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Questão de qualidade de vida
Mais de 60% dos moradores de São Paulo mudariam da cidade se tivessem uma oportunidade. Quando tive acesso a esse dado, que faz parte de uma pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo, não tive como evitar me questionar: será que, depois de mais de 25 anos morando aqui na região da Leopoldina, eu estaria disposta a deixar o bairro e o agito da capital em busca de uma pretensa ‘melhor qualidade de vida’?
acolhida, segura e ‘salva’ por uma boa padaria bem na esquina do apartamento que vim a comprar e onde moro até hoje.
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Nessas mais de duas décadas, a região se transformou para melhor, pelo menos em termos de infraestrutura urbana e de serviços. A ‘caixaria’ da CEAGESP deu lugar a condomínios clube e as lojas, farmácias, institutos de beleza, restaurantes e lanchonetes tomaram o lugar de antigos imóveis deteriorados.
Lígia Rocha arquiteta e Urbanista
Cidade e diversidade
Amanheci no aniversário de São Paulo, pensando no lugarzinho da cidade que escolhi para viver e ver crescer meus filhos. Foi na Curuzu, no Alto da Lapa, que cresci brincando na rua. Amarrando uma corda nos postes, de um lado e de outro da rua, para jogar vôlei. Aproveitando as áreas planas para jogar taco e as casas sem portão ou sem muro para o esconde-esconde. Éramos crianças ocupando os espaços públicos.

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A Subprefeitura Lapa informa que realizou nesta semana a retirada da árvore. O morador, no entanto, reclama que foi deixado um toco, o que continua impedindo a passagem.
A redação do JG voltou a entrar em contato com a subprefeitura, que respondeu que o toco foi deixado no local porque a prefeitura plantará outra árvore no mesmo lugar www.jornaldagente.inf.br
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Fiz, então, uma breve retrospectiva das imagens que guardo desse período, desde a primeira vez que passei pela Avenida Professor Fonseca Rodrigues e pela frente do Parque Villa Lobos, virei na Avenida Padre Pereira de Andrade e entrei na Avenida Queiroz Filho, avistando o muro do Cemitério da Lapa. O contraste entre a beleza dos canteiros arborizados do início do trajeto e a melancolia do cenário composto pelo cemitério, confesso, me balançou um pouco... Mas decidi seguir em frente.
Na sequência, já no ‘coração’ da Hamburguesa, me detive em analisar o quadrilátero formado pelas ruas Schilling, Carlos Weber, Mergenthaler e Avenida Imperatriz Leopoldina, que, no final dos anos 90, ainda não tinha o glamour de hoje, predominando alguns galpões e famigerados botequins. No final, pesando prós e contras, me senti
DIRETOR: Ubirajara de Oliveira
REDAÇÃO E REPORTAGEM: Lúcia Helena
Oliveira
SISTEMAS E INTERNET: William Mastrangi
Já a segurança, como em cada canto de São Paulo, deixa um pouco a desejar. Mesmo assim, isso nunca foi empecilho para que eu e minha família curtíssemos o bairro, saindo para comer, tomar um sorvete e passear com nossa filha adotiva de quatro patas.
Por essas e outras, me sinto privilegiada por ter descoberto um ‘oásis’ na Vila Hamburguesa. Posso dizer, hoje, que faço parte dos 40% dos paulistanos que não deixariam São Paulo reclamando da qualidade de vida ruim que a cidade oferece.
São Paulo é assim, uma metrópole de contrastes, que nos acolhe, nos fascina e nos amedronta por sua grandeza. Mas, acredito, para quem nasceu e vive aquinão importa se num bairro mais central ou da periferia -, a ligação com essa cidade é eterna. Uma vez que você morou em São Paulo, jamais ficará imune a ela!
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Thiago Alan e William Mastrangi
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Priscila Bello e Silvana Baia
DISTRIBUIÇÃO: Marcelo Secco
Era comum brincar na rua com qualquer criança que aparecesse ali. Tinha gente da rua de cima, da rua de baixo, de escola pública, de escola privada. Foi essa diversidade que me fez voltar para o bairro depois de anos circulando por outros lugares. Foi ela quem me fez amar as cidades e me formou arquiteta e urbanista.
E desse carinho por nosso território saiu minha dissertação de mestrado na FAU USP - Territórios Invisíveis da Vila Leopoldina: permanência, ruptura e resistência na cidade. Acredito que a possibilidade de convívio com a diversidade nos espaços públicos - entre pobres e ricos, entre brancos e negros, entre homens e mulheres – que torna nosso bairro um lugar tão especial. Manter essa diversidade é o que nos faz mais interessantes e enriquece nossa cidade e nossas vidas.
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