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Antonio Rioyei Higa Professor da

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Gladys Mogollón

Gladys Mogollón

Antonio Rioyei Higa Professor de Melhoramento Florestal da Universidade Federal do Paraná How to beat the Brazilians

Antonio Higa

“How to beat the Brazilians”, foi reportagem de capa da revista do Instituto de Pesquisa Florestal da Su- écia (Skogforsk News 1, 2006), que apresenta um resumo do ocorrido na Conferência sobre Pesquisa e Desen- volvimento Florestal realizada naquele país. “O Brasil produz celulose de alta qualidade, originada de plantações com eucaliptos geneticamente melho- rados ..., colhidos aos sete anos de idade ... e madeira para serraria de boa qualidade, aos doze anos.” disse o diretor do Instituto. Ele complemen-tou ...“até agora, conseguimos e vamos continuar conseguindo bons resultados, reduzindo os custos de colheita ... mas precisamos fazer mais que reduzir os custos, precisamos aumentar a produtividade e adicionar valores à madeira, explorando de forma criativa as propriedades da madeira”...

Isso significa que a produtividade das plantações florestais brasileiras está incomodando os competidores internacionais. Isso pode ser facilmente entendido, analisando-se o gráficos ao lado. (Anuário ABRAF, 2007)

Na prática, tem-se observado transferências de indústrias não só da Europa, como dos Estados Unidos, para o Brasil. Esse interesse deve-se à existência de uma combinação de vantagens para estabelecimento de plantações florestais, tais como localização na região tropical, onde as condições de clima e solo são favoráveis para o crescimento das árvores, e disponibilidade de terras, com boas características topográficas.

Mas, nem sempre a situação foi assim. A produtividade das planta- ções florestais no Brasil aumentou 48 significativamente nesses últimos 30 anos, graças às pesquisas desenvolvidas nas áreas de silvicultura, com especial destaque para o melhoramento genético, conforme já é reconhecido internacionalmente. Somente nesses últimos 16 anos, a produtividade média das plantações de eucaliptos aumentou de 26 m 3 /ha/ano (1990), para os atuais 41 m 3 /ha/ano. Para o pinus no sul do Brasil, observou-se, no período, um aumento de 25 para 30 m 3 /ha/ano. Produtividades de talhões comerciais superiores a 60 m 3 /ano para eucaliptos e 50 m 3 /ano para pinus, na idade de corte, já são relatados por algumas empresas florestais.

Mas, várias perguntas freqüentemente passam pelas cabeças de todos os envolvidos, como: Até quanto poderemos aumentar essa produti- vidade florestal por área plantada? As plantações florestais brasileiras deverão continuar priorizando a produção de biomassa, apostando que o desenvolvimento tecnológico no setor industrial irá contornar as limitações da qualidade da madeira produzida? Plantações florestais com altas produtividades são sustentáveis, sob o ponto de vista socioecológico?

Bem, estudos mostram a possibilidade de produtividades superiores a 60 t de matéria seca, por ha ao ano. E, é claro que aumentar mais a produtividade ainda interessa ao produtor brasileiro. Mas, parece que o produtor tem observado que o preço de um metro cúbico da madeira pode ser multiplicado significativamente, dependendo de sua finalidade, que é determinada pela qualidade da madeira.

Assim como na Suécia e demais países no mundo, os novos investimentos em melhoramento florestal, que envolvem o melhoramento genético e o melhoramento das técnicas silviculturais, deverão priorizar a qualidade da madeira no Brasil.

Mas, até quanto melhorar a qualidade da madeira? Sabemos que com os ciclos cada vez mais curtos de cortes adotados no Brasil para as plantações de pinus e eucaliptos, estamos produzindo apenas madeira juvenil, que apresenta qualidades inferiores, quando comparada com a madeira adulta. Nesse caso, podemos melhorar a qualidade da madeira, genética ou silviculturalmente, até certos limites. Como os suecos, a criatividade e o de- senvolvimento tecnológico industrial deverão contribuir ainda mais para contornar as limitações da qualidade da madeira produzida. Hoje, a madeira engenheirada, como as vigas coladas e painéis, substitue com muitas vanta- gens as peças de madeira sólida.

Por outro lado, devemos considerar que, diferentemente da Europa, a tendência observada no Brasil é de adotarmos o modelo de produção de madeira, baseado no conceito de florestas segregadas, distribuídas de forma a atender a legislação e a paisagem. Basicamente, isto significa que cada propriedade deve ser dividida em “zonas de uso”, com áreas bem definidas para produção (plantações) e para proteção (APPs e Reservas Legais). As áreas destinadas ao estabelecimento de plantações serão constituídas de talhões homogêneos, com genótipos selecionados para maior crescimento e melhor qualidade da madeira. Mas, quais seriam as implicações socioecológicas desse modelo?

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