Casos de sucesso

CASOS DE SUCESSO

Segurança para os pacientes e

economia para o hospital Responsável pela implantação da primeira farmácia clínica do estado da Paraíba, Renata Zaccara revela como a iniciativa pode contribuir para a redução de custos do hospital e quais são seus benefícios para o paciente

Por Paula Netto | Foto de divulgação

Q

4

uando alguém decide cursar Farmácia, abre a porta de um mundo repleto de possibilidades de atuação na carreira. Diante de tanta diversidade, o farmacêutico exerce papel social imprescindível na medida em que busca a cura para doenças e proporciona a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Partindo desse princípio, é cada vez mais necessária a proximidade entre o profissional e seu público-alvo, visando garantir a

melhor assistência e evitando gastos desnecessários para o hospital. Com base nessa filosofia profissional, um novo conceito ganha importância na área: a Farmácia Clínica.

Realizar visitas ao leito, conversar com o paciente, avaliar se a terapia escolhida é adequada ou não e sugerir mudanças no tratamento são apenas algumas das numerosas atividades cotidianas do farmacêutico clínico. Sua atuação consiste no

contato direto com o paciente e envolve um trabalho multidisciplinar, trazendo uma série de benefícios para o indivíduo e para a instituição. Entre as principais vantagens, a farmácia clínica proporciona ao paciente a redução de efeitos adversos provocados, na maioria das vezes, por uma terapia inadequada prescrita pelo médico, a garantia de administração segura e coerente dos medicamentos e seu bem-estar, uma vez

que ele se sente acolhido por meio de um relacionamento que coloca suas necessidades em primeiro lugar.

Fundamental para o bom funcionamento das atividades do hospital, a farmácia clínica dá segurança aos pacientes e, ao mesmo tempo, gera economia. Mas de que forma isso acontece? Especialista em Farmácia Clínica, Renata Zaccara foi responsável pela implantação do primeiro serviço dessa natureza no estado da Paraíba, há 10 anos, no Hospital da Unimed de João Pessoa (PB). Renata conta que a iniciativa partiu da percepção que teve durante o tempo em que trabalhou no hospital.

“Passei três meses avaliando o que os profissionais faziam, detectando necessidades e esclarecendo dúvidas. Esse foi meu primeiro contato com a parte clínica. Depois, teve início o trabalho de sensibilização da diretoria para a contratação de mais farmacêuticos, já que eu percebi que era muito importante ter esse tipo de profissional lá dentro”, relata. Segundo a especialista, ao longo do tempo outros setores do hospital receberam o serviço e, atualmente, todas as áreas do hospital contam com a Farmácia Clínica.

De acordo com Renata, o acompanhamento direto do paciente é o principal instrumento para que o farmacêutico clínico identifique o que está sendo ineficaz no tratamento e, consequentemente, gerando custos desnecessários. A farmacêutica explica que a liberdade para aconselhar a retirada de determinado fármaco, evitar os malefícios da interação medicamentosa – um dos problemas mais comuns na utilização de medicamentos – e diminuir o tempo de internação do paciente são fatores que garantem economia para o hospital. “Em menos de seis

“

Mesmo apresentando bons resultados financeiros, ainda existia resistência por parte dos gestores em contratar mais profissionais, preocupados com o possível aumento de gastos. Entretanto, a partir do momento em que uma ação gera resultado financeiro positivo, ela deixa de ser um gasto para virar investimento

”

Renata Zaccara

meses conseguimos uma redução de custos de meio milhão de reais com a implantação da Farmácia Clínica.

Por isso é cada vez mais necessária essa atuação do profissional, principalmente em ambientes de UTI, onde o paciente corre mais riscos, podendo vir a óbito, inclusive. Tudo isso gera mais custos para o hospital”, descreve.

Apesar do sucesso financeiro proporcionado pela farmácia clínica, Renata explica que a trajetória não foi fácil. “Mesmo apresentando bons resultados financeiros, ainda existia resistência por parte dos gestores em contratar mais profissionais, preocupados com o possível aumento de gastos. Entretanto, a partir do momento em que uma ação gera resultado financeiro positivo, ela deixa de ser um gasto para virar um investimento”, afirma.

Segundo a especialista, o processo de implantação efetiva do serviço durou três anos e foi preciso muita persistência para torná-lo realidade.

“Convencer os gestores é o que mais pesa na tomada de decisão, mas não podemos desistir. No início, por exemplo, éramos três farmacêuticos para atender 234 leitos. Hoje, nossa equipe conta com 15 profissionais”, declara. Para ela, a “segurança do paciente deve vir em primeiro lugar”, visto que isso contempla circunstâncias maiores do que apenas a economia.

“Isso eleva, inclusive, o padrão de qualidade da instituição hospitalar”, acredita.

5