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Censor (2021) de Prano Bailey-Bond
muitos (um número anormalmente grande) de pesos-pesados: Clint Eastwood, Steven Spielberg, Paul Verhoeven, Pedro Almodóvar, Nanni Moretti, Paul Schrader e já estabelecidos mas ainda relativamente jovens nomes no panorama do cinema de autor “não-americano”, tais como Christian Petzold, Hong Sang-soo, Sergei Loznitsa e Miguel Gomes (que aqui partilha a realização com Maureen Fazendeiro), só para citar alguns casos. Uns quantos destes realizadores conseguiram ver os seus filmes destacados, outros, seja pela não escolha, seja pela manifestação de algo gravosas decepções nos textos de apresentação dos tops individuais, levaram com o chicote dos nossos críticos. Foi, no limite, um óptimo ano para nos reencontrarmos com alguns dos monstros (heróis e vilões) de tantas cinefilias e para nos situarmos de novo no – e face ao – seu cinema. Quem saiu a ganhar? Parece-nos que claramente três importantes habitués aqui do burgo, acima de tudo e de todos, Christian Petzold (o number one), que já tinha entrado no top colectivo com Petzold (2014) (terceiro lugar em 2015) e Transit (Em Trânsito, 2018) (sexto lugar em 2019), e o inevitável Hong Sang-soo (aqui no quarto lugar), o mais distinguido cineasta dos nossos tops, sendo o único realizador a obter por duas vezes a distinção máxima: em 2013, com Da-reun na-ra-e-suh (Noutro País, 2012) e, em 2016, com Ji-geum-eun-mat-go-geu-ddae-neun-teul-li-da (Sítio Certo, História Errada, 2015). Já o americano Paul Schrader, uma velha raposa que não costumava constar dos nossos tops, repete o segundo lugar, depois de em 2018 ter obtido o consenso walshiano graças a First Reformed (No Coração da Escuridão, 2017). O cinema nacional aparece representado por uma longa de estreia de Catarina Vasconcelos – assinale-se que, lamentavelmente, no ano passado nenhum filme português chegou aos nossos “mais que tudo”. A outra realizadora deste grupo é Kelly Reichardt, uma das nossas favoritas, que é distinguida depois do seu filme anterior [A Certain Women (2016)] não se ter estreado em Portugal: First Cow ocupa o terceiro lugar, sendo que em 2020 pela primeira vez os walshianos escolheram como filme do ano a obra de uma realizadora, a francesa Céline Sciamma com o magnífico Portrait de la jeune fille en feu (Retrato da Rapariga em Chamas, 2019). Sobre os números deste top, destacamos a grande proximidade na contagem de votos entre os três primeiros, algo que não se verificou de todo no ano passado – a proximidade entre os títulos continua do quinto posto, com State Funeral, até ao décimo lugar, ocupado por The Disciple (o único filme deste top que teve estreia apenas no streaming; apenas 8 pontos separam estes filmes entre si). Isto é sinal de uma grande dispersão de votos, talvez também de uma certa indecisão ou, enfim, de uma qualidade aproximada dos filmes, sendo que, lendo os textos de apresentação dos tops individuais, fica evidente a sensação de que a coisa podia ter corrido bem pior do que, no final e feitas as contas, efectivamente correu. E, apesar de confinamentos, vacinas, reforços e muito teletrabalho, fomos bastante ao cinema. Por isso, palmas para nós!
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