também no cálculo das zonas de viagem com base no tempo. Outra alternativa é alugar um carro, opção aliás muito conveniente e recomendada. Vale lembrar que trânsito é em mão inglesa. Brasileiros podem dirigir com a Carteira Nacional de Habilitação traduzida e com certificação da NAATI (Autoridade Nacional de Certificação de Tradutores e Intérpretes da Austrália). Em geral, as hospedagens de Airbnb têm estacionamento para automóveis, assim como alguns hotéis. Outra opção de hospedagem são os backpackers; a maioria tem quarto privativo. É uma opção interessante, principalmente para


quem está viajando sozinho e quer conhecer outras pessoas. De modo geral, se for alugar carro, é melhor optar por hospedagem fora do centro; caso prefira se hospedar perto do centro, a melhor opção é usar o transporte público. O que fazer em Perth No centro de Perth os ônibus são gratuitos; são os chamados cat, que podem ser verdes, amarelos, vermelhos ou azuis (conforme o itinerário) e passam a cada oito minutos. É muito fácil, também, andar a pé pelo centro e visitar a State Library of Western Australia (biblioteca estadual), Yagan Square, a Art Gallery ou o WA Museum Boola Bardip, reaberto em 2020, que e oferece coleções culturais e científicas de Western Australia. Um dos objetos mais interessantes do museu é o esqueleto da baleia azul, chamada Otto, que tem 24 metros de comprimento. Outro passeio adorável pelo centro é ir ao Elizabeth Quay, na margem do Swan River. É muito comum ver golfinhos e águas-vivas no rio. Recomendo também pegar o ferry e cruzar o rio até South Perth, onde se consegue ver a cidade de outro ângulo, passear pela orla e tomar um café ou curtir os bares com uma super vista, principalmente no pôr-do-sol, quando é possível apreciar o reflexo dos arranha-céus da cidade no rio. Uma das praias mais bonitas de Perth é Cottesloe Beach, um ambiente super familiar e tranquilo. O pôr-do-sol é absolutamente incrível! Os bares na orla ficam cheios e, às vezes, é difícil conseguir lugar. No final do dia, quando está ventando, é comum ver as pessoas fazendo kitesurf - e a praia fica com o horizonte super colorido. Enquanto ainda está quente, durante o mês de março, acontece a exposição anual Sculptures by the Sea: as esculturas ficam na areia, em direção ao norte, e nos gramados próximos à praia, criando uma exposição na beira da areia e ao ar livre. Outra praia super bonita e de clima bem descontraído é Scarborough Beach.

A estrutura ao redor da praia foi reformada em 2018. O interessante é que essas reformas em Perth não têm como público-alvo os turistas, e sim os moradores da cidade. Além de bares e restaurantes sempre cheios, seja qual for a estação do ano, a orla oferece uma piscina pública, pista de skate, Whale playground para crianças e churrasqueiras públicas. Tem também um grande anfiteatro na beira da areia, que é palco de vários eventos, como por exemplo o Carnaval Brasileiro de Rua. Durante o verão, às quintas-feiras, ou durante o inverno, aos sábados, é possível experimentar comida de todos os lugares do mundo no Scarborough Sunset Market. Para os amantes de vinho e/ou cerveja, queijos, chocolates e cafés, recomendo a visita ao Swan Valley. É um lugar que fica a 40 minutos de carro do centro de Perth, com lindas vinícolas e áreas verdes, super agradável para almoçar e aproveitar um dia quente ou frio. Uma ótima pedida para quem quer curtir uma viagem no tempo é Fremantle, facilmente acessível a 36 minutos de trem do centro de Perth. A cidade está repleta de histórias de prisioneiros condenados e dos colonizadores de Western Australia. É uma cidade portuária que ainda preserva características dos edifícios urbanos do século 19. Alguns Arco-Íris em Fremantle

lugares para visitar são a Fremantle Prison (antiga cadeia), o Arts Centre (centro de artes) e o WA Shipwrecks Museum, especializado em despojos de navios naufragados. Uma das mais famosas cervejarias da região é a Little Creatures, localizada no Fremantle Fishing Boat Harbour, onde são encontrados diversos restaurantes e bares. Do lado oposto está o Esplanade Park, com uma roda-gigante e o monumento aos exploradores. Trata-se de uma reserva pública com aproximadamente 100 pinheiros da Northfolk Island, que é palco de diversos festivais. De sexta-feira a domingo há o Fremantle Market, um mercado público que fica num edifício construído em 1897; são mais de 150 lojinhas de artesãos, comerciantes, produtores de verduras e comidas, além de apresentações de rua com artistas locais. (*) Marianna Vicente é engenheira química e mora em Perth desde 2015, onde trabalha na área de mineração e faz mestrado em Meio Ambiente e Emergência Climática na Curtin University. Marianna tem uma página de sustentabilidade no instagram, @zerowastehowtobee, onde compartilha sua jornada de redução de lixo e outros importantes assuntos relacionados à sustentabilidade e ao aquecimento global.


