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A incrível história do holandês  que se tornou ‘rei dos caracóis’

Willem Hendrik chegou a Portimão em 1987 e, no início, nem gostava de “comer os bichos”, mas hoje é ele que os cozinha numa casa que é referência na cidade: ‘O Holandês dos Caracóis’.

quenos iam às grutas”, justifica a portimonense de gema, pronta a narrar a epopeia dos caracóis.

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Tudo começou no snack-bar ‘Valentino’, nas traseiras do Museu, um sítio muito frequentado e, então, único na zona. Willem e a mulher tomaram conta do negócio e os caracóis cedo se tornaram reis e senhores dos fins de tarde e noites amenas, com uma clientela ávida de acompanhar o petisco com pão torrado e a inevitável cerveja.

Primeira experiência

“foi uma desgraça” dos e sardinhas albardadas. O restaurante também serve almoços e, até outubro, vai ter certamente muita afluência, a exemplo dos anos anteriores.

“Quando fiz caracóis pela primeira vez a coisa não funcionou”, assume Willem, algo embaraçado antes de soltar uma gargalhada. Suzele acena com a cabeça e também se ri. Era ela a habitual cozinheira, mas, num período em que teve de se ausentar, o holandês quis surpreender uns amigos clientes e ser ele próprio a confecionar o lanche.

Willem e Suzele têm três empregados, número que duplica quando chega o verão. Um dos ‘fixos’, que está ‘de serviço’ desde o princípio da aventura, chama-se Joana e é filha de Suzele, mas de caracoletas mouras grelhadas. É lavá-las bem, deitar um pouco de sal e colocá-las na chapa. Enquanto assam faz-se o molho de manteiga, com limão, alho e piripiri, deitamos uma colher do molho por cima da caracoleta e é um espetáculo”.

O caracol vem todo de Marrocos e passa por um processo de inspeção, sendo alvo de tes-

Willem, sorridente, junto aos inseparáveis caracóis

Willem Hendrik é o holandês mais conhecido de Portimão, muito à custa dos caracóis, o negócio em que apostou há muitos anos e sobre os quais tem histórias bem curiosas para contar. Aliás, quando chegou à cidade e se instalou na Praia do Vau, a fazer campismo, no ano de 1987, Willem estava longe de pensar que a sua vida ia levar tantas voltas.

Quem não conhece, de facto, ‘O Holandês dos Caracóis’? Instalado na Rua Engenheiro Duarte Pacheco, uma paralela à Rua Dom Carlos I, o restaurante serve também comida típica algarvia, mas é o popular molusco que dita leis e serve de referência. O local foi inaugurado em 2009, mas muito antes disso, em 1996, já Willem e a esposa Suzele davam cartas nesta iguaria.

Ambos recebem o Portimão Jornal à porta de sua casa, para uma conversa informal e deliciosa… tanto quanto os caracóis que dali saem em travessas e pratos e sem mãos a medir.

“Estou em Portimão há cerca de 35 anos. Vivia no Vau, mas, como sou um apaixonado pela pesca e porque falo muitas línguas, cedo comecei a ser convidado para andar nos barcos de turismo, ir às grutas e dar uma ajuda a quem precisasse”, conta Willem, secundado por Suzele, que não deixa nada ao acaso quando se trata de historiar acontecimentos e enumerar episódios. “Nessa altura não havia muitos barcos de turismo e apenas os mais pe-

“Foi uma desgraça. Lavei os caracóis e depois meti-os no micro-ondas! Parecia pipocas, o que eles se riram!”, recorda. A pressa de querer servir e impressionar não surtiu mesmo efeito. O certo é que Willem não tardou a aprender a fazer o molusco e hoje todos lhe reconhecem atributos e mérito.

