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Loulé lidera ‘ranking’ do crime, com 12 participações por dia

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Texto JOÃO TAVARES

Sara Andrade, motorista TVDE, deixou de ser vista em Quarteira, onde vivia, a 24 de junho do ano passado. O corpo foi encontrado desmembrado a 10 de agosto, dentro de uma mala tapada por pedras. Um cenário que não deixa dúvidas: Sandra foi morta de forma violenta e o corpo depositado num terreno agrícola de Loulé, num crime que ainda não foi resolvido pelas autoridades. Este foi apenas um dos 4336 crimes participados no ano passado no concelho de Loulé, o maior e mais populoso do Algarve.

Loulé lidera mesmo o ‘ranking’ dos crimes participados do Algarve, superiorizando-se aos ‘vizinhos’ Albufeira (3507 crimes) e Faro (3068). Um número que causa preocupação entre os louletanos e que corresponde a 12 crimes participados a cada dia. Já no lado oposto da tabela dos 16 concelhos está Alcoutim, com 93 participações às autoridades em 2022, ou seja, uma a cada quatro dias.

“Os números são sempre bons para comparar a evolução do crime, mas não nos podemos esquecer que muitas pessoas não apresentam queixa por medo de represálias”, contou ao Postal do Algarve o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda da GNR. Quanto ao número de efetivos da GNR no Algarve, César Nogueira diz que a realidade não foge ao resto do país. >

“É uma lástima. Dos 22 mil homens e mulheres que compõem a GNR, se 12 mil estiverem a fazer trabalho de rua é muito. Os restantes ou fazem trabalho administrativo que podia estar entregue a civis ou então estão de baixa”. Os números do Relatório de Segurança Interna de 2022 não deixam dúvidas. O Algarve não tinha tantos crimes participados desde 2013. Ao todo, foram registados 23906 crimes, contra os 20788 do ano anterior. Um aumento de 3118 crimes (+ 15%) que devem ser alvo de reflexão. O distrito de Faro só fica atrás dos ‘suspeitos do costume’: Lisboa (82868 crimes), Porto (51398) e Setúbal (31270).

Preocupação aumenta

Se particularizarmos na criminalidade violenta e grave, onde se insere a morte brutal de Sara Andrade, a preocupação aumenta. O distrito de Faro registou uma das maiores subidas percentuais. Passa de 707 crimes em 2021 para 876 no ano passado. Mais 169 ocorrên- cias e um aumento de 23,9%. E que crimes mais marcam a realidade no Algarve? Entre os ‘menos’ graves lideram as ofensas à integridade física simples, com 1668 casos, seguido da condução de veículo sob o efeito de álcool (1564) e dano (1505). Entre os mais violentos, as autoridades receberam 253 participações de roubos na via pública, posicionando-se à frente dos roubos por esticão (181). PSP, GNR e PJ investigaram ainda 49 violações e 42 extorsões. Grande parte do número de ca- sos tem lugar no verão, altura em que o Algarve recebe milhares de turistas de todo o mundo. “Esta é uma altura peculiar no Algarve, onde o número de pessoas sobe consideravelmente. É por isso que todos os anos existe um reforço de meios nas zonas mais sensíveis, com maior concentração de pessoas e junto de zonas de diversão”, conta César Nogueira, que mais uma vez antevê um verão bem agitado. “A vinda de turistas traz uma nova realidade. Vêm para se divertir, bebem uns copos a mais, e depois as coisas acabam mal. Mas mesmo com o reforço, os meios policiais não deixam de ser escassos”, desabafa o sindicalista da GNR. Uma ‘radiografia’ preocupante da realidade algarvia, e cujo mapa do crime não deixa dúvidas: o maior número de participações acontece nos concelhos no centro do distrito, nas zonas mais populosas, enquanto os concelhos mais a barlavento e sotavento, como Alcoutim, Monchique, Castro Marim e Vila do Bispo, vivem um cenário de maior paz.