Ecoturismo

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ISABELLA ARARIPE

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DIVULGAÇÃO/SETUR-PE

Falando em Pernambuco… Com o avanço da vacinação, as viagens voltaram a acontecer no país. De acordo com a BWT Operadora, Pernambuco tem sido um dos destinos mais procurados por viajantes, agências e agentes de viagens parceiros em 2021. Cabo de Santo Agostinho, Fernando de Noronha, Porto de Galinhas e Recife estão entre os locais mais procurados do estado.

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DIVULGAÇÃO

Praia brasileira é eleita a terceira melhor do mundo A Baía do Sancho, localizada em Fernando de Noronha, Pernambuco, foi eleita pelo Prêmio Travellers' Choice como a terceira melhor do mundo. A pesquisa foi realizada pelo site TripAdvisor. Esta é a sexta vez que a praia ocupa uma posição entre as 5 melhores do mundo. O primeiro lugar ficou com a Whitehaven Beach, na Austrália, e o segundo com Cayo Santa Maria, em Cuba. DIVULGAÇÃO

Floresta Nacional de Ipanema é reaberta

Ilha do Mel: destino queridinho no Paraná Com a população acima de 18 anos vacinada contra a Covid-19, a Ilha do Mel, no Paraná, tornou-se um destino muito procurado para aqueles que buscam ecoturismo, lazer e segurança no sul do país. As praias de Encantadas, Nova Brasília e Fortaleza são algumas das mais procuradas do destino. Entre os protocolos da Ilha está a restrição da visitação aos hóspedes de hotéis e pousadas locais. O acesso é controlado no terminal de embarque de Paranaguá ou de Pontal do Sul, mediante comprovação da estadia e aferição de temperatura.

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A Floresta Nacional (Flona) de Ipanema, no estado de São Paulo, voltou a funcionar, seguindo protocolos de segurança e medidas sanitárias. Conhecida pelos sítios arqueológicos, a unidade de conservação federal, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), estava temporariamente fechada para visitas, em decorrência da crise da COVID-19. Mais informações pelo telefone (15) 3266-9099. OSVALDO CRISTO/ICMBIO

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CINEMA

Verde

ISABEL CAPAVERDE

i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

Cantareira, de Rodrigo Ribeyro, é premiado em Cannes O cinema brasileiro foi premiado na Mostra Cinéfondation de 2021 – focada em novos diretores, ainda estudantes - do Festival de Cannes. O curta-metragem “Cantareira” conquistou o terceiro lugar e dividiu o prêmio com o curta romeno "Love Stories on the Move", de Carina-Gabriela Dasoveanu. O paradoxo entre a metrópole e a natureza que literalmente a rodeia ganha corpo numa localidade: a Serra da Cantareira é o tema do curta. Produzido como trabalho de conclusão de curso da Academia Internacional de Cinema de São Paulo, o filme marca presença na competição que, como o próprio festival define, é destinada "para inspirar e dar apoio à próxima geração de realizadores de cinema".

Longa-metragem sobre tragédia ambiental em Maceió provocada pela Braskem Estreou o longa-metragem “A Braskem passou por aqui: a catástrofe de Maceió” do documentarista argentino/brasileiro Carlos Pronzato. “Lançar o documentário em São Paulo significa fazer ecoar a voz das 67 mil vítimas desse crime para além dos olhos e ouvidos onipresentes da mineradora criminosa em Alagoas, denunciando a proporção inédita de um desastre ambiental que seria um verdadeiro escândalo em qualquer outro lugar do mundo, digno das manchetes dos veículos de imprensa mais importantes do planeta!", disse o diretor, Carlos Pronzato ao Portal Brasil 247. O filme retrata um dos maiores crimes ambientais do Brasil, quando atividades de extração em minas de sal-gema pela Braskem em Maceió (AL), deixaram um rastro de 15 mil residências destruídas em cinco bairros da capital alagoana, atingindo mais de 65 mil moradores. Em seu site, a Braskem – controlada pela Petrobras e Odebrecht – anuncia que fez acordo em janeiro de 2021 com o Ministério Público Federal e autoridades competentes, encerrando a ação pública dos moradores.

