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Comunistas criticam plano ferroviário e rejeitam novo troço Sines-Grândola Norte

Organização regional do PCP considera que proposta apresentada pelo Governo não é séria nem fundamentada

Tiago Jesus

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A Organização Regional do Litoral Alentejano do Partido Comunista Português (DORLA) considera que o Plano Nacional Ferroviário (PNF), apresentando pelo Governo, não pode ser visto como uma “proposta séria e fundamentada” para o período até 2050 e rejeita a proposta de construção de um novo troço de ligação entre Sines e Grândola Norte. Para os comunistas existe a falta de elementos fundamentais que integram o processo de planeamento, apontando várias “lacunas e insuficiências” no mesmo.

Em nota de Imprensa, o partido esclarece que o PNF não pode ser visto numa perspectiva isolada, considerando que este tem de se inserir num “determinado contexto, numa determinada política, associado a uma visão integrada para a região e para o País”.

Os comunistas elaboraram uma lista de falhas neste planeamento, que inclui a insuficiente ligação e complementaridade entre a vertente de passageiros e de mercadorias, a ausência de articulação com a rede aeroportuária e a falta de clareza relativamente à garantia dos fundos necessários para a sua concretização.

A população do Litoral Alentejano continua, no entender do PCP, a sofrer as consequências de uma “política de degradação da ferrovia e de encerramento de serviços”, relembrando que neste território não existiram “quaisquer medidas” dos sucessivos governos PSD/CDS e PS, da Infra-estruturas de Portugal (IP) e da Comboios de Portugal (CP) que “revertessem a situação”.

DORLA rejeita construção de novo troço entre Sines e Grândola

A DORLA mostra-se preocupada com esta situação e rejeita a proposta de construção de um novo troço de ligação entre Sines e Grândola Norte, considerando que existem alternativas nas linhas já existentes. A organização comunista recorda que a proposta, que “já foi contestada no passado pelas populações, autarquias e diversas entidades”, continua a ser impugnar esta solução, considerando que a mesma tem “impactos negativos evidentes”, do ponto de vista do território, nas populações, no desenvolvimento turístico e na salvaguarda dos recursos naturais e do meio ambiente. Para a DORLA, a devolução da ferrovia regional às populações do Litoral Alentejano é uma “exigência de elementar justiça” e “uma medida de evidente racionalidade na qualificação e desenvolvimento territorial e de política ambiental e energética”.

A organização enaltece que a presença de uma “elevada concentração de recursos e valores naturais e culturais” permite que o Litoral Alentejano se afirme como um “pólo turístico nacional”. No entender da DORLA, é “fundamental” apostar num sistema de transportes públicos que “promova a mobilidade e a acessibilidade”, qualificando o território.

Dessa forma, a organização regional comunista tem uma série de exigências relativamente a este assunto, como a promoção da requalificação e reabertura do serviço regional e inter-regional de transporte ferroviário no Litoral Alentejano e Distrito de Setúbal, a garantia que, na Linha do Sul, existam as condições necessárias para aumentar a oferta de serviços, em toda a extensão da linha. A organização comunista exige também a retoma do serviço regional de passageiros na linha de Sines e ainda uma articulação adequada do transporte ferroviário e dos horários dos serviços Intercidades com as necessidades das populações e dos utentes.

Quando o tempo era certinho, quando as estações do ano eram bem demarcadas, pouco havia a falar dele. Era assunto para quem não tinha mesmo outro. Ou seja, falava-se do tempo para não se ficar calado. Agora não é assim. Embora muita gente continue a não lhe ligar importância, só se preocupando mesmo quando chove, ou quando os preços dos alimentos, sobretudo dos produtos hortícolas, disparam.

Mas, com as alterações climáticas, para quem é minimamente consciente e responsável, tornou-se um problema bastante sério. A par dessa loucura que é a guerra e que o agrava, o mais sério e preocupante da atualidade e do futuro.

Já repararam que depois das fortes chuvadas de fins de dezembro e janeiro, que até provocaram inundações, nunca mais choveu coisa que se visse? Pelo menos aqui na Margem Sul e, creio, mais ou menos, em todo o Alentejo e Algarve. Têm caído apenas, como se diz na minha terra, uns borrifos. Portanto, em pleno inverno, quase dois meses sem chover a sério e a seca continua agora já primavera adentro com temperaturas a rondar os 30 graus e a previsão de chuva, é zero.

Tenho um pequeno quintal, semeei três quilos de batatas, estão muito bonitas porque as tenho regado. Se não, nem sequer tinham nascido. Sou filho e neto de agricultores alentejanos, nunca o meu pai e os meus avôs regaram batatas e raramente não tiveram bons batatais.

A grande maioria das barragens a sul do Tejo, estão abaixo de 50% do seu nível máximo. Portanto, se abril não for de águas mil e se em maio não vierem as antigas tradicionais trovoadas como nos últimos anos não têm vindo, imaginem a gravidade da situação.

Finalmente, o Governo anunciou agora no Dia Mundial da Água, que vai ser construída uma central de dessalinização na costa algarvia. Porque não, também já outras na costa alentejana?

Face à cada vez menor pluviosidade, sobretudo no sul do País, é imperioso que se tomem medidas. Que se reduzam progressivamente as plantações intensivas e superintensivas e nem mais um único hectare delas. Além de consumirem imensa água, esgotam e alteram os solos as doses industriais de pesticidas e fertilizantes que lhe são aplicadas para produzirem ao máximo. Destroem ecossistemas e respetivas flora e fauna autóctones.

E o problema é muito mais geral; todo o Mediterrâneo. Na Tunísia, já há fortes restrições ao consumo de água. Em África, como no Quénia, dito por quem de lá veio há dias e ouvi na Antena1, populações e a sua tão rica fauna, estão a ser fustigados com a seca.

Mas os senhores da guerra, estão-se borrifando para a tão necessária proteção ambiental. Depois de destruírem o Iraque (fez agora vinte anos que foi invadido com base numa mentira causando centenas de milhar de vítimas; mortos, feridos, torturados e desalojados), a Líbia, a Síria, o Afeganistão e de retalharem a Jugoslávia, viraram-se para a Europa, e em vez de finalmente procurarem a paz, são armas e mais armas. Os interesses económicos e estratégicos, falam mais alto que a vida dos povos e do planeta.

Ex-bancário, Corroios