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Benefícios da meditação
BENEFÍCIOS DA MEDITAÇÃO
Muito se tem ouvido sobre meditação nos últimos anos e de forma mais intensa em 2019 quando, em função da pandemia causada pela Covid-19, aumentou o número de pessoas que a tem utilizado com a finalidade de se manter equilibradas diante de uma situação tão delicada, assustadora e de grandes incertezas.
Mas, afinal, o que é meditação? De modo geral, pode-se afirmar que o estado meditativo inicia quando se eliminam as interferências mentais e se permanece nesse estado por um determinado tempo. Como conseguir isso em meio a um mundo tão barulhento? Desde os primórdios o ser humano precisava estar atento aos perigos que o cercavam, fazendo-o ficar em permanente estado de alerta para não ser pego de surpresa. No mundo moderno, há outras dificuldades que exigem permanecer em alerta. Os dias estão cada vez mais acelerados, o tempo parece escasso, corpo e mente estão hiperativados, ou seja, estão ocupados ao extremo, muito além do que é considerado saudável. A mente “tagarela” não consegue parar de interferir, nem mesmo durante o sono. Meditar em meio a tanta exigência de produtividade seria “perder” tempo, deixar escapar algo e, pior, ser incompetente.
Um dos significados mais antigos da meditação vem da palavra Bhavana, que quer dizer “cultivar”, expressão originária de uma língua antiga oriental chamada Pali. Nesse contexto, cultivar significa praticar bons hábitos para uma vida saudável. Outra palavra que também traz um significado importante para a meditação é Gom, que vem do tibetano e pode ser traduzida como “familiarizar-se” ou “habituar-se”. Assim, meditar é familiarizar-se com os processos mentais e emocionais, conhecê-los e aprender a lidar com eles de maneira equilibrada. Existem diversos motivos que podem levar as pessoas a praticar meditação, como: melhora na atenção e memória; aumento do foco e concentração; redução do estresse e controle da ansiedade; melhora no gerenciamento das emoções; autoconhecimento e autoaceitação; ter mais resiliência; melhora no sistema imunológico; reconhecer e acolher pensamentos e emoções difíceis, sem necessariamente tentar suprimir ou evitá-los; melhora da qualidade de vida e do bem-estar.
Edeltraud F. Nering é arteterapeuta e integra o conselho redatorial do Roteiro da OASE
Arquivo pessoal
Cientistas que pesquisam sobre o assunto afirmam que a meditação praticada diariamente age em várias vias de neurotransmissores, regulando a liberação de substâncias importantes para a saúde mental, sendo que o principal efeito é a redução nos níveis de ansiedade, estresse e melhora do humor. Entre as técnicas de meditações pode-se citar a transcendental, Raja Yoga, Zazen, Vipassana, meditação ativa, meditação do coração, meditação cristã, entre outras. Atualmente muito se tem ouvido sobre mindfulness ou atenção plena. É a prática de se estar no momento presente, da maneira mais consciente possível. Isso significa estar atento a cada movimento, situação, respiração. Quando se pratica a meditação mindfulness, coloca-se a atenção no presente intencionalmente e sem julgamentos. A princípio, parece complicado, mas na verdade é questão de se começar e fazer disso um hábito. Ao cultivar essa habilidade, obtém-se mais consciência e discernimento dos pensamentos, emoções e comportamentos, auxiliando a fazer escolhas mais conscientes, menos reativas e mais assertivas diante dos desafios do dia a dia.
Meditar não é deixar a mente em branco ou ficar sem pensar em nada. Pelo contrário, é tomar consciência e observar os conteúdos mentais. Somos seres pensantes, e tentar reprimir ou se livrar dos pensamentos pode ter o efeito contrário, fazer com que fiquem ainda mais intensos. A meditação é justamente para que se possa ter mais consciência de tudo que se passa com você. Quanto mais se observam os pensamentos e sentimentos durante a meditação, mais natural o processo se torna, e com o tempo, aprende-se a lidar com eles e aceitá-los.
O monge beneditino Anselm Grün, em seu livro “O poder do Silêncio”, afirma que a meditação pode ajudar a acalmar “os diabinhos internos” e que o silêncio é uma maneira de “brecar as angústias provocadas pela velocidade e excesso de informações”. O monge salienta que há muitas técnicas de meditação dependendo do credo, mas “em comum há o forte desejo de dar um significado mais elevado para a vida, permitindo a convivência sadia com os outros e o desenvolvimento de suas personalidades”. A meditação cristã também vem ganhando espaço e é uma forma de meditação alinhada com os preceitos do cristianismo, onde se tem por prática repetir uma palavra ou uma oração específica a fim de conectar-se com a experiência divina. Data da época dos primeiros monges, conhecidos como “Padres e Madres do Deserto” (séculos 2 e 3 d.C.) e procura colocar o praticante em contato com o divino. A meditação seria como um “orar sem cessar”. Prática tão difundida nos mosteiros da época: uma oração silenciosa, um tipo de oração contínua, que consistia em repetir uma expressão bíblica, caminho
aconselhado para ajudar a centrar a pessoa em Deus, afastando-a das distrações da mente e do coração e do corpo. Existem também as meditações guiadas, que podem ser acessadas virtualmente, inclusive existem aplicativos que podem ser inseridos no telefone celular e utilizados como guia. Assim como qualquer outra atividade nova que se inicia, incluir a meditação na rotina diária pode ser realmente desafiador, de forma que o planejamento é um importante aliado para seguir praticando. Todo o processo meditativo trabalha o foco, a concentração, a atenção plena, a consciência de si mesmo e da interdependência, fatores que contribuem para melhor tomada de decisões frente as mais diversas situações que surgem no cotidiano e que exigem coragem e discernimento para serem resolvidas. Na meditação, a atenção é dirigida a uma única coisa, os sinais enviados ao cérebro ficam muito reduzidos, o que permite que a mente se acomode num estado profundamente relaxado, mas alerta. Meditar é harmonizar corpo, mente e espírito!
Sugestão de meditação:
Escolha um ambiente tranquilo. Coloque uma música instrumental relaxante. Pode-se acender uma vela e utilizar aromas. Sente-se numa posição confortável, com a coluna ereta. Leve o foco da sua atenção para a respiração. Quando sua atenção sair da respiração (ela vai sair), apenas reconheça onde está sua mente. Redirecionar gentilmente a atenção para sentir a respiração novamente e perceber as reações do corpo. Pode-se começar com pouco tempo, 5 ou 10 minutos, e à medida que for praticando, pode-se aumentar esse tempo.
Referências
Como meditar e o que você precisa saber para começar. Disponível em: <https://mundomindfulness.com. br/como-meditar/>. GRÜN, Anselm. O poder do silêncio. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. Meditação cristã. Disponível em: <https://namu.com.br/portal/corpo-mente/meditacao-crista-3/>. MENEZES, Carolina Baptista; DELL’AGLIO, Débora Dalbosco. Por que meditar? A experiência subjetiva da prática de meditação. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/pe/v14n3/v14n3a18>. ROSHI, Coen. Meditação – um fator de equilíbrio. (Disponível em: <https://www.zendobrasil.org.br/ sermon/meditacao-um-fator-de-equilibrio-monja-coen/>.
Edeltraud F. Nering Rio Negrinho/SC