O casal deixou o ‘Valentino’ e acabou por inaugurar a atual casa, em 2009, que se chama mesmo ‘O Holandês dos Caracóis’, com mais espaço, melhores condições e uma cozinha funcional que Willem fez questão de mostrar. “Fizemos as obras ao nosso gosto, aproveitando os três andares, incluindo o último, que chegou a ser um galinheiro”, explica Suzele, sempre objetiva e com uma memória fantástica. “Este sítio funcionava como carvoaria, mercearia e taberna. Até havia uma pedra e uma argola lá fora para atar os burros, quando as pessoas iam às compras”.

Agora, todavia, o cartão de visita chama-se caracol. Há mais petiscos e pratos típicos, que vão das favas com peixe frito ao polvo, lulas cheias, carapaus alima- não gosta que se saiba para não a apelidarem de ‘patroa’. Começou a trabalhar novinha, nas férias, para arranjar dinheiro e comprar uma ‘scooter’.

Nos melhores dias saem 200 litros

A procura de caracóis é enorme e nos melhores dias, quando o calor e as férias convidam à degustação, sempre acompanhada por uma ‘imperial’ fresca e bem tirada, chegam a ser confecionados 200 litros do apetitoso molusco.

A caracoleta tem igualmente muita saída, seja cozida, guisada ou na grelha. Willem, que no início nem gostava de “comer os bichos”, é agora um apreciador nato. “Como quase todos os dias e gosto muito tes. “Se o produto não estiver em condições, pode ficar retido em Espanha”, salienta Suzele, explicando que “o problema do caracol algarvio é que as nossas árvores levam pesticida, ao passo que o marroquino sobe às montanhas e beneficia da humidade”.

Willem exibe então enormes sacos de caracóis e aponta para algumas caraterísticas que são um “certificado de saúde” do petisco. Ao lado, está a sua inseparável bicicleta, com a qual se desloca pela cidade. “Famoso? Não sei porquê. Comecei quando havia menos movimento e pouco caracol, e, agora, toda a gente me conhece, talvez porque nem todos metem os caracóis no micro-ondas”, graceja, sempre com boa disposição.

‘Eles já chegarem’, lê-se à porta de ‘O Holandês dos Caracóis’, numa singular alusão à época do famoso molusco. Nas salas, as referências são múltiplas, mas há também espaço para fotos de um espadarte ‘gigante’ capturado por Willem, na zona de Lagos, em 2004, com 384 quilos! A proeza teve mesmo direito a um certificado e título de campeão. “A pesca é uma paixão e sempre que posso vou com amigos. Pesco de tudo, sargos, chocos, lulas, marisco e já apanhei outros espadartes com mais de 200 quilos”.

A foto

BANDEIRA AZUL

Portimão continua a ter, na próxima época balnear, seis bandeiras azuis, nas praias Alvor nascente/Três Irmãos, Alvor Poente, Rocha, Três Castelos, Vau e na Marina. O galardão é atribuído em função de diversos critérios. O concelho volta a contar ainda com duas embarcações de ecoturismo, a Sun Cat I e a Sun Boat I, ambas da Algarve Sun Boat Trips, distinguidas.

A frase

SOLIDARIEDADE • A EMARP assinou um protocolo com a Santa Casa da Misericórdia de Alvor para apoiar o projeto ‘Por um Sorriso Sénior’, que visa melhorar a qualidade de vida dos utentes. Assim, durante um ano, por cada cliente que adira à fatura eletrónica da Empresa Municipal ou ao pagamento por débito bancário será doado um euro à instituição.

Escassez De Gua

O baixo nível de água da Barragem da Bravura está a levar a que os agricultores tentem encontrar soluções alternativas para manter as culturas, como o recurso a furos, mas encontrar água de qualidade e quantidade no subsolo tem sido difícil. A seca tem vindo a acentuar-se nesta zona do Barlavento algarvio e aquela estrutura tem hoje apenas 13,6 por cento do total de capacidade de armazenamento.

Agrupamento da Bemposta faz forte aposta no ensino das artes

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