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Mapa da pandemia

Oito Estados da Amazônia Legal apresentam queda ou estabilidade em mortes por Covid-19 Bruno Pacheco e Gisele Coutinho Da Revista Cenarium

Casos da Covid-19 na Amazônia Legal 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Estados

Pará Maranhão Amazonas Mato Grosso Rondônia Amapá Roraima Tocantins Acre

MANAUS – Os nove Estados da Amazônia Legal registraram até o dia 5 de agosto deste ano, 17.268 mortes pela Covid-19, o que representa 17,7% do total no País (97.418). Segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa (Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL), com base nos boletins diários das secretarias estaduais de Saúde, oito desses Estados apresentaram estabilidade ou queda no número de óbitos pela doença, nos últimos 14 dias. A exceção é o Acre, que apresentou alta.

Até o dia 5 de agosto, também foram confirmados 613.986 casos da Covid-19, sendo que os nove Estados da Amazônia Legal registraram 21,4% do total no Brasil (2.862.761). Na liderança entre os Estados com mais casos, óbitos e recuperados, Pará está em primeiro, com 162.882 infectados, 5.835 mortes e 147.576 curados.

Em 24 horas, o Pará foi o que mais registrou casos da doença, com 2.127 infectados, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sespa). Maranhão, apesar de estar em segundo no número de casos

Casos

162.822 125.459 104.250 58.475 42.021 37.318 34.296 28.312 21.033 Mortes por Covid-19 na Amazônia Legal 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Estados Casos

Pará Amazonas Maranhão 5.835 3.317 3.103

Mato Grosso Rondônia 2.013 918

Amapá Acre 588 547

Roraima

532 Tocantins 415

Fonte: Consórcio de veículos de imprensa

confirmados da Covid-19, com 125.459 infectados, aparece em terceiro no número de mortes, com 3.103 óbitos.

O Amazonas, por sua vez, aparece em segundo no número de óbitos pela pandemia do novo Coronavírus, com 3.317, e em terceiro no número de casos, com 104.250. O Acre, mesmo sendo o Estado que menos tem casos pela Covid-19, com 21.033, tem mais mortes do que Roraima (532) e Tocantins (415), com 547 vítimas fatais.

Confira os números na íntegra, de acordo com dados até 05 de agosto:

IMUNIDADE DE REBANHO

O boletim diário da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) do dia 5 de agosto confirmou mais 583 pessoas recuperadas da Covid-19 em 24 horas, chegando a 88.220 o número de pessoas que passaram pelo período de quarentena (14 dias) e se recuperaram da doença.

Em compensação, ainda segundo a FVS, 981 pacientes foram diagnosticados com a Covid-19 e 18 novos óbitos foram confirmados. No dia 4 de agosto, especialistas que participaram de debate on- -line promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo canal do Instituto Butan

tan avaliaram que os dados da pandemia no Amazonas fortalecem a hipótese de imunidade coletiva (a imunidade de rebanho) ao novo Coronavírus, teoria que começa a ganhar força na comunidade científica.

A teoria indica que a imunidade coletiva pode ser alcançada quando em torno de 20% da população é infectada. Para os especialistas, portanto, os dados do Amazonas apontam para algo bem antes do que estimaram trabalhos de modelagem feitos no início da pandemia (50% e 70%).

“Chegamos à conclusão de que essa heterogeneidade pode alterar muito os resultados e em um sentido positivo. A epidemia deve ser menor do que o previsto pelos modelos homogêneos [que não consideram os diferentes níveis de suscetibilidade e exposição entre os indivíduos] e o limiar da imunidade coletiva também deverá ser menor do que aquele que os modelos clássicos indicam”, afirmou a biomatemática portuguesa Gabriela Gomes, que coordena um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), durante o debate on-line.

A especialista afirma, no entanto, que alcançar o limiar de imunidade coletiva não significa o fim imediato da epidemia. Como as cadeias de transmissão já

Ione Moreno/Semcom estão instaladas na população, é esperado que o número de casos acumulados continue a crescer, ainda que de forma mais lenta, podendo chegar ao dobro do que foi registrado no pico da curva epidêmica.

Para o infectologista Júlio Croda, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), somente a imunidade coletiva poderia explicar porque os Estados do Norte, Nordeste e a capital fluminense – mesmo sem um distanciamento social efetivo – apresentam uma taxa de contágio inferior a 1. Ele ressalta, no entanto, que a imunidade de rebanho não deve ser adotada como política pública, pois nenhum sistema de saúde foi capaz de ofertar a quantidade de leitos de terapia intensiva necessária para enfrentar a primeira onda da doença sem medidas de mitigação.

“Manaus teve o maior excesso de óbitos entre todas as cidades do Brasil, chegou a 500%. Foram registradas em 2020 cinco vezes mais mortes que nos anos anteriores – 90% delas por causas respiratórias. O caso do Amazonas nos permite entender como seria a história natural da doença. Mas não estamos propondo isso como estratégia. É a constatação de uma tragédia. Temos de aprender com os dados reais”, defendeu Croda, no debate on-line.

AGUARDANDO RESPOSTAS

A reportagem buscou contato junto ao Governo do Acre para saber das ações de combate ao novo Coronavírus no Estado, assim como um posicionamento a respeito do aumento no número de mortes, divulgado pelo consórcio jornalístico, mas, até a publicação desta reportagem, a assessoria do governo informou que estava formulando uma resposta e que enviaria em breve.

Estado do Amazonas chegou a 88.220 recuperados da Covid-19 no dia 5 de agosto, segundo a FVS

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