Documentário conta a vida de Luiz Melodia A vida e a obra de Luiz Melodia, que teria feito 70 anos em 2021, são apresentadas no sensível documentário "Todas as Melodias", de Marco Abujamra. O filme — que, após passar por festivais, estreia com exclusividade no canal Curta! e no Curta!On, a plataforma de streaming do Curta!, no NOW da NET/Claro ou em curtaon.com.br — mostra a trajetória do cantor e compositor através de um rico acervo composto por registros de seu cotidiano e de suas performances musicais, além de entrevistas com pessoas que conviveram de perto com o artista, gravadas exclusivamente para o longa. A narrativa é conduzida por sua esposa, a produtora Jane Reis. Por meio desse olhar íntimo e afetivo, o público vai conhecendo a história de um artista completo. Negro e pobre, nascido no Morro de São Carlos, no bairro do Estácio — tema de uma de suas canções mais famosas —, Melodia enfrentou diversos percalços devido à sua cor e à sua origem, mesmo após o reconhecimento na carreira.

GloboPlay lança documentário sobre voluntários da vacina O GloboPlay lançou o documentário sobre os voluntários das vacinas contra a COVID-19, “Voluntário ****1864 – quem são os anônimos da vacina?”, em parceria com a GloboNews. O documentário – da cineasta Sandra Kogut - chegou ao streaming no dia 1 de agosto. O filme de 1h20 acompanha o dia-a-dia de voluntários de norte a sul do Brasil. Por conta da pandemia da COVID-19, o documentário foi todo produzido de forma remota e em formato de diário pessoal feito pelos próprios voluntários.

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Pelas Empresas

FELIPE ARARIPE

Suzano é indicada entre as empresas líderes em sustentabilidade na GlobeScan-SustainAbility Leadership Survey 2021

A De São Paulo

Suzano, referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, foi mencionada como uma das 15 principais empresas mundiais na pesquisa GlobeScan-SustainAbility Leadership Survey 2021. O estudo, realizado desde 1997, uma parceria entre as consultorias GlobeScan e SustainAbility/ ERM, reconheceu a companhia, pela primeira vez, por seu comprometimento público com metas de longo prazo e por estipular objetivos desafiadores em suas ações de sustentabilidade. Em 2021, mais de 600 profissionais da área avaliaram as empresas que melhor vêm integrando a sustentabilidade à sua estratégia, em critérios como valores da companhia, comunicação com stakeholders e influência no mercado. O levantamento, que este ano citou mais de 200 companhias de diferentes partes do mundo,

busca entender tendências, preocupações e o desempenho de governos e de ONGs especializadas. Até 2020, apenas uma empresa de mercado emergente fazia parte do estudo. A estratégia da Suzano, reconhecida na pesquisa, está alinhada aos compromissos da empresa para renovar a vida, remover mais 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera e oferecer 10 milhões de toneladas de

produtos de origem renovável, desenvolvidos a partir da biomassa, para substituir plásticos e outros derivados do petróleo, até 2030. Isso além de sua recém-anunciada meta de biodiversidade, em que pretende conectar meio milhão de hectares de áreas prioritárias para a preservação nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia - o correspondente a quatro vezes a cidade do Rio de Janeiro.

Bradesco adere ao Net-Zero Alliance e firma compromisso de descarbonizar suas carteiras de crédito e investimentos até 2050 Do São Paulo

O Bradesco anunciou sua adesão à Net-Zero Alliance (NZBA) da UNEP FI (braço financeiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente): a empresa se compromete a ter um portfólio de crédito neutro em carbono até 2050 ou antes, de acordo com cenários científicos e metas do Acordo de Paris sobre o Clima. É o primeiro banco brasileiro a aderir à NZBA. O compromisso faz parte da Estratégia de Sustentabilidade da Or-

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ganização, de seu posicionamento frente à crise climática e também contribui com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A iniciativa reforça a gestão climática e a ambição do Bradesco de financiar a

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transição para uma economia mais limpa, eficiente e resiliente. "Nossa intenção não é excluir empresas de nosso portfólio, mas trabalhar junto com elas para apoiá-las em sua transição para uma economia mais sustentável. Como participantes do setor financeiro, entendemos que temos o desafio e a obrigação de engajar nossos clientes em relação ao tema", afirma Marcelo Pasquini, Head de Sustentabilidade do Bradesco.


