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3º Domingo de Advento – Filipenses 4.4-7

PRÉDICA: FILIPENSES 4.4-7

SOFONIAS 3.14-20 LUCAS 3.7-18

3º DOMINGO DE ADVENTO

16 DEZ 2018

Astor Albrecht

1 Introdução Pérolas para a nossa vida

O texto bíblico de Sofonias 3.14-20 é um cântico de louvor a Deus, que salva o seu povo. Deus afastou os inimigos do povo e, por isso, não é mais preciso ter medo da desgraça. Não é tempo de desanimar nem de perder a coragem. A certeza disso tudo é que Deus está presente junto com seu povo (v. 17).

A leitura de Lucas 3.7-18 trata do ministério de João Batista, que prepara o povo para a vinda do Messias. Ele exorta o povo para que ele se arrependa dos seus pecados e mude de vida (produzir bom fruto – v. 9). Isso significa ter compaixão do próximo nas suas necessidades (prover roupa e alimento), ser honesto (cobrar o que é justo), estar contente com aquilo que se obteve de modo justo. Ele deveria ser um pregador muito criativo, entre outras características, pois, com muitas outras exortações anunciava o evangelho ao povo (v. 18).

O texto-base para a pregação (Filipenses 4.4-7) contem alguns conselhos de Paulo para a igreja. A nova vida em Cristo precisa se manifestar numa espiritualidade sadia e que confia na presença de Deus, tal como Sofonias anunciou. A vida cristã manifesta-se em novas e boas relações entre as pessoas, nas quais a amabilidade e a compaixão são centrais. A alegria e a paz dão testemunho de que Deus está presente com a sua igreja. Proponho apresentar os quatro conselhos como um modo de viver de cada pessoa batizada no nome do Senhor. Um modo de viver não alicerçado na iniciativa humana, mas em Deus, que vem estar conosco em Cristo.

2 Exegese

Paulo estava preso quando escreveu esta carta (1.7,13,14,19). Não há unanimidade sobre o lugar onde estava preso; alguns afirmam que estava preso em Éfeso, e outros em Roma. A igreja de Filipos ajudou muito o apóstolo Paulo na sua tarefa de anunciar o evangelho por todo o Império Romano (4.14-16,18). Na carta, Paulo agradece a ajuda recebida e também trata de temas como: a confiança, a alegria, o amor cristão e a firmeza, que devem ser qualidades de quem segue Jesus. No capítulo 4.1-9, o apóstolo trata de problemas pastorais e aconselhamento.

Vamos agora olhar mais de perto os v. 4-7, que formam o texto-base para a pregação.

V. 4 – Aqui temos aquelas linhas que conhecemos e amamos e que são lidas no tempo de Advento. Duas vezes é afirmado aos cristãos de Filipos que tenham alegria no Senhor. Lembramos que nem o escritor nem os destinatários dessas palavras viviam num clima de bem-estar e conforto exterior: o apóstolo estava preso e a comunidade tinha problemas com o surgimento de falsas doutrinas que alguns ensinavam. Por essa razão tem peso o “sempre”. Ainda que chegue a Filipos a notícia da sentença de morte de Paulo (2.17-18), e ainda que as opressões na própria Filipos não acabem, a alegria é dádiva e tarefa decisiva da igreja! Nesse sentido, essa alegria não é uma espécie de otimismo natural. A chave da exortação está “no Senhor”. É a fé da comunidade no Senhor que torna a chamada à alegria algo prático e real. Os apelos de Paulo à alegria nunca são meros encorajamentos; eles atiram as igrejas desanimadas de volta ao seu Senhor. Esses apelos são, acima de tudo, apelos à fé. V. 5 – Paulo pede que a moderação da igreja seja conhecida de todos. A palavra moderação (to epieikes) significa uma boa disposição em relação às outras pessoas; mostrar bondade, suavidade, transigência. Quem está pessoalmente repleto de alegria gosta de causar alegria também aos outros, gosta de reparti-la. Isso é possível pelo fato da igreja não precisar ter medo de que venha a ser arrasada: Perto está o Senhor. Podemos compreender essa palavra em seu sentido escatológico. Foi assim que também Tiago associou a exortação para a tolerância fraterna com a referência ao juiz vindouro (Tg 5.9), como a seu modo já fizera Jesus (Mt 5.25). Importa sermos conhecidos como os “mansos” que herdarão a terra, como os “pacificadores” (Mt 5.5,9). Mas também podemos aprender que a proximidade do Senhor, no sentido do Salmo 145.18, não está necessariamente excluída. Maior “proximidade” temos pelo “habitar” do Cristo nos corações por meio da fé (Ef 3.17) e pela presença do Espírito Santo. V. 6 – Após tratar da alegria e da moderação, Paulo trata da despreocupação: não andeis ansiosos de coisa alguma. Esse mesmo pensamento se encontra em Mateus 6.25: não andeis ansiosos pela vossa vida. Isso significa: evitar a inquietação ansiosa e pensamentos perturbadores nas necessidades e dificuldades da vida. Aqui indica que há falta de confiança na proteção e no cuidado de Deus. Essa exortação é sustentada pelo que segue: fazer uso da oração. No grego, as “petições” são as coisas que se deseja e solicita do outro. Deus preparou o que precisamos de forma abundante para nós. Por essa razão não devemos alistar de modo apreensivo para nós mesmos o que precisamos ter. Isso pode gerar um círculo vicioso de preocupação e ansiedade, mas devemos comunicá-lo com pedidos na oração a Deus. Quando alguma coisa nos oprime e perturba, devemos buscar a Deus na oração; quando nossos afazeres estão confusos ou complicados, precisamos buscar direção e apoio. Nossas orações e súplicas devem ser levadas a Deus “com ações de graças”. Assim revelamos gratidão a Deus que nos ajudou, e também agora oramos confiantes de que ele nos ouve, e que não apenas exclamamos nossa angústia. V. 7 – A paz não é mero voto, feito como se fosse algo vago. Quando Paulo afirma que a paz de Deus guardará os corações, o adendo “em Cristo Jesus” pode referir-se ao todo da frase: aqui e em todos os outros lugares em que Deus age,

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