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Surge um novo hino de Natal

desesperadas e oprimidas. Não permitas que nossa vida se transforme em fracasso porque não soubemos controlar nosso egoísmo, nossa arrogância e nossa cegueira diante dos problemas de outras pessoas. Desperta em nós a sensibilidade, a empatia e a solidariedade com as pessoas ao nosso redor. Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém. Teu reino já começou; está acontecendo e segue seu rumo. Pertencemos ao teu reino, mesmo que também sejamos parte dos reinos deste mundo. Que possamos ver sempre, Senhor, que acima de nossas instituições está a instituição de tua soberania, pela qual Jesus arriscou sua vida e morreu na cruz para ressurgir dela pelo poder maior que tu nos dás: o poder do amor. Esse amor é entrega solidária, produz comunhão, amizade e fraternidade entre nós e entre os povos. Esse amor é a esperança para o mundo porque seu fundamento não está em nós, mas em ti, Senhor. Esse amor é a ternura da criança nascida numa estrebaria em Belém, na Galileia; é a força do Ressuscitado que nos fortalece agora e sempre. Assim é. Assim será.

Álvaro Michelin Salomón Traduzido e adaptado por P. João Artur Müller da Silva São Leopoldo/RS

SURGE UM NOVO HINO DE NATAL

Era dia 24 de dezembro de 1535, Wittenberg, na Alemanha. Lutero, nosso reformador, chega à sua casa, no velho mosteiro que lhe fora presenteado por ocasião do casamento. Em seu gabinete, começou a preparar sua prédica de Natal sobre a história bíblica do nascimento de Jesus. Seus filhos Martin e Paulo brincavam a seu redor, não permitindo a devida concentração. No entanto, Lutero continuava meditando sobre o texto da prédica. Na cozinha do mosteiro, a esposa Catarina e sua tia Muhme Lene preparavam os doces natalinos. Num canto da cozinha, no berço, estava dormindo a pequena Margarete, a filha mais nova. A menina acordou e chorou desesperadamente. A tia levou-a ao gabinete do pai, para que ele a entretivesse enquanto ela e Catarina preparavam os doces natalinos. No escritório, o pai não conseguiu aquietar a menina. Chorava sem parar. Lutero começou a ficar impaciente, pois a prédica ainda não estava concluída. Então viu seu alaúde (instrumento antigo de corda). Pegou-o e começou a dedilhar uma canção de ninar. Com o som da música, a pequena Margarete se acalmou e adormeceu.

Lutero ficou observando a pequena menina dormindo no seu bercinho. E concluiu que o ser humano é um milagre da criação de Deus. Veio-lhe então com mais força e energia a mensagem de Natal: “Hoje vos nasceu uma criança”. Nosso reformador se impressionou com a cena da criança e disse: “Não conheço consolo maior dado ao ser humano do que este: que Cristo que era uma criança se tornou homem para nos salvar”. Isso Lutero resolveu pregar para sua comunidade no dia seguinte. Só não sabia como o poderia fazer de maneira mais concreta e real para que todos compreendessem o que Deus fizera por todas as pessoas. Como fazer compreender o milagre de Natal para que todos percebessem na criança de Belém o Salvador? Ele sentou, pensou e escreveu o seguinte: “Eu venho a vós dos altos céus, trazendo anúncio bom de Deus; da boa nova hei de cantar, quero exaltar e jubilar. Menino lindo vos nasceu...” (conforme Livro de Canto da IECLB, 386). Lutero continuava a observar a pequena filha e suas palavras fluíam sobre o papel. Os versos e as rimas se formavam rapidamente.

Alguém bate à porta. Lutero abre e sua filha mais velha, a Madalena, chega em casa. O reformador mostrou-lhe o novo hino que havia composto e pediu para sua filha que decorasse o texto para cantá-lo no dia seguinte durante a festa de Natal que a família organizaria. No grande mosteiro, aparentemente tudo muito calmo. No silêncio da noite, a neve caía mansamente. Lutero terminara sua mensagem. Os filhos Paulo e Martin não conseguiam se acalmar para dormir, de ansiedade de ver os preparos e os presentes de Natal. Apenas a filha Madalena permanecia acordada, decorando o longo hino de Natal, composto por seu pai. Finalmente a manhã chegou. Todos foram para a sala. Lutero pegou a Bíblia, leu a história do nascimento de Jesus conforme está escrito no Evangelho de Lucas. No meio da história apareceu Madalena vestida de anjo. Os meninos não a reconheceram. Lutero pegou seu alaúde e tocou seu novo hino acompanhado do anjo que cantava: “Eu venho dos altos céus...”.

Todos se emocionaram. No final, o anjo se retirou. Madalena mudou sua roupa e voltou para a sala rapidamente. Os dois meninos, seus irmãos, contaram para a irmã que ela perdera o melhor da festa, pois um anjo viera pouco antes cantar para a família. Levou algum tempo para eles descobrirem que o anjo que cantara era a irmã Madalena. É nesse contexto que surgiu um novo hino de Natal, cantado nas mais diversas línguas, vozes e países. Alguns anos mais tarde, Madalena se transformou num anjo real. Deus a chamou para si. A alegria e a dor alternavam-se na casa de Lutero.

Helga Schünemann Coordenadora editorial do Roteiro da OASE Panambi/RS

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