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Considerações Finais

A Consolidação da Paz é um conceito complexo que, embora promissor na sua teoria, muitas vezes enfrenta desafios significativos na implementação prática. Inicialmente concebida como um caminho para alcançar uma paz duradoura e justa, a Consolidação da Paz pretender abordar as raízes profundas dos conflitos, visando resolver as causas estruturais que contribuem para a violência e a instabilidade. Inspirado na abordagem de Johan Galtung, o conceito pretende ser o "número mágico" que solucionará a equação da paz, abordando as disparidades de poder, as injustiças sociais e as desigualdades estruturais que alimentam os conflitos.

Além dos problemas ideológicos que restringem o possível sucesso da Consolidação da Paz, esta também encontra que não se prendem com o seu núcleo central, que podemos designar como o “fator humano”. A aplicação efetiva da Consolidação da Paz no terreno é frequentemente confrontada com uma série de obstáculos significativos que comprometem sua eficácia, como restrições financeiras, falta de recursos humanos qualificados, dificuldades de comunicação e coordenação, ausência de critérios claros na seleção dos países contribuintes e problemas relacionados à calendarização e retirada das missões. Além disso, a falta de controle e responsabilização do comportamento das tropas e dos funcionários internacionais, bem como a falta de preparação adequada para lidar com a complexidade da construção da paz, também foram identificados como problemas graves. Esses desafios apontam para a necessidade de reformas e aprimoramentos na ONU, visando fortalecer sua capacidade de promover a paz e a segurança global de maneira mais eficaz. No entanto, apesar de algumas mudanças realizadas, o modelo da Consolidação da Paz ainda reflete os princípios e valores ocidentais predominantes, o que pode limitar a participação de atores locais e outras vozes não ocidentais. Portanto, é importante reconhecer essas questões e explorar abordagens alternativas que sejam mais sensíveis e adaptadas às realidades locais e culturais das sociedades afetadas por conflitos, bem como ampliar a participação a outros atores regionais que podem ter melhores competências para resolver o problema do que as Nações Unidas.

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Portanto, é essencial que as abordagens de Consolidação da Paz sejam baseadas numa compreensão ampla e inclusiva, levando em consideração as perspetivas dos diferentes atores envolvidos. Isso implica em reconhecer as limitações dos paradigmas ocidentais dominantes e procurar formas de promover uma verdadeira participação e empoderamento local. Somente através de esforços coletivos, diálogo contínuo e colaboração efetiva será possível avançar em direção a uma paz duradoura e justa, que respeite a diversidade cultural e garanta a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos e comunidades envolvidas em situações de conflito.

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