Neoenergia completa 24 anos investindo no desenvolvimento sustentável do Brasil Do Rio de Janeiro

Pioneira na transição energética nacional, a Neoenergia comemora 24 anos com crescimento em todos os seus negócios, mantendo o foco em fornecer energia limpa e investir em inovação. A companhia busca fomentar o desenvolvimento sustentável em todas as suas áreas de atuação, com responsabilidade social e auxiliando na construção do

futuro do setor elétrico, cada vez mais baseado em fontes renováveis e tecnologia, alinhado à necessidade global pela descarbonização da economia e pelo combate às mudanças climáticas. Apenas no primeiro semestre do ano, a companhia investiu R$ 3,5 bilhões - recursos que são destinados a projetos cujas vantagens vão muito além do mercado de energia, gerando empregos e benefícios socioambientais

em todas as áreas. “O ano de 2021 tem que ser de execução, de entrega, de resultados. Creio que vamos chegar ao final do ano com a Neoenergia ainda maior. A primeira metade do ano já aponta claramente nessa direção”, diz Mario Ruiz-Tagle, CEO da Neoenergia.

Nespresso e Kobra se Unem em projeto de arte UpCycling Instrumento de transformação: essa é a visão do grafiteiro e muralista Eduardo Kobra sobre a arte. Seu posicionamento em prol de um amanhã positivo para as pessoas e para a natureza tornou possível e legítima a parceria com a Nespresso, pioneira em cafés de alta qualidade sustentável. Pensando em criar conexões verdadeiras, aliadas a um projeto de homenagem a toda a cadeia de produção do café - do grão à xícara, com foco na preservação do meio ambiente e no cuidado com as pessoas -, a Nespresso convidou o artista para criar duas intervenções contemporâneas. A primeira delas é uma obra

com uso de Upcycling e a segunda é um painel urbano, como presente à cidade de São Paulo, para alertar sobre a importância da economia circular e da sustentabilidade. Se para Kobra a arte transforma, da transformação nasceu "Nossas Ações Dizem Tudo", a nova obra desenvolvida pelo artista com base nos preceitos do Upcycling, uma tendência mundial de ressignificação de objetos para novas utilidades. Com cápsulas de alumínio Nespres-

so já utilizadas, o artista elevou ao patamar de arte itens que poderiam ser descartados, provocando uma reflexão sobre a importância da reutilização de objetos recicláveis.

Coluna Via Sustentável, editada pelo jornalista Nelson Tucci, completa um ano A relevante Coluna Via Sustentável, editada pelo experiente jornalista Nelson Tucci, completou um ano em julho de 2021. “Atento à gestão ambiental, social e governança (ESG, em inglês), tivemos desde o início a preocupação com o país como um todo, e não apenas com as organizações”, lembrou o jornalista, que já foi de várias redações, como Gazeta Mercantil e

Diário do Comércio e Indústria. A Coluna é publicada semanalmente no Portal Acionista e replicada em Plurale em site, sempre às segundas-feiras, pela manhã bem cedo. Ali estão notícias, artigos e informações atualizadas sobre o tema do momento – ESG –, com foco não só em empresas, mas também na transformação para uma sociedade de baixo carbono.

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I m a g e m FESTIVAL DE CANNES – FOTO DA NESPRESSO – DIVULGAÇÃO

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omo sempre dizemos, a sustentabilidade é fashion. E nada mais luxuoso e glamuroso do que o tapete vermelho do Festival de Cannes, na França. Este ano, apesar das restrições da pandemia, o evento foi realizado e manteve a tradição de apresentar tendências e insights. Os flashes se voltaram para a linda blogueira italiana CHIARA FERRAGNI, que apareceu com um deslumbrante vestido verde-marca-texto, assinado pelo figurinista GIAMBATTIST VALLI, também italiano. Um detalhe fez toda a diferença. No melhor estilo Upcycling, o vestido foi feito com material 100% reciclável. Detalhes de cápsulas de café Nespresso decoravam o decote, como se fossem joias. Desenvolvido em técnica Moulage – ou seja, esculpido no corpo de Chiara -, o vestido celebra o design consciente, ao usar apenas materiais reciclados e de origem responsável, expressando valores que são centrais para a Nespresso. O traje é adornado com flores de alumínio 80% reciclado, o mesmo material utilizado nas cápsulas de café da própria Nespresso, e confeccionado em têxteis com certificação Global Organic Textile Standard (GOTS).

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