Petar em FDS

PETAR Um fds diferente, conhecendo o Petar!

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Postado por: Leonardo Spencer 05/09/2012 em Brasil, Diário de bordo, Preparativos 8 Comentários

Você já ouviu falar do Petar? Se a resposta foi não, bom, eu também nunca tinha ouvido falar até uns seis meses atrás. Um grande amigo foi passar o feriado no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira e voltou dizendo que visitou várias cavernas e cachoeiras, que tudo era muito bem organizado, bonito e barato.

Isso foi à isca para eu ir atrás de um pouco mais de informação. Fazendo uma rápida pesquisa no google descobri que a cidade que serve de base para o parque, Iporanga, fica a aproximadamente três horas de São Paulo sentido Curitiba, logo depois da cidade de Registro.

Conversei com minha namorada e de bate pronto decidimos ir conhecer o parque em um final de semana. Para entrar de vez no espírito da viagem resolvemos acampar, algo que eu não fazia há vários anos e uma experiência completamente nova para ela.

Saímos de São Paulo na sexta por volta das 20hs e pegamos a estrada Regis Bittencourt.

A quantidade de caminhões nessa estrada é alta e todo cuidado é bem vindo. Uma vez nela fica claro por que o Brasil ainda é um dos países com maiores índices de acidentes rodoviários, caminhões com carga, gigantes andando a 120/130km/h, ultrapassando uns aos outros em um ritmo frenético. Fomos devagar e com cautela, o GPS foi bastante útil e no nosso ritmo chegamos por volta da 01:30hrs da manhã, com paradas para comer e por diesel no carro.

Iporanga é uma cidade de aproximadamente 3mil habitantes e o bairro da Serra era nossa localização exata. No caminho ainda passamos pela entrada da famosa Caverna do Diabo.

Ficamos no camping do Benjamim, um senhor de 58 anos que sempre viveu ali e nos recebeu muito bem, suas instalações são bem simples, mas honestas. Seu gramado tinha somente uma barraca montada e silenciosamente montamos nosso acampamento para dormirmos o mais rápido possível. De São Paulo mesmo entrei em contato com a agencia Parque Aventura e fui muito bem atendido pelo Junior, o contato foi necessário, pois para visitar o parque, é preciso ter sempre um guia junto com você. Como queríamos ter flexibilidade e tempo para fotografar, optamos por contratar um guia somente para nós dois. O que veio a ser uma ótima escolha! O serviço custa 120 reais por grupo de até oito pessoas. Alem disso são cobrados seis reais pelo capacete (item obrigatório nas cavernas) e seis reais para a entrada no parque.

O Petar abriga uma das maiores extensões de Mata Atlântica original no Brasil, alem de ter uma das maiores concentrações de cavernas do planeta (mais de 350) e uma imensa quantidade de cachoeiras. Como tínhamos somente sábado e domingo para maximizar nossa estadia no parque, optamos por um roteiro mais puxado e saímos cedo no sábado. Nossa primeira caverna do dia foi a “Santana”, que possui mais de 8km de extensão, porem somente 800m estão abertos para visitação. Devido à alta concentração de bicarbonato de cálcio na água que goteja do teto e ao fenômeno químico dessa água em contato com o ar temos como resultado a calcita e o acumulo desses cristais ao longo de milhões de anos criaram torres gigantescas de “calcita” com formas surreais. É o cenário ideal para filmes de ficção, monstros e afins! Essas “torres” são conhecidas como estalactites e estalagmites e a diferença entre elas é que a primeira cresce de cima para baixo e a segundo de baixo para cima. Só vendo para entender mesmo! Para locomoção dentro das cavernas é obrigatório estar de capacete e ter um head lamp e vestir calças compridas, camisetas com mangas e tênis. E posso afirmar que tudo isso faz sentido, os caminhos dentro das cavernas são sinuosos e por muitas vezes cruzamos pontes improvisadas sobre um pequeno rio ou descemos escadas para o desconhecido breu. A luz dentro da caverna é inexistente e uma vez sem a luz artificial você não vê um centímetro à frente do seu nariz. Algo desesperador! O tour por Santana durou aproximadamente duas horas, tempo suficiente para nos dar alguma fome!

Nossa segunda caverna do dia foi a “Morro Preto”, após subir a encosta do morro por quinze minutos chegamos a uma entrada com mais de dez metros de diâmetro e o mais impressionante é o que vem depois da entrada, o morro é praticamente oco, o pé direito da caverna tem facilmente trinta metros de altura e o visual equilibra entre o sinistro e assustador.

Pedaços gigantes de pedra no chão nos alertam que um dia aquilo já esteve preso ao teto e que estamos vendo um cenário em constantes mudanças. Mas aqui elas ocorrem talvez a cada 100mil anos e não a cada 100 dias. É só torcer para não ser o seu dia! No fim do dia ainda conhecemos a caverna do Couto, uma caminhada por 30 minutos em um túnel que um dia já foi cheio de água, ali vimos literalmente a expressão “luz no fim do túnel” quando avistamos uma pequena luz centenas de metros a frente na saída da caverna. O fim da caminhada nos reservava um visual muito bonito com uma saída cheia de pedras, árvores e muito verde. Para terminar ainda tem uma caminhada de 40 minutos de volta a base de partida. Estávamos mortos! À noite fomos conhecer a pizzaria Samambaia que fica uns quinze minutos do Bairro da Serra, comemos bem e gastamos pouco. Estávamos mortos, hora de voltar para a barraca e capotar.

Fotografar dentro das cavernas foi um grande desafio, uma vez que não existe luz nenhuma dentro delas. Precavido levei meu flash externo, tripé e varias lanternas para poder iluminar o ambiente durante as longas exposições. O maior desafio em vários casos foi o foco, ficava difícil confiar no foco automático que se perdia facilmente na falta de referência. O jeito foi apelar para os testes ou usar a lanterna para criar um ponto de interesse e assim ajustar o foco.

No final da viagem fiquei feliz com o resultado das fotografias. Um pouco de ruído em algumas devido a alta exposição e ISO alto, mas nada que não seja possível “corrigir” no photoshop. O parque também começa a se destacar pela quantidade de pássaros exóticos existentes no bioma da região, inclusive com programas voltados somente para a fotografia dos mesmos. Pra quem gosta pode ser um prato cheio.

Domingo foi mais light, acordamos umas 8:30, tomamos café sem pressa e arrumamos tudo no nosso carro, aproveitaríamos para a conhecer a Caverna do Diabo no caminho de volta.

O tempo esteve ótimo nos dois dias. A chegada a Caverna do Diabo é simples com bastante placas no caminho e uma vez lá fiquei impressionado com a estrutura. Um amplo estacionamento, restaurante, centro de informações e tudo muito bem organizado. A própria caverna, que é gigante, oferece uma estrutura interna com luz artificial e um caminho bem demarcado, tornando possível o passeio para qualquer idade, até família com bebê vimos por lá.

Por mais que tenha toda essa intervenção urbana, essa é a maior caverna do Brasil e sem dúvidas vale a visita. As formações de calcita se estendem por dezenas de metros com as mais

diversas formas arquitetônicas. Ficamos estupefatos com o visual surreal do lugar. Confesso que nunca imaginei conhecer um lugar como aquele, tamanha “esquisitice” das formas que vimos.

Caímos na estrada e antes das 20horas já estávamos em casa. Um final de semana diferente e cheio de novidades. Fica a dica para quem quiser sair da rotina da cidade grande!